28 fevereiro 2007

A MINHA MILHOR PRENDA DANOS

Numa altura em que o assunto que mais interessa às escolas e aos professores é o ressim-nascido Estratuto da Carreira Docente, era natural que eu escrevesse sobre isso, mas as carreiras pouco me interessam. Tenho os horários de todas as carreiras que me levam ao mistério da educação, aonde trabalho, portanto tenho que falar de outros assuntos.
Hoje é para mim, um dia importante porque faço anos. Isto é, eu não faço anos hoje, mas entre hoje e amanhã. Está cuncidência fez com que muitas pessoas que me conhecem de piqueno me achassem um fenómono; é preciso muita apontaria para nascer num dia tão espacial e lá nisso, desculpem lá, mas eu sou bom. Já no tiro ós pratos também sou muito bom, apontaria é comigo.
Fazer anos entre hoje e amanhã tem mais uma avantagem: é que, bem vistas as coisas, eu sou muito mais novo do que qualquer outra pessoa nacida no mesmo ano que mim, porque só faço anos de quatro em quatro anos.
Estou muito internecido, porque recebi os parabéns duma pessoa que me é muito querida e embora nunca a tivesse visto mais gorda: o meu pai.
Melchior Lançarote, o senhor meu pai, está num asilo porque sofre dum achaque que lhe entope as veias e que o faz esquecer de tudo. Mas desta vez, ele alembrou-se de mim pela primeira vez na vida dele e como estou muito internecido, vou ler-vos a carta que ele me amandou:

«Meu querido filho geológico:
Calhou no outro dia ler o teu escrito no belogue da escola que te arranjou um tachinho, e pensei: Espera lá! Atão este rapaz diz que tem um sinal no imbigo (como eu), diz que sempre teve uma queda pelo spórtein (como eu), e que isso deve de ser herditário mas ele não sabe de quem é que é ascendente? Pois só pode ser o meu filho geológico! E fiquei muito sastifeito por te reconhecer ao fim de tantos anos passados.
Pois aqui onde estou, meu querido menino, sou muito bem tratado. A infirmeira que trata de mim é uma boazuda que passa aí sempre muito apressada (a fugir de mim), daquelas infirmeiras à séria, com tenes, touca, saia curtinha e meias com ligas, é que um dia me amostrou o belogue e chamou a tensão para o teu escrito: "Ó senhor Lançarote, já viu aqui isto?, não, esteja quieto, arre, não é isso que eu quero que veja, deixe-me lá o decote em paz, largue-me os botões, ai a seca do velho, aqui, aqui, aqui no portátel!!!”
Eu tenho-me dedicado a aprender computadores porque não tenho mais nada que fazer e a partir de agora vou ler todos os dias o teu blogue. E tu, Lançarote, agora que sabes que és o meu único descendente gostava que me viesses vesitar de quando em vez e aproveitavas para lobrigar a boazuda que trata de mim, podia ser que precisasses de levar uma injecção e também aproveitavas, olha que ias ficar muito sastifeito.
Fico a aguardar uma palavrinha tua.”

É lindo, não é? Finalmente e graças ao blogue da esvav, conheci o meu gerador!

AFORISMOS E DESAFOROS

Nuno Gomes, ao que ouvi dizer, é um dos candidatos a jogador do ano. Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah

27 fevereiro 2007

O JOGO DA MISÉRIA

E patati patatá, e mais isto, mais aquilo: ora bolas, é sempre fácil dizer mal do ministério, da senhora ministra, do senhor guedelhudo, do senhor calvo.

Vai daí, a dona Lurdes, sempre atenta e, coitada, ansiosa por mostrar aos professores que só pensa em enriquecer-lhes o lado lúdico da profissão, decidiu transformá-la num jogo. É só isso! E ainda se queixam? Com um jogo destes, repleto de emoções, surpresas, empurrões e penalizações?

