28 julho 2006

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: O MEU COTA NÃO SABE O TRABALHO QUE DÁ FAZER RÁDIO

o meu cóta táva bué da xatiado pq ôuviu dezêr k o manél alégre andáva espessialmente alégre por têr arressebido uns balúrdios de têr estádo uma meia dúzia de mêzes a trabalhár numa rádio. êu áxo muto bein o mêu cóta é k não çábe o trabálho k akilo dá. néça altura nein avia agênssia luza nein náda e as nutíssias érão dádas plo vênto e puriço é k o manél alégre fêz un poêma k dizia (pregunto ó vênto k páça nutíssia do mêu país étessétra). inda pra máis o vênto não dáva as nutíssias puriço é k o manél alégre muita irritádo akerchentôu (e o vênto cála a desgrássa e o vênto náda me dis). perssébesse k êle teinha arressebido éssa dinehirama tôuda mêu. akilo éra bué da duro. mas êu gustáva de lenbrár a kein de dirêito k tive a trabalhár mais de um âno como d.j. na rádio clube da baícha dabanhêira e k me fazia jêito k m pagáçein comó manel alégre. nisto não pódein çêr uns filhos e ôutros encalhádos. tá bein. fiko áspera.

ZÉ ABREU: «TOU AQUI, TOU ALI»

Hoje, contrariamente ao que me é habitual, venho aqui manifestar a minha sentida solidariedade com o senhor azul e com a senhora dona lula espanhola, e dizer-lhes que partilho do seu sofrimento, a sua tristeza, o seu luto. Eu sei que eles, gente da cultura, sofrem muito: a senhora dona Maria João faz as malas para deixar o nosso ingrato país, em busca da merecida glória noutras paragens.

Quando ouvi dizer que a dona Maria João se ia embora, primeiro deu-me uma espécie de satisfação. Mas era engano. Pensava, de repente, que se tratava de uma outra Maria João, que canta com voz de bebé e não usa palavras, mas sons como «bala-balá» «piru kiru tico tico nheco nheco» e assim. Mas não. Essa, infelizmente, vai continuar por cá. O país não a maltratou devidamente e, por isso, teremos de continuar a gramá-la.

A que se vai embora é outra Maria João. A Pires: A Maria João Pires. Que toca piano e fala francês.
Eu sei que o senhor azul e a dona lula não estão em si. Porcaria de país!

A dona Maria João Pires escolheu o Brasil, o que se compreende perfeitamente, porque para estas coisas da cultura não há como o Brasil. É, aliás, para onde vão todas as pessoas com preocupações culturais, como a senhora dona Fátima Felgueiras. Na sua qualidade de exímia executante de Chopin e não só, entre uma praínha no Calçadão e um chope fresquinho no lugar da Tijuca, ouvindo um samba alegre (se conseguir escapar aos gangues de assaltantes aos tiros), está visto que não faltarão oportunidades à dona Maria João Pires. O Brasil é, realmente, um grande expoente da cultura. O país do Paulo Coelho, está tudo dito! Eu conheci lá um rapaz que até se chamava Chopin Cocó. Mas para verem como os brasileiros levam estas questões a peito, temendo que se pudesse achar que o seu nome fosse um desprestígio para o grande Chopin, o dito rapaz não descansou enquanto não mudou: chama-se hoje Chopin Chichi.

Sei que em Belgais, onde a dona Maria João Pires dinamizava um maravilhoso projecto, estão todos muito tristes. É verdade: o povo lamenta. Digo isto, porque até perguntei a uma senhora de Belgais, que me confirmou que lamentava, e muito!, dizendo: «Maria João Pires? Não, não conheço. Lamento muito!»

Sabem, eu sou sensível a esta questão. Eu também apresentei um projecto ao Departamento Cultural da Câmara de Figueiró dos Vinhos: era um projecto para um subsídio de forma a alargar a minha rulote de bifanas, recebendo rapaziada a quem ensinaria todos os segredos desta arte. E sabem o que me responderam? Que não era bem isso que entendiam por cultura! Valha-me Deus. Esta gente lerá alguma coisa, verá filmes, irá ao teatro? Perceberão alguma coisa de cultura?

Espero que reconsiderem. Se não, vou mas é para o Brasil.

Este país, culturalmente, não vale peva!

23 julho 2006

O ANIVERSÁRIO

Como em toda a parte, sabe-se por cá de algumas coisas, não se sabe de outras.
Por exemplo: que o senhor azul fez aqui há umas quantas semanas uns quantos anos, isso é sabido. Mas já poucos sabiam que o dito senhor azul mais três amigos - o senhor da ópera, o senhor pochato e o senhor alelex, também conhecido por Alexandre, O Grande (gago) - se reuniram num restaurante próximo do seu local de trabalho, salvo seja, para comemorarem condignamente o evento.
É essa parte secreta que me cabe relatar.

