27 junho 2007

UMA CARTA DO COMENDADOR ROCHER

Curioso este post anterior, do outro comendador, desse Joe que se julga o centro das atenções!
Eu, auto-proclamado (já que ninguém me reconhece o esforço para engrandecer a eslav), Comendador Rocher, não tenho o hábito de me meter em nada que me mace muito. Desta vez vejo-me obrigado a defender os projectos do Alelex, super activo, claro, como bom marroquino que é. Não o vêem a correr? A deitar a mão a tudo o que funciona mal?
Projectos não lhe faltam, nem a ele nem a mim. E aproveito para dar a mão à palmatória, já que tenho uma costela marroquina. A minha sorte é que a outra costela é alentejana, o que faz de mim um trabalhador incansável. Vejam-se as ideias para projectos que tenho a fervilhar nesta cabeça que não pára. Conseguem ver? Tinha pensado falar-vos delas, mas dá tanto trabalho expô-las, que vou guardá-las só para mim, por muito que isso custe.

24 junho 2007

UMA CARTA DO COMENDADOR JOE BERARDO

Para mim, uma pessoa de visão é, antes do mais, alguém que tem um plano; mas não qualquer «plano»: de preferência, um plano tão revolucionário, tão contra-corrente, que ninguém mais consiga percebê-lo; e é alguém, por fim, que se empenha e move para o realizar.

Se virmos bem, o senhor Alelex, da eslav, é um excelente exemplo de uma pessoa de visão: está sempre a andar de um lado para o outro; não pára quieto um segundo: ora bem, tem, com certeza, um plano que o guie; mas o plano é tão bom, que nunca ninguém percebe que diacho anda ele a fazer, se ainda por cima nunca se vê nada feito...

Este senhor é o meu grande inspirador. Também eu sou um empresário de visão. Os simplórios não perceberam, por exemplo, a minha ideia revolucionária que foi investir em lares de terceira idade (como o Benfica)! Mas aquilo obedecia a um plano. Eu bem sei o que queria!

O que «queria», disse bem! Na verdade, esse plano falhou. No problem! Sucede que é próprio das pessoas com grande visão terem sempre um plano B e não se deixarem esmagar pelos falhanços.

Ora já estou a pensar, a propósito de lares de terceira idade, em comprar acções agora da eslav. Ai o Benfica não foi na conversa? Então viro-me para a eslav, que é uma sucursal do Benfica e tem gente que faz daquilo um lar de quarta idade - umas molezas, umas conversas, umas vestimentas... Mais: tal como no Benfica, também por lá andam uns velhinhos a dar chutos na bola...

Eu sou imparável. A minha última aposta é, pois, a eslav. A ver se consigo expor aqueles profes no CCB!

Melhores cumprimentos,

Joe Berardo (Comendador)

22 junho 2007

EXAMES, DIA 1, DIA 2, DIA 3, DIAS TODOS IGUAIS

Que isto não seja interpretado como um diário de viagem. Mas quem embarcou neste barco, deve ter-se enganado quando comprou os passes. Os cartazes anunciavam uma época de exames parecida com outras, mas vai-se a ver e a versão 2007 tem demasiados efeitos especiais. Isto porque numa tentativa desesperada de criar emoções fortes, os realizadores optaram por empilhar muitos exames em poucos dias. O resultado é o que está à vista: as emoções fortes são vividas dentro do barco e não no espectador, ao contrário do que seria natural. Cá dentro, todos são actores e não meros figurantes, porque há trabalho para todos e pior, há a toda a hora. Mas este barco não é diferente dos outros e como em qualquer outra embarcação, quem anda muito no convés corre o risco de enjoar. Todos corremos este risco mas já agora gostávamos de entregar o barco em boas condições no final da viagem. Para isso, temos uma tripulação variada, predominantemente científica, mas variada. Temos, por exemplo, uma Miss Efficiency, que se desmultiplica em mil e um critérios e que os pendura na hora certa, criteriosamente; temos, por exemplo, um Doisberto, que fez as pazes com a máquina de café porque passou preferir o do bar. E temos um departamento de imagem polivalente que actua dentro do barco e fora dele, quanto mais não seja para pintar aleatóriamente com cores o polivalente. Temos de tudo, mas de uma coisa nos valemos: ainda não temos lágrimas. E assim, nenhum filme se transforma num drama, ainda que tenha muita acção.

