09 dezembro 2005

PENSO QUE MERECIA O PRÉMIO «NISTO TUDO ESCAPA-ME SEMPRE QUALQUER COISA, SERÁ QUE O PROBLEMA É MEU?»

In illo tempore, quando mandava o Justino na Educação, foi parido um exame nacional de filosofia para se concluir em beleza o 11º ano. Nunca se compreendeu a que propósito vinha tal exame, mas não vamos discutir agora essa bizarria porque não tenho no meu computador teclas suficientes para essa discussão. A questão é que o Justino saiu de cena pela direita baixa e, pela esquerda alta, entrou em palco a nossa actual ministra. Ora Lurdes Rodrigues manteve, com a firmeza que lhe conhecemos, a ideia do exame. Os professores enervavam-se: o tempo a passar, a estreia do disparate deveria ocorrer este ano já, o tempo a passar, as informações a não vir, e quando vinham não eram claras, o tempo a voar, se alguma informação, no meio disto, calhava ser clara, era posta em causa por uma outra, o tempo deixando já de ser tempo, os professores perguntando-se uns aos outros, perguntando tremulamente ao ministério, Então, Então?, o ministério incapaz, sequer, de os acalmar com uma Prova-modelo que fosse, mandando para as escolas uns textos-avulso com umas perguntas-avulso para se fazer uma ideia...
Tanto quanto se percebia, nisto, averbava pontos uma certa «seita» - porque há sempre uma «seita» por trás: era a seita que patrocinava o exame, elaborava os manuais «conformes», que convinha adoptar, e cujos membros, entretanto, se multiplicavam pelo país em acções de formação - pagas, e bem! - que visavam elucidar os professores mais nervosos e mais pessimistas acerca de como ajustar conteúdos a exames...
Não vos quero cansar. Em todo o processo, evidenciou-se uma certa associação de filosofia: contestou o exame, protestou, deu voz às dúvidas e aos receios dos professores, exprimiu maduramente as críticas que ecoavam por todo o lado.
Ouve-se agora dizer que o ministério recuou. Que talvez - não é? - não se sabe bem - mas há rumores - parece - embora esteja ainda em discussão - e tal - vamos ver - que o ministério - enfim - diz que pode ser, hã?, pode ser que não haja exame.
Eis então que, no seu site, a tal associação que tanto e tão bem protestou, surge agora em concluio com a seita, empertigadíssima, a admirar-se de que não haja exames, a propor, não, a exigir que os haja...
Perante isto, como se o mundo me caísse sobre as costas, incapaz de interpretar o que sucede, como diante de certos videoclipes, opto por ir para a cama dormir. Meus amigos, muito boa noite. Amanhã se verá!

O PLANO DOS PLANOS

Já todos ouviram falar dos planos de recuperação. Ora bom, caros colegas: agora é que é. O insucesso vai acabar de vez. Descobriu-se a pólvora!
Ora então deixem lá ver se percebi. Vamos ter que fazer um plano para recuperar alunos com três ou mais níveis inferiores a três! Uau! Nunca me tinha lembrado disso! Sim, sim, é que se não saísse este despacho, nunca me lembraria de tal coisa! Recuperar alunos? Que disparate! Nunca tal me tinha passado pela cabeça.
Além de registar em acta o eventual insucesso, as suas causas e estratégias de recuperação, além de registar em projecto curricular de turma as competências a privilegiar, as estratégias a desenvolver, a operacionalização e o diabo a sete, criaram, desde já, mais um documento infinitamente útil. Um documento que regista aquilo que sempre se fez, mas que nos vai obrigar a ficarmos atulhados em mais papéis ainda.
Chefe Lucas, podem mandar vir uns dossiers A4 daqueles bem largos para começar a pôr os processos individuais dos alunos. Olha, e já agora é melhor começarem a pensar em alugar uns anexos para colocar os dossiers. E na altura das reuniões, não esqueçam de mandar vir uns sonhos e umas filhós, porque vamos ter dias, tardes e noites em grande.

DUELO AO PÔR-DO-SOL

Atelier de Escrita Criativa dos Professores da ESLaVO sol começara a pôr-se em Cactus city. O silêncio imperava. Talvez em algumas janelas assomassem rostos amedrontados, por trás de resposteiros velhos, no momento em que, cataclop-cataclop-cataclop, o forasteiro atravessou a rua principal, se aquilo era uma rua, levantando nuvens de poeira sob os cascos do seu cavalo. Secas Kid desmontou elegantemente, amarrou o cavalo junto ao bebedouro e entrou no saloon, com as esporas tilintando. Abriu as portas com um safanão - daquelas, estão a ver, de ripas, que vão e vêm - e, num instante, penetrava no espaço reservado. Numa mesa, escreviam-se actas. Um velho batoteiro, Bafodeonça, via, por um espelho na parede, as actas do adversário. Tinha bom jogo - pouco insucesso a justificar. Que fazer? Zumbiam moscas no ar. De uma pianola desafinada saíam uns sons verdadeiramente pavorosos: era o sempiterno fantasmadaópera, que ainda não desistira de fazer daquela pacata cidade uma cidade fantasma. Num palco que já tinha conhecido melhores dias Dolores, Irene e Judites ensaiavam os passos do can-can para essa noite, em que se esperava a visita da proprietária do rancho «All Mine», a famigerada Missy Lurdes.
Secas Kid aproximou-se de um homem sombrio que, debruçado sobre o balcão comprido bebia um copo de leite por uma palhinha. Era Boss Lucas: a barba por fazer, o sorriso apagado, o chapéu de bombazina bege sobre a fronte, a mão apoiada ao cinto, a estrela de sheriff refulgindo ao peito davam, ao conjunto, o ar de que estava ali um tipo com quem era melhor que se não metessem.
Secas Kid disse-lhe:
- Encontrei-te, por fim. Chegas ali fora um instantinho? Não tens medo, não?
Os olhares de um e de outro cruzaram-se. Os batoteiros detiveram as canetas no ar: as actas tinham perdido o interesse. Não houve um sorriso. Saíram. Pessoas espreitavam mais afoitamente. O cangalheiro, com uma pochete sob o braço, assistia a tudo, enigmaticamente feliz.
Secas Kid gritou, enquanto o sol se punha ao fundo, lentamente, como se também não quisesse perder aquele espectáculo:
- Aposto que sou mais rápido que tu.
- Aposto que não.
- Hum!
- Humpf!
Frente a frente, não se perdendo de vista, iam ver quem sacava do sorriso primeiro. Embora o do sheriff não fosse usado há muito e estivesse enferrujado, ele tinha boas hipóteses. Tinha novas munições: o Benfica vencera.
Três... dois...

MISSÃO SORRISO


Procura-se o sorriso do chefe Lucas.
O sorriso com que o chefe nos brindava outrora, desapareceu e raramente é visto.
Ninguém sabe muito bem quando se deu seu desaparecimento mas calcula-se que terá coincidido com o início do ano lectivo.
Já foram avançadas algumas hipóteses quanto às causas do desaparecimento e o própio Investigador Guerra aceitou resolver essa batalha como se fosse sua.
"-Já pusemos anúncios nos jornais e distribuímos panfletos mas até agora ninguém o viu", confessou-nos.
No lugar do sorriso, tem sido visto frequentemente um sobrolho carregado.
A manter-se a situação, formaremos uma comissão que irá reclamar junto da Dona Lurdes, visto que algumas vozes apontam como sendo o seu gabinete que retém o sorriso e o impede de voltar à cara do chefe Lucas.