Fechou-se, então, a porta do restaurante aos mirones (o que foi possível em virtude de o dono ser um amigo).
Como os pezinhos de porco com coentrada (estou informado ou não?) tardassem, ia-se entretendo a espera e suportando o calor com uns copos frescos. Parece que não eram só os copos, o próprio branquinho no interior dos ditos estava que era de chorar por mais!
Alguém terá maldosamente convencido o senhor pochato de que aquele líquido amarelo não passava de limonada, porque o proprietário da mariconera mais catita de toda a escola desatou a enfiar copinhos atrás uns dos outros, limpando a boca com as costas de uma mão já um pouco descoordenada.
Os seus amigos principiavam a preocupar-se. Com quê? Com o estado dele? Ná!Só quem os não conhece é que pensaria isso. O estado do pochato até seria depois um bom motivo de gozo. Preocupavam-se, isso sim, por ver que o vinho marchava demasiado rapidamente para ele e que, daquela maneira, dali a pouco estariam todos cheios de sede.
Pochato começava a ficar ainda mais chato do que o costume. O rosto assumia orgulhosamente o seu benfiquismo. Falava muito alto, sempre aos gritos.
Azul indignava-se porque a comida não vinha
AZUL - Eh, pá, os pezinhos estão a demorar, está cá a dar-me uma fome...!
POCHATO - POIS É, POIS É!
OPERETA - Pchiu, fala baixo, pá!
POCHATO - TOU A FALAR BAIXO! TOU É COM FOME! E, A MIM, A FOME DÁ-ME SEDE! METE AÍ MAIS UMA PINGA, VÁ LÁ A VER!!!
ALELEX - B-b-b-bem, es-este ga-ga-ga-jo tá como há-há-dir...
POCHATO - GLU! GLU! GLU! GLU!

Nesse momento, os quatro cavaleiros do apocalipse tiveram uma bizarra surpresa. Lara Croft, a maravilhosa Lara Croft, viera cumprir uma ordem de Sua Alteza, a Rainha de Inglaterra: realizar, magicamente, um desejo em que os quatro estivessem de acordo; era um presente ao senhor azul de que os outros mânfios também beneficiariam.
AZUL - A sério, Lara? Um desejo? Oh, que bom! Que havemos de pedir???
Lara esperava, já um pouco impaciente porque seguia dali para uma reunião de supervisão. Não tinha muito tempo, e os tipos eram um bocado chatos.
O azul, na sua sensibilidade, estava tão comovido que não se lembrava de mais nada. O opereta só congeminava nas suas ideias maléficas. O pochato, de momento, só tinha verdadeiramente um desejo: mais vinho. Portanto, estavam os três incapazes de decidir, e demasiado nervosos para decidirem em termos.
Restava Alelex. Alelex pensou, no seu pensamento também levemente gago: «E-e-eu s-s-sei o que va-va-vamos p-p-pe-dir. J-j-ju-ven-tu-tu-de. Vem tudo c-c-com a j-j-juven-tu-tude. Namoros, vi-vi-agens, s-s-ser cam-cam-cam-pe-ão...»
Confiavam nele. Começou a formular o desejo: juventude.
ALELEX- J-j-ju-ju-ju-ju...
Lara esperava. Olhava para as horas. Tinha pressa. O Alelex prosseguia no seu pedido:
ALELEX- Ju-ju-ju-ju...
Lara compreendeu subitamente. Sorriu.
LARA CROFT - Não gastes mais saliva, que eu já percebi. Querem a Juju de presente, não é isso? Ei-la!
Juju Ximaun apareceu magicamente e sentou-se, com a sua elegante saia vermelha, para almoçar com eles.
Pegou num guardanapo de papel e enfiou-o no decote.
Não se esqueceu do magnífico pormenor: fez uma casinha no guardanapo de papel e prendeu-o ao peito com o botão da camisa.
Lara Croft não resistiu mais. Saiu apressadamente. Precisava de seguir para a sua reunião. E precisava ficar sozinha a rir!