INSTRUÇÕES:

O grande objectivo é que cada jogador passe por uma série de metamorfoses, até se tornar numa espécie de semideus, um poderoso TITULAR. Uma vez atingido o fim, é mesmo o fim: o feliz jogador pode abandonar a partida: é tempo de se reformar.

a) Cada metamorfose oferece pontos. (É, aliás, na história dos pontos que melhor se percebe o carácter lúdico de tudo isto. Aaah, os pontos, os pontos! Já repararam como certas jogadoras ficam nervosas quando não têm um «high score»???) Mas o mais excitante é que cada metamorfose fornece pouquinhos pontos. (Se assim não fosse, a brincadeira era rapidinha, não tinha tanta piada!)

b) Exemplos de metamorfoses: O Executor (espécie de Schwarzenegger), o Coordenador (espécie da pau para toda-a-obra), o Fura-greves...

c) Há ainda outras metamorfoses possíveis mas que, na economia do jogo, representam caminhos errados, becos sem saída, desvios inúteis. Vejamos: ser qualquer coisa tão óbvia como um «bom professor» - simplesmente um bom professor, exigente consigo próprio e com os alunos, capaz realmente de ensinar e com grande gosto nisso. Para quê, senhores??? Para que serve isso? O que se aprende antes de mais neste jogo, é que ser um professor profissionalmente bem-sucedido não tem nada rigorosamente que ver com a qualidade e a competência... como professor!


MAS MUITA ATENÇÃO:

O jogo é subtil. Há, aqui, algumas escolhas difíceis de fazer:
Nem tudo o que parece bom é realmente bom; o jogador deve estar atento: por exemplo, deve escolher entre alegrias momentâneas e a alegria final. Eu explico: sofro do coração, estou quase a bater a bota, tenho de ser operado. Na perspectiva da ministra, é claro que isto é, no imediato, para qualquer docente, uma alegria. Porquê? Porque ele vai poder faltar, que é o que apetece sempre a todos. Ou então, morre o pai do professor. Já se sabe: no imediato, não há dúvida, isto é uma grande alegria, porque o professor vai poder faltar, que é a única coisa que lhe apetece fazer. Ou então, o professor tem de acompanhar os filhos doentes, ficar com eles em casa, cheios de febre: tudo alegrias, é claro. Só que estas alegrias imediatas devem ser cuidadosamente evitadas, se se trata de um professor empenhado na grande alegria da sua vida: tornar-se, afinal, um TITULAR. Portanto, se adoecer, ou se lhe adoecerem, se lhe morrerem ao pé, se ele próprio morrer, deverá, mesmo assim - ir às aulas. Um dia será um TITULAR. (Ou não).

Parece giro ou não? Hein?

26 fevereiro 2007

O RAPTO - 4º EPISÓDIO





DRA. RUTH ENFRENTA UM PROBLEMA DELICADO

Querida Dra. Ruth:

Sempre me ensinaram que há três coisas na vida com que não se deve brincar: o profeta Maomé, a questão do aborto e o Estatuto da Carreira Docente.

Quando Maomé era criança, claro, gostava muito de brincar, mas nunca, nem nessa altura, admitia que os outros meninos brincassem com ele. Maomezinho tinha de ser sempre o líder de todas as brincadeiras e, na verdade, as demais crianças limitavam-se a assistir; já em relação ao tema do aborto, lembro-me de ter uma vez comentado, com um leve sorriso: «Os adeptos do "Não" são de uma educação irrepreensível. Já repararam que nos seus cartazes nunca vem simplesmente "Não", mas sempre "Não, obrigada"!?» - e de que uma rapariga de óculos e sandálias, que me acompanhava, me repreendeu com grande severidade, como se fosse desatar a chorar: «Como é possível brincares com assuntos tão sérios???». Por fim, eu é que acabei chorando perante tamanha manifestação de insensibilidade - a minha própria insensibilidade...
Resta, portanto, o Estatuto da Carreira Docente. Bem gostava de o levar a sério, mas já leu aquilo? É uma brincadeira. Uma brincadeira de muito mau gosto e trágica. Assim, uma vez mais, terei de desatar a chorar. (A rapariga de óculos e sandálias, que também é professora, compreende-me. E consola-me. Com palmadinhas. Fortes. No traseiro, que é a única coisa que realmente me consola. Esse é mais um dos meus problemas, mas mencioná-lo-ei noutra ocasião, Dra Ruth, sim?).

