28 outubro 2007

D.J. CARA DANJO DISCORDA DA MEDIDA DO MINISTÉRIO: «TÁS A VER MAL, MINDINHA!»

mén. a mindinha é uma miúda curtida k êu cunhêsso muinta bêin. ó ó çe cunhêsso. e vái éla xcrevêu uma cárta à menistra diducassão tôuda contente q agóra as fáltas já não côntão pa xunbár e iço. a mindínha é fiche mas é uma báldas e úma búrra de módos k não perssébe tipo k éça çêna çó vái perjudicár os alunos. tipo isto açín não é levár as côizas a çério e o ençino degrádasse. atão éla não tópa k os táis alúnos com xésso de fáltas ódepois têien de fazêr tipo uma peróva ôu ún izâme ôu açín. e çe xunbão ein. tá mál. tipo áxo k as côizas devíão çêr çérias. çôu côntra o tál izâme. a jênte até devía çubir un valôr pur cada fálta ein xésso. mas côumo as medídas fícão a mêio e não ção complétamente radicaís o ençino não vái a ládo nenhun. tipo. mén.

26 outubro 2007

EM DIRECTO E EXCLUSIVO- Episódio 1

O aparato tecnológico e o mar de técnicos e reporteres que naquela manhã soalheira invadiu a escola era sintomático de qualquer coisa de grandioso; o caso não era para menos...Com tudo a postos, ouve-se a voz um pouco anasalada do locutor de serviço, ecoando por todo o campo de jogos..."Saudamos todos os presentes que assistem a mais esta jornada de glorificação da Ed Física em geral.. e da Física Ed em particular, transmitida em directo pela sua estação preferida a XIC.......iniciamos o nosso programa dedicado ao dia da Ed Física/Desporto/ginástica/etc.... com um jogo misto de CorfBall entre duas simpáticas equipas bielorussas que nos visitam para o efeito...aplauso, por favor...reparem no garbo dos moços e na graça das belas jovens, todos acima de 1. 70 m de altura...e do seu fair play...isto sim, dá gosto ver..." O jogo decorreu por cerca de 30 minutos e o resultado apontava um empate a 18 pontos... "...Estimados espectadores,...como não há meio de desempatarem isto, surgiu-nos uma sugestão da Profª PIKAS VAREJEIRA para resolver o impasse... Atenção eis que entra em campo a turma do 7º E, e desafia todos os bielorussos para a contenda...Mas...são uns pirralhitos com 1,30m...não pode ser...mas é....surpresa..!!!! os pirralhos, agitando selvaticamente pés, mãos, cotovelos, cabeças, em louca correria e berrando e guinchando todos ao mesmo tempo, tomam conta do jogo e ameaçam desempatar....Mas.... prezados teleouvintes...eis que surge, de rompante, a Profª MARIA JOÃO EMBIRRA, que saltando a protecção da segurança, investe em convincente correria na direcção do centro do terreno de jogo...e ela grita, gesticulando..."Eu vou-me a eles...ai vou...seus malandros mal criados...levam já duas murraças cada um...ah...mordo-vos que nem cães....arg...arg... e nem preciso de chamar os gajos do rugby...arg....arg..."...a confusão é generalizada....a poeira está no ar...temos dificuldade em ver o que se passa...bom...vamos fazer um pequenoo intervalo e voltamos já a seguir..."
Depois da poeira assentar, o cenário posto diante do incrédulo olhar da multidão assistente, era dantesco...os bielorussos jaziam todos innimados no solo...a profª MªJOÃO EMBIRRA, pendurada pelos pés numa tabela de basket esfacelada e com dois olhos negros susurrava..."Meu Deus...mas este ano os tentilhões voam tão baixinho...piu...piu...piu..."
A pirralhada do 7º E firme, lá procedia ao seu repouso activo, cabeceando-se uns aos outros, mordendo-se e uivando, latindo e urrando como se estivessem numa simples aula de Português...
Discretamente, PIKAS VAREJEIRA interpela a colega Mª JOÃO VALE DE CAVALOS..."Ó João,
diz aí ao VAIS COM SELOS, pra mandar avançar a GNR e os cavalos...."
"Caros telespectadores retomamos a emissão no preciso momento em que o Prof VAIS COM SELOS GARBOSO anuncia o próximo número deste sensacional evento... mas eis que chega ao recinto desportivo a esperada claque vinda da Companhia das Lezírias....a reluzente manada de bois da Lezíria...ah...por favor...o senhor é o líder desta manada, não é?..."MMUUUUU sim sr...eu sou EUCLIDES O toiro chefe...viemos retribuir a visita que um grupo de profs fez à Lezíria aqui há uns mesitos, sabe...?"...Exacto, exacto...e EUCLIDES...o que espera deste formidável evento, em boa hora aprovado pelo Conselho Inpedagógico desta instituição..??...MMUUUU...bom....espero que seja um bom jogo, bem arbitrado...e sobretudo que ganhe o meu amigo CORLEÃO...."
Nesse preciso momento a multidão, que já se apinhava nas coberturas dos pavilhões preparava-se para assistir ao número da GNR com os cavalos...enquanto MADAME, aproveitando o pequeno interregno, se deslocara até à entrada da escola para telefonar e junto ao portão cogitava..."....Hum...vou escalar a EMBIRRA para as AAAs de 2ª a 6ª feira das 8.30h às 18.30H pra ver se a gaja ganha um pouco de Endurance...tá muito mole..."
"Inda há bancada lateral a 50€...bancada, bancada a 50..." ouvia-se um candongueiro junto à paragem da Vimeca, em frente ao portão, rodeado por 4 professoras de fumegante cacilho em riste...
(CONTINUA:::)

