31 março 2006

mY fAvOrIt3

Ants de t coñ3c3r aXava q os ms dia$ se reduziam a qq koisa tipo just look around. Agra tud0 fa3 sentido.!!!
Adro levantar de maña i pensar q vou pra Xcola ao teu enKontro, prof Xu$tO F!x0l4.
Qd pa$$o por t! par3ec3 q o m3u c0r4ção Xplode de tto baterrrr. Fico c medo q se rompa a mnha camisola d é dU best, aqela verd q m ofrceu a nini, q diz 1975 , a branco. Talvz o ano em q nascest...
Ok, eu sei q ñ tnh hipotese, eu ñ sou maLuka, só qero q saibas q m dst koragm pra tescrevr sta msg pq screvest 1 txt xpectaCuLaR!!!!
Prof Fixola, @ @ @ AMO TE AMO TE AMO TE @@@@!!! Pr3ciso dizr a t0d0 0 MuNd0 q tou 4P4IXON4D4!!! Prof? adrt*! Bjs*
Fofinha

30 março 2006

ESTRELA DA TARDE


Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

José Carlos Ary dos Santos

DRA. RUTH FAZ SERVIÇO PÚBLICO

Leitoras:

Considero esta tarefa a que hoje meto ombros um verdadeiro serviço público, a pensar em todas as mulheres, sejam elas alunas, professoras ou psicólogas (de repente, não me lembro de mais profissões...), chamem-se Sophia, Mandylion, Thrombone, Maia, Elástica, Lara, Lua, Lula ou Patareca, tenham que idade ou que interesses tiverem. Trata-se da tarefa de explicar o que é um homem. Não é nada do outro mundo: um homem é um bicho relativamente simples, mesmo que tenha estimulado o cérebro com umas quantas chávenas de café. Mas torna-se ainda mais simples se o compartimentarmos, ou seja, se expusermos, em jeito de dicionário, os «tipos» ou os «modelos» de homem que existem.
Vamos a isso?

POCHATO - É o género de homem que só se preocupa com o físico e com a beleza, embora, por falsa modéstia, finja que até se ofende quando lhe falam de beleza. Mas vai-se a ver, e percebe-se que passa horas no ginásio, remando, bicicletando, abdominando, flectindo, dando pequenas corridas em círculo, com uma camisola interior, uns calções, uma fita de pano turco na cabeça, uma garrafa de água numa mão, uma mariconera na outra. A mariconera, aliás, é mais uma prova da inegável vaidade deste homem completamente voltado para o corpo, para o exercício físico e para o vestuário.

PLANETAZUL - Culto, poético, talentoso, teria de ser, por força, uma alma de lágrima fácil, que se comove por tudo e por nada, e que a mínima palavra grosseira arrasa por completo. Pertence a este tipo de homem o nosso querido Jorge Sampaio, ex-Presidente da República, que, num ou noutro momento, por um ou por outro motivo, todos já vimos chorar. Mas se este género de homem é de uma doçura e de uma sofisticação a que nenhuma mulher resiste, não o queiram ver realmente zangado. Afastem-se! É tipo para sacar do seu Descartes e toma!, que aí vai disto...

GREENLIGHT - O típico fulano que se recusa a crescer, o eterno adolescente, a moderna versão de Peter Pan que, mesmo grisalho, cheio de reumatismo e artrite no joelho, continua a acreditar que uns collants e uma capa verdes fazem dele um verdadeiro super-herói. É um marido complicado, que escapa às responsabilidades e tem pouca utilidade em casa. Em contrapartida, pode ser um excelente pai, sobretudo enquanto as crianças são muito pequenas. Mais crescidas, começam a achar pouca piada que lhes dispute os brinquedos ou que as embarace no supermercado, passando a voar, sobre um carrinho de compras, com a capa no ar. Aos catorze anos, os filhos principiam a tentar admoestar este género de pai: «Agora não, pai, tá toda a gente a olhar para ti», ou «Ao McDonald outra vez, pai? Não podíamos hoje ir a um restaurante a sério?» - ao que ele responde: «Tás maluco? E o brinde? Hoje sai o Action Man...»

GUERRA - Este tipo representa o irredutível sedutor. Acredita que, como o vinho do Porto, os homens melhoram com a idade: agarrado a esta mentira, oferece conselhos a quem passa, fornece tácticas a quem se cruze com ele, conta, a quem o queira ouvir, histórias inacreditáveis dos seus áureos anos e narra fantasias ainda mais inverosímeis acerca do presente. É um pegador de caras, cuja voz atroa os ares, como tiros de canhão, e que nunca passa despercebido. Como uma grafonola, está sempre em «on» e com o volume no máximo.

FANTASMADAOPERA - É o falso brutamontes, o falso neanderthal. Se à primeira vista causa um arrepio de pavor pelos seus modos desabridos e contundentes, cedo passa de urso das cavernas a ursinho de peluche, ansioso para que reparem na sua tristeza, nas suas retiradas, e lhe passem a mão carinhosamente pelo pêlo. É capaz de dar a camisa a um companheiro. Bem. Desde que não seja a camisa do Benfica que usa nos grandes acontecimentos. Essa, tá quieto: nem que o companheiro estivesse nu e a morrer de frio...

Isto é um esboço ainda primitivo, e reconheço que me faltam aqui dois ou três modelos essenciais. (O «Chefe», o «Menino de sua mãe», etc.) Mas falar de homens é uma coisa que acaba por me cansar. Se me apetecer, voltarei à carga noutro dia. Entretanto, já sabem: desejo que as vossas próprias experiências possam iluminar as minhas investigações. Agradeço que contribuam.

Até lá,

sempre desejosa de ajudar,

Ruth

29 março 2006

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: NOVOS PROJECTOS DE UM GÉNIO

