31 janeiro 2008

PENSAVAM QUE ME CALAVA?

Ao que parece, houve uma mãe que tropeçou neste blogue e, movida por uma ira justa e virtuosa, semelhante à da nossa ministra, quis pôr um freio nos professores. Daí a chamar a atenção para que estes devem ser «um exemplo», logo não podem ter blogues feios, porcos e maus, foi um passo: imprimiu, juntou páginas, mostrou, enviou, fez o processo. Não é que me tenham dito alguma coisa pessoalmente (aliás, a mim ninguém me diz nada), limitei-me apenas a ouvir os zunzuns mas não me posso calar, que isso é coisa que não suporto.
Se a dita senhora me dissesse qualquer coisa pessoalmente, eu também tinha umas tantas para lhe dizer...porque ela nem deve fazer a mínima ideia do que nós temos que fazer nas aulas para disciplinar as feras. No tempo do meu saudoso tenente Balicha, sim, no tempo em que havia respeito, nada disto acontecia. Se um praça dissesse, ou melhor, sonhasse! dizer um palavrão em público...era o bom e o bonito. Um correctivo de três dias na solitária e um mês sem dia de folga. A ver se não aprendíamos a lição!
Esta mãe, quero desde já dizer-lhe, em relação a mim está muito enganada. Porque eu não sou feio, nem porco, nem mau. Pelo contrário. Primo até por uma certa inocência. A senhora quer acreditar que a minha artista preferida até é a Floribella? Sobretudo agora, que aparece, em trajes menores, na minha revista masculina predilecta! Aquela miudinha, isto é, aquela que até há pouco tempo era uma miudinha, mas que sempre mostrou ter bom coração. Considero-a até um exemplo a seguir por todas as jovens: é bom de ver como um coração tão grande e tão bom alastrou ao corpo todo. Fenómenos destes não há muitos, não.
Até aposto que ela este ano vai bater o recorde de visitas na internet. Dizem que no ano passado a mais procurada foi a Ana Malhoa; não foi graças a mim que ela ganhou, mas confesso que ainda lá dei meia dúzia de cliques. Um homem tem que ver coisas giras, que raio, não pode ser só escola.

26 janeiro 2008

ORA PONHA AQUI O SEU PEZINHO

Poderia supor-se que certos professores arrastam os atacadores dos sapatos porque sofrem de dores de costas; afinal apenas que não sabem dar nós eficazes. Graças a isso, descobriu-se mais uma especialização da professora Ouro Incenso e Mirra - disponível quando em aaa ou em qualquer intervalo.

25 janeiro 2008

COMO SE CRIAM AS MODAS

Uma escola não seria uma escola se, nela, se não destacassem figuras-modelo, verdadeiros líderes, pessoas que, pela sua superioridade em qualquer plano, tendemos todos a copiar.

O pochato, por exemplo, durante anos a fio, tentou que o seguissem; vinha, resistentemente, de pochete para a escola: imaginava todos os colegas a imitá-lo, cada um com sua pochete, segura no braço meio dobrado, encolhido. Teve azar! Vinha com pochetes misteriosas, que perguntávamos que diacho conteriam, ou com pochetes em forma de cantil, de que sugava um líquido qualquer, ou pochetes assim, ou pochetes assado. Nunca o seguiram. Não é modelo quem quer! O resultado foi que alguma senhora invejosa lhe fanou a malinha de mão. E o pochato, sem essa sua bizarria, perdeu 98,3 % do seu interesse e do seu encanto. Já nem faz sentido que lhe chamemos «Pochato». Tem de passar agora a ser, simplesmente, o «chato»...

Já, por outro lado, madame resolve vir de trólei, e os tróleis começam a amontoar-se, a provocar engarrafamentos nas pontes e passadiças da escola.

O mesmo acontece, por exemplo, com a dona Juju. Decidiu, um dia, trazer aquela pastinha acinzentada - enfim, cor-de-rato-quando-foge - que diz «Areal»; (uma daquelas, portanto, com que as editoras compram os professores, nunca descobri a troco de quê); pois nem três dias eram passados, e já se multiplicavam por esta escola fora as pastinhas-Areal. Já contei quatro, sei que há muitas mais, que as colegas até as confundem e levam para casa as das outras, que e que que. Lá está: foi a Juju que a lançou. Sim, sim, a Ximão. Eu já desconfiava. Sou perspicaz. Quando vejo um líder, um modelo, reconheço-o logo...