FINALMENTE OUVIRAM AS MINHAS PRECES!

Estou tão feliz que só me apetece atirar ao pescoço da minha professora de geografia! E olhem que não é fácil. Mas eu sabia que um dia isto me ia acontecer. Tenho dezassete anos e ando no oitavo ano. Só eu e Deus é que sabemos o que tenho passado para chegar aqui. É com muito sacrifício que me levanto todos os dias à mesma hora, às 8 em ponto, para vir para a escola e entrar às 8.30h, vestir-me, estar horrores de tempo na paragem à espera do autocarro, depois vir naquele aperto de gente, chegar e ir a correr para aula com uma sandes que compro à pressa no bar e engoli-la à porta da sala!
Quando nem tenho tempo para comer, fico enjoada e dá-me uma fraqueza; não consigo escrever o sumário e muito menos os tpc. No intervalo não tenho tempo de ir ao bar, vem uma, conversa, vem outra, conversa e claro, o tempo não dá para tudo. E depois, no bar é uma barafunda, há até uns miúdos que se empoleiram e fazem grande estrilho para confundir as senhoras; lá conseguem desviar um ou outro bolito, que eu já os topei. Não me meto nisso, prefiro esperar e só vou ao bar depois de dar o toque de entrada. Mas depois deste esforço, ainda por cima, levo o desaforo que é uma falta de atraso! Às vezes estou tão mal disposta que os professores dão conta e deixam-me ir comer qualquer coisinha a meio da aula. Mas depois marcam-me falta porque me esqueço de voltar para a sala!
Isto tem sucedido ano após ano. Tenho muitas faltas injustificadas, injustamente, montes delas e ameaçam mandar-me embora da escola. Considero-me uma vítima do sistema, mas isso nunca me fez desistir e tenho voltado todos os anos, porque tinha esperança de que as coisas mudassem.
Tantos anos à espera duma altareação e nunca ninguém ouvia as minhas súplicas, nem profs, nem dts, nunca ninguém me compreendeu! Foi preciso aparecer esta ministra que é uma santa, agora posso dizer assim, porque daqui em diante tudo vai ser diferente. A partir de agora, mesmo que passe o dia a comer tostas-mistas e a beber sumos, o máximo que me pode acontecer é ganhar um quilito a mais. Nada que não desapareça quando entrar na faculdade.
Muito obrigada, senhora dona ministra e a todos os que consigo trabalham para dar aos jovens esperança no futuro.
Uma (sua) crente,
Mindinha