já perssebêrão k o mêu porjéto não pôude ir ávante. o cão nunka mais aparesseu. çenif çenif. purtanto fui ter com a purfeçôra de siênssias e esplikeilhe kual éra a minha ideia e porkié k não pudia realizála. a minha prófe de siênssias dezatôu a rirçe. fikei muito dsconfiádo e pregunteilhe (tá a guzar cômigo stôra) e éla diçeme (nada disso cara danjo nunca ôvistes dezer que á peçôas que xórão de felissidáde. atão çe á peçôas k xórão de felissidáde êu póço rirme de tristeza não póço. tou muinto triste pq o têu porjéto não póde çer realizádo). e dezendo isto cumessôu a rir tanto que até se atirôu ó xão tão triste éla táva e cumessôu a bater con os punhos no xão. éra mêsmo teristêza iço éra k até as lágerimas lhe saltávão. diçelhe k não çe priocupáçe pq êu çabia muinto bein k éra 1 géniu e avia mais idâias de donde ésta vinha. (óra iço é k me póde fazêr xorár) rspondêu a purfeçôra. éla keria dezer xorár de felissidáde perssebia lógo. pois êu çei k çou 1 géniu até pq a minha istória é parssida com a do nilton o bacano que inventôu a lei k manda as coisas caírein. kuando êu éra puto taméin me caíu uma massã em ssima da cabêssa. adiante. fui atão lógo pençár ein nóvos porjétos. tive imenças idâias k ando a tentár dezenvolvêr e k até vôu uzár pra tôudas as dichipelinas. por izemplo pra filusufia tenho 1 bon têma k é (çerá k as minhas nótas a filusufia izistem mesmo ô çerá k ção 1 iluzão dos çentidos). êste têma intréçame ispessialmente e tentêi esplicálo ó meu cóta mas nunca vi 1 espírito tão pôuco filusófico mén. mostroume tipo a mão aberta e preguntoume (ólha não keres vêr çe a minha mão taméin iziste mêsmo ô não). por iço é k tâmos çempre no çensu cumun óra bólas. ôutro porjéto k inda não çei pra k dichipelina çervirá é tentar descubrir como é k çe cálão as meninas da piza ut kuando vêien lá con o bonézinho preguntár o kié k a gente bébe e respondemoslhe (1 cócacóla) e élas (grânde ô pekêna) e nós (grânde) e élas (láite ô nórmal) e nós (nórmal) e élas (frêsca ô naturál) e nós (frêsca) e élas (con jêlo ô çein jêlo) e nós (con jêlo) e élas (con limão ô çein limão) uffff. bêin. mas prá minha kerida prófe de siênssias já teinho 1 idâia ispelêndida. o k vôu investigár é 1 coisa k çempre m espantôu bué purkié k kuando descálsso as mêias élas fícão tipo çempre coládas ás plantas dos pés. adeus pipâl. teinho de ir trabalhár.

28 março 2006

COMO SER FIXE SEM TER DE SER SOARES: AS EXPERIÊNCIAS DE JUSTO FIXOLA, PROFE À MANEIRA

O meu nome é Justo e os garotos tratam-me carinhosamente por Fixola. Sou um profe aberto a quase todas as experiências em que os alunos me queiram iniciar. É a forma de me manter permanentemente jovem e culto. Sou um homem ilustrado. Quem me ilustrou, aliás, foi o Porreta. Fez-me várias tatuagens nos braços. Não usou agulha, porque isso parece que dói que não é lá brincadeira. Mas usou guaches. Pintou-me, num braço, uma águia feroz a furar com o bico o olho de um lagarto, enquanto com as garras quebra a coluna de um dragão. No outro braço, desenhou uma folhinha, que não sei exactamente o que significa, mas ou é o símbolo do Canadá (uma folha de plátano em ponto pequeno, não é?), ou a parra de Adão, ou uma espécie de trevo bizarro para dar sorte; tem, porém, uma inscrição enigmática por baixo: LIBERALIZAÇÃO JÁ! É uma graça, penso eu; O Porreta, que é um bem intencionado, devia querer referir-se à liberalização da sorte, de maneira a que toda a gente tivesse direito a um pouco de sorte neste mundo de azarentos. Seria isso...?

Também não me importo de usar um boné que eles me ofereceram. É bem bonito, à João Rôlo. Mas, por exemplo - para verem que mantenho uma certa compostura, que não cedo em tudo - não aceitei que me pusessem piercings. Até me arrepiei com a ideia: é que eles falavam em pôr-mos num órgão que eu gosto de trazer guardado, que não ando por aí a exibir (era o que faltava), e para que reservo outras funções que não meramente decorativas: a língua. Nem pensar, disse-lhes eu. Com a língua falo e saboreio. Mais nada.

Não deixo, obviamente, de ser um educador. No outro dia, num banco à porta da escola, por exemplo, vi que estavam uns miúdos a fumar e senti necessidade de dizer-lhes que isso fazia mal à saúde, que atacava os pulmões, etc e tal. Embora, depois, ficasse com pena deles, coitados, porque a juventude não tem muito dinheiro, de modo que só tinham um cigarrito, que eles próprios haviam enrolado com os dedos, e que iam passando de mão em mão, a chupar com uma força doida, como se o quisessem engolir. Aí, confesso, fiquei com pena da rapaziada, e lá acabei a partilhar com eles o cigarrito que a sua mesada curta consentia.
Aquilo era giro. Os miúdos iam lançando exclamações de prazer: «Iáh!», «Booom», «Curtido!». Pareceu-me que um deles fixava atentamente um pedregulho que ali estava no chão. Devia ser verdade, porque, a seguir, comentou: «Q'a g'anda pedra!». Concordaram todos: «Iáh, meu!», «De mais...». Também concordei: era, de facto, um pedregulho gigantesco, mesmo ao pé do meu pé.
Não estou habituado a fumar: fiquei, até, com uma espécie de zoeira; mas depois, certamente por causa da companhia daquela juventude, comecei a sentir-me muito relaxado, muito tranquilo, completamente em paz com o mundo inteiro...; e tive mesmo, reparem, a sensação curiosa de que levitava, de que eu já não era eu. Interessante. No fundo, como a companhia de jovens nos faz sentir tão jovens...!

O problema é sempre a incompreensão. Por exemplo, umas garotelhas estúpidas riem-se quando se cruzam comigo e reparam no que trago escrito na minha t-shirt: «Just do all you want with me: I'll love it». Vá-se lá saber porquê.
E um puto ordinário, ao ver-me passar de prancha de skate debaixo do braço (o Porreta quer dar-me umas lições de skate), gritou-me: «Ei, cota! Isso é o novo modelo de cadeirinha de rodas, para te deitares nela em vez de te sentares?» Imbecil.
Mas a mais incompreensiva de todos está na minha prória casa, vive comigo todos os dias, dorme comigo na cama. É a minha mulher.
A minha mulher manda-me lavar as tatuagens - coisa que eu prometi ao Porreta que não faria, porque ele quer bater um record: quer ver se aquela tinta se aguenta um mês nos braços de um gajo.
A seguir, a minha Catarina desata a achar estranho tudo o que eu digo. Afirma que estou demasiado lento, que rio muito, e quer saber se bebi. Por fim, pergunta-me o que fumei.
- Um cigarrito com uns putos!
- Que tipo de cigarro...? - insiste ela, não percebendo a minha alegria, a minha vontade de paz e de amor. Sei lá eu que tipo de cigarro!
Põe-se-me então a fungar-me à volta.
Finalmente, remata:
- Ao que tu chegaste!

Vejam lá ao que chegou mas foi a incompreensão do mundo. Ser fixe não é para qualquer um.