O MEU GRITO DE REVOLTA

Os meus colegas não me vão levar a mal, mas eu tenho que dasabafar. Há coisas que têm que ser ditas. Não me refiro ao Campeonato do Mundo, que o que lá vai, lá vai. Tenho uns amigos a chatearem-me para a caça, mas depois do Campeonato só me apetece é dar tiros nos gajos do apito.
Eu refiro-me é ao trabalho com que nos presenteiam na escola. Este ano puseram lá umas colegas com a mania das espertezas; como se não bastasse termos que fazer um trabalho que é uma seca dos diabos ainda nos vêm dizer que temos que cumprir o horário, que cuidado com os atrasos, e mais uns tantos disparates que não têm fim.
Ainda gostava de saber quem é que manda ali. E quem é que as incumbiu daquele papel. É um perfeito disparate; temos que estar três horas sem tugir nem mugir e ainda por cima querem que estejamos lá três quartos de hora mais cedo. É de loucos, já estou como o outro, elas deviam era ir para casa coser meias.
Mas não é só isso. Eu lembro-me de que quando o sargento Balicha esteve hospitalizado, quase a bater a bota, a malta ouviu dizer que a mulher andava a passar muito mal e chorava de noite e de dia (também se espalhou que era de alegria, mas penso que isso não passava de má língua), de modo que resolvemos fazer uma visita à dita senhora. Ora não é que um gajo, o 26, que era corneteiro, descobriu lá na casa uma garrafinha de Madeira, foi-se à garrafa e apanhou uma piela? Bem! O gajo cantava e ria, queria dançar com a mulher do sargento, até partiu um quadro lindo que a senhora tinha pendurado na parede, e que continha estes dizeres: «Se vens com boa intenção, a sala é tua. Se não, põe-te no olho da rua»!? Estão a ver a coisa? O sargento Balicha a sofrer no hospital, entre a vida e a morte, de um tiro que lhe deram no rabo, a mulher a chorar lágrimas de dor mas, ao mesmo tempo, o 26 a dançar fandangos? Vergonhoso!!!
Pois às vezes é esta situação que aquele malfadado secretariado me faz lembrar: aquilo é dois em um: um grupo de teatro trágico (e com razão: o trabalho quer-se cumprido com ar de enterro) a representar ao mesmo tempo com um grupo de sapateado! Mas porque é que o grupo sério não põe cobro àquilo? Já se sabe que não pode haver competência com jovialidade e alegria. Disso percebo eu: não na qualidade de competente seja lá no que for, mas na qualidade de tipo trombudo. De certeza o mais trombudo da escola - isso é indiscutível! O que aquilo precisava era de umas sessõezinhas de ordem unida. A ver se aquela malta do sapateado se punha mas era a marchar. As saudades que eu tenho do meu Sargento.

22 julho 2006

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: A MINISTRA, UMA DAMA DE FERRO? VIU-SE!

mén. o mêu kóta ãda bué dziludido côn a dona lurdes dêsde k éla fôi pra çe lamentar lá au tál çítio k çe xama perssizamente paralamento. êu não axei k éla fôuçe açin tão mál. nein diçe muitos disparátes nein náda. até purke kuáze não conçegiu falár e têve o têmpo tôdo a repetir (mas não me dêichão falár mas não me dêichão falár). e tanto k éla çe esforssôu pra perssebêr o kiéke os deputádos tôudos kerião e purkié k távão tão zangádos. víaçe k a çenhôura táva afelita coitadita e não déve perssebêr náda dakêles açuntos. puriço é k táva çempre a preguntár côisas pró ládo pra un tál çenhôur çantos e çilva. ô atão éra pq não ôuvía o k os tipos dizíão. çe calhár é pq ãda a fikár surda. não m ademira. côn os purfeçoures e os çindicátos çempre a fazerle manifestassões á porta e ós gritos tínha mêsmo k fikár çurda. na minha openião çe os purfeçoures kérein xegár a un entendimênto devíão cumessár por le oferssêr un sonotóne. o mêu pái ãda cabesbáicho. dis k éla não é a câma de férro k parssía. dis k a montainha partiu um ráto. e ôutras côisas açin k não fázein muinto çentido.

20 julho 2006

Escrevia assim o Vasquinho...Qual é novidade?

*História do futuro*



A escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos.

Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização.

Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia.

Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades.

Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade.

Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica.

Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável.

Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã.

Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas.

Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português.

A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o Rock in Rio ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária).

Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar “aqui D’el-rei!”contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos.

Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari.

Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco.
Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de *condottiere* implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa.

Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a-terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais.

Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo.

E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país.

Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.


*Vasco Graça Moura vgm@mail.telepac.pt
Escritor*

16 julho 2006

PARABÉNS, PLANETA AZUL!