21 outubro 2007

O XIQUE E O XOQUE

Hellô-ô, ricas minhas. Já tinha tantas, tantas, tantas saudades. (O que é bem duro. Reparem. Na escola, por exemplo, a única «Saudade» que existe já pode ser difícil. Vejam pois a complicação de ter muitas saudades). Podia falar dela e acreditem que tenho sempre muita coisa a dizer, mas hoje dou-lhe descanso. A ela e aos seus sapatinhos encarnados, de bailarina. Vê, rica, se eu quisesse...
Estou de volta, porque tem havido substância no local onde nos reunimos aos intervalos. (Não, não estou a falar da paragem de autocarro, nem de um mureto ao pé do estacionamento de viaturas. Aliás, em breve essa zona terá mais parquímetros do que fumadores, mas isso é outra história. Seja como for, não, meninas e meninos, estou mesmo a referir-me à sala dos professores).
Em primeiro lugar, uma colega apareceu de cabelo arranjado. Adivinhem lá quem é! É fácil, não fui só eu que notei! Não sei se a ponha no «xique», se no «xoque». Alguém merecia um prémio. Não ela, mas o seu cabeleireiro. Prémio do esforço, da luta, do suor que o trabalho exigiu.
Seria, curiosamente, o «prémio mais rápido de sempre». Porque a verdade é que, depois, olhando para o resultado do esforço daquele pobre cabeleireiro, tornava a tirar-lhe o prémio... mas voltava a dar-lho na semana seguinte, que é a frequência com que o desgraçado tem aquele trabalho a fazer.
E quanto à nossa colega - falha-me o nome - que insiste em aparecer à marinheira? Há ali uma desadequação que eu explico. O estilo é muito «pato donald» mas, para pato donald, tem uma coisa a menos e outra coisa a mais: precisava do barrete; e não vestia calças, que eu saiba o pato donald nunca usou calças.
E já que estamos na semana da bd (vêem como estou informada?)... Repararam decerto que há ali alguém que faria corar de inveja a Maga Patalógica, com as suas saias compridas, mas mais comprida de um lado que do outro. Querida! Já chega de tanto sobe e desce!
Isto para não falar de um certo vestido de listas que me põe tonta. Ainda pensei que esse vestido fosse para exemplificar a ilusão de óptica aos alunos, mas logo vi que não, porque voltou a aparecer... os alunos não precisariam de tanto esforço!
Amiguinhos, vou esforçar-me por voltar muito em breve! Xi-coração!!!

20 outubro 2007

PARTIRAM A TROMBA AO RAMOS E RAMOS

Regressei ao 24 horas. E porquê? Porque sou francamente de opinião que tudo aquilo que consegue ser melhor, seja em que aspecto for, merece pelo menos uma consulta. E o 24 horas é, inegavelmente, o melhor na qualidade de ser o pior jornal do mercado português. (E olhem que "escolha" é o que não falta!)

Desta vez, prendeu-me um artigo sobre Pedro Ramos e Ramos, intitulado: «Partiram-lhe a Cara».

Pedro Ramos e Ramos é, portanto, um homem com azar. Já não bastava alguém responder pelo nome de «Ramos e Ramos», como se não tivesse a certeza de como se chama, ou de que o ouvissem à primeira - que é certamente o que deve ter acontecido quando o padrinho ditou o nome da criança ao senhor notário, sublinhando bem, não fosse o homem ser mouco: «Ramos... É Ramos, está bem?»

Pois segundo o jornal, Ramos e Ramos ia na sua «vidinha» [sic], ou melhor, não ia, estava parado diante de um semáforo, ouviu umas «bocas», respondendeu e, por fim, «foi agredido por um jovem no centro de Lisboa».
E relembra o senhor muitos Ramos: «Ele disse: "Olha, vai ali aquele parvalhão da televisão».
Depois, em off (o jornal já não regista essa parte), ainda explicou: «Não gosto que me insultem; "parvalhão da televisão" ainda vá, que é simplesmente o que eu sou, agora dizerem "Olha", e "vai ali", e "aquele", já viram bem?, "aquele", como se eu fosse um qualquer?! Há coisas que um parvalhão da televisão não pode admitir!»
O engraçado, é o que o senhor imensos Ramos relata a seguir ao jornal.
«Respondi-lhe que podia ser tudo aquilo mas que ainda o metia no lugar». Aparentemente, não. O jovem é que o meteu no lugar. «Deu-lhe um murro no nariz». «Agrediu-me de fora para dentro do carro» - julga-se que o jovem teria tentado agredir o senhor de dentro para fora do carro, mas reconhecendo a complicação da operação, acabou, preguiçoso e desistente como toda a juventude de hoje, por escolher a solução mais simples.

Ramos e Ramos chamou a polícia, mas não pede prisão para o rapaz. «Acho que é tarde para fazer pedagogia com um miúdo daquela idade». (Entre os 16 e os 19 anos). «Gostava que ele fizesse serviços à comunidade». E pela sua mente teria perpassado: «Podia começar por fazer um serviço à comunidade que sou eu próprio, sob a forma de cobranças de uns dinheiritos que me devem...»

Bem-hajas, 24 horas: salvaste o meu sábado da mais absoluta monotonia!

19 outubro 2007

OS PILARES DA ESLAV


17 outubro 2007

O KIT

1. Já nada pode surpreender um fantasma que se preze...sobretudo da linhagem dos da ÓPERA...A polimiosa aventesma, portadora da incomensurável e nasal protuberância, atacou de novo...a propósito de um Kit, de pastéis de nata, envolvendo os netinhos rastejantes de colunas, fustes e capitéis,...eu sei lá; numa coisa a alimária tem razão:NÓS SOMOS OMNIPRESENTES!!!

2.É sintomático...Brrr...que palavra esta...peço desculpa aos mais que certos leitores deste texto pelo uso indecoroso de tal termo...; é portanto CURIOSO, que as atoardas que desaguam em catadupas da rasgada cavidade inferior à bestial e monumental PENCA, não tenham merecido um único comentário...