19 junho 2007

DOENÇAS DE TRABALHO

Vigilar examens nunca foi dos meus desportos favoritos, mas desde que conheço a eslav, passei a ter algum preço pela coisa dos examens. Principalmente porque quem faz a gralha do serviço, deve ter muitas dor de cabeça. É que pôr a trabalhar cento e tal professores e todos ao mesmo tempo, é um trabalho árdo. Eu, quando vigilava sentia-me muito infeliz e muito cansado, por causa da asiática que me dava muitas dores nos quadrins. (Tamém tenho uma úrsula no diodeno de origem nevosa e doutra vez fiquei àrrasca por ter comido um bife de alcatraz duma vaca muito louca, em monsanto, mas isso já são histórias que não interessam para aqui). Voltando à vaca fria: no fim da vigilância, lá ia eu amancando até casa porque nem conseguia alsar a perna para entrar na carreira. Depois tinha que relinxar dentro duma banheira de espuma submersa em água bem quentinha e que me sabia muito bem. Tenho saudades do tempo em que me podia dar a esse luxo. Agora, por causas que acho mais sérias, como a papança da água e dos cursos naturais, deixei-me disso, até porque os embientalistas estão sempre a falar do esquecimento global e todos temos que nos preocupar com isso.

05 junho 2007

CONTRABANDO PONTUAL

Foi nesta semana apreendida uma enorme quantidade de Pontos para Professor Titular contrafeitos. Os Pontos entraram na eslav por via postal, disfarçados numa caixa de livros. De origem ainda desconhecida, não apresentavam certificado de garantia nem designação de origem. Segundo fontes bem informadas, assistiu-se nas duas últimas semanas a uma corrida desenfreada aos Pontos, o que originou a disseminação de Pontos contrafeitos no mercado negro, onde chegam a valer mais pontos do que o normal. Alguns Pontos, por serem raros, chegam a atingir valores exorbitantes; estão neste caso os que são atribuídos pelas faltas. Simultaneamente, foi identificada uma rede que se dedicava à contrafacção deste material para progredir na carreira. Os detidos para interrogatório, confessaram, após apertada inquirição, que a avantajada remessa se destinava a um lobby residente da eslav. A mesma fonte informou ainda que a encomenda tinha sido efectuada por meios electrónicos modestamente sofisticados, o que, por si só, é indicador do universo onde se movem os possíveis implicados.

01 junho 2007

REPÓRTER ESTRÁBICO PASSOU A BARREIRA

A fila é imensa.
As pessoas atropelam-se.
Uma senhora monumentalmente gorda pisa-me os calos todos, que são muitos.
Há quem me grite aos ouvidos, mas nem sequer para falar comigo: tentam falar através de mim, como se eu não existisse.
O pior são os porteiros. Onde irão desencantar estes porteiros, que parecem macacos? E onde é que homens tão broncos, de tão mau aspecto e com tantos pêlos aprendem a ser tão selectivos?
Ouve-se a alguém, lá para a frente:
«Eles não estão a deixar passar ninguém!!!»
Não é verdade. Alguns eleitos passam. Que critérios serão levados em conta é que é o grande mistério.
Eu quero passar. Mas não estou acompanhado, será que deveria estar? Não devo ter muitos pontos, teria de tê-los? Não estou penteado, não tenho cartão, não valho nada, terei alguma hipótese de passar?
Um dos porteiros debruça-se sobre mim.
«Quem és tu?!» - pergunta ele.
Parece que me vai morder.
«Sou amigo! Sou um amigo!»
Alguém me reconheceu. Deixam-me passar. E, exactamente como no anúncio da televisão, os eleitos estão, no minuto em que conseguem transpor a barreira, perante a visão mirífica do automóvel de Teté Itunes, onde a própria se instala para fumar durante os intervalos. Ela que, furiosa com a medida anti-tabagista, dissera com toda a firmeza:
«Nunca mais me verão na sala de professores durante um intervalo! Vou para o meu carro! E NO MEU CARRO, SÓ ENTRA QUEM EU QUISER!!!»
Vejo cabeças felizes no interior do automóvel. Há música, alegria, fumo.

Entretanto, aos infelizes que não são chamados ao carro-maravilha, aos que não são capazes de fintar os mostrengos, só restam duas hipóteses. Ou o suicídio, ou engrossar o banquinho da paragem do autocarro.
É onde uma velhinha trôpega, de voz tremente, pernas tortas, varizes, pergunta a uma colega triste que fuma sem parar:
«Boa tarde, é aqui que passa o 27?»
Responde-lhe a macambúnzia colega:
«Por aqui, que eu desse conta, passaram mas foi 27 Marlboro!!!»