Para a ministra, claramente, os professores não são como o profeta Maomé. Para ela, há que ridicularizar, enxovalhar, humilhar. Pior do que brincar com eles: há que brincar à sua custa.

E é por isto, Dra. Ruth, que lhe escrevo a expor o meu problema. O qual irei, finalmente, passar a descrever. É o seguinte: como me ensinaram que havia tantas coisas com que não posso brincar, aproveito o Carnaval. Sou um verdadeiro folião. Mas gosto muito de me mascarar com roupa da minha mãe. Será grave???

Um Folião que não sabe que fazer diante do ECD



Querido folião:

O meu amigo tem, sem dúvida, um problema, mas não é gostar de vestir-se de mulher no Carnaval (isso não chega a ser um problema, é só uma pancada, que, aliás, afecta 99,9 por cento dos portugueses). O seu problema é mesmo o ECD. E a solução... olhe, tem de marcar uma consulta, que eu digo-lhe tudo. Espero ter ajudado. Sabe, gosto muito de ajudar.

Sua,

Dra. Ruth

25 fevereiro 2007

O BLOGUE ESTÁ ESLAVADO DE FRESCO

Suponho que (pelo menos alguns) repararam que alguém andou a limpar a casa na nossa ausência. Este blogue está de cara eslavada e tem novas funcionalidades, pouco perceptíveis aos mais distraídos mas que agrada aos administradores executivos, que são quem tem que pôr ordem nisto.
A todos os colaboradores que ainda não assinaram o livro de ponto, relembro que será marcada falta de atraso, não justificável com atestado médico. E que se não tiverem juizinho, não conseguem alcançar o almejado posto de professor titular. Aos que se queixam de falta de meios, nem meios nem meios meios; no máximo, poderão é solicitar que lhes seja feito um desenho.

SINDROMA: O REGRESSO

Como devem ter percebido, andei uns tempos arredado das lides bloguianas. Por alguma razão, o meu computador piscava, piscava, piscava e não me deixava aceder. Sustentei, de mim para mim, a teoria de que o monitor se apaixonara pelo Greenlight, e lhe ia piscando o olho, recusando-se, contudo, a passar a outra fase. Eu já não sabia que mais fazer.

Até que, em desespero de causa, recorri à ajuda do incontornável fantasmadaopera e do incansável Alelex. (O fantasmadaopera tem engordado tanto, que, agora, se tornou, de facto, muito difícil de contornar; já o Alelex se tornou incansável, desde que adoptou, aos três anos de idade, o seguinte programa: «Nunca fazer nada que me canse!»)

Em resumo, trouxe-os cá a casa, dei-lhes chá, umas bolachinhas que me haviam oferecido no Natal, um bocado rascas, que eu já pensava que nunca conseguiria impingir a ninguém, mas que o fantasmadaopera fez desaparecer num ápice, e depois fiz-lhes uma visita guiada ao computador.

SINDROMA (explicando-se) - ... até porque agora foi parido um documento que anda toda a gente a ler, e que tenho visto a Lurdes Orvalhada sublinhar com grande fúria, que é a versão final do Estatuto da Carreira Docente, e estava para escrever sobre isso... e nada... não consigo escrever nada...
FANTASMADAOPERA - Ah, mas não te preocupes que a gente trata-te do problema. Não é Alelelex...
ALELEX - É... é... é...
FANTASMADAOPERA - Vês que ele não se limita a dizer «É!»? Vês que repete, que enfatiza? Isto é que é convicção, pá.
Nesse momento sai uma barata do monitor.
SINDROMA (ingenuamente) - Olha, já viram isto? Será um vírus? Será que o problema do monitor era este vírus???
ALELEX (rindo muito) - Eia, pá, és-és-és mes-mesm-mesmo um lei-lei-lei-go. Os vírus in-in-informá-má-ticos não s-s-s-s-são assim...!
SINDROMA - Não!?
ALELEX - Não, pá, s-s-s-são uns bichinhos mui-mui-mui-to mais pe-pe-pe-queni-ni-nos. Não são mai-i-i-ores do que isto! [Exemplifica mostrando a radiografia do cerebrozinho de uma colega, que não irei denunciar].
SINDROMA - Ah! E o que se faz contra esses bicharocos, que são quase invisíveis?
ALELEX - Eu pul-pul-pulverizo com bay-bay-baygon. É a única coi-coi-coisa que faço aos com-com-computa-do-do-dores lá da es-co-cola, e fun-fun-funcio-na.