3. O dito cujo delira...dá nós no cérebro e laços no cerebelo para inventar qualquer coisa...e só sai o que lhe põem à frente dos olhos...; dirão vocês "Isso de criar é uma treta, meu...não sai nada que não tenha entrado primeiro..."; e têm Vexas muita razão!! o problema é só um: tentar perceber O QUE, QUANDO E COMO algum dia penetrou no recôndito labiríntico e oco (tá boa esta!!!) daquela pseudo mente e imaginária cabeça...deixo este trabalho para vós...

4. Cá por mim, como sou omnipresente e criativo (realmente, hein!!!) já visualizei (no espaço, como convém a alguém com outra dimensão de pensamento...he he...)o trombocídio unicelular, colocado num ramo alto duma árvore da escola, amordaçado e devidamente amarrado (de mãos atrás das costas), transpirando abundantemente, enquanto vários dos escritores que riscam neste blogue comemoram, num copioso banquete, o infeliz e coincidente dia de aniversário...em redor de uma farta mesa.

16 outubro 2007

VIRILIDADE, RUGBY E AS PALAVRAS SÁBIAS DO SARGENTO BALICHA


Uma vez, o sargento Balicha disse-me: - Um homem a sério tem de ser bruto. E, de preferência, usar bigode. Mas se a brutice mais o bigode só por si chegassem, então a minha mulher era um homem a sério...
Lembrei-me disto a propósito da prestação da equipa portuguesa no mundial de rugby.
Eles são abrutalhados, sim. Mas isso não quer dizer nada, não sei se me entendem.

Já viram como todos os portugueses repararam na força com que eles berravam o hino nacional? É que, se pensarmos bem, foi o que fizeram de mais viril, porque, à parte isso, aquela coisa do rugby não me convenceu. Ora vejam:
Primeiro, pensamos que andam todos a correr atrás da bola achatada. Mas, logo a seguir, vemos que sempre que os tipos se amontoam em cima uns dos outros, já não querem saber da bola para nada, já nem se lembram de que existe tal coisa...
Bem, e o pior é que por tudo e por nada, aí vai disto, lá se põem outra vez todos ao monte.
- Olha, agora está aqui este com a bola, zás, monte! - É pá, agora vou correr e vocês não me apanham, zás, monte! - Acho que perdi a minha lente de contacto, querem ajudar-me a procurá-la?, zás, monte! -Já viram que faz um frio de rachar aqui no campo?, zás, monte! É o que eu digo, tudo serve de pretexto para aqueles encontrões, aqueles aconcheganços, aqueles empernanços.
Porém, desde a magnífica prestação dos «Lobos» - porque não deixa de ser magnífica, à sua maneira, uma prestação que consegue 100% de derrotas -, a juventude portuguesa está mortinha por aderir ao rugby.
Mau sinal.

15 outubro 2007

A MALDIÇÃO

O Excelentíssimo Senhor Primeiro Ministro Engenheiro Sócrates deve ter-me lançado uma maldição. Sim, passo a explicar: efectuei a minha pré inscrição para me candidatar aos fantásticos portáteis que o programa e-escola ia dar (ahahahahah) aos professores, mas logo descobri que afinal a oferta não era muito atractiva. Quem como eu fez as contas, descobriu o mesmo. Para ter um equipamento daquele calibre não é preciso ficarmos vinculados a uma banda larga móvel de uma das quaisquer operadoras que disponibilizam a "oferta" durante 36 meses, pois neste caso o dito equipamento vai ficar mais caro do que o seu valor de mercado. Ou seja, a dita "oferta" só vale a pena se alguém estiver mesmo muito interessado em ter banda larga móvel no seu computador portátil. Adiante. Quando me telefonaram da operadora móvel a perguntar porque razão ainda não tinha aceite a magnífica oferta, descompus a senhora (coitada), fazendo-lhe sentir a minha verdadeira indignação perante a mesma. A senhora desistiu de imediato perante a minha convicção, como é óbvio. Bom, é aqui que entra a maldição. No próprio dia em que a oferta foi rejeitada, o meu computador pessoal resolveu entrar em conflito e deu-lhe o badagaio. Não desanimei. Pedi um portátil emprestado e cá vai de trabalhar afincadamente. Ora bem, não é normal, convenhamos, que o meu modem se tenha recusado a trabalhar quando necessitava desesperadamente de fazer uma pesquisa na internet. Lá configurei o bicho e voltei ao trabalho. Mas depois foi a pen drive onde eu tinha o trabalho que ficou cheia. Não aguentava mais nada. Saquei de uma suplente e mais uma vez não desanimei. Mas acontece que a dita resolveu dar um erro de I/O. Iô, man! Confesse lá, Senhor Engenheiro. Foi o senhor, não foi?