Resta-nos por agora saber se a vitória da última terça feira terá contribuído para ele voltar.
Vamos todos procurar o sorriso.

Ataque ao cerne do lobby

O mais sincero e altruísta espírito natalício levou à alteração da primeira página do site da escola; o azul deu lugar ao verde, o laranja ao vermelho e o fundo preto foi povoado de estrelinhas que piscam.
Satisfeita com o resultado, inocentemente, convoquei os valentes do pombal, digo do CE para opinar acerca das alterações temporárias, bem entendido, e entramos no site, conduzidos pelo rato na mão de Carlos, o Guerreiro.
Subitamente, como se levado por um furacão, é projectado contra a parede. Alex, ao olhar para o monitor, faz-se branco e ziguezagueia pela sala de mãos na cabeça repetindo:
-Tudo menos verde, tudo menos verde, tudo… assim ninguém os cala…
Da mesa do chefe Lucas choviam picaretas, digo, canetas.
Eu roía as unhas nervosamente e já com os dedos doridos atrevia-me a dizer: -É Natal, é natal! São só quinze dias…
De nada valia. O ambiente pesava cada vez mais; aquela mancha verde incomodava mais do que os textos do Sindroma no blogue. Censurava-me a mim própria… -Como pudera ter sido tão ingénua?! Não sabia se havia de rir ou chorar. Incapazes de perceber a minha angústia, deslocavam-se a grande velocidade pela sala, vociferando. Os tacos do chão começavam a ceder.
Apaziguadora, Lúcia aproxima-se de mim, - Deixa lá, são homens...
Foi aí que se me pôs a questão: Homens? Benfiquistas? Qual das condições os cegava mais? Serão estados inconciliáveis?
- Os homens vêem tudo de modo diferente… - Continuava Lúcia. - Não te preocupes.
- Vêem? Será por isso que muitos usam óculos? Temi a chegada do Abel. Apavorei-me perante a possível entrada do Fantasma da Ópera. Nem o facto de ser Benfica me punha a salvo.
Carlos revirava os olhos. O chefe Lucas num ataque de fúria, sai porta fora.
-Até tolero o azul. Tudo menos verde.
Assim seja. O lobby, como alguém já lhe chamou, levou a melhor. Amanhã volta o azul.

08 dezembro 2005

ODE À ELASTIGIRL E À LARA CROFT by Sindroma

A vossa perfeição
É tão inteira e clara,
Sois a tal ponto Génias
De humor e de cultura
E de tal forma tudo
Aquilo em que tocais
Brilha e resplandece,

Que se não fôsseis benfiquistas
Eu vos tomava por deusas...

Assim,
O vosso benfiquismo
Não mói nem me faz mal,
Não é como o de outros
(Que eu cá conheço bem...)

Em vós, o benfiquismo
É um erro que serve
Para me assegurar:

Sois afinal humanas...

ODE À VITÓRIA

Deixem-me cá pôr só mais umas coisinhas a vermelho neste blogue.
Fica tão lindo, não é?
Até vou fazer um verso:

Hoje apetece-me escrever a vermelho
Adivinhem lá porquê?
Será que tem algo a ver...
...com o GLORIOSO SLB?

O síndrome do 2º maior clube de Portugal

Caros antibenfiquistas:
Vós, que representais a segunda maior falange de apoio clubístico em Portugal, quase da dimensão de lagartos e morcões juntos, haveis sofrido forte revés neste 7 de Dezembro próximo passado.
Aqui fica expressa a minha solidariedade e simpatia por tamanha injustiça.
Sim, injustiça!
Não há direito que o maior clube do mundo venha a perder com a equipa B do Benfica e deixar à beira de um ataque de nervos 4 milhões de portugueses.
O próprio xôtôr Durão Manhoso deveria tomar uma qualquer atitude para impedir que tal evento se pudesse viabilizar.
Já não basta a profunda tristeza, quasi desespero que está a tomar conta do país e...
Não. Não me conformo!
Pare-se as presidenciais!
Reponha-se o governo no Canadá!
Tudo menos os sorrisos da lampionagem a navegar por europas proibidas.

GRANDES LETRAS


"Scrambled eggs, have an omelette with some Munster Cheese, put your dishes in the washbin, please, so I can clean the Scrambled eggs."
Letra de música bem conhecida da década de 70!...Quem a conhece? Resposta correcta, tem direito a dois bilhetes para o Fantasma da Ópera com algum Síndroma, acompanhado pela Elastic Girl bem quentinhos, fechadinhos numa Ostra, com a companhia da Abelha Maia.
O Guerra não entra neste concurso porque anda preocupado com a pochete do Abelião...

07 dezembro 2005

BREVES (III)

1. Perante a retirada compulsiva dos crucifixos que tinham estacionado casualmente nas paredes de umas quantas escolas, Chefe Lucas mostrou a sua preocupação:
- Acham que agora vão começar a retirar também os posters do Benfica afixados nesta escola?
Alguém, consta, lhe terá respondido:
- Não te preocupes. As cruzes eram uma questão religiosa.
- Mas é o que me preocupa! Não há questão mais religiosa que ser do Benfica...
2. Isabel Carvalho, nova - e excelente - aquisição desta escola, identificou finalmente Abel Belião, que desejava muito conhecer em virtude do protagonismo deste no folhetim policial.
À nossa reportagem, Isabel confidenciou, alegre como um passarinho:
- Foi fácil. Primeiro tentei descobrir a pochete. Quando finalmente a topei, já sabia que a toda a volta dela estava... o Abel!
3. Benfica defronta Manchester. Koeman, sempre perspicaz, disse (verídico): «Para passar, hay que ganar». Parte minoritária do blogue prepara-se para lhe atribuir um prémio chamado: EN TEORÍA NADA ME ESCAPA, EL PEOR ES PONERLOS A JUGAR

06 dezembro 2005

HOJE HÁ CIRCO!!!


...Alguns apontamentos dos nossos repórteres destacados no local, por ocasião deste memorável evento...