ADVERTÊNCIA: Esta história é uma pura peça de ficção. Não se deve tomar como propaganda à escola (do ponto de vista de alguns) nem como uma história de terror para os pais. Não existe um tal professor. Não existem tais alunos. Não existem, que eu saiba, tais rituais. O referido pedregulho não existe. Pergunto-me muitas vezes, de resto, se eu próprio existo!

DADOS DO INQUÉRITO (Anónimo)

Resultados provisórios do inquérito aos profs da ESLAV, utilizando já o computador portátil (386), enviado à consignação, com que o Ministério contemplou a Escola:

IDADE
+ 35 anos____ 20%
- 35 anos____ 80%
Nota: Parece que algumas meninas não foram totalmente sinceras! (não se perguntava a idade de espírito!)

SEXO
Fem.________ 70%
Masc._______ 18%
N/S ou N/R___ 12%

ALTURA
+1,80 m______70%
-1,80 m______30%
Nota: Deve ser introduzido um factor corrector de 10 cm para os saltos altos e aspirações a miuda do gás

PESO
+ 60Kg______5% (desconfio do Rocha e do Guerra+Abel com Pochete)
-60Kg_______95% (inclui Abel sem Pochete)
Nota: São bem notórios os efeitos da dieta 10 (dez) e algumas balanças desafinadas.

COR DOS OLHOS
Castanhos___40%
Verdes_____15%
Azuis______15%
Tem dias____30% (depende das lentes)

COR DO CABELO
Este dado não foi analisado por ter sido considerado irrelevante.
A elevada utilização de corantes (e conservantes) não permite considerar estáveis os resultados obtidos; de qualquer modo nota-se uma elevada predominância do Loiro_Garnier.

27 março 2006

DOCUMENTO (SERÁ «DESPACHO»? OU «CIRCULAR»? PEÇO DESCULPA POR AINDA NÃO SABER DISTINGUIR)

A senhora dona ministra da Educação prometeu que todos os professores teriam o seu portátil.
Os professores duvidaram. Alguns foram sarcásticos. Ninguém levou a sério a senhora ministra.
Pois o ministério honra-se de cumprir as suas promessas. Para o efeito, vai disponibilizar para cada escola três (3) computadores portáteis.
Para os receber, deverá cada comunidade escolar apresentar, no prazo de uma semana, um projecto de utilização desses computadores, com um mínimo de 430 páginas de explicações rigorosas e bonecos, de modo a que possamos compreender todos os pormenores.
O referido plano deverá levar em consideração os seguintes aspectos, absolutamente essenciais, sob pena de desclassificação:
a) prova, exaustivamente documentada, de que os professores irão, com o novo apetrecho, melhorar as suas prestações
b)prova de que o que se pretende pôr em prática não poderia ser realizado com um simples quadro e um pau de giz
c) apresentação do boletim de vacinas de todos os elementos envolvidos na organização do projecto
d) apresentação de um atestado de saúde psíquica dos mesmos.

Terá de ser ainda dada a garantia de que:

1. Não serão colados bonecos de gatinhos nem de outros animaizinhos no referido material (soubemos de escolas em que isso foi feito nos cacifos)
2. Nenhum computador será desviado do fim para que foi previsto (soubemos de escolas em que as fotocopiadoras servem para fotocopiar receitas de cozinha)

Assinatura ilegível

INQUÉRITO PARA AFERIR DA SATISFAÇÃO DOS PROFESSORES COM A ESCOLA

MUITA ATENÇÃO: NÃO ESCREVA O SEU NOME EM NENHUM LUGAR DA FOLHA: ESTE INQUÉRITO ESTÁ CIENTIFICAMENTE PREPARADO PARA PRESERVAR O MAIS ABSOLUTO ANONIMATO. OBRIGADO.

Idade:
Sexo:
Altura:
Peso:
Cor dos olhos:
Cor do cabelo:
Mesa da sala de professores em que tem o seu poiso habitual:
Marca de cigarros que fuma (caso seja fumador):
Marca de cigarros que não fuma (caso não seja fumador):
Morada:
Marca, cor e matrícula do automóvel em que se desloca no pecurso casa/escola/casa:

Departamento:
Tempo de serviço (descontando os tempos passados na sala de professores):

PERGUNTA:
Está satisfeito na escola?

Se a resposta for «sim», pontue, de 1 a 10, o grau do seu «sim»:

Sim-escola-uau! (10) / sim-sim (9) / sim-mais-ou-menos (8)/ sinzinho (7)/ sim-simplório (6)/ às-vezes-sim (5)/ sim-não (4)/ quase-que-sim (3)/ sinzento (2)/ será que sim??? (1)

Se a resposta for «não», explique:

a) Não, porque sou idiota
b) No, 'cause I can get no satisfaction
c) Não, porque o blogue da escola faz com que eu tenha nojo dela

25 março 2006

DE UMA VEZ POR TODAS

Após anos de investigação, um grupo de iluminados (patrocinados pelo novo Museu da EDP), obteve a planta ideal para a sala de aula do ensino básico.
Acaba-se assim, de uma vez por todas, com a necessidade de convocar os Conselhos de Turma para decidir o que agora está decidido.



24 março 2006

DRA. RUTH ACODE AOS TRAUMATIZADOS DA THROMBONE

Aquando da I Grande Guerra, sob o efeito trágico dos gases (não só porque as condições da guerra provocariam alguma flatulência, mas porque se inventaram e se experimentavam novas formas químicas para tentar vencer os inimigos), vários soldados regressavam a casa de olhos perdidos no infinito, rostos fixos, gestos lentos, incapazes de reunir duas ideias, como alguns alunos (e até alguns professores) da eslav: eram os «esgaseados».

Sucede que, neste momento, assistimos, sob o efeito pernicioso de uma coluna do blogue (O Xique e o Xoque), a uma série de homens que me chegam ao consultório num estado semelhante: alguns, mal tentam explicar-me o seu tormento, principiam logo a chorar e já não param. Eu própria acabo a chorar com eles, trocando de lenços, dando palmadinhas mútuas nos ombros. Outros têm o mesmo olhar errante, mostram a mesma depressão mórbida. De modo que resolvi hoje responder a várias cartinhas destes novos esgaseados - os trombonados.