13 julho 2006

No Secretariado de Exames

Foi recentemente aberto um inquérito ao Secretariado de Exames da ESLAV; o dito entrou no M.E. por denúncia directa da sempre atenta e vigilante lacaia ministerio/governamental do grupo sétimo .
De que se tratou então?? Do comportamento de alguns dos seus membros...
O insistente bloguista PaxêKu terá sido vislumbrado pela dita lacaia repimpadamente sentado numa das mesas - não foram feitas para isso, é claro - deglutindo opíparos cachos de acastanhadas cerejas e colando as maxilas com diversos rebuçados de sabores variados; entre duas estridentes gargalhadas, o protozoário - diz-se dos que não primam pelo uso de esqueleto- terá expelido alarvemente um cerejal caroço que atingiu, entre os olhinhos, a arguta Judith Estrela Polar ( a oleosa)...esta terá esbugalhado os seus já esbugalhados e argutos olhinhos, e saltado em voo planado duma cadeira da 3ª fila da sala em direcção ao energúmeno....Lolocas Alfayate, vislumbrando a cena e antecipando o eminente resultado, ter-se-á interposto no trajecto espacial da oleosa e, assim, evitado a colisão....só que o altruísta acto lhe custou duas costelas partidas e várias contusões....Nelita CaÇoilas, perante o desvario que se lhe põs diante dos olhos terá murmurado em tom cortante..."...Gaita que já são horas de almoço..."
A dita lacaia, que em feroz perseguição de Corleão Boi Campino com duas resmas de papel na mão, logo terá calhado presenciar tamanho desarranjo funcional, indigno de um Secretariado... e nem hesitou...ala que é participar destes facínoras que só comprometem os esforços governamentais para diminuir o défice...e passou à acção.
Agora, o pobre coadjuvante recordista da escola- sim, a estulta personagem que chama a si as Geometrias Descritivas - não beneficiará, doravante, da presença do pencário, da chorosa Lolocas nem da arguta oleosa, naquela sala carregada de História...
Bem ajam...( sim de agir, caramba!!!)

AMIGOS



(Parece-me que anda alguma poeira no ar que é bom acalmar...)

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é a grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’ Neill (1924-1986)

11 julho 2006

O MEU PROBLEMA

Querida Dra. Ruth:

Tenho um problema. Sou uma professora muito competente no meu trabalho, mas como hei-de conseguir fazê-lo devidamente se os outros me boicotam constantemente?
Imaginemos, assim, completamente ao acaso, que tenho umas provas para ver.

Primeiro: parece que no secretariado lhes tiram os cabeçalhos e lhes atribuem uns números. Este é logo o primeiro senão: como hei-de eu saber que os números são lá postos correctamente? Alguém fez testes de dislexia aos membros do secretariado?

Segundo: dizem eles (mas nunca se sabe) que depois guardam os cabeçalhos num envelope e que este vai para um cofre. Segundo ponto, segundo senão: Ora! E se eles ficam na conversa com o envelope na mão e depois se esquecem dele em qualquer lado? E se lhes dá a fome e vão comer e depois põem lá um pão com manteiga em cima? E se a gordura da manteiga oculta os números, que já nem deviam estar lá bem postos? E se o cofre não fecha? E se não abre quando quiserem lá pôr o envelope? E se quando chamarem o homem para reparar o cofre que não abre, o homem traz uma lata de óleo e aquilo cai logo em cima do envelope e além da gordura da manteiga lá fica a gordura do óleo? Uma pessoa está a ver as provas, e já nem consegue trabalhar devidamente só a pensar em tanta possibilidade que há dos outros errarem.

Terceiro: uma pessoa chega com as provas todas bem corrigidas, certo? Lá nos sai aquilo das mãos outra vez! E para onde? Para o bendito cofre, que talvez (ou talvez não) esteja já reparado, e talvez (ou talvez ainda pior, sei lá) tenha ainda para lá umas gotas de óleo a escorrer.

Quarto: Vão desfazer o chamado anonimato. Ai meu Deus. Esta é das piores. Se os números já nem devem estar lá bem postos, se estão cheios de manteiga e de óleo, como é que eles vão ver o que corresponde a quê? Eu não estou nada segura com isto.

Quinto: Vão fazer as pautas, não é? Ha! Deixem-me rir, já nem é preciso dizer mais nada. A caminho da secretaria vão tomar um café. Encontram o Bèlito com uma garrafa de Romeira, estão um bocado ali, chegam à secretaria e pimba, os olhos já se trocam todos. A funcionária, coitada, lá faz o que eles lhe dizem (pobre ignorante).

Ninguém está seguro, não acha?
Está a ver o meu problema Doutora? Isto não é desconfiar das pessoas, mas uma pessoa quer fazer um trabalho de responsabilidade, e sai-lhe isto.