Fantasmadaopera e Alelex pulverizaram-me o monitor. Ouviu-se uma tosse seca, um espirro. Ocorreu uma pausa mais ou menos breve - o tempo de me irem à despensa à procura de qualquer coisinha «para matarem o bicho».
E, na verdade, cá estou a escrever de novo...!

Estas maravilhas do mundo informático, moderníssimo, cheio de recursos tecnológicos e de nomes estrangeiros, como «ketchup» e isso, nunca cessará de me surpreender!

O TECTEC DO TECKDECK

Este é o TechDeck o novo artefacto que veio para testar os limites da nossa paciência.
O primeiro duelo do ano foi abater o tsstsstsstss dos mp3; agora é o tectectectec do Teck a saltar no tampo da mesa, a fazer fantásticas acrobacias, grandes loopings por cima dos cadernos. Mesmo que discretamente, ele está ali sempre à mão, sim, porque os estojos já não têm só lápis e esferográficas, têm três ou mais mini skates, prontinhos a revelar a destreza dos dedos do melhor artista, até ser confiscado.
Alguns professores enchem com eles os bolsos; já vi mesmo alguns a experimentá-los, mas não sei se algum descobriu o segredo deste novo prazer. Para eles, proponho a colocação de mais um cesto no ecoponto da sala de professores, a dizer: SÓ SKATES, mas mesmo só skates!

24 fevereiro 2007

TETRIS

Vá, entretenham-se um pouco...

Get

16 fevereiro 2007

DIÁLOGOS TÉCNICOS





Neste Carnaval e´preciso muito cuidado com as trocas das configurações!




15 fevereiro 2007

A CURIOSIDADE MATOU O GATO

É sempre interessante perceber quem nos visita. Armada de inovações tecnológicas, a intrépida Croft lança-se em mais uma aventura cheia de mistério. Os resultados da investigação são concludentes: muitas das visitas que nos chegam vêm de motores de busca como o Google. De resto, somos só meia dúzia, mais coisa, menos coisa. Ok, aqui o erro de cálculo pode ser grande. Relativamente grande. Não muito grande. Nada grande. Pronto, pequeno, até. Pequenito. Ok, não desanimem, vocês os cinco que estão a ler isto e entraram nesta página porque era mesmo esta que queriam ver. O que se segue é a listagem de algumas das palavras ou expressões usadas nas buscas do Google, que levaram os internautas a este pitoresco atelier.

Aqui vai um top ten, que tem uma ordem da qual quiçá discordarão, mas rearranjem-no à vossa vontade...

10 - compasso de plástico para professor
9 - fantoxes
8 - desenhos de abelhinha
7 - tranglomango
6 - frases criativas sobre DST
5 - carros super amontoados
4 - simpatias vela que arde lentamente
3 - confeccionado com folhas de jornal natural formato de casinha de abelha
2 - alterne linda-a-velha
1 - deixem as testemunhas de jeová em paz elas não merecem isso

O RAPTO - 3º EPISÓDIO


















14 fevereiro 2007

ISTO VAI AQUECER




Liguem as colunas e ouçam Serge Gainsbourg revisitado por Cat Power.
E um bom dia de S. Valentim a todos!