14 outubro 2007

CONVERSAS REAIS

BEBÉU MOREIA [sentadinha numa mesa isolada, num recanto da sala dos professores, e trabalhando arduamente, vá-se lá saber em quê] - A escola tem ratos!
MARIA CANELAS - Ai sim? Como é que sabes, vistes algum?
BEBÉU MOREIA - Ouvi miar.
MARIA CANELAS [sem qualquer ironia] - Ai é? Ai os ratos miam? É boa...
BEBÉU MOREIA - Não sei se foi miar, foi uma coisa assim: iiiih! iiiih! iiiih!
GREENLIGHT [com uma vontade de rir ainda controlável; porém, ansioso por obrigá-la a repetir...] - Como era? Como é que miavam os ratos que tu ouviste?
BEBÉU MOREIA - iiiih! iiiih! iiiih!
MARIA CANELAS [para outros professores que vêm entrando, desejosa de lhes ensinar o que acabava de aprender] - Ó meninas, vocêzes sabiam que os ratos miam? A sério. A Bebéu é que ouviu, ouvistes, não ouvistes Bebéu?
OUTROS PROFESSORES - Esta passou-se, está visto! Agora sim, agora é que posso dizer que já ouvi tudo nesta vida.
BEBÉU MOREIA - Eu não disse que era miar, atenção, nem sei se eram ratos, atenção.
GREENLIGHT - Pois não. Diz lá outra vez, diz lá, como era o som...?
BEBÉU MOREIA - iiiiih! iiiiih! iiiiih!
SENHOR ANTÓNIO [entrando] - Chiça, que já tentei tudo e não há maneira de fazer a @£#%$»§ da porta parar de chiar, cum caraças!

13 outubro 2007

INQUÉRITO: VOCÊ QUE NASCEU NO BRASIL E ACABOU DE CHEGAR À ESLAV, COMO SE SENTE?

Maria Gamboa Zuda - Me sinto como em casa! Mas quando vi a turma em que me puseram, gritei: -Céus!!!! Que é que eu faço com esses pirralhos?! Eles até são queridinhos, mas são tão pequeninos!


Temo Leque - Como? Não entendi nadica de nada do que você disse. Pode repetir? Já os professor falam desse jeito e eu não entendo direito o que eles falam...


Dabliu Cê - Está a ser um pouco difícil, porque lá a gente tinha ávores para trepar nos intervalos das aulas. Aqui nem a estas colunas nos deixam subir para ir buscar as bolas que ficam no trelhado.

Crisântemo Lengão - Vocês aqui usam uns negócios esquisitos nas aulas. Lá, desenhávamos com lápis e quase nem precisávamos de borracha, porque estava tudo certo. Aqui têm gerinçonças que só atrapalham.

Agadi Abólica - Adorei, sabe? Mas não gosto das paredes brancas, me provocam arrepios de frio. E as cadeiras são um pouco rijas, a gente passa tanto tempo sentada...

10 outubro 2007

GASPAR OLHOVIVO AVERIGUOU

Ex.ma senhora:

Escrevo, em resposta ao seu pedido de averiguação, num estado de profunda depressão.
Já ninguém pode confiar em ninguém. Os polícias da Covilhã, que tratei de inquirir, conforme seu desejo, mostram-se tristes, cabisbaixos, olheirentos, descrentes de que tamanha injustiça se tenha abatido sobre eles.

Não, minha senhora, não houve visitas intempestivas à sede do sindicato. Não, minha senhora, não existiu qualquer tentativa de intimidação dos professores que preparavam uma repulsiva manifestação contra o nosso bem-amado Primeiro-ministro. Não, minha senhora, nenhum agente carregou consigo panfletos para fazer uma espécie de exame prévio.

Tudo se passou assim. Na Covilhã, minha senhora, as pessoas conhecem-se e privam umas com as outras. Dois agentes à paisana, o Simões e o Esteves, encontravam-se simplesmente à porta do sindicato dos professores, a fumar um cigarrito. (Na esquadra onde trabalham não é permitido fumar e, por isso, têm de se deslocar a uma paragem de autocarro que, por coincidência, fica ao lado da sede do sindicato...)

Foi até um senhor sindicalista que os viu ali ao frio (como é próprio da Covilhã) e os convidou a entrar. Que insídia! Tudo isto me lembra a história da aranha, dizendo à ingénua mosca: «Venha, venha, boa amiga, entre, ponha-se à vontade!»; os professores - sobretudo os sindicalizados - são aranhas peludas; os polícias, coitados, são pobres moscas mal pagas, que se deixam convidar, não imaginando o que os espera...