Atenciosamente,

Insegura

LIMPEZAS DO BOME

JÔ COR-DE-CAÇA (chegando com um grupo de turistas japoneses atrás, falando entre o ruído de «flashes» que estalam por todo o lado) - E aqui é o célebre BOME, que desde a II Guerra Mundial tem vindo a acumular lixo e está completamente sub-aproveitado. Iniciámos hoje as limpezas a sério.
Vêem-se trabalhadores esforçados. Máscaras, luvas, mangas arregaçadas. O terrível fantasmadaopera transporta, com visível esforço, ao ombro, uma pesada folha de papel. A3, hein?, uma das maiores.
MADÔ - E vejam lá que uma das desculpas para não se aproveitar a sala, era que o chão tem tacos soltos, e que isso podia ser perigoso! Tch! As desculpas que arranjam...
ALELEX (vindo verificar, dar ordens, etc, enfim, essas coisas) - Tã-tã-tão ma-ma-malucos? Vã-vã-vão dei-deitar fo-fo-fora esta cas-cas-casca de bana-na-na-na-na? E estes caro-ro-roços de p-p-p-p-p-p-p-pêssssss-sego? E esta cai-cai-cai-xa velha de sapatos? Não sa-sa-sa-bem aproveitar?
MADÔ fica furiosa. Tropeça num taco solto. Magoa-se levemente.
MADÔ - Ai! [Este sujeito tira-me do sério!]
ALELEX - Bem se vê que vo-vo-vocês não ti-ti-ti-veram em África. Ali aproveita-ta-tava-se tudo, pá. Tu-tu-tu-tudo. Nós ali, com o ca-ca-ca-cimbo a cair... e os perigos... as ruas infesta-ta-tadas de cor-cor-cor...corcodilos...!
MADÔ - Quais crocodilos qual carapuça (tropeça num taco solto. Sangra já da outra perna)
ALELEX - Peri-peri-ri-gos vá-vá-ri-rios... corcodilos e mulheres, pá, as ruas infestadas de corcodilos e mulherio, pá, coi-coi-coisa ter-r-r-rível... e nós a aproveitar tudo, nada ia pó-pó-pó lixo... eia pá, este fri-fri-fri-gorífico...! Isto vai já pó bar...
FANTASMADAOPERA - Não vamos limpar estes bonecos pintados nas janelas? Este Speedy Gonzalez, tão mal feito...?
MIMI - Oponho-me a isso, pá. Nada de apagar animais. Os bichinhos devem ser sempre protegidos.
MADÔ, desesperada, embate com o pé num taco mais solto ainda do que os outros, cai, torce o tornozelo, grita de dor. Está farta de limpezas. Está farta de Bomes. Está farta de turistas. (Uma parte dos elementos do seu grupo parece-lhe, aliás, feito de turistas). Está farta de tacos soltos. Do Alelex. Sobretudo do Alelex!
MADÔ - Aaaaaaaaaaaaaaaaaagh!!!!

10 julho 2006

AFORISMOS E DESAFOROS (PARA SER VERDADEIRAMENTE HORROROSO)

Alguns/umas colegas nossos têm um ar, como dizer?, tão apoucado que, quando os vemos pela primeira vez, pensamos para os nossos botões: «Não deve ser dotado de palavra». Bem. Quando principiam a falar, quase nos apetece clamar: «Milagre, milagre!» Mas depois, continuam falando: e falam, e falam, e falam. Aí, percebemos o nosso erro: o verdadeiro milagre, seria que se calassem.

UMA CARTA-CORRENTE

Deve-se pronunciar as seguintes palavras, diante de um espelho e segurando uma velinha (não uma velhinha) com ambas as mãos:

«Meu São senhor Gonçalves, padroeiro da eslav, tu - faz alguma impressão tratar o senhor Gonçalves por «tu», não é?, mas com os santos só assim é que a coisa funciona... - tu que velas para que cada um tenha o seu prato individual no refeitório e não haja misturas nem partilhas, estilo um-come-a-sopa-o-outro-o-resto-e-o-terceiro-fica-com-o- copo-de-água, tu que cuidas de que nunca nos falte ali a maçã de cada dia, saudável fruto que mantém o médico à distância (sobretudo se se tiver boa pontaria), faz com que eu não tenha mais do que uma ou duas vigilâncias na próxima fase - e, já agora, que não me calhem vigilâncias a meias com colegas insuportáveis, que os há...»

Esta oração deverá ser repetida cinco vezes; de seguida, vais à varanda - ou, se fores pobre e não tiveres varanda, a uma janela - e grita para a rua: «Viva o Secretariado da eslav!!!»

Envia esta mensagem a vinte colegas.

Não te atrevas a quebrar esta corrente. Olha que te lixas!!!

09 julho 2006

DUAS ÚLTIMAS SOBRE FUTEBOL E PROMETO QUE ME CALO COM ISTO

O Presidente de todos nós, que estava na Alemanha com a filha, convidou a selecção de todos nós para um lanche (que deve ter sido pago por todos nós, mas pela minha parte não me importo, estejam à vontade!) E, durante o lanche, para animar os jogadores de todos nós, lembrou que eramos o único país com menos de quarenta milhões de habitantes que ficava em quarto lugar num campeonato mundial. Adoro estas relações. Que tem uma coisa que ver com outra? Nenhuma das selecções usou mais de quarenta milhões de jogadores...

O Figo e o Pauleta já anunciaram que deixam a selecção. O Gilberto Madaíl também vai largar o seu tacho! Força Portugal! Temos, finalmente, qualquer coisa para comemorar!

