28 março 2008

A PROPÓSITO DO TELEMÓVEL QUE ATINGIU O TOPO DA CARREIRA: SER VEDETA DA TV

Atendendo ao momento actual, seria provável encontrar por aqui uma chusma de posts defendendo, criticando ou simplesmente opinando sobre o objecto do momento. Ninguém escreve nada e eu atrevo duas hipóteses: as pessoas não têm opinião ou, pior!, não se quererem comprometer. Descobre-se agora que afinal existem milhões de entendidos no assunto que não se inibem de manifestar em artigos que se reproduzem em catadupa; em todos os lugares menos neste. Assim seja.

O objecto sobre o qual o mundo gira é um telemóvel. Um desgraçado telemóvel, colocado no topo da hierarquia dos objectos indispensáveis à sobrevivência dos jovens. A teoria que mais se encontra é aquela que é contra o seu uso na escola. Não havendo muitos meios de controlar a praga, poderá a escola invistir no equipamento que simplesmente os desactiva enquanto dentro do espaço escolar. Sim, existem soluções. O método já é usado em algumas salas de cinema e há até padres que querem instalar este sistema nas igrejas.

Deste modo, já não corria o risco de me suceder outra cena destas, que teve lugar na última aula antes das férias. O telemóvel da Bá tocou e ela atendeu, dobrando-se para eu não ver. Teve azar, porque eu estava mesmo ao lado e mandei-a sair da sala. Entretanto, Bá não quebrou o diálogo e foi dizendo de telemóvel na mão: "- Espera aí um bocadinho que a professora está a chamar-me. Olha, estás a ver? Por causa de ti agora fui para a rua". E saiu, despreocupadamente, continuando a conversa enquanto arrumava as coisas e atravessava a sala, porque sabe que não é por isso que vem algum mal ao mundo.
Claro que a Bá vai passar de ano apesar de nos desafiar e aos pais continuamente, chegar atrasada todos os dias e a todas as horas; ir à casa de banho, não voltar, abandonar os materiais na sala e passadas duas aulas perguntar: "então, professor, não me trouxe os livros?". Certo, Bá, a nossa paciência é inesgotável, podes contar com ela.

27 março 2008

D.J. CARA DANJO PRONUNCIA-SE SOBRE O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

pur mín tôu conpelétamênte dacôrdo côum o nôuvo acôrdo oitogeráfico. êu ssêi k á pártes xátas côumo a mínha purfeçôura de portugês k gósta tãto de amêndár os mêus têistos e riscár túdo côum tínta varmêilha e íço agóra têr dír aprendêr a iscervêr ôutera vêz. e o k é máis é k inda vái têr máis êrros oitogeráficos do k êu. vai dárme un gôuzo paçár a çêr êu a amendárlhe os têistos. á á á á á. e até têinho máis uma idêia k é açín. einvêz de andár à luta pra tirár os télémóvens ós alúnos côumo çe víu no vídio a partir dagóra dêicha davêr cadérnos nas álas. paçâmos a iscervêr tôudos nus télémóvens k é õde a málta aperende a iscervêr çegundo o nôuvo acôrdo ortogeráfico. tópas.

16 março 2008

CARTA ABERTA DO PAI DE D.J. CARA DANJO

Recebemos do pai do nosso colaborador D.J. Cara Danjo, senhor Heliodoro Cara Danjo, uma missiva de apoio ao senhor ministro, que transcrevemos na íntegra:


«eismo çenhôur perimêiros-menístero.