O SEXTILHÃO

1. Entendamo-nos... O Sindroma nunca existiu!!!
Como é que "Um conjunto de sintomas resultantes de um mesmo processo mórbido" reclama, sequer, o direito a respirar?
Primeiro inicia-se com umas pretensas e infindáveis investigações de Augusto Guerra onde, baseado em em sinuosas e reptícias análises na sala de profs, constrói um amontoado de ridículas e provocatórias situações; desde pochetes a berlindes, passando por cromos e benfiquistas, os seus alvos cedo se definiram...
Vem, depois, qual vítima... coitadinho... tentar amolelecer os nossos corações, já entretanto atestados de um sentimento de revolta de mil octanas, com uns pretensos interrogatórios pidescos e torturantes em que o nosso fantasmagórico ser é, uma vez mais, objecto de vis calúnias;
2. Insatisfeito, este ser imaginário e rastejante, queixa-se e reclama (que lamechas...) que não há troco às suas insidiosas investidas, que qualquer dia desiste e, pasme-se, pede vagas de fundo...Ele não existe; é uma abstracção dos nossos espíritos; é uma projecção tridimensional ( com o foco no infinito), que se passeia, cosido com as sombras e as paredes, observando na sala dos profs....
3. E as Lauras Croft, as Ostras os Einsteins e outro(a)s que fazem???...
4. Mais recentemente avança de espada verde em riste contra o fantasma que, ao que parece, tem feito do "resultante de um mesmo processo mórbido" o seu alvo predilecto...Julgava-se ele imune ao felino e Mantôrrico (de MANTORRAS, claro!!) contra-ataque e à flecha certeita que atinge sem contemplações...Já é nítido o gotejar de algum veneno contra a nossa etérea personagem...Mas não nos importamos! Estamos cá para cumprir uma missão e, voltaremos o gume da verde espada na tua direcção e ela, rubra e afiada, trespassará essa alma iníqua...
5. No fim, não vencerás, NÃO!!! Nem a tua gargalhada estrepitosa te salvará...Chegará o dia em que tu próprio duvidarás da tua existência...pensarás: "...o Guerra existe?? a pochete passeia o Belião ou é o...?? a Ana Páscoa renascerá só no Natal??? e eu...? Quem sou??..olho para um espeho e vejo um vampiro...(que não se vê, é claro!)...tenho sede de infinito...e fome do além... o fantasma tinha razão....sou uma mariposa apesar de mim mesmo....Oh! seres supremos do universo, perdoai-me as minhas ofensas....oh! seres mitológicos que eu em vão evoquei...perdão, senhor, a teus pés eu confesso....NÃO...NÃO ...Eu não existo..não existo....não me assemelho a nada.... só vazio... e uma leve sensação ...de me sentir um.....SEXTILHÃO de NADA.

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO CAPITULOU DE VEZ: TUDO O QUE PRINCIPIA TEM UM FIM (OU NÃO???)

A ministra e toda a sua comitiva haviam desaparecido, mal se tinha visto assomar à porta aquele horripilante rosto.
Era Mariana Alicate: Mariana herself; Mariana a própria, propriamente dita. Ou não. Talvez fosse apenas um fantasma.
- Um fantasma - gritaram todos em coro.
- Sim - convenceu-se imediatamente de si o João Paulo, a quem ninguém ligava patavina. - Sei que sou extraordinário, mas, caramba, também não é preciso exaltarem-se desse modo lá porque descobriram que sou o genial fantasmadaópera...
- Quê? Que é isso, o «fantasmadaópera», o «fantasmadaópera»...? -, insurgia-se uma professora de português. - É assim que tu escreves? E ainda falam dos alunos...
- Um fan... fan... fan... - tentava Alexandre assustar-se ao mesmo tempo que os demais.
- Fantasia? - aplaudia Cristina Nunes, pensando que se voltava ao seu jogo predilecto.
- Nã... nã... não me ch... cha... cha... cha...
- Chá-chá-chá? Chapéu? - Cristina olhava de soslaio para a cabeça inesperadamente descoberta de Conceição Baptista.
- O... O... O-lha - retrucava Alex, furibundo - tu vai mas é à... à... à...
- À...!? Essa é difícil: Asa? Ave?
João Paulo, reparando que a atenção que obtivera por uns instantes, e de que tanto carecia, estava prestes a desaparecer, enervou-se:
- Perdão. Não estávamos a falar de mim???
Mariana enervou-se ainda mais:
- Perdão, perdão. Não era de mim???
Guerra, muito mais ainda:
- Perdão, perdão, perdão. Fantasmas, aqui, estragam tudo. Isto é um folhetim policial. Nun folhetim policial não há fantasmas.
- Mas eu não sou um fantasma - elucidou Mariana Alicate. - Sou a Marianinha. O que aconteceu foi que... bem, sempre que a luz se apaga, ploc, desato logo a dormir. E depois não me é fácil acordar. Chama-se a isto o mal de «fátimafranco»: por que raio pensam vocês que pedi para não me porem a dar aulas às oito e meia da madrugada?
- Que diabo! - indignava-se o nosso detective, vendo o seu caso reduzir-se a migalhas, como o último chapéu de Conceição Baptista. - Então e aquele corte no pescoço?
- Ah, isso? está bem feito, não está? Olha lá. Caracterização, meu querido. Esqueceste-te da festa de Halloween? A Associação de Estudantes no seu melhor...?
Guerra suspirou: «Nesse caso não houve crime. Ora bolas! Se tivemos tanto trabalho ao menos podias mesmo ter morrido.»
Teresa Santos aproximava-se com um novo ratinho no estômago:
- Que tens tu aí na mão, Mariana?
- Isto? É um bolo que fui buscar ao...
- Boa, boa. Tenho aqui uma faca para cortar bolos, nunca a largo. Deixa-me provar, deixa-me provar - e com estas fatídicas palavras, atirou-se desastrada e esfomeadamente ao bolo, de faca em punho rebrilhando à luz da lua, porque entretanto já anoitecera novamente. Houve um movimento brusco, errado - e a lâmina penetrou profundamente na carne de Mariana. «Bolas, agora está suja de sangue, o bolo, assim, já não me vai saber tão bem...» Ouviu-se um grito agudo. Ouviu-se um baque grave. Mariana caía, a faca enterrada até ao cabo, como se a nossa colega fosse uma almofadinha de espetar alfinetes.
Guerra deu um salto. Rejubilava:
- Afinal sempre há caso.
- Qual cajo qual carapucha, chenhor doutor - lamentava-se o Watson-nocturno. - Atão não vimos todos que a culpada foi aquela chenhora da faca...?
Um brilhozinho de inteligência faiscou no olho azul de Augusto Guerra:
- Meu amigo, nem sempre o que parece, é!

(UFA!, QUER DIZER, FIM)

A PROVA QUE FALTAVA

A relação entre a ministra dona Lurdes e os professores da escola secundária de Linda-a-Velha deu hoje um pulo de gigante.
A dita senhora estabeleceu um acordo com a Decathlon que serve de exemplo a todas as escolas do país.
Assim, a Decathlon disponibiliza a partir de hoje a todos os professores interessados, tendas de campismo, sacos-cama e todo o material de campanha indispensável aos que pernoitam na escola. Assim, já não é preciso ir a casa no fim das reuniões; atendendo a que quase todos têm aulas às 8.30h, e terminam as reuniões por volta das 21h, podem pernoitar na escola. A senhora dona Lurdes informa os interessados que devem fazer as sua inscrição o mais depressa possível nos quiosques do ministério da educação que serão espalhados um pouco por todo o lado.
A todos os que se inscreverem será entregue um kit de sobrevivência, que é composto por duas perninhas de frango assado, uma malga de sopa e uma carcaça recessa.
Este serviço é gratuito e tem como objectivo fomentar a convivência sã entre os membros da comunidade escolar, em particular entre professores e o guarda nocurno, ao mesmo tempo que fomenta o número de reuniões que ainda existe em número insuficiente segundo, ainda, a mesma senhora.
Este serviço é gratuito e por cada noite dormida ao relento a ministra não oferece mais nada.