DRA. RUTH SEMPRE PRONTA A AJUDAR

Sinhá Dotôra Rutji:
Desta vez nem a Senhora de Caravaggio me valeu. Mas epa que o portuga é ingrato prá xuxu. Vai ver só que vão esquecer que empurrei sua seleção até onde nunca haviam chegado; vai ver que vão esquecer que a seleção treinada por mim conseguiu o gol mais bonito de todo o campeonato (justamente o de Petit, no jogo contra a Alemanha, por acaso contra o Ricardo); vai ver que vão esquecer que devíamos ganhar o prémio pró jogador mais fresco e mais repousado em campo (Pauleta, né?); vão esquecer que peguei num moço com voz de pato e fiz dele herói nacional durante umas semanas; não é que isso me incomode: eu já tava mesmo de saída pra outro país. Mas me irrita injustiça. Que devo fazer?

Sinhôzinho Scolari


Fazer? Agora??? Deixe lá isso. Se não erguemos a taça, há que erguer a cabeça e repetir que eramos o patinho feio deste mundial, que o mundo estava contra nós, que os árbitros estavam contra nós, que sermos a quarta melhor selecção do mundo já é muito bom eeeee... buáááááá
Sua Ruth

Dra. Ruth:
Sou professora de uma outra escola, que não mencionarei, e vou frequentemente ao agrupamento (na eslav) buscar provas de exame. Sinto-me ali sempre muito desintegrada. Olhe que nem me deixam ir ao bar, a pretexto de que não tenho cartão. E ninguém me passa cartão. No outro dia a minha fome era tal, que tive de ir pequeno-almoçar à rulote de um tal «Rei das Bifanas», que estaciona à porta da escola de Linda-a-velha para valer aos deserdados do cartão. Estava por acaso comigo, à janela-balcão da dita rulote, uma professora da eslav a quem também não passam cartão. E sabe o que aconteceu? Apanhámos as duas uma diarreia de três dias. A mulher estava verde e só repetia «Mas vou ter uma vigilância e estou mesmo a ver que não me vão deixar sair por um bocadinho se eu precisar».
Que devo fazer para me sentir ali menos mal?

Desintegrada

Querida Desintegrada:
Deixe lá isso. O bar da eslav também não é nada de especial. Mas há aí um cafezito novo, que é um mimo, de uma professora que se reformou.
Gostei de ajudar.
Sua Ruth

07 julho 2006

SAUDOSISTA X











Deixem-me partilhar convosco este site espectacular... Sim, agora que começamos a ter saudades dos anos 70...80... Espreitem e oiçam os anúncios publicitários, as músicas lindas que (vos) faziam voar, recordem o cheiro das pastiilhas Gorila e das Bombokas... Decifrem o código Blyton e revejam o (nosso) Nodi.
http://www.misteriojuvenil.com/piratas.htm

A REDACÇÃO

Mada estava agitada; passava as mãos nervosamente pelos cabelos loiros alternando com a cintura e ia resmungando -"Eh pá, ouve lá, é que isto tem que estar pronto hoje, ouve lá". Eu tinha ido em seu auxílio e aguardavamos a chegada da Lele para para começarmos a escrever a redacção que a Mada tinha que apresentar no dia seguinte. Ela sabia que muitos professores estavam de olho nela e que aquela redacção era muito importante. Sexta-feira era o dia marcado para a entrega e não havia tempo a perder, por isso, fomos as três escrever para o supercomputador supercobiçado que existe na nossa escola; o único em que se pode imprimir qualquer tipo de documento, desde que seja a preto e branco; o único com o qual se pode contar, desde que o menino Sindroma não esteja lá a brincar e a menina Substitutrix não esteja em vésperas de concurso.
Mada não tinha preferência, para ela qualquer computador podia resolver o problema desde que tivesse teclado. Ela trazia uma disquete e o rascunho da redacção, por isso, pensamos que o trabalho ia ser rápido e que até ia dar tempo para irmos lanchar.
Mas alguém tinha que estragar tudo: Alexlex decidiu ir fazer-nos companhia no computador do lado, fazendo longos discursos acerca dos benefícios do carapau e da sardinha da assada. Sim, a Mada estava a ficar muito nervosa e nós víamos como intensificava os gestos. Tínhamos que fazer qualquer coisa para livrá-la daquela aflição; a redação estava comprometida, mas o computador do lado venceu e conseguiu afastar Alexlex por uns longos instantes. Mas ele voltou e agora queria o nosso computador - não havia quase ninguém na escola, apenas a menina Lara Croft, carregada de provas e dossiers e os funcionários do piquet eléctrico. Ninguém estava a usar nenhum computador, mas Alelex queria o nosso! E queria ligar o alarme, e queria fechar a sala à chave, e queria que nos fossemos embora. Conseguimos expulsá-lo no momento em que finalmente concluímos a redação.
À saída, o Menino-que-nunca-ri estava à espera e a Mada ficou a falar com ele; pareceu-nos que ela não percebeu nada do que ele lhe disse mas acenou afirmativamente. Espero que ela tenha boa nota nesta redacção.
MIMI

06 julho 2006

DIÁRIO DE BORDO DO SECRETARIADO

PRIMEIRO E SEGUNDO DIAS:
Não há registo de ocorrências.