23 janeiro 2008

FILHA DA MÃE

1. tranquilizem-se ó timoratos e dédeis espíritos, pois não se trata de mais uma crónica a malhar no Nunes da ASAE; este regresso à escrita do vosso humilde e fantasmagórico escravo/escriba não visa especular pela palavra escrita sobre essa enigmática personagem...Não , não se trata DO Nunes da ASAE, mas sim DA NUNES das AAs
2. a NUNES das AAs, zeloza funcionária desta instituição escolar, antiga descascadora de batatas no refeitório e costureira frustada (que indromina as colegas e alguns profs - entre os quais EU!!!- com arranjos de bainhas a preços de mercado!!!), foi presenteada Há 2 ou 3 anos com uma melhoria substancial na sua carreira...Passou a controlar e a marcar faltas aos profs escalados para as AAs
3. dir-me-ão...o que tem isso de mais? súcia de baldistas, que não quere é fazer nada...Ok!! também os (as) há desse jaez....mas adita cuja NUNES, inchada com a promoção súbita e pressionada certamente por outros(as) zelosos(as) cumpridores da lei, respirou fundo e mãos à obra...Vamos lá tratar desta cambada de inuteis que se arrastam pela sala dos profs sem fazerem nada...
4. continuarão a dizer-me...mas o que tem isso de mais? Ok!!...pois bem...a dita cuja, a NUNES das AAs, resolveu enfunar as velas e, num desmando de idiotice e estonteante subida de poder à cabeça, começou a perseguir e a tentar castigar este vosso servo/escriba...e de que modo? marcando faltas enquanto o prof se encontrava a cumprir as AAs para que tinha sido chamado...
Por 2 (duas) vezes, duas, a idiota ex- descascadora de batatas carimbou a vermelho FALTA no respectivo espaço , e rasurou de seguida ao verificar que tinha descascado não a batata, mas a sua própria mão...
~5. como sabeis, prezados leitores, e eu também, é legal a marcação de falta quando o prof não se encontra na sala na altura da sua escala de AA, mas É ILEGAL a rasura de livros de ponto quando o prof está a cumprir o seu serviço e a zelosa NUNES, que se ausenta da sala frequentemente, não vê o prof e (neste meu caso) infere, num rápido e contudente raciocínio lógico, que o prof está a faltar...´
6. mas a zelosa não fica por aqui...arroga-se o direito de, quando algum(a) prof inadvertidamente sai da sala, para ir comprar um bolo/sande ao bar- pois a zelosa e higiénica NUNES às 3 da tarde já vendeu por ENCOMENDA, TODO O SEU STOK, ...o dito (a) prof é brindado, na sua reentrada na sala, com uma valente descompustura, em voz alta e tom de séria ameaça...claro que os(as) invertebradas profs, agacham-se perante o tau-tau ministrado e ,com o rabinho entre as pernas e cosidas com a parede lateral, esgueiramse com ar culpado para a cadeira mais afastada e escondida da sala...
7.mas este vosso servo/fantasmagórico/escriba não é desses...o filho da minha fantasmagórica e querida mãe ainda tem espinha...não chateia ninguém e ~dá-se bem com a generalidade da comunidade escolar...mas se lhe pisam o calo!!!....Atenção...!!!ARMA-SE AQUI UM REVIRALHO QUE ESTA TRETA VAI TODA À FRENTE....E NAO FICA PEDRA SOBRE PEDRA!!!
8. a zelosa NUNES das AAs não é tão zelosa assim na sua função complementar; ninguém é perfeito, claro! não tem higiene nenhuma a mexer na comida... é frequente a casa de banho passar dois dias sem toalhetes para as mãos... é frequente a água de limpeza dos urinóis estar a correr durante todo o dia!! (pra limpar o quê?) numa atitude ecológica e racionalmente poupada...mas no resto e para este vosso servo/escriba é ZELAR...ZELAR À LUPA E CARIMBAR A VERMELHO...
9. acabo já...vocês, os mais novos, não devem ter lido as obras de José Vilhena...é pena...mas ainda vão a tempo e eu posso emprestar algumas...como "O FILHO DA MÃE" ou "O FILHO DA MÃE VOLTA A ATACAR" ou "A HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA"....esta FILHA DA MÃE de que vos falei tinha papel de destaque em qualquer das citadas obras....