11 fevereiro 2007

A MINHA CARTA DAPRESENTAÇÃO

Eu não conheci os meus pais geológicos. Fui adaptado muito cedo. Mas descobri sozinho que era uma criança adaptada porque sempre achei estranho aquilo de os senhores que me criaram serem todos do Benfica e eu ter tido sempre uma inclinação para o spórtein. Isso e um sinal no imbigo que os senhores que me adaptaram não tinham. Era por força herditário. Uma coisa que também sempre me fez espécie é este nome que eu tenho; descobri que a minha mãe geológica era uma mulher fina, que teve um azar na vida e que desse aconchego nasci eu; ela deu-me o nome do meu avô, que era francês, ascendente de Lancelot. Dizem que lhe devo o meu carácter guerreiro.
À medida que me fui fazendo homem, passei por muitos serviços. Mas nunca cheguei a ficar afectivo em nenhum. Usavam-me e depois mandava-me embora sem me chegarem a pagar os radioactivos.
Também mudei muito de casa. Por fim, instalei-me no Dafundo, numa casinha germinada que estava para rendar; reparei nos escritos nas janelas quando ia no altocarro; a casa é muito engraçada e até tem um quintalzinho à frente. O que vale é que não sou suprasticioso, se não não me atrevia a ficar ali, no númaro trelze.
Sempre gostei de ter um quintal; uma vez, aqui à atrasado, morei numa casa que dava para um terreno baldio. Ainda meti os papéis na Cambra, mas não davam lincenças para obras. Foi então que decidi contratar um trolha, que tinha um contrapila, para arrasar com aquilo. Foi dos diabos, porque depois tive que pagar uma porrada de aérios, à Cambra e mais ao trolha, isto fora as alcavalas. Mas fiquei com um espaço jeitoso, onde montei um estendal que usava todos os dias para secar o fato de treino e os tenes, ao fim duma hora de corrida.
Este sítio onde eu morava era muito engraçado; ficava ao lado dum stander de altomóveis que só vendia espadalhões. Eu gostava de estar à janela a espreitar o movimento; um dia houve um gajo armado em fanjo, que saiu de lá montado no seu espada, acabadinho de comprar, pôs-se a acelarar prego a fundo e já não conseguiu controlar a rotunda. Foi parar ao hospital, feito num oito, e de nada lhe valeu a presunção, aquilo deve ter-lhe servido de ementa.
Na minha rua havia uma pastelaria onde eu ia todos os dias matar o bicho e empanturrar-me de bolas de berlinde. Até fico com água na boca só de pensar nelas. À noite ia jantar a uma churrasqueira que tinha uns frangos do catatau, mas depois de aparecerem os nitrofurados, deixei-me disso; agora só janto um caldinho ou uma hamburga num papo-seco e com selada.
As minhas colegas já me disseram para não abusar das hamburgas, porque fazem mal ao castrol; mas eu tenho cuidado com a saúde, todas as semanas vou medir átenção e registo os valores num cartãozinho que me deram na farmácia.
Enfim, depois de muitas mudanças na vida, posso dizer que agora já vejo a luz ó fundo do tónel. E isto porquê? Pois porque encontrei um trabalho em conta, que o Mistério da Educação apoia a cem percento. Sou o inventor do TLEBS. Há quem pense que aquilo não vai ávante. Erro. Garanto que vai, pois sou muito respeitado lá no Mistério. Tenho lá um cacifre e tudo.

10 fevereiro 2007

O REFERENDO

Concorda com a penalização da participação voluntária no blogue da ESLaV, se realizada por vontade e pura inspiração do autor, ainda que o autor incomode alguém dez semanas antes?

Sim! O professor devia ir para uma escola onde não houvesse blogs

Sim! O professor deve ser penalizado mantendo-se como está

Não! O professor deve receber um portátil para postar de onde lhe apetecer, incluíndo nas reuniões de Departamento, Conselho Pedagógico e outras quaiquer reuniões absurdas

Não! O professor deve ser dispensado de todas as AAA para poder frequentar acções de formação em escrita-cada-vez-mais-criativa

O REPÓRTER ESTRÁBICO INFORMA SOBRE UM GOVERNO-SOMBRA QUE ANDA A GERMINAR

Um bando de facínoras, personagens malvadas das histórias que líamos, fugiu do mundo da Disney. Segundo palavras do chefe do gang, o temível João Bafo-de-onça, «já não era possível aguentar aquele mundo de patos e de ratos felizes, sempre com um sorriso no bico e no focinho, onde escasseiam as fêmeas (e já não podia com a Minnie e a Margarida), e os pilantras são sempre presos no fim!!!»

Atendendo a que o grupo se encontra em fuga, o Presidente da República Portuguesa considerou imediatamente a hipótese de os brindar com um generoso indulto. Teve alguém de lhe explicar que, para isso, era preciso que os foragidos fossem portugueses. Por sua vez, interrogados a propósito dessa hipótese, os bandidos reagiram, primeiro, muito negativamente: «Portugal? Livra! Alguém foge de um mundo a fingir para se meter noutro mundo a fingir???»