MITOLOGIA ESLAVENSE: O JOGO E MERCHANDISING

1. Toda a mitologia eslavense gira em torno da crença num jovem predestinado, muito belo, incógnito (os meus lábios estão selados em relação a esse pormenor; não posso revelar de quem se trata: é o Sindroma), o qual iria, sem que ele próprio o soubesse, salvar da tirania a escola e o mundo.
2. Segundo a velha crença, havia nesse mundo um objecto sagrado, que viria a ter um papel fundamental no desenrolar do destino, embora ninguém soubesse que raio de papel podia ser. Tal objecto é a pochete: não se percebe bem o que seja, o que contém, que poderes emana. A única coisa que reverentemente notamos é que é muito feio. Um determinado sacerdote cumpre, eternamente, a promessa de nunca a deixar, nem por um segundo, nem quando se dirige à casa de banho.
3. Este autêntico universo tolkieniano está povoado por terríveis deuses que tudo fazem para dificultar a vida aos mortais. Nenhuma prova é excessiva. Na sua habitação suspensa (parece que é num terceiro ou num quarto andar), rodeada de subservientes e pérfidos anjos, uma Deusa sádica entretém-se manipulando os habitantes do mundo escolar, como uma criança picando e espicaçando insectos desprotegidos e desorientados no interior de um frasco.
4. Para esses mortais, a difícil vida sob as arremetidas da Deusa só findará no estado da reforma, transição para uma vida melhor, tão tardia, porém, que muitos deixaram de nela crer.
5. No mundo da Eslav, o tirano máximo, Luke, impera através dos séculos, mantendo-se eternamente no poder. À semelhança do Jardim da Madeira, também este semideus é inamovível, fechado num gabinete onde mantém trabalho escravo. O seu objectivo é dominar o universo inteiro, procurando levar cada vez mais além a sua gargalhada ensandecida. Para que os eslavenses não se revoltem, promete-lhes um cartão mágico, que traga aos possuidores a felicidade e a prosperidade. Perante quaisquer manifestações de revolta, ouve-se-lhe a voz lembrando: «O cartão! O cartão! Olhem que não terão o cartão!!!» (Mas muitos também já não se deixam enganar: a verdade é que o cartão não existe e nunca existirá...)
6. Mas há, na Eslav, outros semideuses: veja-se o fantasma da ópera, vicioso, senhor de um pérfido e maldoso sentido de humor, que fez do jovem Sindroma (que, no fim levará a melhor, já sabemos) o alvo a abater. Roído de inveja, pálido de raiva, instalou-se, como um vírus, no próprio blogue onde o Bem principiou a sua luta, para o minar por dentro. Não tem valores nem respeito.
7. Falaremos de mais deuses e semideuses em futuras referências a esta mitologia complexa. Queremos aproveitar para lembrar que este Natal já poderá comprar, para os mais pequeninos, vários bonecos como os que saem no Happy Family da McDonalds. No mais engraçado de todos, o Sindroma, munido de uma elegante espada de luz verde, arremete sucessivamente contra o fantasma da ópera, que, apavorado, entoa, em falsete, o hino do Glorioso. Também há reproduções da pochete. E soldadinhos que deverá coleccionar, formando com eles uma legião benfiquista à qual poderá atirar com berlindes do Guerreiro. (A figura do Guerreiro e da sua arma preferida, o berlinde, tem, também, um papel central nesta mitologia).
8. Também se prepara o jogo para Playstation 2. É bué dassustador!
9. Com esta mitologia, entreverá a resposta às questões essenciais da humanidade: Há vida depois da aula de substituição? Eram os deuses astronautas? Será que os homens preferem as loiras?

05 dezembro 2005

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO NÃO SEI SE REPARARAM MAS O SINDROMA VAI TER QUE DESCALÇAR A BOTA

Estava Adélia a regressar da máquina do café, num equilíbrio muito pouco estável, quando se dá o estrondo: BADABUM! Pronto! Estava montado o circo do Fantasma. A Senhora Ministra, de volta à sala de professores, estava agora estatelada no meio do chão, juntamente com Adélia Simas. Adélia sempre tinha querido um frente-a-frente com a Ministra, mas nunca tinha pensado que fosse desta forma. Ana Páscoa mostrava um ar um pouco preocupado. Os jornalistas tiravam fotografias, em flashes sucessivos. Guerra e Magalhães, num acto de cavalheirismo, ajudavam Adélia e a combalida Ministra a levantarem-se. A Ministra não se conteve mais:
- Casa de doidos! Já me tinham falado desta espécie de professores eslavenses, mas eu não quis acreditar!
Cristina Nunes ainda tentou emendar o sucedido:
- Era uma nova táctica para as aulas de substituição, Senhora Ministra. Foi uma acção de formação da Pré-Ordem, tinha técnicas circenses e...
- SILÊNCIO! – desta vez era Augusto Guerra.
Uma pálida figura assomou à porta. Não... NÃO PODIA SER! Era, nada mais nada menos...
(SÓ MAIS UM BOCADINHO...)

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA: A RECTA DA META

Sindroma soltava os longos cabelos afogueados ao vento. Pressentia perto o desfecho da intriga e apeteceu-lhe correr pela recta final. Kátia Vainessa não estava nem aí. O Planeta estava cada vez mais azul E O Fantasma prometia ir cantar ópera para outro blog. A situação não estava fácil.
Helena Matos não gostava de ver os colegas tristes. Aproximou-se de Guerra, que ainda contemplava as unhas, com uma caixinha de miniaturas de palmiers que tinha comprado de manhã bem cedo no Xico Careca. Estava na hora do Rex mas não queria deixar os colegas desconsolados.
Havia na escola bondosos corações, pensou o nosso investigador, se todos fossem assim… Coçou a nunca, já recuperada do craquelê graças à ajuda do Magalhães, que lhe tinha trazido um frasco de diluente sintético.
-Anima-te homem! Ainda levas uma lambada na beiça!
A esta ordem, Guerra obedeceu pronto! O sorriso voltava à sua face.
Este ano lectivo estava a ser fértil em situações inesperadas e muito professores patinavam; pelo menos, sentem-se como tal.
Adélia atravessa a sala de professores em direcção à máquina do café, de patins em linha. Precisava de energia para aguentar a tarde. As olheiras profundas que apresentava denunciavam um extremo cansaço – havias meses que tentava equilibrar-se e continuava a cair. Os treinos tinham começado no primeiro dia de aulas e confessou a Fátima Madaleno que o seu desejo é chegar ao fim do ano lectivo a patinar como uma profissional.
Fátima Madaleno bem lhe explicou que devia primeiro andar com duas rodinhas para adquirir equilíbrio, mas Adélia gostava de desafiar o perigo.
-Se ao menos tivesse um dia de folga…
(CONTINUA*)





*salvo erro

HOJE HÁ CIRCO!!!