çérve ésta cárta para le musterár a minha çuridalidáde e para le fazêr uma sujestãu.
êu pênço qe êste país já táva a perssizár dún púlsso de férro á muinto tênpo e puríço pênço qe o çenhôur é o ómein ssérto no ssítio ssérto e çôu ún furvôuzo apoiãte ssêu.
ssubertudo en ralassão ó ênçino. o mêu filho qe é o d.j cára danjo é ún rapás muinto espérto mas os purfeçôures não érão capázes de vêr iço. êle é tão espérto que nunca perssizou de estudár. nunca na minha vida vi o rapás a estudár. e os purfeçôures ssempre a dárle más nótas. fôi perssizo vir ésta menístera de qe nós gusta-mos tôudos muinto lá ein cáza ésta dâma de férro pra oberigár os purfeçôures a vêr o qe não qerião vêr. dêvo dezêrle qe já sse nótão melhóras. o mêu filho já me diz (deicha tár ó pái cõfia ein mín qe ún día inda me váis vêr menístero da iducassão). têinho de cõfeçár qe me cuméssa a parssêr puçívél. e inda máis dêsde qe êu tumêi cunhessimênto qe a maiór párte das medídas qe o menistério ãda a lanssár ssão da auturia imajinein vóssês de ún eis culéga mêu qe na altura éra a tróssa de tôuda a jênte côumo êle tínha a manía de beríncár ós cóbóis até le xamáva-mos o bronco kid. pôis no ôtero día inconterêiu e ssôube qe êle éra o faról lá do menistério. e díceme êle alenbraste da dôuna jertrúdes a purfeçôura qe me dáva cascudos pôis bein tôu finálmênte a vingárme déla. tá cláro qe não me póçoo vingár déla ssózinha e têinho de lichár tôudos os purfeçôres. êu cá ssôu açín ssêmpre fui muinto justo.
entertanto taméin vi onte no nutissiário qe o çenhôur perimêiros-menistro dessidiu puribir os pirssings e éça purcaria tôuda ós miudos. muinto bêin açín é qe é guvernár. o mêu fílho ãdáva ca mania dos pirssings e das tatuájeins e açín o purbelêma fica arrezolvido ssen êu ter de me zangár côn êle nein paçár por carêta qe aqéla purcaría inda é cára.
já agora sse pudéçee fazêr aí uma lêi a mandár os jóveins tôudos a curtár o cabêlo é qe me dáva jêito qe o mêu miudo ãda con o cabêlo muinto comperidão e não á manêira de êu o cõvenssêr a ir ó barbêiro. póço contár cunssigo?

pê ésse. lá tive na manifestassão qe o çenhôur mãndôu o çenhôur silva arriunir. dêi ún gerane bêijo á çenhôura dôna menísetra da iducassão cuando éla paçôu. têmos tôudos qe nos sacerificár-monos pelo país e o mêu sacerifíssio fôi êçe bêijo. pôssas. viume? êu éra aqêle qee tínha ún cartás a dezêr: çócrates çó dúas paláveras FOR-ÇA! o qe árde dói mas cúra.

milhóres comperimentos

cára danjo (pai)»

11 março 2008

A PUNIÇÃO


09 março 2008

PERGUNTINHA DE ALGIBEIRA E RESPOSTINHA DE ALGIBEIRA

Perguntinha: Se o insucesso dos alunos, na óptica do ministério, deve pesar na avaliação que é feita aos professores, como é que, segundo os próprios critérios do ministério, deve pesar, na avaliação da política ministerial, o óbvio INSUCESSO no que toca à adesão dos professores às medidas propostas (tão bem expresso ontem numa manifestação em que, caramba, até a Juju e o Pochato estavam presentes!, o que diz tanto, por si só, como a presença dos outros 99. 997...)

Respostinha: A senhora dona Lurdes Rodrigues falou ontem à noite. Já respondeu a essa perguntinha chata. A ideia é: Não recua nada, não muda coisa nenhuma. Os professores já se divertiram, já gritaram um bocado, e pronto!, agora há que voltar ao trabalho porque está muita coisa por fazer. (Dar aulas não será certamente, porque isso parece menos relevante). Hay que trabajar, hay que trabajar. Hay que salir a gañar! Hay que salir a gañar.

Uma coisa é firmeza. Outra é teimosia. Mas depois, ainda há uma coisa que tem vindo a ser mostrada, e cujo nome me abstenho de aqui escrever!!!!!!!