Mas, numa segunda reflexão, mais demorada, o grupo começou a gostar da ideia de provocar uma revolução de puro terror neste país, implantando um governo tresloucado (de que os portugueses, aliás, já têm alguma experiência, pelo que não se insurgiriam...). Foi-nos apresentado um primeiro esquisso das pastas mais importantes e de como seriam distribuídas:

Primeiro-ministro: João Bafo-de-onça
Ministro da Administração Interna: Irmão metralha 761-111
Ministro da Cultura: Madame Min
Ministra da Educação: Dona Lurdes Rodrigues
Ministro da Saúde: Mancha Negra
Ministro dos Negócios Estrangeiros: Maga Patalógika

08 fevereiro 2007

A PLATAFORMA MÁXIMA


A PLATAFORMA MÍNIMA

Ontem, a eslav abriu as portas sob uma espessa camada de fumo. Porquê? Porque era dia de um referendo muito especial, subordinado à pergunta: «Concorda em expulsar os fumadores desta escola, sim ou não?», de modo que as centenas de viciados não faltaram à chamada. Uns, vinham dar a sua opinião; outros, vieram porque lhes pareceu que seria uma boa oportunidade para cravar um cigarrinho a alguém. O ambiente aqueceu.

No fim das reuniões de Departamento, onde se discutiram diversas posições, podia ver-se ainda um grupinho de pessoas que não queria pôr de modo algum fim à conversa. (As boas conversas são como os cigarros, acendem-se uns nos outros).

OBSCURA ANUNCIAÇÃO (gritando muito, como sempre) - POIS EU NEM SEQUER PERCEBO POR QUE É QUE AINDA HÁ FUMADORES. ESTÁ CIENTIFICAMENTE PROVADO QUE TODOS OS FUMADORES ACABARÃO POR MORRER. ISTO É MESMO CIENTÍFICO, HEIN?

MADAME (sarcástica) - Ai sim? E os não-fumadores, não morrem também?

OBSCURA ANUNCIAÇÃO - SIM, MAS POR CULPA DOS FUMADORES. PORQUE, NO FUNDO, TODOS OS NÃO-FUMADORES ACABAM POR SER VÍTIMAS, SOMOS TODOS FUMADORES, UNS ACTIVOS E OUTROS PASSIVOS.


JUJU (dando, uma vez mais, mostras do seu sentido de oportunidade, a sua verdadeira vocação para dizer a coisa certa no momento certo) - Ah!

MADAME - Cá por mim, só quero que se cumpra a lei. Nem mais nem menos do que isso. A lei. Onde a lei está, aí estou eu. (Entra num êxtase de quase um minuto, pensando na lei). E o que é que a lei diz, o que é que diz? Que se proíba o fumo em locais públicos, sim senhor, DESDE que se reserve uma sala para os fumadores poderem fumar à vontade. Ora é isso que tem de se fazer. Eu até proponho que a sala reservada para os fumadores seja a sala de professores. Que se transforme a sala de professores, em suma, num espaço de fumo. Um espaço assumido, sem vergonhas...

OBSCURA ANUNCIAÇÃO (baixando o volume de voz, penso que por efeito do espanto) - Essa agora! E os não-fumadores???

MADAME - Ai, isso não sei. Nem me interessa. Só me interessa a lei. Que eu saiba, não há nenhum artigo na lei que estabeleça a obrigatoriedade de haver também uma sala para não-fumadores. Eles que vão para onde quiserem..!

PLANETAZUL (conciliador) - Mas olhem, acho que devíamos, apesar de tudo, tentar uma plataforma mínima. Se não, estala uma verdadeira guerra civil na escola. Um entendimento mínimo entre fumadores e não-fumadores. E acho que uma boa base de entendimento poderia ser: caramba, há coisas muito mais feias do que fumar!

(Entretanto passam, ao fundo, o Pochato e a sua pochete; a Xaxão Baticha e o seu último chapéu;e mais umas pessoas com umas coisas de que não me lembro tão bem, umas botas texanas e assim...)

TODOS EM CORO - Ah, isso é verdade. Fumar é feio, é, mas ele há pior, isso há...