22 janeiro 2008

HOMENAGEM




20 janeiro 2008

DESCUBRA AS DIFERENÇAS



UMA NOVA CARTA À DRA. RUTH: «QUANTO MAIS ME BATES, MAIS GOSTO DE TI: QUE FAZER?!»

Querida Dra. Ruth:

Ajude-me, por favor.
O maior prazer de que me lembro, foi o de, ainda criança, muito criança, estar sentado num degrau, com as mãozinhas apoiadas no chão, quando, inadvertidamente, uma senhora poisou sobre uma das minhas mãos o salto alto e pontiagudo do seu sapato, tipo agulha, como se me quisesse cravar a mão ao chão; recordo-me de que não só não chorei, como fui invadido por uma onda de prazer desconhecido, que me percorreu o corpo todo. A minha vida sexual é, num certo sentido, bastante rica e bastante intensa: sempre que me entalo, que me corto, que sou agredido, esfaqueado, esbofeteado, que estou numa reunião de departamento, sinto gloriosas ondas de gozo!

Mas não pense que nisso reside o meu problema. Não. O meu problema é que eu sou professor, Dra. Ruth. E, como tal, deveria estar indignado e revoltado com a forma como a senhora dona Lurdes tem tratado os professores - ou seja, abaixo de cão! Os meus colegas esperam, de mim, que me sinta frustrado com as trapalhadas e as inépcias ministeriais, as lutas pela titularidade, a multiplicação do tempo que passo na escola, cada vez mais vão e mais vazio, menos dedicado aos alunos, com o próprio discurso da senhora e dos seus subalternos...

E a verdade, Dra. Ruth, é que eu não consigo indignar-me. Porque, secretamente, me apaixonei pela senhora dona Lurdes, eu que, toda a vida, sonhei encontrar uma mulher que me desprezasse e falasse assim, que me tratasse assim, com aquela voz rancorosa e aquele fácies duro. Que hei-de fazer? Responda-me, Dra. Ruth. Suplico-lhe.

João Rama Zoquista


Querido João:

Continue, secretamente, a sonhar com a sua paixão. Entretanto, junto aos seus colegas, participe nas manifestações contra a ministra. Mostre-se raivoso. Erga no ar as faixas com as palavras de ordem mais duras. (No entanto, eis o pequeno segredo que o pode ajudar, aproveite para deixar que os paus das faixas lhe batam na cabeça; peça às colegas que levam o material em tróleis, que lhe passem com os tróleis por cima; deixe cair máquinas de costura no dedão do pé, como outros já fizeram; ou seja, retire também prazer do protesto...)
Gosto muito de ajudar.

Sempre à sua disposição,

Dra. Ruth

18 janeiro 2008

O MODUS OPERANDI

Ex. ma senhora dona Lurdes:

Serve a presente para a pôr a par dos últimos acontecimentos na escola que, se bem me lembro, tínhamos decidido designar pelo nome de código «A Velha é Linda».

Hoje, apareceram-me aqui o agente Simões e o agente Azevedo, em polvorosa, a dar-me conta de que tinha havido uma ameaça de bomba. O agente Simões só me repetia não sei quê do «modus operandi», e que este não seria o «modus operandi» dos terroristas, nem dos bombistas, que não costumam ter um sotaque tão nortenho, mais o «modus operandi» para cá e o «modus operandi» para lá. Até que eu o mandei calar e passámos de imediato às investigações.

Temos como suspeitos, para já, Mrs. X (para continuar a falar em código), que se passeia pelos corredores da escola como se estivesse num aeroporto internacional, com um trólei onde me parece possível que transporte algumas bombas.

Por outro lado, temos aquela senhora cujo nome também não vou dizer por claro, mas a quem poderíamos chamar senhora Belém, ou tratá-la por outro nome de estação de caminhos-de-ferro (desde que não fosse, é claro, «caxias», porque assim já não seria código); trata-se, em resumo, de uma senhora professora a quem se terá metido um dia na cabeça que era por força campista, de modo que se passeia, alegremente, sempre com uma mochila às costas, onde quer que vá, aparentando levar, no interior da dita, um saco-cama, garrafas de água, lanternas, frigideiras, peúgos e outro material de campismo. Há a hipótese de que transportasse uma bomba.