07 março 2008

SANDES, SANDES, SANDES DO ZÉ ABREU, VENHAM TODOS

Ao que parece, nos últimos tempos, os professores que andavam à procura do tal de bló discavam o endereço ou lá como é que se diz e tumba, enfiavam num anúncio de uma sandes.
Eu conto o que se passou: os fulanos do bló andavam todos muito nervosos porque se estava a criar por causa do bló um clima lixado. Gente que se divertia com o bló, mas que se divertia dizendo mal, ou anonimando. De modo que a equipa resolveu ir para outro saite ou lá o que é.
Vocês estão a ver-me. Sou de olhão. Mal eles libertaram aquele espaço, zás, vou eu e boto ali a minha publicidade. Está giro. Está bem visto. Mesmo que as pessoas agora deixem de lá ir, prontos, já houve muita gente que ficou a saber que eu vendo sandes do melhor.

Entretanto, mudaram-se de armas e bagagens para aqui.
Mas isto está a dar-me vontade de rir, porque parece que volta tudo ao mesmo. Já andam aí uns anónimos, por enquanto com pezinhos de lã.
Portantos, se calhar, também vou acabar por ganhar este espaço para uns anúncios.
Deixem-me ir aproveitando.
Reparem nesta publicidade à minha última sandocha, uma invenção que tenciono vender na manifestação e, depois, à porta das escolas.

SANDES MINISTRA.

Trata-se, basicamente, de uma sandes com a figura da ministra de Educação, sandes essa que visa encontrar nos senhores professores de todo o país os principais clientes.
O objectivo é ir-se trincando ou morder com força.
É pão duro e tem pouco miolo.
Não se deixem enganar. Não há noutros sítios e processarei quem venha copiar. Procurem na minha rulote. O nome é SANDES MINISTRA.
Vosso,
Zé Abreu

06 março 2008

D.J. CARA DANJO E AS EXPERIÊNCIAS DE FÍSICA E QUÍMICA OU LÁ O QUE É

é ssérto k êu gósto muinto da minha purfeçôura de purtugês mas não ssó êu taméin gósto bué da minha purfeçôura de fízica. não mén não é a purfeçôura de fízica típo jinástica k éssa dáme carôulos e agóra ãda ca manía das dãssas e põinos a dãssár o curridinho e éças ssênas. não mén tôu a falár mazé da purfeçôura de fízica e kímeca. típo éça ssêna do iléterão. plo k perssebi o iléterão tál côumo o nôme indíca é açín típo um viderão tázavêr çó k típo invês de ssêr pós víderos ssérve pa ressicelár côizas ilétericas. êu curto bué as álas de fízica e às vêzes taméin inssino umas côizas ós purfeçôures típo éla táva lá a falar típo não sei kê do cravão e do diamãte e táva lá a espelicár típo as diferenssas na durêza do cravão e do diamãte e tál e vôu êu e digole típo ó ssetôura a ssetôra çabia ke me diçérão k se paçármos a nôite cun carvão enfiádo no rábo de manhã êle terãsfurmôusse em diamãte. e a purfeçôura k é fíche e gósta típo dinssentivár os alúnos e pôulos a fazêr espriênssias e isso çó me dice ó cara danja atão çe kéres çaber mêsmo esperimenta. á purfeçôures k góstão mêsmo de mín mén. ésta gósta tanto tanto k até pênça típo izibirme ós xéfes déla pq cuãdo êu fálo éla acába çênper a dezêr (isto é k a menístera devía vír vêr).