TERCEIRO DIA:
Visita da senhora Inspectora:

INSPECTORA (Muito bem impressionada) - Sim senhora. Há aqui um toque de originalidade que dá a este secretariado um clima... como dizer?... de infantilidade que nunca vi em mais nenhum secretariado. Nem na creche da minha filha conseguem este efeito. Este colorido, estes desenhos...
MIMI - Isto não é nada. Estou a pensar fazer uns brincos de cartolina para os vigilantes. E vou encher a sala do secretariado de balões e de grinaldas. E aquelas cadeiras vão ficar cheias de fitas. E nos cabos pretos das tesouras, tão feios, tão mórbidos, estou a ver se ponho purpurinas...
INSPECTORA (exausta com tanta criatividade) - Bem, bem, bem. Tenho de lhe propor uma mudança de escalão...
MIMI - Mas do que me orgulho mesmo, é da minha ideia de criar ali, naquele armário cheio de folhas de exame e de rascunho e outras porcarias, um espaço para os professores poderem trazer e deixar os seus cãezinhos. É muito importante que os bichos não se sintam abandonados em casa. Coitadidinhos dos cães!

SEGUNDO DIA:
BEBÉ-CHEFA - Olha, Timota, para afixar as pautas tens de ir pedir à secretaria a guia e o registo de ocorrências, mas vê lá se desta vez não se esquecem também do memorando de entradas e saídas e da factura do GAVE. É importante. E olha que da outra vez não tinham carimbado a papeleta dos assuntos vagos.
TIMOTA - [Hum! A Bebé deve estar a falar um dialecto qualquer]. Sim, Bebé.
BEBÉ-CHEFA - Pronto, então vai lá.
TIMOTA (Para outra pessoa que ia passando) - O que foi que ela me pediu???

TERCEIRO DIA:
POCHATO (Aparecendo à porta do secretariado, com um ar tranquilo e bronzeado, a mordiscar com gosto um gelado de chocolate. Senta-se numa cadeira para melhor observar aquela azáfama. Não resiste a dar alguns conselhos) - Ó peixôco, isso não se faz assim, pá. Deixam-te andar aqui à solta??? Nunca lacraste? Este gajo! Olha que era melhor não fazeres nada, pá. Aprende comigo, que eu tenho alguma experiência disso. Slurp, slurp! (Deixa cair um bocado de chocolate na camiseta, e pragueja). Bem, tenho de ir andando. Já vi que se passa aqui um bom bocado, conversa-se, e tal, mas a minha vida não é só conversar. Tenho mais que fazer. Tchauzinho. (Sai de imediato, para ver se não perde o início do Portugal-Holanda).

QUARTO DIA:
Juju Ximaun levou todas as cerejas que havia numa tacinha sobre a mesa do secretariado (para os vigilantes se irem servindo...)

QUINTO DIA:
BEBÉ-CHEFA - Peixôco, não te esqueças do registo de ocorrências e da guia. Olha o memorando de entradas e saídas. A factura do GAVE. A lista dos exames que encolheram, mais o respectivo código. A Lalá da secretaria que passe três cópias.
PEIXÔCO (com pouca vontade) - Três??? Para que diabo é a terceira?
BEBÉ-CHEFA - Para se deitar fora, olha que pergunta! Precisamos sempre de uma terceira para se deitar fora...
PEIXÔCO - Tens a certeza? Bem, se tu o dizes... (sai).
BEBÉ-CHEFA - Se eu tenho a certeza? Se eu tenho a certeza, perguntou ele? UIIIIIIIIIN! BUÁÁÁÁÁÁÁÁ!
TIMOTA (distraída... o que não é habitual) - Estou a ouvir uma sirene. Será a polícia?
BEBÉ-CHEFA - UIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIN! BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁH!!!
TIMOTA (estranhando as lágrimas) - Olha...! Agora chove na sala do secretariado? Realmente, trabalhamos cá numas condições...!
DODÔ (acorrendo, solícita) - Que foi? Que foi, Bebé?
BEBÉ-CHEFA - Foi... ããã... o Peixôco... ããã-ããã-ããã... snurf-snurf... que perguntou... se eu tinha... ããããããã... se eu tinha a certeza...
DODÔ - Que mau! Não ligues, está de todo, o Peixôco! No outro dia disse-me que eu chegava sempre muito cedo. Eu percebi logo onde ele queria chegar... Que não faço cá falta, só podia ser... eu, que tenho dado toda a minha vida à Causa do secretariado...! BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ
BEBÉ-CHEFA - BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ
DODÔ (tentando chorar mais alto) - BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ
TIMOTA - Temos tempestade. E não anunciaram. Os da meteorologia estão cada vez mais a leste de tudo.

