Ex. mo senhor Capitão do Barco:
Gostaria de começar por lhe pedir desculpa por o estar a incomodar tão pouco tempo depois de o ter incomodado com a minha anterior carta. Sei perfeitamente que o senhor tem muitas responsabilidades e mais com que ocupar o seu precioso tempo, como por exemplo naquele passeio higiénico que faz todos os dias pela escola inteira, e que ninguém pratica tão diligentemente como o senhor, de mãos nas ancas e tudo. A não ser, talvez, o professor Pochato. Mas o professor Pochato não caminha na escola, vai caminhar para o Estádio, e além disso equipa-se: ténis com molas, calção super-colorido e uma malinha a tiracolo com os dizeres: Os Dinossauros Estão Vivos. (Será uma auto-crítica?)
Mas a verdade é que tenho de lhe escrever de novo, porque quero rectificar uma ideia de que lhe tinha dado conhecimento.
Acerca de usar o meu punho para marcar as faltas dos professores: Não. Pensei melhor. Isso deve doer. O ideal seria um anel com sinete e os dizeres: «FALTOU».
A escola forneceria o anel, que a escola tem obrigação.
(Sim, não é só fornecer bibes. Já chegou a nova remessa: cor-de-rosa. Mesmo para os funcionários do sexo masculino. Estou ansiosa por ver alguns...; aquilo cheira-me a mais uma invenção da professora elástica, que é uma excelente pessoa mas, onde põe a mão, deixa as coisas um bocado abebezadas! Bibes cor-de-rosa!!! Parecemos educadoras de um jardim infantil. O que faz algum sentido porque, quando a escola não é um manicómio, é um grande jardim infantil. Sobretudo por causa das criancices dos professores. Mas, por mim, nem me importo com os bibes. Quero assumir completamente, isto é, de bibe cor-de-rosa e tudo, a minha função de Auxiliar de Educação... de professores!)
Voltando à vaca fria: a escola fornecia-me, então, o anel-carimbo. Teria é de ser em ouro, que eu sou alérgica ao pechisbeque.
Cordialmente,
Dona Coluna, pilar da escola e Auxiliar da Educação dos Professores Faltosos
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