Passemos, de imediato, ao primeiro trombonado:

«Querida Dra. Ruth:

«A vela que arde lentamente, preocupa-me do ponto de vista filosófico: à medida que vai mudando de forma, que se derrete, pergunto-me - Será ainda a mesma vela, agora que se metamorfoseou? Será que há tantas velas quantas formas ela vai plasticamente tomando? Será que, se filosofo de mais e me distraio, ela pode pegar fogo aos meus papéis? Será que ainda leva muito tempo a derreter? Haverá alguma possibilidade de eu próprio derreter primeiro do que a vela?»
René Descartes, Princípios de uma Filosofia à Luz da Vela, Ed. Incroyable Pochette, Paris

Esta citação, Dra., diz tudo o que eu não seria capaz de dizer, mesmo que não tenha nada que ver com o assunto que aqui me traz e mesmo que o meu problema, de facto, seja outro. Mas não faz mal, porque queria arranjar uma citação de Descartes, e esta foi a única que consegui encontrar. Serve.
Vamos agora ao que interessa.
O meu problema tem nome: Paula Thrombone. A senhora leu o que ela escreveu, na semana passada, acerca dos homens da escola? Essa fútil, que só liga às aparências, ao exterior...? Eu, pelo contrário, só me preocupo com a essência: o interior. E posso assegurar-lhe, Dra. Ruth, que toda a minha roupa interior, das peúgas à camiseta, passando pelas boxers, é Hugo Boss. Ora, viu?, nem uma única referência da senhora Thrombone à minha interioridade, às peúgas a condizer com a camiseta...! Só me apetece chorar!
Ass: Planeta-outrora-azul-e-hoje-cinzento-de-tristeza»

Caro Planeta: Então, chore. Tive prazer em poder ajudá-lo.


Passemos a outra carta:

«Querida Dra. Ruth:
O panorama é este:
Há uma pessoa que, sabendo perfeitamente quem é, não deixa que os outros o saibam, e não sabendo quem sou eu não quer saber se eu sei ou se não sei que os outros não sabem que eu não sou ela. O pior é que essa pessoa ofende meio mundo. E deixa que os outros pensem que sou eu que os ofende. Como? Não dizendo que não sou eu que os ofende. Todos pensam que quando ela os ofende sou eu mesma quem ofende os que pensam que ela os ofende porque pensam que ela sou eu. Tudo isto me perturba. Já não sei que pensar: será, Dra., que sou realmente eu a Paula Thrombone???
Ass.: Anônima»

Querida Anônima:
Acontece que eu não sei quem é a Thrombone nem sei quem é a menina. Como quer que lhe responda? Tive gosto em poder ajudá-la.

E, por hoje, uma última:

«Querida Dra. Ruth:
Neste último Xique e Xoque, que acabo de ler, ainda mal refeito da surpresa e cheio de raiva, a senhora Thrombone refere-se, sem papas na língua, ao meu apêndice nasal, que era um problema que eu vinha tentando esconder. Se não me ofendi com o anterior artigo desta falsa fina, indigno-me agora. Começo a ganhar complexos de inferioridade. Pode ajudar-me?

Ass.: Paxhêku»

Caro Paxhêku:
1. Desengane-se: não é possível esconder o seu apêndice nasal.
2. Um apêndice dessa envergadura nunca deveria provocar complexos de inferioridade: uma coisa tão descomunal só pode provocar complexos de superioridade.
Tenho sempre gosto em poder ajudar.

Vão escrevendo, que, se tiver tempo, responderei: gosto muito de ajudar.

Vossa,
Ruth.

O XIQUE E O XOQUE

Ah, ricas e ricos, eis que chegou a Primavera: tempo em que andam pelo ar os passarinhos e os espirros. E no entanto, por cá, continua a chover. Chove de tudo um pouco: chuva mesmo, irritações, citações, insinuações, lamentações...
De maneira que para vencer a depressão, ponho mãos à obra, mais tarde do que o costume porque a verdade é que eu própria fiquei um pouquito apardalada com a maneira como fui lida. Vamos a isto.
E não é que é um... Especial homens!? Eu sei, lindos! Pronto. Eu sei, eu sei, eu sei! Sei que disse que um especial homens na minha coluna era de todo inviável. Mas uma mulher como eu, que se preocupa com os pobres e desfavorecidos é uma mulher que tem sentimentos. E quando vejo um homem a chorar... ai!, pronto, confesso, aí é que o meu coração se parte em pequenos e requintados pedacinhos (ai Jesus, que isto agora soou-me um pouco ao Aníbal... não ao Cavaco, queridas e queridos, que disparate! ao outro, o dos inocentes ou lá o que é. Olhem, perguntem à Lullaby que ela explica-vos, pronto).
Resolvi então observar mais atentamente o núcleo masculino da nossa alegre comunidade, e hoje, queridos, não me escapam! Vou percorrer a sala de professores, e de uma ponta à outra! O que está a dar nesta Primavera é, curiosamente, a gabardine à Humphrey Bogart: o Gugu da Gagá, o Jean-Paul, todos de gabardine, lindíssimas, de cinto dependurado nas presilhas, um luxo. Percorramos a sala até à zona do fumo, e detenhamo-nos na mesa do português suave. Miguelito, querido: eu acho que o menino é um tudo nada hard rock, tá a ver? Convenhamos que essas roupinhas roqueiras que o menino usa às vezes, podiam ser substituídas por uma coisinha mais chique, verdade? Tem que realçar melhor as suas qualidades, percebe? Mas pronto. Esse seu olhinho azul, rico... é um must! Sempre na moda, o azul. Uma cor in-tem-po-ral!
E não deram, meninas, por um novo colega que no primeiro dia em que se apresentou vinha de casaco de veludo cotelê beige? Foi certamente para se integrar desde o primeiro dia. Alguém lhe terá soprado que era esse o uniforme masculino da escolinha da Linda. Numa certa mesa (que mázinhas!) fazia-se, precisamente, este comentário.
E a fatiota do chefe, que apresentava também uma variante? Havia ali um colorido de todo imprevisível, que lhe dava um ar tão... tão... fresco, tão a ver?! Já que falo no colorido, há um colega que prima pela variedade tonal - ele é o laranja combinado com o azul e o azul combinado com o laranja... que por sua vez combinam na perfeição com o loiro do cabelo. Sinto-me transportada por uma onda que me devolve uma brisa marítima que me faz sentir VIVA! E é isso, queriduchos, que me dá est look invejável.
E agora, o que é que falta? Ah, bom! Se falamos de homens, não podemos esquecer a mesa do tio Aristóteles, do tio Platão, do tio René, do tio Emmanuel, do tio Friederich! Impossível deixar passar esta mesa, ricos! É que há aqui um menino que encanta com a sua aura de filósofo! Já percebi que tem complexos com o seu apêndice nasal, querido, mas isso é um disparate, digo eu que percebo destas coisas. Lembra-se do Cyrano? E veja lá onde ele chegou!
Vá lá, vamos abandonar o taciturno cinzento que ensombra os vossos rostos e vamos sorrir de novo. É para isso que isto serve, não acham? Um grande chuac, queridas e queridos (só um, que é mais fino). E não se cansem a dizer mal de mim, nem me levem demasiado a peito, que palavras leva-as o blogue, nem leiam conspirações onde não há má intenção, nem me atirem com o Descartes à cara, porque tudo isso faz muita ruga, queridas e queridos, muita ruguinha.