1. Nesta época do ano o Circo costuma visitar a cidade; ele é móvel e desloca-se à velocidade que as suas pachorrentas pernas o permitem, brindando gentes de todos os cantos do país e trazendo alegrias mesmo a quem não acha graça aos palhaços... Mas nem sempre foi assim.....
2. Rezam as crónicas que o circo terá surgido em Roma, bem mais que há 2 séculos A.C., por via etrusca...(dos etruscos!); primeiro como uma festa religiosa ao ar livre e, depois, como competição organizada ( os ludi circensis - jogos de circo);nesta época o circo tinha uma importante função social pois dava às massas miseráveis (o povinho) oportunidade de escape das suas frustações diárias (assim como acontece com a lagartagem quando vai à bola ao estádio mas, ao contrário, vem de lá quase sempre ainda mais frustrada!!)
3. Actualmente a tenda de lona dos modernos circos, fácil de montar e desmontar, permite a sua mobilidade e um acesso a maior número de pessoas; é ver o palhaço, o acrobata, o elefante equilibrista, o chimpanzé ciclista, o urso amestrado, etc.etc.
4. Ora acontece que, pela primeira vez na sua já longa história, a ESLAV organiza, neste ano da fé de 2005 pela quadra natalícia, um grandioso espectáculo circense; para o efeito foi constituído um comité organizador, extremamente activo, composto pela Tere Sinha Rabelo (dos Rabelos, sim!), pelo Garcya (sim, dos que recebem a carta...) e pelo Wal de Mar ( dos brontosáurios ilustriis, claro!); este comié, devidamente empossado, logo se lançou aos trabalhos, começando por meter atestados médicos e ausentando-se do circo, digo escola, ao que afirmam, em busca de talentos para o evento circense...Mas seria preciso ir longe para os encontrar? pensamos que não!! A prata da casa é abundante e pouco explorada nestas actividades...Assim, não seria difícil constituír um elenco de personagens de reconhecido talento, para abrilhantar uma sessão de circo à maneira...Imaginem, por exemplo: A Su Zete Mon´Teyro ( de origem sino-francesa), colada a uma tábua e alvo de um preciso lançador de punhais - o MáRio (também procurado como terrorista internacional de origem síria, a soldo de Pinto da Costa e dos seus capangas), sem lentes de contacto; a hispano saudita Dolores Al Fayatte, MULHER BOMBA, a ser disparada com estrondo de um canhão de 90 mm...e que dizer do arménio Arménio Mag Alhães (é o primo do trolha da Areosa, é...) qual efefante equilibrista apoiado das delicadas patinhas dianteiras e erguendo e baixando a graciosa tromba em cíclicos movimentos, para gáudio da ruidosa assistência...mas reparem na PHÁTHYMA FRAN CO (LA PETITE GAZELLE magrebina) que, leve e graciosa como o colibri, rodopia em espantosos movimentos acrobáticos sobre o dorso de um reluzente corcel...olhai, ainda, para o Abhel Be Leão ( não senhor, não é lagarto, posso garantir!!), de narizinho empinado qual foca amestrada, rodopiando uma bola de muitas cores...e a assistência urra, pede mais e começa a estar ao rubro...irrompendo com passo determinado e veloz, aproxima-se do centro da arena ( a bem dizer isto já se está a tornar uma tourada...) .. quem..? mas quem..?? MAS SIM É ELE!!! PAXÊKU! PAXÊKU!! PAXÊKU!!! - grita entusiasmada a populaça - com turbante e diamante frontal, afrontando o perigo em forma de anaconda que, com volúpia, se roça por todo o seu corpo e lhe lança libidinosos olhares acompanhados pelo silvo de um entra-que sai de uma língua bífida...mas PAXÊKU domina a situação e, lançando à dita olhares mil vezes mais magnéticos, a encanta... colocando a plateia num rendido, incrédulo e rubro torpor ...mas como é possível, e logo uma anaconda, caramba!!! não é uma lagartixa!!! Mas eis que as trombetas soam estridentes e já se anuncia o clássico domador de leões...Mas é o lampião MIGUELL SEEMÕES, de britânicas origens ao que que consta, acompanhado pela sua reluzente assistente ( e não menos lampiona) EL WYRA ( de humildes origens minhotas...)... o chicote silva no ar estala, estridentemente, no chão provocando o rugido da fera...RUGIDO??? MAS QUE RUGIDO É ESTE??? QUE FERA É ESTA''' É ISTO UM LEÃO DIGNO DE PISAR ESTA ARENA???? questiona, ululante, a assistência que, tal como os tais, só ela sabe porque não ficou em casa e veio assistir a este barrete!!! de facto o rugido mais se assemelha a um envergonhado miauuuu e a dita fera, num caricato e ridículo esgar, mais não mostra que uma incompleta prótese dentária amarelada pelo tempo.... Silêncio, POR FAVOR!!! Atenção CORR LEÃO, já a tua sobrinha CORLEONA perdeu a vida num número arriscado como este....silêncio, JÁ DISSE, GAITA!!! ISTO NÃO É BRINCADEIRA!!! Pois não... é o de AL PYARÇA, careca, pançudo e de barbicha branca, sexagenário e especialista em processos disciplinares que, segurando na perna direita alçada uma bandeja caminha, apenas apoiado na esquerda, sob um fio quase invisível, roçando a luzidia careca nos tectos do polivalente...é um verdadeiro prodígio de equilíbrio....AAAHHHHH!!! a multidão esfrega os olhos para crer no que vê , boca aberta e narinas ofegantes, como posuída pelo ópio....Chegado ao fim da linha CORR LEÃO atira a bandeja para o público ( logo foi acertar em cheio na tola da Dona Noémia, coitada - 15 pontos 15 no cucuruto) e ergue os braços absorvendo o imenso aplaudo da turba... sim porque o aplauso é o ópio do artista...(isto já tá a ficar uma droga pesada...)
3. A fanfarra entra, por fim, toca desafinadamente "Todo o Mundo Vai ao Circo", dirigida pelo Maestro ALEX GA GA GO, propositadamente contratado ao Real Circus de Massamá; os flautistas sopram pra dentro, os trompetistas preenchem boletins do euromilhões, os do bombo são uma festa e os dos tambores esqueceram-se das baquetas...um riquexó (este é chinês de certeza) puxado por NEL SON CARÊTO, atravessa em grande velocidade a pista, com o secretário de estado do Circo Educativo VAIS VER K LEMOS, de dedo em riste e pose ameaçadora, vociferando contra os organizadores VAMOS LÁ A ACABAR CUM ESTA BAGUNÇADA, KISTO AKI É PA TRABALHAR, HEIN??? ALÉM DISSO, INDA NAO TAMOS NO CARNAVAL....TÁ TUDO ANDAR!!!
4. Voam timidamente algumas serpentinas e papelinhas coloridos e um gélido bafo subitamente se insinuou no polivalente, petreficando os presentes, os ausentes e desaparecidos, apátridas, desertores e refractários....
5. No dia seguinte, 2ª feira de manhã pelas 7.00 horas, acordei, esfreguei os olhos, levantei-me e preparei-me para uma reunião de avaliação de final de período; lembrei-me, vagamente que, por força dos Valliuns e Lexotans, já há alguns meses que não sonhava durante o sono...

