Sindroma vinha triste, cabisbaixo, de rabo entre as patas, como um cão abandonado.
Na sala dos DT, pungentemente deserta, já com alguns cactos a despontar aqui e ali, esperava pela visita de algum Encarregado de Educação. Ao menos! Mas nem os Encarregados de Educação se dignavam passar por onde sindroma estava... - e ele que até trouxera um termo de chá e bolos de coco para partilhar. Ninguém, então, o apreciaria!?
Sem nada de útil que fazer, ligou o computador. Sempre podia passar algum tempo à espera que, uma vez ligado, o computador desse o primeiro sinal. Era um entretenimento: às vezes vinte minutos mas, com sorte, quem sabe se não teria para uma hora de espera?
Por azar, como, nesse dia, o Alelex não se tinha lembrado de o «arranjar», o monitor acendeu imediatamente.
Então, o blogue apareceu-lhe no ecrã, branco e negro, convidativo, como uma tentação ao pecado, como se lhe segredasse, com voz untuosa «Escreve, sindroma, escreve, sindroma...»
Subitamente transformado em greenlight, sindroma teclou uma, teclou duas, teclou três. Já não podia parar. Retratava o Migalhões,o Chefe Lucas, o fantasmadaopera. A sua disposição melhorava consideravelmente. Escrevia sobre o Pochato, caricaturava o blacknight, a juju. Ria-se, enquanto salivava de perfídia. Atingia insuspeitados clímaxes. O seu corpo vibrava de prazeres proibidos; sentia-se devorada pela vertigem do sarcasmo. Tremia ainda, no fim.
Fumou um cigarro a meias com o computador.
- Uau! - rouquejou. - Uau! Para ti também foi bom?
Mas, no dia seguinte, as pessoas atropelavam-se para lhe pedir contas. Faziam-lhe esperas. Soube que blacknight não gostara: sindroma queria conversar com ele, explicar que nada daquilo fazia sentido - era o que faltava, que o tomassem a sério! Mas já Migalhões o abanava pela gola da camisa, atiçado por Pochato:
- Atão eu pensava que tinha em ti um amigo, e tu apunhalas-me pelas costas???
- É assim mesmo, Migalhões, dá-lhe já um murro na tromba. Queres que te empreste a pochete?
- Ouve! - respondia Migalhões voltando-se, agora, para Pochato, furioso com a ideia de se lhe emprestar a pochete. - Para quê!? Tu não me ofendas, se não acabas por levar mas é tu o murro!!!
- Eu estava a caricaturar -, justificava sindroma, suando abundantemente. - Eu não vejo as pessoas realmente assim. Em geral, não é assim que vejo os meus colegas. Haverá algumas excepções, de acordo. Por exemplo, o fantasmadaopera. Bem, e a Juju. E o Benfica. Mas, em geral..., talvez também com excepção do sô Gonçalves. Ou do Guerra. Ou da Madame. Ou do Alelex. Ou do senhor azul. Ou da lula espanhola. Ou da rainha de inglaterra, a orvalhada, a abelha maia. Isto era tudo a brincar. Se exceptuarmos...
Já não terminou os exemplos. Migalhões vinha de vingar todas as pessoas que, durante tanto tempo, sindroma acossara...
5 comentários:
Na sala dos DT com um termo de chá e bolos! HEHEHE! O Benfica! Eh lá! O BENFICA???
Hello?! Um termo nos DTs? Se nem um disco eléctrico dos duzentos que já foram oferecidos existe na sala de Profs!...
"Quem vai à guerra, dá e leva!" Assim se diz na minha terra (sim, que eu sou das que têm terra).
Ah, eu logo vi que não és de cá...
Desculpa lá, sindroma, não estou a ver. Bem tento imaginar o pacífico presidente da assembleia de sandes na mão a correr para o pavilhão enquanto planeia um arraial de facho; ainda que seja em defesa da honra de alguém que ficou com ela manchada pelas tuas palavras. Tolas, como dizes. Como te compreendo, as minhas também o são, mas ainda ninguém se queixou.
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