CONCORDA COM A ABOLIÇÃO DAS MATRÍCULAS?

O Rei das Bifanas, sportinguista proprietário duma rulotezinha de comes e bebes - Isso é bluff! Então a quem é que a BT passava as multas? Os gajos tiram aquelas fotografias na estrada apanham o quê? Suponha que me esmurram a rulote num dia de bola, é a matrícula que eu tenho que dar, não acha?


Dra Ruth, propietária duma coluna no blog e autora de desabafório virtual - Oh! Não me diga que vão acabar com isso. Já estou a ver chover cartinhas dos meus leitores. Não vou aguentar, acho que vou meter férias.

Professor Barnabé, professor que franqueia a escola e se dirije invariavelmente à direita - Que boa ideia! Tudo o que seja para reduzir o trabalho na secretaria é bom para a escola e para a sociedade em geral.


Timy, rafaeira abonecada de olhos azuis, patinha branca e supermeiguinha - Logo agora que eu ia matricular-me pela primeira vez! Só o Noé é que sabe o que me tenho esforçado por me integrar na comunidade. Isso não é justo.


M&M, Lidl da oposição, derrete-se na boca e não nas mãos - Isso é propaganda!

23 março 2006

CONVERSANDO...

UM PEDAÇO DA CONVERSA COM O (A) ENIGMA DO BLOG

P: Estás disposta a declarar a tua identidade no Blog?
R: «Fuhhgeddaboutit! É assim que um nova-iorquino pronuncia "Forget about it!" Um outro modo de dizer "De jeito nenhum!" Exactamente o que responderia se me fosse posta a questão “Revelarias, no blogue, a informação sobre a tua identidade ou estado civil?”»
P: Alguma razão especial?
R: A reserva nesta e noutras intimidades depende do autor, não necessariamente rodeio à verdade ou estratégia sedutora (a brincar ou a sério, há quem defenda andarem por aí uns homenzarrões, reais ou figurados, à cata de íntimas denúncias femininas).
P: Explica lá isso melhor...
R: Tento de mui e variadas formas salvar a boa-conta que me resta da fracção pirilóica da humanidade, e seria patético imaginar gente adulta babando-se pela publicitação da disponibilidade civil da blogueira(o) ou ignotos detalhes de gineceu. Aos blogueiros, compagnons de route, faço a fineza de os presumir informados dos rudimentos daquilo que ao feminino concerne e interessados em assuntos de maior elevação do que número do sutiã, se optámos pela depilação radical, se gostamos dele assim ou assado, pela frente, atrás ou de lado. Refiro-me ao fecho das saias, claro!
P: Influenciaria a profundidade doa artigos?
R: Dados pessoais – existência ou nome de companheiro, marido, filhos, amante, cão ou periquito em cativeiro protegido – condicionam a liberdade de escrita por chamarem à colação quem, caso exista, para ali não é chamado.
P:Queres dizer mais alguma coisa?
R: Aos amigos do Blog deixo-os com gotas de condensado vapor de água – uma nesga de sol inclinada a preceito e matéria tão singela desdobra-a em sete radiações! Visíveis, porque muitas mais o olho nu não captura.
Casada, solteira, viúva ou divorciada? - Fuhhgeddaboutit! Ao caso pouco importa.
E agora digam lá se isto não é chique para alguns e choque para outros...?

Obrigado enigma e até à proxima.

Nota : Este artigo será publicado no próximo número de A Trombeta (Semanário, mensal, saindo quinzenalmente, todos os dias a esta mesma hora)

AFORISMOS E DESAFOROS (8)

Há com certeza alguns, mas como não conheço muitos não-fumadores que sejam pessoas interessantes, posso pedir às pessoas interessantes que conheço que tentem não fumar tanto?

AFORISMOS E DESAFOROS (7)

Certos espíritos habituam-se de tal forma à convivência com a poluição, que, perante a simples proximidade de água límpida, não podem deixar de sentir uma leve repugnância

22 março 2006

OUTRAS SALAS

Apesar da carpete ser parecida com O Arraiolos da sala de profs da ESLAV estou em condições de assegurar que esta sala não é nossa!.. (Talvez pela elevada densidade de homens?)

CARTA DE INGLATERRA: POR JOÃO CARLOS ESPADARTE

Ah, meus leitores, vocês não adoram, como eu, tudo o que é genuinamente «bristish»? Este nevoeiro denso, este frio que nos arruina os ossos, este ar de velhice que aqui impregna a mais pequena parede, chá com scones, Trafalgar Square, ou Woody Allen que, no seu último filme, se tranformou num inglês da mais pura casta, ou Sir Karl Popper (que era austríaco, mas também se converteu aos ingleses)? Não adoram, precisamente, estes estrangeiros (americanos, austríacos, portugueses) que apreendem a essência mais íntima do ser britânico? Não adoram portugueses que vivem em Inglaterra, convivem tu-cá tu-lá com os grandes pensadores de Oxford University, tomando com eles o Five o'clock tea - portugueses com essas características e cujo primeiro nome seja José? Isto é, não me adoram? Ah, adoro tudo isto. Como me adoro!

Puxam-me pela manga. Dizem-me que há outro português nessas precisas condições. «Quem?», pergunto, levemente chocado. «José Mourinho», respondem-me. E eu torno a perguntar: «Quem!?»

Ah, sim, Mourinho. Agora me lembro. Mas esse não conta, porque, em comparação comigo, ele sofre de um grande problema de vaidade, de que deveria tratar-se: é insuficientemente vaidoso. Eu ensinava-lhe...

Já eu, é preciso não esquecer, privei de perto com Sir Popper. E se pouco ou nada disse acerca dele, na altura da sua morte, quando me entrevistaram para um programa chamado «Sir Karl Popper», foi para prestar-lhe um tributo: achei que a melhor homenagem que poderia fazer ao meu mestre seria falando de mim próprio - que ele tanto apreciava...

Posso, no entanto, revelar agora - nunca é tarde - como assisti, uma manhã, ao espectáculo de Sir Popper construindo, digamos assim, diante dos meus ouvidos, uma teoria.
Disse-me ele:
- José Carlos, você nunca deixará de me surpreender.
E como eu fizesse um gesto modesto, concluiu com esta enigmática afirmação, à qual dedicarei um livro:
- O vazio é o sustento de tudo quanto você diz, pensa ou faz.

Um elogio destes, tão subtil que, à primeira vista, nem parece um elogio, é tipicamente inglês. Penso, de facto, que os ingleses são os melhores do mundo, e que fazem tudo melhor do que os outros, sobretudo do que os portugueses: inclusivamente, cantar o fado ou dançar o fandango.