Uma vez lá dentro, o tal senhor sindicalista, na sua voz untuosa, ofereceu-lhes café e chocolate quente e falou-lhes da manifestação. Sem ninguém lhe ter perguntado o que quer que fosse. Por fim, até trocaram umas ideias, porque os polícias, às vezes, fazem as suas próprias manifestações, e só queriam saber como é que os professores procedem. Mas tudo amena e amistosamente: Ai é?, e tal, ai reúnem umas quantas pessoas, e tal, hum-hum, e quem é que costuma ir, e tal, ai sim, ai o Matos habitualmente participa, há quanto tempo não vejo o Matos, dê-lhe cumprimentos meus, e o Fernandes também é um «habitué»...? - deve ter sido esta conversa que se confundiu (ou se quis confundir) com «identificação de manifestantes»! Que ridículo...

Finalmente, à saída, o agente Simões reparou que o agente Esteves levava uns panfletos colados à sola do sapato. Até se riram muito. E o senhor sindicalista, mais do que todos. Agora já se percebe por que razão. «Ó Esteves», dizia o Simões, «levas o material aos nossos amigos, ahahah...» e respondia-lhe o Esteves, «Isto não se me deslarga da sola, ainda para aqui caio, como aquela professora de Linda-a-velha na uva, ou a outra na mica, ahahah...»

A polícia está muito desalentada. O agente Simões, por exemplo, tem chorado muito. O agente Esteves até meteu baixa. Acho que foi porque escorregou derivado aos malditos panfletos no sapato.

Melhores cumprimentos.

Seu criado,

Gaspar Olhovivo

AIME BEQUE

Adoro muito destribuir beijinhos pelas minhas colegas quando entro na escola e passou-bens aos colegas, sobretudo a seguir aos finje-semanas em que vêm todos com ar muito tostadinho de quem apanhou muito escaldão (eu fujo do sol como o diabo da cruz, principalmente quando está a pique, que é quando os raios multivioleta se espetam mais na pele).
As minhas melhores tardes de finje-semanas, passei-as com a minha vezinha. Por exemplo nests sábado fui com ela fazer uns testes pirotécnicos mas ficou pavorizada com os resultados que ainda a baralharam mais quanto ao futuro que há-de escolher, coitada. Se não fosse eu para a cansolar, a miuda tinha ficado muito despressiva.
Por falar em despressões, eu també tive vontade de chorar no início deste ano lectivo, porque fiquei belindrado com a plicação do TLEBS. Tanto trabalho, para nada. Afinal, este ano, vai haver manuais com TLEBS e outros sem TLEBS. Eu achei isso abdominável porque me fartei de trabalhar no assunto e ninguém me deu importância. Sempre quero ver como é que vão descascar esta bota.

07 outubro 2007

A NARRATIVA DE GORDO ROCK

Retomo hoje funções. Dizem que me espera um cargo importante na escola; estou ansioso por ver do que se trata. Pelo sim pelo não, visto a camisa do mais lindo xadrez, estico bem as calças com os meus suspensórios predilectos; tomei um duche mais demorado do que o habitual e pus gel no cabelo; não é que isso seja importante porque para os meus caracóis não há nada melhor do que o gel natural, fornecido por meia dúzia de dias sem lavar o cabelo.
Dia 1 – Não estou nada contente com o trabalho que me deram. Eu, que já verguei a mola tanto na vida, acho que tenho direito a poder fazer o que quero. Uma das coisas que me custa é a ingratidão. Exigem de mim mais do que é justo, enervam-me. Enervar-me faz-me muito mal ao coração, provoca-me um pum-pum-pum no peito e depois tenho que ir acalmá-lo para fora da escola.

Dia 2 - Os apetrechos no meu local de trabalho resumem-se a muitas cadeiras e uma secretária com gavetas vazias. Não fora eu trazer um papel no bolso, nem estes pensamentos conseguiria anotar. Também posso trazer o jornal mas nem me lembrei. Para aqui estou, sozinho, à espera que aconteça qualquer coisa.

Dia 3 – Hoje foi demais! Entra-me pela porta dentro uma pirralha de boné virado para trás, que é uma coisa que eu detesto, com ar de santinha afectada. A funcionária disse-me que ela trazia trabalhos para fazer e que tinha sido expulsa da sala de aula porque tinha cometido um erro muitíssimo grave. Fiquei curioso, mas cada vez que eu abria a boca, a miúda franzia o nariz, vá-se lá saber porquê. A custo lá consegui sacar a confissão e conclui que aquilo não tinha sido nada grave. Lá porque ela mandou a professora àquela parte, não quer dizer que tenha que a castigar. A miúda não o disse com a intenção de ofender. O que importa é a intenção com que se dizem as coisas. Que mania as pessoas têm de exagerar. Há tanta gente que merece ouvir aquilo e muito mais.

