16 dezembro 2006

A RAVE

Acerca do «Inquérito que era uma Vergonha», mais haveria ainda a dizer. Sobretudo, nunca é de mais perguntar: como estão os seus «fabricantes» tão familiarizados com aqueles nomes e expressões? «Rasta»? «Bomba»? «Deca»? «ColdPlay»? Aposto que muitos de vocês nem sabem de que se está a falar. (Ok, com a excepção de Juju...). Não é estranho? Hum...? Não seria isso digno de uma investigação? Estará o Ministério da saúde infiltrado de drug adicts, vulgo «drógados»???

O blogue, sempre em cima do acontecimento, vai aos bastidores mais esconsos e ocultos do parto deste inquérito-que-era-uma-vergonha.
E conta, em primeira mão, ONDE, COMO e POR QUEM foi fabricado o dito inquérito-que-era-uma-vergonha. Talvez esta viagem alucinante pelas profundezas nos ajude a explicar algumas coisas.

Cenário: Uma «rave».
Personagens: Num canto, ao fundo, um grupo (em que se misturam alguns «junkies», uns quantos «rasta» e fãs de ColdPlay, todos médicos e/ou enfermeiras)discute-se que perguntas se hão-de fazer aos alunos.

DOUTOR RASTA (já com uns copos, em maré de confidências) - O meu pai biológico era um substituto, porque o seu trabalho consistia em substituir pais que faltavam, como hoje se faz entre professores, nas AAA. Quando o marido da minha mãe chegava a casa, punha-se a fungar, e depois dizia assim: «Já cá esteve o substituto! Ainda lhe sinto o cheiro!»
ENFERMEIRA JUNKIE - E depois? E depois?
DOUTOR RASTA - Depois, batia na minha mãe. E puxava-lhe os cabelos. E dava-lhe murros. Acham que podíamos fazer esta pergunta no inquérito? Se o pai ou o substituto fazem essas coisas à mãe? Ou a mãe ao pai? Ou a mãe ao substituto? Ou o substituto ao pai? Ou o pai à substituta, ou substituto à substituta, ou a substituta ao substituto, ou...?
JUNKIE DAS PERNAS TORTAS - Põe isso, põe isso. Mas, ó Rasta, tu já estás com o charro há bué de time, meu. Tás a ser um egoista do caraças. Passa aí essa cena, meu. Só tu é que fumas, não?
DOUTOR RASTA - Estou a pensar na minha infância (puf!puf!). Sofri muito, meu. Por exemplo (puf!puf!), uma vez o meu pai encontrou uma rapariga e começou a falar com ela, queria pagar-lhe um café, e um copo, e não sei mais quê. A miuda até foi, só que entretanto apontava para mim, e perguntava-lhe, meio encabulada: «Mas ele é seu filho? O senhor é casado?» Aí, o meu pai respondeu: «Não, não, casado, eu? Ele é meu sobrinho». Fiquei preocupado com estas falhas de memória, achei que talvez fosse uma doença como a do meu avô, que esquecia tudo e trocava tudo. Por isso, comecei a dizer: «Ó pai...», mas o meu pai mudava logo de conversa. A miuda já tava a ficar desconfiadíssima. A partir daí, sempre que eu abria a boca, o meu pai dava-me carolos e mudava de conversa...
JUNKIE DAS PERNAS TORTAS - Eh, man, eu só quero é saber uma coisa. Passas o charro ou não passas o charro...???
JUNKIE DE MEIAS À FLORIBELLA - Eh, pá, tu és bué da cruel. Deixa lá o homem, não vês que ele tá triste? Acho que podíamos pôr isso no inquérito. «Sempre que tu começas a falar, o teu pai muda de conversa...»! Que tal?
POCHATO - E a bomba? Alguém me passa aí a bomba?
JUNKIE DAS PERNAS TORTAS (segredando para a enfermeira) - Este tipo da pochete não te parece um bocado deslocado? Tem um ar tão «straight».
ENFERMEIRA JUNKIE (em segredo, também) - Ui, são os piores. Se imaginasses o que este marado traz dentro da pochete...
FÃ DOS COLDPLAY - Isto está a compor-se, está. Acho que o inquérito começa a tomar forma. Agora há que pôr isto em sobrescritos ultra-secretos.
POCHATO - Arranjem-me uma bomba, se não quem explode sou eu!!!
ENFERMEIRA JUNKIE - Sobrescritos ultra-secretos? Para quê?
FÃ DOS COLDPLAY - Ora! Para não ir parar a algum blogue...!

3 comentários:

Anónimo disse...

Achas que este método também dá para fazer os testes?!

Anónimo disse...

Podes crer, prof. substituto, dá para fazer testes, inquéritos, referendos, votações para a assembleia de escola e actas de conselhos de turma, mas do básico, que são as que se prolongam pela noite dentro...

Anónimo disse...

Fixe, minha! É que eu sou mesmo básico, e caí nesta cena de prof. por engano...