Em nenhum outro lugar consigo que me dêem tanta atenção.
Hoje, por exemplo, tomando chá com Margareth Loane e John Blyth, que mais do que dois deliciosos velhinhos (sei porque, sem querer, provei a ponta do nariz da senhora, quando me preparava para a beijar) são, sobretudo, os sociólogos da moda, pude ouvi-los debater ideias um com o outro, voltarem-se para mim, dirigirem-me a palavra («Cale-se, João Carlos, não nos interrompa!») e, por fim, tive o prazer de a ouvir discutir e contradizer - amistosamente - o meu ponto de vista, dizendo-me:
- Não, não, João Carlos. Lamento, mas não lhe pedi que me passasse a torrada, pedi-lhe que me passasse os scones

21 março 2006

21 DE MARÇO: DIA MUNDIAL DA POESIA

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

20 março 2006

PASSANDO OS OLHOS PELOS BONECOS

Medicamento pode fazer regredir a aterosclerose -
Droga para tratamento do colesterol reduz gordura nas artérias e pode evitar cirurgia





Árvore centenária abatida em Faro -
Depois de alguns anos ao abandono, acabou por morrer por culpa da autarquia que não a soube preservar

PARA UMA NOVA VISÃO DAS COISAS, PÁ!: POR ZÉ ABREU

Eh lá! Hã? Eu penso que o bló de uma escola deveria ser representativo de todos os sectores culturais dessa mesma escola. Um gajo devia poder ir ao bló e reconhecer-se em alguma coisa, hã?, sentir que algum dos textos era feito por alguém como ele para alguém como ele. Ora não me parece que esteja a acontecer isso. A tendência é, cada vez mais, para um estreitamento cultural. Como se só uma elite de pessoas a armar ao fino e ao intelectual é que ali tivesse voz. Homessa! Por um lado é a dona trombone, com os seus chiques e os seus chiliques, que não diz quem é e ainda bem para ela, porque senão já lhe tinham ido com certeza à trombeta: sei que centenas de mulheres a odeiam. Homens, também, alguns. Ah, sim, é cá um pressentimento que tenho, chamem-lhe intuição masculina: é que eles mo disseram!!! Claro, como os homens são mais pacatos, entre eles não há assim muitos, muitos, muitos a odiá-la; não devem chegar a uns dez, isto é, são só todos os professores da eslav.
Por outro lado, é a lula espanhola, finíssima, que, pelo que escreve, parece que passa a vida no cinema. Mestre Visconde para aqui, não sei quem para ali. (E, já agora, «mestre» porquê, ó planeta? O homem também era cozinheiro?) Aliás, deixem-me dizer-vos que fui atrás do conselho da senhora e paguei um balúrdio para ir ver O LEOPARDO, e só vos digo: que grande barrete! Eu que estava à espera de um filme de caça - gosto muito de caça e de pesca! - e nada, nem um leopardo para amostra, só uns salões, e umas danças, e um tipo de bigodes com uma mulher histérica... uf!!! Quem vê daquilo? Hã? Deve ser mesmo para armar, como a tal de missilástica que também veio gabar imenso um filme chamado virimanha, ou lá o que é, embora a seguir confessasse que não conseguiu perceber patavina porque estavam a comer pipocas na cadeira ao lado. (Quer dizer, o filme era tão interessante, tão interessante, tão interessante, que até o espectáculo de uns namorados a comer pipocas teve mais sucesso...).
Devem pensar que são umas rainhas, está visto. Ora rei sou eu e não me ando para aí a gabar. E é que sou. Tenho uma rulotezinha, quando há jogo de futebol estaciono-a diante do estádio ou, noutras alturas, à noite, à entrada da marginal, e vendo ali umas bifanas que são de chorar por mais. Todos me conhecem pelo «REI DAS BIFANAS» - e ando por aí a armar ao pingarelho? Não ando.
Ora, para as pessoas como eu, com o meu gosto, com as minhas preferências, também venho hoje dar uns conselhos e falar de umas coisas.
Em primeiro lugar, no que toca à música. Eu não sou cá de kuduros nem de hip-hops. Isso irrita-me e gasta-me os ouvidos. Prontos! O meu género é mais o clássico. (Pensavam que era algum labrego, não? Já vos disse, sou um rei...). E dentro do clássico, recomendo-vos um cd que nunca me canso de ouvir, e que é um verdadeiro clássico português: o fado «Emigrante, Vem Devagar», que alerta para os cuidados que os nossos bons emigrantes, que andam a fazer pela vida lá fora, devem ter quando regressam ao seu cantinho, durante as férias. Nada de pressas, as estradas são más, os acidentes ocorrem. Fala-se ali de famílias inteiras enlatadas por causa da pressa de chegar. Nunca oiço esse fado sem ficar com os olhos cheios de água.
Outro conselho. Já que vimos que não vale a pena ir ao cinema - a não ser para comer pipocas - por que é que não pega na família e não vai jantar ao restaurante do meu tio Matias, «O TAGARELA»? Ambiente sportinguista, leões empalhados por todo o lado...! O meu tio é fino, não é uma paula trombone mas tem guita, e para o mostrar até faz questão de servir à mesa enquanto fala ao telemóvel - último modelo. Ali toda a gente pode fumar à vontade (parece a escola). A única vez que me lembro de alguém ter sido posto fora foi por estar a gritar que não amandassem fumo para cima da avó fraca dos pulmões...
E uma coisa: se forem, hão-de querer, com certeza, dizer ao tio que vão da parte de alguém. Acho muito bem. Nós, na família, somos todos muito unidos e o nosso lema é «Amigo do nosso amigo nosso amigo é». Digam, pois, que vão da parte de quem quiserem - menos da minha, porque eu devo uns aéreos ao tio e ele, à conta dos amigos dos amigos serem seus amigos, é pessoa para acrescentar a minha dívida à vossa conta.
E prontos! Por agora vou. Mas não se esqueçam: há cultura e cultura.