07 fevereiro 2007

UMA NOTA SÉRIA

Podem os senhores interpretar o que se segue como muito bem entendam: um gesto de graxa, um passar de manteiga - ou um acto sincero de reconhecimento.

Dizem-me que outros Conselhos Executivos, de outras escolas, nunca iriam tolerar nem um quinto do que, neste blogue, a brincar, a brincar, lá se vai dizendo sobre o CE da eslav.

Há quem veja nisso um óbvio sinal de fraqueza deste CE, expressão de falta de firmeza, tique próprio do que seria uma incapacidade para se fazer respeitar. Discordo completamente. Porque sei que os membros do conselho lêem o blogue e, às vezes, até se riem, só posso encontrar, para a sua atitude, os seguintes nomes: superioridade democrática e sentido de humor.

É evidente que, para sermos inteiramente justos, teremos de reconhecer que, muito embora digamos tanto mal da dona Lurdes e dos seus acólitos, também nunca desses lados advieram quaisquer represálias. E isso, igualmente, tem um nome. Chama-se: «Nunca leram o blogue» ou «Leram uma ou outra coisa ao acaso, mas não perceberam patavina».
elkzxcnjvkxcv

06 fevereiro 2007

ATENÇÃO ÀS ALTERAÇÕES!

O blogue transitou para o "New Blogger".
Verifiquem o vosso correio (aquele endereço com que se registaram no blogger), para ver como aceder à conta.
Se foi necessário, amanhã faço-vos um desenho.

05 fevereiro 2007

EM JEITO DE PARTICIPAÇÃO DISCIPLINAR

Uma das vantagens que as actividades de acompanhamento dos alunos foi, segundo o meu ponto de vista, possibilitar a alguns professores retomar o contacto com as turminhas do ensino básico, que já consideravam longe longe… Não me surpreende, por isso, ter vindo a levar umas palmaditas nas costas, de como quem diz, Ah, agora já vos compreendo mas não sei como é que aguentam.
Entenderão mais facilmente o que eu digo se estiverem a dar aula numa sala ao lado das nossas aulas - práticas, longas, barulhentas por natureza. Pela sua natureza também os miúdos são irrequietos, alguns naturalmente insolentes e mal-educados mas com isso posso eu bem. O que me custa mais é assistir a cenas como a de hoje, que vos vou contar por ser tão elucidativa do que acabo de dizer. Na verdade, nada do que se passa é tão grave assim; mas cansa, perturba o decorrer da aula e pior, repete-se, repete-se, repete-se…

Os 29 alunos entram na sala aos encontrões, é de tarde, acabaram de jogar à bola, vêem ensopados em suor; demoram tempo a acalmar. O Jójó, refastelado na cadeira, canta. Mando-o calar ao que ele responde “da-sssse”. Mando-o para a sala dos conflitos (que devia ser dos castigos), mas não está ninguém, pelo que lhe peço para aguardar um bocadinho à porta; rapidamente sou surpreendida por uma cantilena que fez a encarregada do pavilhão subir a escada; o Jójó, seriamente, responde-me “eu estava só a cantar a Grândola Vila Morena, acha mal?”. Mandei-o entrar e sentei-o na minha secretária, onde não fez mais nada até ao fim da aula, senão cantar e andar a trás de mim a perguntar o que podia usar para substituir o compasso.

-Stora posso ir fazer xixi? É só um bocadinho.
-Não podes estar sempre a pedir para saír…
-Mas eu faço sempre xixi a esta hora.

Três alunos levantam-se e sem perceber porquê, desatam a correr “atrás dum compasso”. De repente e enquanto eu ajudava alguns alunos que, no fundo da sala (18, que é uma sala grande) solicitavam a minha ajuda, sou surpreendida por gritos provocados por duas alunas que se envolveram num qualquer conflito e gritavam, apoiadas pelos colegas ao lado. Decidi que deviam abandonar a aula, porém a Jéjé disse, quando uma delas saia: “já vais levar nos cornos”, pelo que saiu da sala, igualmente.
Vi assim a turma ligeiramente reduzida, mas não foi por isso que consegui que a aula corresse normalmente. Prometo contar-vos mais. Este folhetim não se fica por aqui…