05 março 2008

RELATÓRIO DAS OCORRÊNCIAS EM AULA

A aula iniciava do modo habitual, isto é, em pleno burburinho. Ainda antes de começar as actividades, Ruizinho aproximou-se de mim e perguntou: “Stôra, existem testes de virgindade? Não, pois não? Eu sabia, claro que isso não se pode ver!” e virou costas ainda antes de eu ter oportunidade de lhe responder. A turma começou a trabalhar depois de eu ter exposto a matéria, não sem ter sido interrompida meia dúzia de vezes para fazer calar alguém.
Aproximei-me então da mesa da Bélinha, (que desenhava uma figura feminina, com as mãos atrás das costas “mas de saltos altos para sair à noite”) e diz-me, alto e bom som: “Posso ir lá fora mudar o tampão?”. Foi. Mas desta vez, e para variar, voltou.
Ruizinho pergunta-me “Conhece a Ritalina? É que eu dei-lhe um beijo na boca”.
Entretanto, o Faustino passeia-se pela sala a pedir material emprestado, tal como o Firmino, o Tolentino e o Toninho, que teima em justificar-se que nunca é ele que faz barulho mas que só refilo com ele. Ruizinho, olhando para fora da sala, grita “Tas bom ó Zeca?”, dirigindo-se ao funcionário da escola.
Aninha vocifera contra o calor e vai despindo a camisola, indiferente às minhas repreensões. Continua, ajudada pela Bebé, e consegue despir a camisola que traz por baixo, ao que se segue uma grande e previsível algazarra, “stôra, ela mostrou o sutiã!”. Repreendi-a, chamando a atenção para os modos desadequados, para as atitudes impróprias para a sala de aula. Uma e outra vez. Não lucrei nada com isso, porque em breves minutos tudo se repete: um que se levanta, outro que rouba material, outro que refila, aquele que manda coisas pelo ar, dois ou três que me perseguem sala fora para pedir ajuda no desenho; este porque quer desenhar umas pernas de lado que teimam em se manter fixamente rígidas e de frente… outro porque pintou as nuvens de azul e agora não sabe de que cor é o céu…

Estabeleci, há algum tempo, a proibição de circular pela sala a não ser que fosse estritamente para afiar lápis. Obviamente, esta regra está sempre a ser transgredida. Às tantas, o Marcolino atirou-se ao Faustino (ou vice-versa, não consegui perceber); ao que diziam, aquilo não era nada, tinha sido só por causa dum lápis.
O Tomé, a pretexto de pedir um lápis à Antónia, sentou-se ao lado dela e passou-lhe qualquer coisa por baixo da mesa, com ar comprometido e arrumou de imediato qualquer coisa no bolso das calças. No fim da aula, questionei a Antónia, que me disse que “aquilo era um cigarro que o Tomé me deu para levar ao meu irmão no intervalo”.

Tudo isto acontece em absoluta agitação e com um barulho contínuo, altamente desgastante e que conduz a repreensões inevitáveis mas que surtem pouco efeito; pelas conversas cruzadas, pelo trabalho que não se faz e pelo nada que se aprende, pelo barulho irritante dos bancos e das mesas que chiam, já para não falar da constante troca de insultos entre colegas, pela troca de materiais e desaparecimento de objectos que são “roubados” na distracção de um ou outro; constantes e insistentes pedidos para “ir ao cacifo” buscar qualquer coisa altamente importante ou para ir à casa de banho.

Ninguém se preocupa em se aviar no intervalo, porque para estes alunos, tudo, mas mesmo tudo, pode ser feito durante a aula. Para quê perder tempo no intervalo?

(n da a: os nomes referidos não correspondem à realidade. Até porque hoje já não se usam nomes destes)

04 março 2008

O BLOGUE ESTÁ EM BOAS MÃOS

O blogue tinha desaparecido. Procurava-se por ele. Que era do blogue? Que diabo, uma coisa deste tipo não sume assim, sume?
Sumira.
Algumas pessoas buscavam-no ansiosamente, para poderem depois dizer mal dele à vontade, ou para o encherem de comentários mal-intencionados, ou para irem a correr avisar as visadas num ou noutro post, «Já viste? Olha que eles falam de ti! Vai ver, vai ver...», cheias de peçonha e, coitadas, em vez do blogue chocavam com um anúncio a umas sandes.

Depois, descobrimos.
Cá está ele.
Foi ocupado pela Ana Drago.
Ainda bem, ainda bem. Antes assim. Olha se tivesse sido ocupado pela senhora dona Lurdes Rodrigues...!

Ou por aquela outra senhora professora da nossa querida escola, como é que se chama ela?, ai que me escapa o nome, mas vocês sabem, sim, sim, essa mesma, essa mesma!
Livra!

Ana Drago: Avaliação não pode servir para combater o défice