19 março 2006

OS SUPER-HERÓIS NUNCA DORMEM

Após período de hibernação, os super-heróis mexem de novo. Refeitos do choque que os acometeu, os sujeitos enchem-se de predicados e recomeçam a dar nas vistas com os polémicos apontamentos que vão tirando nas suas cobiçadas sebentas. Mais nervosos do que Maria no dia da tomada de posse da sua prole no cargo de família presidencial, no fim-de-semana atrevem-se a retomar a escrita e tudo o mais eu lhe der na real gana.
Sindroma, ainda com marcas bem visíveis deixadas pela pequena Daisy na camisola e nos olhos, atreve-se a realinhar os registos, alguns já fora de prazo; Elastigirl corre ainda mais, agora que o tempo até à Páscoa parece fugir, expondo a sua fraqueza na relação com a cadela Eslava Timy Cata Cavaco e Silva. O tempo mal dá para escrever no blogue, mas esforça-se; AbelhaMaia, a comentadora, verticalmente assume o seu posto de traficante de pedras preciosas que expõe descaradamente na exposição do polivalente; Lara Croft exibe orgulhosa a sua imaculada bata branca enquanto procura nos bolsos os papelinhos onde tinha anotado umas coisas para escrever no blogue, assim que tivesse tempo e cruza os dedos quando se cruza com alguém de café na mão; Planetazul senta-se no canapé enquanto procura nos seus papéis juras de vingança à Thrombone; SpanishLullaby irrita-se porque não sabe do número do cacifo onde guardou os bilhetes para a sessão das 21.30h.
Tudo isto para dizer que os super-heróis nunca dormem (salvo algumas excepções)

18 março 2006

A MÁQUINA DE CAFÉ

Na sala de professores habita uma máquina de café.
Lança copos de plástico branco que as pessoas, para irritarem Dolly, costumavam deitar fora num recipiente em que ela afixara «JÁ REPETI TREZENTAS E CINCO VEZES QUE AQUI SÓ SE DEITA PAPEL». O café não sabe bem. Às vezes não há café de todo. A máquina não aceita moedas de um euro. Acontece o monstro engolir moedas e não dar troco.
Porém, religiosamente, coitados, numa fé obcecada, os professores da minha escola, que não são capazes de resistir a uma boa bicha, formam-se, no intervalo comprido - que, aliás, é bem curto - diante da máquina como de um ícone, de um santuário.
Quereriam combatê-la, mas não conseguem vencer o seu estranho fascínio.
Gostariam de a calcar aos pés, mas estão hipnotizados.
No outro dia, Filó Memé preparava-se, em frente da máquina, para cumprir o seu vício. Enfiou a moeda. Ouviram-se ruídos feios. E bruscamente, a máquina apresentou, ao invés do copo devido, uma espécie de barquinho de plástico, um copo entalado, deformado, que ninguém dali conseguia arrancar.
Os viciados, os cafeínodependentes, queixavam-se já. Alguns, de olhos esbugalhados, raiados de vermelho, os cabelos desgrenhados, o sangue uivando-lhes pela cafeína do dia, ameaçavam Filó.
Pochato avançou, muito pronto, muito ágil e seguro de si, certo de resolver o assunto em dois segundos. «Deixa lá ver isso!»
Mas a máquina, furiosa, aspirou-o, transformando-o num copinho de plástico, com óculos e uma pochetezinha estampados.
Fantasmadaopera regougava para Filó, agressivo (está, pois, a voltar ao seu estado normal de bruto):
- Quem tem umas mãos como as tuas, Filó, não devia era tirá-las dos bolsos. Estragaste a máquina.
Filó voltou-se.
O casaco entreabrira-se para um emblema de super-heroína, no seu busto.
Fantasmadaopera fugiu, ganindo.
A terrível máquina fora vencida.
Uma outra super-heroína acabara de se revelar.
Procura-se-lhe um nome.
Aceitam-se sugestões pelo número que vai passar em rodapé. (Chamada de valor acrescentado, 1 euro/ seg.)

Rodapé: 960 05 05 01

AUTORIDADE

(Deixem-me partilhar convosco este texto do Expresso do brasileiro Luís Veríssimo)

Os filhos nunca acreditam que crescer é perigoso. Não adianta avisar para continuarem crianças. Eles crescem e vão embora. E depois se queixam.

Tem a história daquele pai que concebeu dois filhos de barro, Adão e Eva. Naquele tempo não precisava mãe. O pai fez o que pode pelas crianças. Elas tinham tudo, nunca lhes faltou alimento ou agasalho. Se queriam um cachorro ou um macaco para brincar, o pai fazia. Se queriam uma pizza, o pai criava, ou mandava buscar. Se queriam saber como era o mundo lá fora, o pai dizia que não precisavam saber. Eles não eram felizes não sabendo nada, ou só sabendo o que o pai sabia por eles? A felicidade era não saber. As crianças eram felizes porque não sabiam.

O Adão ainda era acomodado, mas a Evinha... Um dia o pai pegou descascando uma banana. Nem ele sabia o que a banana tinha por dentro, mas a danada da menina descobriu e antes que ele pudesse dizer "Dessa fruta não co..." ela já tinha comido. E gostado. Foi então que ele decidiu impor sua autoridade paterna, pelo menos na área dos hortifrutigranjeiros, e determinar que frutas do quintal podiam e não podiam ser comidas, e escolheu uma fruta como a mais proibida de todas, pois se comesse dela a menina saberia. Saberia o quê? O pai não especificou. Só disse que o que saberia seria terrível e que depois não se queixasse.

E Eva comeu da fruta mais proibida, claro e o pai foi tomado de grande tristeza. E disse a Eva que agora ela sabia o que não precisava saber e que nunca mais seria a mesma.
- O que eu sei de tão terrível que não sabia antes?-perguntou Eva, ainda mastigando a fruta proibida.
-Que você pode desobedecer. Que você pode escolher e pensar com sua própria cabeça e me desafiar...
E então o pai disse a frase mais triste que um pai pode dizer a um filho:
Que você não é mais uma criança.

E Eva cresceu diante dos olhos do pai, e no momento seguinte já estava dizendo que queria morar sozinha e fazer bolsa de inglês em Nova Iorque e saber como era o mundo lá fora. E o pai suspirou e disse que ela podia ir e que levasse o palerma do Adão com ela. E que os dois jamais voltassem e pedissem a sua ignorância de volta.

Quando contou esta história a outro pai, no clube, o pai abandonado ouviu do outro que a sua história não era nada.
-Pior aconteceu comigo e com o meu Prometeu. Ele era um óptimo filho. E como me admirava e respeitava! Para ele, era eu no céu e eu na terra também. Ele tinha tudo em casa, e eu o protegia com o meu poder. Ele também era feliz e não sabia, ou era feliz porque não sabia. E não é que um dia descobri que ele tinha roubado o meu fogo para dar aos amigos? Logo o fogo, o símbolo do meu poder e da minha autoridade, distribuído entre outras crianças ingratas como cigarros roubados.
-Você o expulsou de casa, como eu?
-Não, amarrei numa pedra, para os abutres comerem o seu fígado. Eu sou da escola antiga. (Quando tinha ainda secção!)
Tem que dar o exemplo. Senão, não demora, estarão todos os filhos achando que sabem mais que nós e roubando o nosso poder.
E depois, quando não dá certo, se queixando.
-Exacto.