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO A LARA CROFT DESORDEOU-OS E É BEM FEITO: ESTAMOS NA RECTA FINALN

Blogue da Escola Secund?ria de Linda-a-VelhaAna Páscoa passeava a ministra e a jornalistada toda pela escola, tentando mostrar que ao contrário das aparências reinava ali grande sanidade e brio. «E aquela menina ali, por que está a chorar?», interessava-se a senhora dona Lurdes. A menina, vestida, aliás, de facto, como uma menina de sete anos ou oito anos, muito colorida, cheia de coletes com berloques e estrelinhas e umas meias à Pipi das meias altas, era a Dolores, que começara a chorar, já nem se lembrava porquê ou de quê mas, entretanto, querendo aproveitar as lágrimas para regar as flores, continuava chorando um pouco mais.
Na sala de professores, Kátia Vainessa, que já não conseguia calar o seu segredo, entrou correndo e foi ter com o nosso detective.
- Oissa, eu vi tudo. O kriminoso foi...
- Eu sei - respondeu o Guerra, sentando-se com uma arrogância fatigada e contemplando as unhas. - Eu sei...
- Mas...
- Sim, é verdade. O crime foi por fim desvendado. Missão comprida... aaah, cumprida! Vá, agora podes ir-te embora.
- Mas... eu inda não dice kem foi, eu...
- Eu disse: VAI-TE EMBORA, QUE AINDA ESTRAGAS TUDO!!! EU É QUE TENHO DE FAZER A REVELAÇÃO, GAROTELHA ESTÚPIDA!!!
(CONTINUA)

OS PROFESSORES AO ESPELHO (III)

Está gasto o problema e os professores em breve estarão mais.
A comida no bufete é um desgosto que desgosta os professores.
O tempo é curto, a fome não muita.
Queremos apenas uns minutos de cavaqueira, sem ruído de fundo.
Sabia bem uma sopinha.
Sabia ainda melhor uma saladita de fruta.
Abaixo os chocolates, os mentos e as gomas.
As bolas de berlim XXL. As pizzas e as tostas mistas abonadas de colesterol.
Faça uma pausa. Sem KitKat.

04 dezembro 2005

AS INVESTIGAÇÔES DE AUGUSTO GUERRA, CAPÍTULO Xiiii!

-Uau! Um serviçal da Eslav. Já tinha ouvido dizer que os profs (sim, que a Ministra é uma mulher que domina as novas tendências da linguagem da linguagem) eslavenses são bons naquilo que fazem. Mas eu quero é resultados. Tem aí qualquer coisa pra mostrar? Uma sondagezinha, um relatoriozito, umas actas de conselho de turma?
Guerra atrapalhou-se. Remecheu os bolsos e a única coisa que de lá saiu foi a senha de almoço, papelinho que guarda religiosamente, nada substitui o cozinhado da D.Alice. Já estava com um ratinho no estômago.
Ninguém até hoje sabe se foi por causa do ratinho ou por causa da senha; o que se sabe é que, num fósforo, veêm em seu socorro Abel Belião com a sua pochete. Decidido, põe-na nas mãos da superiora.
Atendendo ao furor que já criara, os professores estavam curiosos e fazem roda à volta do trio. Deram as mãos e Conceição Batista pergunta:
-O que é que foi?
-Oh!!!!!!!! - exclamam os presentes. Nem no dia da greve de professores cantaram em coro tão afinado. -Xiiiii!
Abel abrira a MALA!
A desconfiança desvanecia-se no ar e este problema estava a desaparecer; o inocente conteudo estava ali à frente de todos. Onde estavam os cromos? Onde estavam os berlindes? Apenas muitos cartões de crédito, o cartão do Benfica, um papel A4 desgastado com a letra do Sou Benfica dos UHF, três telemóveis (um de cada rede), um PDA(P)* e o cartão da ecola!
O cartão da escola?! Abel já o tinha conseguido?! Em Dezembro?! Ah, soava um bocadinho mal. Mas esta era uma questão para outro eslavense ao serviço de Augusto Guerra resolver.
(CONTINUA)

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. SONDAGEM DE OPINIÃO.

Se acha que o culpado foi um professor, ligue 1234001.
Se acha que o culpado foi o sistema, ligue 1234002.
Se acha que a culpada foi a ministra, ligue 1234003.
Se ainda acha que o culpado é sempre o mordomo, ligue 1234005.
Se prefere que as culpas sejam postas noutro qualquer ente, ligue 1234006.

EU CÁ CONTINUO À ESPERA

Blogue da Escola Secund�ria de Linda-a-VelhaEntão essas novas aquisições do blogue, que tiveram direito a passadeira vermelha e tudo? Quando é que se estreiam???

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO WHATEVER: A SURPRESA DA MINISTRA

Blogue da Escola Secund�ria de Linda-a-Velha
José António refugiou-se então, histérica e cobardemente, num canto que, por ser tão canto, tão canto, tão canto, estivera sempre ocupado sem que se desse por isso: era o canto do Zé António e «sus muchachas», o seu fã-clube. Ali se debruçavam todas sobre a mesa, falando baixo mas rindo alto, o que é sempre muito enervante e suspeito, como se estivessem a passar a escola toda a pente fino.
Augusto Guerra sentiu-se desconfortável. Porque a verdade é que ele, que, no entanto, tantas pegas de caras fizera em novo, e tanto rabejara, receava aquele canto, onde, possivelmente, se falava também de si. Sabia que não viam na sua grande pessoa o grande detective que era. Entretanto, ia descrevendo ao guarda-nocturno (que já conseguira convencer a tornar-se o seu Watson pessoal) todas as qualidades que julgava possuir e gostaria de ver imortalizadas em livro: «inteligente, perspicaz, arguto, sensível...» Ouviu-se, nesse ponto, uma prolongada gargalhada proveniente do tal canto muito canto. E, de lá, a voz da Paula Santos:
- Ó Guerra! Uma mulher até poderia ter essas qualidades. Agora um homem com essas qualidades não é um homem: é uma fantasia!
Mais risos, vários pfffffts de riso contido, que também são muito enervantes, rostos vermelhos do esforço para não explodirem de todo.
Guerra empertigou-se e falou de frente para o José António, já meio escondido entre as mulheres.
- Estás a fugir às tuas responsabilidades ou quê? Estás a negar-te à investigação da pochete?
A isto respondeu Fátima Franco, que assim se vingava de estar reduzida a uma bolachinha por causa de uma maldita dieta:
- Essa pochete tem o mesmo problema daquelas qualidades a que te referias. Também não se ajusta a um homem...
Outros pffffts enervantes de riso contido até que, por fim, explodiam em sucessões várias de gargalhadas.
Anabela ainda acrescentou: bzzz bzzz bzzz. E todos riram muito, mesmo os que não tinham conseguido ouvir. Ou seja, todos.
Nesse momento apareceu a senhora dona Lurdes, ministra de todos os professores, que vinha de visita à escola, acompanhada de acessores e jornalistas. Reconhecendo-a, um pouco surpreendido, convencendo-se de que todos aqueles ministros e repórteres tivessem vindo pessoalmente inteirar-se dos avanços da sua investigação, o nosso detective aproximou-se.
Ao observar a sala praticamente deserta, com várias fitas amarelas a demarcar o lugar onde estivera- e já não estava - o corpo de Mariana, ao mesmo tempo que, pelas janelas, se entreviam, numa enorme confusão, professores que jogavam ao berlinde, outros que trocavam cromos, uma certa professora correndo atrás do chapéu de outra, que chorava, e alguém berrando «Vamos lá fazer o sismo, malta, assim não brinco mais...», a ministra exclamou:
- Oh Meu Deus!
Modestamente, Guerra respondeu-lhe:
- Ora, ora. Sou apenas Augusto Guerra, ao seu serviço...
(CONTINUA MAS POUCO...)