CARTA ABERTA AO SENHOR FANTASMADAOPERA, MEU INSEPARÁVEL INIMIGO

Nunca devemos contrariar a nossa própria natureza. Por exemplo: a natureza das mulheres do blogue é serem brilhantes no que toca à inteligência, ao humor, à cultura, à sofisticação; a do planetazul é ser sensível; a do Pochato é usar mariconeras; a tua é seres pavorosamente mau e bruto: as crianças que se aproximavam de ti sentiam os dedinhos rosados e gorduchinhos serem esmagados sob o teu implacável tacão; tinhas sempre a palavra certa para fazer chorar o Pinto da Costa; as caricaturas que fazias de todos nós, teus bondosos e pacientes colegas, eram temidas: causaram muito choro, muito ranger de dentes, muitas coçadelas nervosas. Mas tudo isso constituía, afinal, a tua grandeza.
Enquanto blogaste, fantasma, senti-me em permanente perigo; vigiava a minha própria sombra; mantinha-me sempre em posição de luta. Era estimulante. (Vê o que me aconteceu lá para os lados do Central Park assim que deixei de estar alerta...)
Suspeito que desististe do blogue porque te converteste ao Bem. Que vergonha! Dizem por aí os mentideros que te viram ajudando a Dolores a regar girassóis, malmequeres e buganvílias. Que te viram passear pela trela as tartarugas da escola (com alguma dificuldade e esforço, é certo, para aguentares a passada delas). Que vestes agora uma túnica, que usas sandálias com peugas, que abençoas as pessoas que contigo se cruzam. Consta que a Pré-Ordem já te convidou para uma das suas conferências sobre «Amor e Docência», o que é uma indecência. Contam-me que chupas pastilhas de hortelã-pimenta. Tu!? Pastilhas de hortelã-pimenta? E que bebes chá de tília. Eu não quero crer que tenhas descido tão baixo. Até parece que houve quem te ouviu dizer, perante a oferta de uma garrafa daquele chá da dieta 10: «É bom!» Que raio estaremos destinados a ouvir-te a seguir? «Faz favor» e «obrigado»!?
É assim que queres terminar os teus dias? Bondoso e fraterno? Grato e simpático? Pronto a beijocar as bochechas da dona Lurdes (que as não tem... mas, enfim, o queixo, o fácies, qualquer coisa...!)?
Deixa-te disso. Regressa ao blogue. Sê o que és: horroroso e mau com tudo e com todos, como sempre.

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A MORRER

Sempre ouvi dizer que nunca é tarde! Se esta expressão tem algum significado, se não é uma pura imbecilidade, então não desmoralizemos ainda: demos as mãos, criemos uma imensa corrente para ver se ainda é possível vencermos os franceses

NO DIA SEGUINTE - Balanço da primeira fase

AEC - Senhora Bébé: temos ouvido muitos elogios a esta equipa, que balanço faz no final desta fase?
BÉBÉ - Estou muito contente por poder comandar esta equipa.
AEC - Mas segundo soubemos, o selecionador entregou a equipa já formada...
BÉBÉ - Mas isso não quer dizer que não seja o meu grupo de trabalho, aquele em que tenho orgulho em pertencer. Já reparou no bom ambiente? Na interajuda que há entre os elementos da equipa? Já reparou que jogam todos para o mesmo lado?
AEC - Mas parece que por vezes há umas roturas...
BÉBÉ - Não me parece apropriado falar disso aqui, não é o tempo nem o local certo; é verdade que já houve duas lesões mas isso não nos impediu de trabalhar com o mesmo empenho e dedicação...
AEC - Que balanço faz do dia de ontem?
BÉBÉ - Ontem? Aquilo que aconteceu ontem só prova que somos uma equipa unida e como qualquer equipa com objectivos bem definidos, temos que ter os nossos momentos de lazer e de confraternização...
AEC - Segundo ouvimos dizer, não ficou muito contente com o resultado...
BÉBÉ - Não sei porque é que vocês veêm sempre coisas onde não as há; em qualquer grupo de trabalho ou mesmo sem ser de trabalho há um ou outro excesso, isso é natural. Seja como for, estou muito orgulhosa do trabalho que fizemos.
AEC - E como é que vai ser agora?
BÉBÉ - Agora? Vai ser como foi até aqui. Estamos unidos, com vontade de vencer e de continuar a dar provas do nosso trabalho...
AEC - Alguém comentou que por vezes há problemas no balneário...
BÉBÉ - Quem é que disse isso? Os nossos balneários são públicos, qualquer um pode entrar e usar. Nós não somos favorecidos em relação a ninguém, pelo contrário, como pode ver, trabalhamos que nos fartamos.
AEC - Que prespectivas tem para o futuro? Acha que vai manter-se à frente desta selecção?
BÉBÉ - Não é a hora para falar disso. Até ao fim do mês temos uma tarefa para realizar e a seu tempo o presidente e eu falaremos disso. Agora não é a hora.
AEC - Mas gostava?
BÉBÉ - Já lhe disse que agora não é a hora.

05 julho 2006