Dia 4 – Hoje acordei muito chateado. Ontem fui para casa mal disposto a pensar nas bocas que um certo e determinado colega me mandou sobre o meu método de trabalho. Dizia ele que eu não faço o que devo, que nem cumpro horário e que nem jeito tenho para dar castigos. Olha quem! Pois eu acho que ninguém tem nada a ver com isso. Se não fosse porque não estávamos sozinhos, tinha-lhe ido à cara; meti as mãos nos bolsos das calças e lá me aguentei sem fazer estrilho. Não interessa dizer para onde fui a seguir, só sei que as mágoas ficaram todas afogadinhas.

Dia 5 – Para aqui estou eu enfiado nesta sala, envolto num fumo denso que me dá tosse, que me seca a boca. Quem terá estado aqui antes de mim?, que deixou esta fumarada para trás, pergunto-me. - Água! Tragam-me uma garrafinha de água, cof cof, ardente, cof cof, ardente!, que estou a ficar em brasa, isto é, com a garganta seca! Cof cof.

06 outubro 2007

A MÁQUINA DO PROFESSOR VICENTE VAN GROGUE

1. Apesar do «van» que sobressai no seu nome, Vicente van Grogue é um jovem cientista português, de que muito se tem ouvido falar por esse mundo fora. Poderíamos, portanto, dizer que, em matéria de ciência, este português está a dar cartas ao mundo. «Dar cartas», uma vez que Vicente van Grogue tem escrito a diversas pessoas das mais variadas nacionalidades, dando-lhes conta dos seus delírios, perdão, das suas impressionantes teorias.

Até hoje, a única resposta obtida foi a de um entusiasta, o Dr. Lowell, psiquiatra num hospital inglês, que lhe propunha examinarem os dois as ideias de Vicente, numa conversa muito calma, em ambiente sereno, livre de quaisquer focos de excitação.

Mas entretanto, enquanto não houver outras respostas, o nosso jovem cientista continuará a dar cartas ao mundo.

2. Em Portugal, Vicente van Grogue assentou arraiais na ESLAV, que considera «um infindável campo de experiências».
A máquina que tem estado a aperfeiçoar consegue ler pensamentos.
Os leitores riem-se? Descrêem?
Pois aqui está a prova: o registo de uma leitura do que vai na cabeça de Pochato, primeiro a oferecer-se para esta experiência:

3. LEITURA DO QUE SE PASSA NA MENTE DE POCHATO:
«













».

Em breve, seguir-se-ão mais registos, com leituras de pensamentos de outros colegas. É aquela maquineta que, na sala dos professores, alguns ingénuos pensavam que servia para medir a tensão.

05 outubro 2007

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: QUEM SE METE POR MAUS CAMINHOS, LIXA-SE!

eu têinhome metido pur caminhos muinta máus. o k çe páça é o çeginte. os condutôres dos ótocárros da viméca ândão bué dademirádos pq tipo kuando páção ein frênte á parájein de ótocárro da islav têien de parár pq vêien a parájein xêia de jênte mas depôis éça jênte nein çe méxe e ningéin êntra no ótocárro e continúão tôudos tipo çentádos no bankinho da parájein a fumár. êu taméin já topei éça partida k os purfeçôures ândão a fazêr ós côndutores da viméca. kêm avia de dezêr. os purfeçôures k çe xatêião tanto kuando guzâmos côn êles nas álas tão a guzár côn os condutôres da viméca. puriço no ôutero día taméin me alenbrêi de fazêr tipo uma partida a un dêçes purfeçôres k párão na parájein. fôi tipo finjir k êu ía açaltálo. axegeime a uma purfeçôura de jugrafía k tá lá çenpre. e ein vês de dizerle kualker coiza k çe vía lógo k éra a finjir tipo (a bôulça ô a vida) ôu açín vôu êu e dígole (para ti çó têinho três paláveras. té - lé - móvel!). táva à xpéra k a mulhér dezatásse ós gerítos. depôis êu lá a calmáva e dezía k tínha çido tipo túdo a berincár e íço. mas ein vês das côizas acontessêrein côumo êu pençáva éla dáme côn a mála na fússa. óra a mála devía têr práí tipo uns mil mássos de tabáko e pezáva máis k a mákina de costúra k caíu un dêstes días no dedão do pé dôutero purfeçôur de manêiras k kem gerítou fúi êu. e caí lógo no xão. apanhárãome. levárãome tipo á eskuadra e túdo. dêsde aí tein çido un rabuliço lá ein cáza. a mínha famílha continúa a batêrme. o mêu pái dís k êu não çirvo pra náda. tipo k ó mênos tivéçe ficádo côn o telemóvel. a única k não geríta é a minha avó. põe çál na cumída déla. na çôupa e açín. e kuando êu le dígo (não pônha çál avó ólhe a çúa atenssão artriál) arrespondeme (ândo a siussidárme)

04 outubro 2007

AS REPORTAGENS DO REPÓRTER ESTRÁBICO: AS AULAS DE GINÁSTICA RECOMEÇARAM MESMO...