OS PROFESSORES AO ESPELHO (II)

Os professores têm, ou «tinham» - ou, enfim, tiveram alguma vez um excesso absurdo e inaceitável de regalias?
Penso que não. Mas sou um professor: suspeite-se da minha resposta.
A pergunta essencial seria: por que se criou, na sociedade, essa imagem do professor inchado de privilégios, que falta constantemente às aulas, que pouco faz, que goza longas e frequentes férias, mais uma folga semanal e que, no meio desse doce «farniente», vai liquidando as novas gerações de jovens, criando analfabetos da língua e dos números, nada conseguindo para combater eficazmente a tragédia? Onde bebe a sociedade essa triste imagem do professor, que o governo e o ME não fazem senão aproveitar e explorar demagogicamente?
Vai bebê-la, por um lado, já o vimos, à incompetência de alguns. Mas não só. Subjaz a toda esta interpretação uma comparação injusta que os não-professores espontaneamente fazem: a comparação entre o seu próprio tempo de trabalho (sejam eles mediadores de seguros, vendedores de automóveis, industriais de panificação, médicos ou jornalistas) e o tempo de trabalho de um professor, cuja actividade implica uma permanente exposição perante jovens, o exercício da autoridade em períodos de desautorização generalizada, a responsabilidade da instrução, da formação, da educação. Implica lidar com turmas numerosas, enfrentar desvios e uma revolta latente, sempre prestes a manifestar-se e lidar com dificuldades de aprendizagem com múltiplas causas, que derivam, em grande medida, da democratização do ensino. Não que se trate da profissão mais «difícil» - mas a sua natureza específica exige que nos lembremos deste pormenor: noventa minutos de uma aula é um tempo de esforço e desgaste a vários níveis. A isto acresce - e os professores lembram-no amiúde, mas não são tomados a sério - que a leccionação de cada aula é suportada por um trabalho profundo e invisível: na escola, em grupo, e em casa, a sós. Esse trabalho de bastidores, que é contínuo mas ninguém vê, nem se mede, nem se contabiliza, faz do professor um profissional em constante exercício da profissão. Mal pago, proletarizado, desautorizado pelo ministério, desrespeitado pela sociedade, olhado como o que não soube fazer mais nada (Conversa ouvida no autocarro: «Já estás a trabalhar?», «Não! Ando a dar aulas...»), o professor parece sempre dever qualquer coisa. Da parte dos não-professores é alimentada uma espécie de inveja por tudo o que, nesta classe de serviçais inferiores, parece uma regalia. Penso, pois, que um outro aspecto da má imagem social que temos se deve a isso: a uma inveja social, corporativa, que é o outro lado do desprezo: tudo o que temos é percepcionado como sendo de mais para o pouco que nos vêem fazer.

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO MCII: THE PLOT THICKENS, MAS O FIM APROXIMA-SE (OU NÃO…)

Toda esta história parecia já muito confusa. Ganhava contornos estranhos. Até os números dos capítulos tinham vida própria. A própria Mariana, aquela que jazia embranquecida, parecia ter ganhado de novo vida, parecia ter ganhado asas. Augusto Guerra mexia os seus cordelinhos, é certo. Mas no fundo, já pensava se não seria o caso de mandar chamar os Ficheiros Secretos ou o CSI.
Estava o nosso herói deambulando nestes pensamentos, quando mais um grito soou no recinto escolar. Era Manuela Saraiva que entrava na sala de professores. Munida de um estojo de análises químicas que trazia sempre no porta-bagagens, estava disposta a resolver o mistério.
Augusto Guerra tinha mexido mais um cordelinho e tinha mais um trunfo do seu lado. As provas não enganam! Agora é que tudo ia ser resolvido. Manuela Saraiva já recolhia amostras, incansável:
- Afastem-se, meus lindos! Aqui ninguém pode circular agora! Isolem esta área imediatamente!
De pronto apareceram Mário, Dolores e Suzete com umas fitas coloridas que tinham sobrado do projecto fa(z)es de Lua e tomaram conta do pedido. Agarrada a uma das fitas vinha uma cabeleira postiça que parecia a de Marco Paulo.
José António, ainda muito combalido e nada refeito dos recentes acontecimentos, começou a arregalar os olhos:
- Outra vez não! Outra vez não!
- Acalma-te, homem! Vê se te recompões! – ordenou Augusto Guerra – não precisamos aqui de histerismos, agora que tudo vai ser resolvido!
(CONTINUA)

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO X: O QUE É VIVO APARECE SEMPRE

José António acordava lentamente do torpor em que caíra depois que a porta da sala de professores lhe batera na cabeça com força por ter sido arremessada pela saída impetuosa da Isabel Timóteo.
Sonhara que a D.Cristina o tinha convocado para uma aula e substituição e que se tinha refugiado na Capa-Azul para escrever no blogue da escola em jeito de desabafo. Afinal essa parte não tinha existido; mas o que o atormentava eram os longos momentos que passara no gabinete do chefe. Olhou para as unhas roídas que nunca tinha tido; ele que sempre adorou aqueles bombons do Lidl agora tinha enjoos só de pensar no dourado das moedas com que o aliciaram. Aquelas horas no Conselho Executivo pareciam não ter fim. Esperava que, tão cedo, não tivesse que conviver de perto com casacos beges.
Ufa, agora estava livre das tormentas. Desde que o João Paulo não viesse disparatar a falar do Benfica...
-Vou tentar esquecer tudo isto, pensou. Vou ver se me arranjam uns trocos pra tomar um cafezito.
Lurdes Geada aproxima-se dele entregando-lhe um papel e uma caneta. Tremeu. Era uma convocatória. Tinha que assinar. O papel convocava-o para fazer parte duma investigação: analisar a pochete do Abel.
-Outra vez? Esse assunto não estava arrumado?
-Não! Enquanto existir esse objecto na escola, será sempre o maior alvo de suspeita! Temos que investigar.
Augusto Guerra demonstrava agora as suas infindáveis qualidades; mexia os seus cordelinhos - por um lado aproxima-se do suspeitíssimo guarda nocturno; por outro, manobra equipas para o ajudarem na investigação. Estava muito bem visto.
-É por isso que tem tantos admiradores. O Moita Flores ao pé dele é uma formiga.
Qualquer dia ainda o vamos ver a escrever uma novela.
(CONTINUA)

A KOLUNA DO CARA DANJO: O MEU NATAL NÃO PROMETE

Blogue da Escola Secund�ria de Linda-a-Velha
no natal as peçoas perdein a cabessa e desátão a comprar tudo e nos sentros cumerssiais tão umas vozes de putos a cantar em toda a parte acim como deus tb tá em toda a parte e atão os putos cantão a todos 1 bom nataaaal a todos 1 bom nataaaal a todos 1 bom nataaaal e no natal o meu pai come e bebe até cair pó lado e portantos ás oito ô nove óras ja tá na cama kual meianoite kual carapussa. mas atenssão. nem tudo é tão fixe no natal. por izemplo este ano não vô kuaze ter prendas por casa das minhas notas. tá na altura de comessar a ser cimpático cos prófes mas não m xeira. e alein de tudo vamos ter senas por casa da minha avó vir paçar o natal com a gente. o meu pai até ja comessou com akela converça pá minha mãe mas atão a tua mãe não tein mais filhas calha sp a nós. e responde logo a minha mãe sim e cara alegre se não inda te deserta. E pregunto eu ó pai se a avó te desertar tu vais pó deserto. e dis o meu pai tá descançado k se ela vein pa demorar kem foge pó deserto sô eu. cá por mim é bom k a avó veinha. acim por menos vou ter 1 prenda. fazemos 1 ispésse de persépio e eu sô o menino jesus o meu pai é o boi a minha mãe a burra e a minha avó xega como se foce 1 rei magro embora não seija la muito magra e nos natais ainda engorde mais. e lá vô ganhar mais 1 par de pantufas. Chiça mén. inda o natal não xegou e ja tou ancioso pra k páce depreça.