Não deixámos também, como é evidente, de tomar devida nota de um senhor y, que passava aí muito de pochete. O que é, obviamente, qualquer coisa altamente suspeita. Fomos interrogá-lo, e o que ele nos confidenciou foi que «já não tinha pochetes», que lhe teriam roubado a sua querida pochete e, desde aí, nem queria voltar a ouvir falar nisso.
O agente Azevedo, quanto a mim pertinentemente, estranhou:
- Roubaram-lhe a pochete e o senhor não notificou a polícia?!
Está bem visto, não é verdade?
É suspeito, não é?
Assim tem sido o nosso «modus operandi» em referência ao assunto em questão.
Dar-lhe-ei conta de toda e qualquer evolução.

Respeitosamente,

Gaspar Olhovivo

11 janeiro 2008

TENTANDO LAVAR A CARA À ESLAV – Parte I (sem Parte II à vista)

- Boa tarde senhor Tony, já estava à sua espera, conforme combinamos…
- Ah, pois foi, mas eu não posso ir…
- Mas tínhamos combinado…Vim de propósito para vir trabalhar consigo… para lhe dar apoio, amparar o escadote, segurar no burquim, dispensar-lhe o nível, dar-lhe o fio de prumo...
-Pois! (diz, coçando a cabeça), mas é apareceram uns assuntos urgentes, sabe como é. Em primeiro lugar é preciso pôr aqueles placares no sítio, ali no polivalente.
-Bem vejo, até lá está uma mesinha; é para ir meditando acerca da obra, não? Para ver se está tudo direitinho…
-Isto ficou um pandemónio depois de cá virem pôr este carrossel vermelho. Podemos é deixar aquilo do bufete para outro dia. Ordens superiores…
-Pois, estou mesmo a ver, deve ser para quando eu estiver a dar aula…
-Olhe, olhe!, faça-me um favorzinho, chegue-se mais para aqui, isso isso! Tape-me… Vem lá a professora Mádá Blanco… pela cara dela estou mesmo a ver que me vem pedir pela milionési…ham…pela primeira vez para lá ir afixar uns painéis na sala dela…
-Oh! Senhor Tony, era mesmo consigo que eu queria falar!
-Professora Blanco, como está?
-Bem obrigada, então quando é que lá vai fazer aquilo?
-Não viu o Alelex, não? Vou ver se o encontro por aí…preciso perguntar umas coisas…é tudo tão urgente, meu Deus, tanta coisa para fazer… E logo hoje que o meu ajudante sofreu um ataque com gás sarin, saron, pimenta, ou lá lá o que é... esta canalha que não nos deixa trabalhar...

09 janeiro 2008

ANO NOVO, GRAAANDES MUDANÇAS

1. Quem se aproxima distraidamente de um dos flancos da escola, tchan-tchan!, é forçado, de repente, a segurar os seus olhos, não vão estes saltar-lhe das órbitas. Sobre o gradeamento, de um e de outro lado, tchan-tchan!, cartazes gigantescos chamam a atenção para preços baixíssimos. Publicidade ao «Continente»?! Ao «Modelo»?! Não é possível. Depois, principio a entender melhor a mensagem subtil e irónica. É um recado para o Ministério, pois é? Baratos, baratos, só os professores. Há que consumi-los. (Eles já andam tão consumidinhos...)

2. Mas, entrando-se, deparamos com enormes alterações físicas: rampas e escorregas em metal vermelho, plataformas e pontes levadiças. Aí, ingenuamente, julguei que se tratava de facilitar a circulação de alunos portadores de deficiência. Ou de ajudar aqueles professores que têm o costume bizarro, mal põem um pé na escola, e perante qualquer mica, qualquer degrau, qualquer tapete, de escorregar, tropeçar, cair. Por fim, também entendi: todo este aparato estrutural visa nem mais do que permitir Madame circular por todo o lado com o seu trólei. Vip é vip!

3. O trólei?! Primeiro estranha-se, depois entranha-se. No dia 0, as pessoas riam-se um bocadinho. Nos dias 1, 2 e 3, calavam-se um bocadinho com os risos, porque a Madame não gosta que a gozem. Mas daqui a umas semanas, vão começar a aparecer mais tróleis. Ponho as mãos no fogo.

4. Nem todos serão de marca. O «Lidl» anda a vendê-los. Talvez a escola pudesse anunciar, em cartazes, à porta...?!