NUMA ESCOLA PERTO DE SI

A 'Idade do Gelo - Congelados' é o filme que está em exibição desde que a dona ministra subiu ao poder. Nos estúdios do ME, ouvimos a dona ministra falar da sua mais polémica obra: "inspirei-me num jogo que fazíamos em criança, que era o Trava; a uma voz que dizia "trava!", tínhamos que permanecer quietos e calados até nos dizerem "destrava!". Resolvi fazer esta paródia com os professores mas parece que não acharam lá muita graça."
Em fase de montagem está já 'Idade do Gelo - Descongelados' com estreia anunciada para Dezembro de 2007 mas na qual já poucos acreditam.

04 fevereiro 2007

SÓ UMA NOTICIAZINHA PARA NÃO NOS ESQUECERMOS DO PAÍS EM QUE ESTAMOS

O Presidente da República, reputado economista e, além de mais, homem económico (basta ver como economiza em sílabas), decide um indulto verdadeiramente ousado, que vai fazer Portugal economizar muitos euros: num acto de grande generosidade, concede perdão a um preso que já andava em fuga. Ou seja: o país não vai gastar em guardas que tenham de acompanhar o senhor à saída; não vai gastar em balões coloridos nem em faixas, à porta da prisão, dando-lhe os parabéns pela inesperada libertação; também poupa na má-educação que seria, nessas faixas de despedida, às portas do cárcere, desejar-se-lhe boa viagem e, ao mesmo tempo, fazer votos para não se tornar a vê-lo por lá (não seria bonito, não ficaria bem, o homem iria ressentir-se com toda a certeza...). Sei que a medida tem suscitado as incontornáveis críticas dos invejosos do costume. Não preste atenção. Continue, senhor Presidente. Continue.

02 fevereiro 2007

O XIQUE E O XOQUE

Olá meus queridos!
Que lindo eles estão, que estrondo esta fotonovela! Sinistro, como lhe fica bem o loiro! Estive ausente do blogue durante algum tempo e agora quando cheguei, confesso que ia tendo um desmaio, o que tenho andado a perder! Mas mais uma vez, fui deixada de lado; já não bastou ter estado ausente na vernissage da desaparecida Celina. Queixei-me, fui sincera e agora recebo a mesma moeda?!! Faço minhas as palavras, um pouco mais fortes, que eu não ousaria dizer, da querida maia, não a astróloga mas a abelhinha rica. Não tenho o direito de pertencer a essa confraria dos caixa d´óculos? Não que os óculos me ficassem bem, mas pelo acontecimento em si, pelas individualiades presentes... Quanto a óculos, melhores que os vossos só os da linha 2007 do José António Tenente (a esse lançamento eu fui!) que ainda conseguem ser maiores. Ou os da Suzy, querida, a quem eu volto sempre nestas minhas crónicas. Ela, que continua de arrasar quando vem de preto com pontinhos brancos; é bolinhas na mala, é bolinhas na saia, mas tudo em preto e branco, lindo de morrer. E tem um poncho lindíssimo, muito nature, que contrasta com umas botas texanas que lhe ficam a matar.
Também reparei no casaco de (falsa) pele de tigre da doce e cândida Teté Jerry, e serviu-me para «pensar» (que é uma perda de tempo que, no entanto, às vezes não consigo evitar) como, sob a aparência doçura de uma mulher, se pode esconder uma inesperada tigreza.
Destaco uma figura (?) que apareceu recentemente na sala de professores; falo da fofíssima Pypilar, que faz, na perfeição, o papel de ombro amigo com quem se pode desabafar na altura certa. E que está presente nos momentos mais oportunos, isto é, quando voltamos da sala de aula, tristes, quase a chorar porque os alunos foram insolentes ou até malcriados. Ela lá está, para nos ouvir, para nos passar as mãos pelas costas.

Bem, com esta me vou, que tenho de estar em casa a ver se recebo algum t'efonema ou convite da Celina, dos Caixas d'Óculos, da Caixa Geral de Depósitos (a das aposentações vem longe, vade retro), seja lá do que for. Estou fartérrima de ser deixada de fora. Bei-bei-beijocas!