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO XIX: ONDE PÁRA ELA???

Augusto Guerra, inconsolável, chorava de mansinho. Mesmo aquelas duas últimas pessoas que conversavam amenamente sobre pequenos-grandes nadas da vida (e já não me lembro quem eram: teria de consultar o capítulo anterior...) tinham acabado por sair da sala. O próprio Chefe Lucas se fora. Só uns quantos berlindes, que pareciam vivos, e a Mariana, que continuava completamente morta, o acompanhavam agora na sua solidão.
- Não há direito. Então não íamos todos atrás do guarda-nocturno? Ingratos. Ia ser uma expedição extraordinária, comandada por mim...
- Dá lichencha, chenhor doutor?
Era o guarda-nocturno.
- Você aqui? De volta? Não tinha fugido?
- Eu? Eu fui almochar, chenhor doutor. E agora vou dormir, para estar fresco logo à noute. Achim é a vida de um guarda-nocturno...
O nosso detective considerou. Então... se o homem voltava à sala, das duas uma: ou era por não ser o assassino (visto que o seu regresso parecia uma prova de boa-fé). Ou era por ser o assassino (visto que o assassino volta sempre ao lugar do crime). Já havia, portanto, duas hipóteses. Que bom, a investigação avançava: ou bem que era o guarda-nocturno, ou bem que não era.
- Eu acho que não foi você. - Apetecia-lhe ter companhia. Sugeriu, numa ideia luminosa. - Quer ajudar-me? Tenho uma proposta para si. Não quer ser o tipo que regista, para a posteridade, todos os casos do grande cérebro?
- Diga!?
- Homem: não quer ser o meu Watson?
- Chantinho!
- Não espirrei. O que lhe pergunto é se não quer ser o meu parceiro. O companheiro do detective...
- Por quem é, chenhor doutor, olhe que eu cá não chou deches. Não emparcheiro com homens, não chenhor.
Guerra suspirou: nada a fazer. Era um detective sobre quem se não escreveria. (Nisto, como vêem, enganava-se). Pior: um detective praticamente sem suspeitos: para onde raio debandara todo o mundo? E também sem cadáver, porque... olha!... Onde fora parar o corpo de Mariana???
(CONTINUA)

03 dezembro 2005

DESCULPA, J.P.: TIVE DE CONTAR TUDO. MAS FOI SOB TORTURA

Há uma enorme confusão em redor dos textos do blogue. E até mesmo pessoas com óculos novos, pequeninos, sofisticados, catitas, têm revelado uma inépcia, digamos grotesca, nos palpites sobre quem escreveu o quê. Por outro lado, assinaturas perfeitamente ridículas procriam e pululam: quem é o «Fantasma da Ópera», sinistro ser acossado de um ódio insano, que eu só tinha visto em adeptos do Bin Laden e em adeptos do Ronald Koeman? Quem é a «Ostra», com tantos complexos de inferioridade em relação ao físico, como de superioridade em relação ao intelecto? Quem é o «Anónimo», que tanto intervém?
O Conselho Executivo, sentindo-se, talvez, ameaçado por esta fúria criativa e anarquizante, sequestrou-me naquele gabinete triplo que tanto pavor e respeito infunde. Sentaram-me entre sacos de berlindes do Carlos Guerreiro, um megafone que a Lúcia comprou para se fazer ouvir melhor nas suas conversas amenas, um cabide cheio de casacos bege de bombazina.
Queriam arrancar-me nomes. Queriam que eu confessasse tudo.
Ana Páscoa era a polícia boa, de voz suave e relaxante. Aproximava-se de mim com um frasco cheio de moedas de chocolate. «Então?», insistia, persuasiva. «Vá lá. Diz-me nem que seja um nome. Toma, deves estar com fome. Pobre rapaz...»
Lucas era o polícia mau. Com a barba meio feita e uma voz gutural, apontando-me a luz do candeeiro ao rosto, chegava o nariz contra o meu nariz e, colérico, cuspia ameaças terríveis.
- Se não contas tudo, e já, obrigo-te a fazer a dieta dez. Vê em que estado elas ficam. Olha que poucas pessoas resistem...
Eu tremia. Suava. Lucas parava para respirar e reatacava imediatamente:
- Obrigo-te a dar uma volta à escola com a pochete do Abel sob o braço!
Meu Deus! Isto estava a acontecer pecisamente a mim, que nunca fui conhecido pela resistência ao sofrimento, à tortura. Em pequeno, qualquer par de tabefes era suficiente para me pôr a denunciar todos...
- Vá lá, Lucas, vá lá - confortava-me a voz paciente da Ana. - Ele conta tudo, não contas, pequeno? Não queres que eu te deixe aqui a sós com ele, pois não?
Mas Lucas estava imparável. A sua imaginação levava-o ao delírio:
- Se não contas tudo, vais representar, numa récita escolar, o papel de Galileu, com uma capa de Zorro, a peruca do Marco Paulo e as barbas do Pai Natal. - Esta ameaça teve, curiosamente, o condão de me serenar. Percebia que Lucas não podia estar a falar a sério; tal tortura raiava a ficção científica: estávamos no campo de uma impossibilidade física, de uma perversidade já inumana. Mas ele prosseguiu. Veio com a machadada final. - Olha que vais cumprir pena numa aula de substituição...
Uma aula de substituição? Tremi. Ouvíamos, às vezes, falar disso aos mais velhos. Era qualquer coisa presente na mitologia eslavense, tal como os touros de Alpiarça e outros demónios. Algumas pessoas, porém, asseveravam que era verdade, que tinham tido essa experiência. Não muitas, porque alguns nunca haviam voltado. Existiria tal coisa? Eu não podia mais. Já não podia mais. Não suportava tanta pressão. Cedi:
- Confesso tudo. É o fantasma da ópera o único culpado. O culpado inteiro. O blogue é ele, fritem-no. Ele é a mulher elástica, ele é a Lara Croft, ele é tudo, é todos. Ele é o Sindroma. O quê? Pensavam que o Sindroma era eu, pobres desgraçados? Eu ia lá escrever textos tão espirituosos, quando há mais de dez anos que toda a gente sabe que não tenho graça nenhuma...!? É o fantasma. Aula de substituição para ele. Eternamente!!!