TREINADUOR ACIORIANO - Tã percebiendo?! Aguôra vão fazôr círculos com os braços!
POCHATO - Que é que ele diz? Que raio de sotaque. Eu não entendendo nada.
FANTASMADAOPERA - Cala-te, pá. Tu nunca entendes nada, com sotaque ou sem sotaque. O treinador está a dizer para darmos calduços no colega do lado. Olha, assim. Toma!
POCHATO - Ai!
TREINADUOR ACIORIANO - Os meninuos aí fâçam o favuôr de calarem o bêico.
POCHATO - O bêico?! O que é o bêico?! Mas o que é que ele quer, senhores? Não vamos jogar futebol? Quando é que vamos jogar futebol?
FANTASMADAOPERA - Não percebeste? Diz ele para darmos um calduço no parceiro... toma!
POCHATO - Ai! Olha que eu me chateio!
TREINADUOR ACIORIANO - Que tão mecês fazândo? Vinte flexuões cada um.
POCHATO - O quê? Vinte quê???
ALELEX - De-de-de-sis-sis-sis-to. Nã per-per-per-ce-bo na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-da! Is-is-is-to é chi-chi-chi-chi-nê-nê-nê...
TREINADUOR ACIORIANO - O quiâ?! Fale claro, home! Com mêl vulcuões!!!

AS AULAS DE GINÁSTICA RECOMEÇARAM!


03 outubro 2007

THE SPECIAL CACA ou ONDE CHEGA O ABSURDO

A propósito do último post e duma notícia que li ontem, apetece-me falar dos absurdos que ocorrem com alguns specials que se passeiam pelos nossos jornais. Podia-se até pensar que me refiro a um tal special Caca, outro virtuoso da bola que dizem que faz maravilhas com os pés. Isso é lá com ele que com um nome desses duvido que alguém o leve a sério. Além do mais, não percebo nada de futebol.
Refiro-me a um outro absurdo que terá acontecido um dia destes, que foi o facto de alguém ter pago um balúrdio por uma latinha com cócó. A latinha é o menos, acredito que seja linda, a ver pela foto. Mas pagar caro e ainda por cima sem garantia de que lá dentro exista o referido conteúdo e se ele pertenceu um dia, por umas horas, realmente ao autor, é preciso ter muita lata.
Isto de conceber latinhas com coisas dentro, também é o menos e nem sequer é caso único nem actual; agora chamar-lhe arte moderna e pagar para a ter, convenhamos, é actual e um perfeito disparate.
Mas isto também não é grave desde que o Berardo não se lembre de comprar uma para nos mostrar. Isto é, quanto a isso, tudo bem, desde que nos deixe vê-la de graça.

02 outubro 2007

THE SPECIAL ONE

Muito me tem espantado a opinião maioritária das pessoas à minha volta acerca do "happening" Santana - Mourinho. Para os mais distraídos, o que se passou foi que o Senhor Santana, que comentava na sic notícias o momento que se vive no PSD, Menezes, Mendes e por aí fora, foi interrompido pela jornalista para que se realizasse um directo no aeroporto da Portela: era Mourinho, the special one em pessoa, que chegava a Lisboa. É verdade que a reportagem foi uma bela, como diria... caca, mesmo. Até aí, estamos de acordo. Mas o que aconteceu de seguida foi que o Senhor Santana, indignado, se recusou a prosseguir a entrevista pois, disse ele, não é assim que o país anda para a frente. Muito haveria a dizer sobre o que este senhor fez até agora para que o país andasse para a frente. Muito haveria a dizer sobre os assuntos que as televisões abordam vezes sem conta, até à exaustão, de todas as formas e feitios, por interessarem a generalidade das pessoas e fazerem subir as audiências. A questão não é de todo esta. E volto ao início. A maior parte das pessoas considera que o Senhor Santana teve uma atitude muito digna. Pois sim, mas pensem lá bem: este senhor aproveitou a ocasião para nadar como peixe na água, para se movimentar à vontadinha no seu habitat natural. E com esta atitude fez o que melhor sabe fazer: dar "show". A prova está aí. Já não deve haver caixa de e-mail no país inteiro que não tenha recebido o videozinho do acontecimento. Toda a gente fala e comenta o sucedido. Mission accomplished.