Acasos Felizes

Aconteceu... Aconteceu naquela manhã em que a nossa "super-heroína", ainda sonolenta, seguia embalada pelos sons melódicos da rádio local, na tentativa desesperada de ignorar o frenético trânsito que a envolvia. Subitamente, uma feliz coincidência veio iluminar aquele momento. Olha para a esquerda e vê que, no carro ao lado, dois lindos sorrisos lhe acenavam com ternura uns alegres Bons Dias. Foi tão bom, foi tão estimulante sentir aquele bem querer duma pureza tão maravilhosa, estímulo de um bem estar impossível de descrever! Eram os seus queridos meninos, o Zé e a Maria, lindos, lindos como o mar... Sorriu também, acenou e afagou-os no seu coração com um enorme carinho, agradecendo-lhes intimamente toda a alegria e bem estar que lhe ofereceram para o resto do dia.

Estes são acasos que valem a pena! Não acham?
Boa sorte!

15 março 2006

O XIQUE E O XOQUE

Alô lindas. Já repararam que andam a tentar telecomandar a minha coluna social? Alguém - um anónimo, estão na moda - perguntava por que é que só aqui falo de mulheres. Ó rico, eu até falava de homens - mas de quais? Dos desta escola? Só se fosse para a coluna social da revista «Cais». Tirando a malinha de mão do Belito - a castanha, querido, a preta é hor-ro-ro-sa - não há ali um lenço de seda ao pescoço, uma peúga a condizer, enfim, há pouco tema.
Eu não queria ser ofensiva, mas já agora sempre vos conto este episódio: no outro dia tinha acabado de parcar o automóvel, quando um dos homens da escola se me dirigiu num cumprimento muito simpático. E eu, ricas, confundindo-o, disse-lhe que tinha estacionado sem ajuda e que, por isso, não lhe dava moedinha. Depois percebi a confusão, e rimo-nos muito. Mas já vêem que é inviável um Especial-Homem nesta coluna.
Outro rico sugeria-me que mudasse de título. Queria ele «Afirma Thrombone». Isto é que é preciso uma paciência. Meninos, acalmem-se. Quem manda na minha coluna ainda sou eu.
Há alturas em que parece que o mundo anda ao contrário. Eu, atenta a tudo o que mexe, principalmante ao que é bonito, não podia deixar passar em claro o escuro da MODALISBOA. Queridas, eu estive lá e achei o máximo! Estive tão, mas tão por dentro que não podia ter estado mais in - nos bastidores (oh! como a vida é mais bonita vista a partir dos bastidores!). Aqueles meninos puseram-me a andar à roda! Apesar de tudo, consegui manter a compostura mas foi muito difícil, confesso!
O evento decorreu sob o tema da cor - o preto foi escolhido como o símbolo da suprema distinção, do luxo perpétuo, da sofisticação. Alguns dizem-no obra da criatividade pura e não posso deixar de citar Barthes: "in Fashion, Black, is a full Colour". Preto, o eterno preto, símbolo de distinção, nobreza, elegância mas, na maior parte das vezes, de ausência de originalidade e falta de ousadia! Senão vejam bem, o black é na verdade, a cor preferida nas fatiotas das minhas amigas; porque é fácil, é discreto, dá bem com tudo e, acima de tudo, não se nota quando tem nódoas. Para mim, queridas, denota simplesmente receio, simplesmente o medo do risco, da audácia de um laranja ou de um rosa choque!
O que vale é que nem todos pensam da mesma forma e alegra-me ver as que se atrevem a casacão rosa; fico feliz quando vejo um pullover XXL vermelhão barrigudo a passar à minha frente (alô, homens!); enchem-me de alegria os sapatinhos patchwork e as botinhas combinadas com uma saínha mais curta...Tem dado gosto ver uns cachecour encarnados, umas camisolas salmão, outras verde alface, umas camisetas amarelas, num frenesim de cor que fazia inveja a qualquer arco-íris. Mais alegre tem andado a escola, a condizer com o maravilhoso sol que nos tem aquecido os corações e palpitado de alegria! Pena que esse estado de espírito não seja obrigatório! Os rostos andam fechados, os sorrisos estão a esconder-se, oh! eu quero contribuir para o bem estar de todos.
Tudo isto a condizer com os pindericalhos que agora é moda fazer! Ricas, não me vão dizer que não conhecem os materiais nobres, as pratas, o ouro branco, tão fashion? Onde andam as pedras preciosas e semi-preciosas? Mas isto agora é só missanga e fancaria? Tudo bem, são cores alegres e assim, mas... onde está aquele chic, aquele je ne sais quoi? O meu conselho é este: invistam em materiais mais chiques, tá bem, meninas? E agora umas mensagens curtas, tipo sms, ok? Suzy, querida: essa meiazita de rede é um estrondo. Se ouvir bocas sobre a pesca do jaquinzinho, não ligue rica. É gente que não entende nada. Desclassificados. Pff! Lenita Ramos: eu sei que a menina adora os seus filhotes, acho isso imensamente amoroso, mas de vez em quando devia trazer um colar que não fosse feito por eles! De qualquer forma, até gostei dos pompons, achei supeeeer! E a Teté Santa, tão renovadamente primaveril que deixava a própria Primavera de água na boca? É assim mesmo, riquíssima!
E com esta me vou. Um chic para partilharem, queridas!

14 março 2006

A COLUNA DE DJ CARA DANJO: O MEU PROJECTO PARA CIÊNCIAS

a minha prófe de siênssias no ôtro dia entrô na ála e diçenos (meninos vai avêr 1 conkursso xamádo pekênos génius da siênssia. tein de çe aperzentár 1 prujéto e rializálo) e êu puz o dêdo no ár e respondi (ai êu kéro partissipár niço). a porfessôra fikô tão felis k dezatô a rir. ao prinssípio como éla não gósta de paçár por çentimentál e iço inda escondeu a cára pur trás do lívero de ponto mas depois já não pudia máis e até le jorrávão as lágerimas plus ólhos de tanto rir. juro k nunca tinha visto 1 peçoua tão felis por cáuza de kualkér coiza k eu tivéçe dito. xegei a pençár k akilo já éra de máis e çe calhár tanto rizo leváva água no bico mas a prófe acabô por reconhesser k êu éra de fáketo 1 géniu e até ein máis do k uma ária. kuando táva máis calma mas inda com lágerimas e 1 espásmo istérico de vês ein kuando diçeme (bein çe alargármos o consseito de géniu e ademitirmos k á 1 géniu do aladino e o géniu do krime e o géniu da istupidês ietssétera não veijo purkié k tu não ádes entrár num conkursso de génius). no dia çeginte vendo a minha mãi a cuzêr 1 camiza tive 1 iluminassão. o mêu prujéto ia çer tentár mandár algéin pó espásso pa cuzêr o buráco de azôto. falei com mtos colégas mas nenhun çe oferssêu pa êu atirálo ó espásso de módo k pençei enviár o mêu cão. o mêu cão xamasse desperdíssio e não tein çentido diumôr. nunca vi 1 cão con çentido diumôr é 1 coiza k teien ein comun con os çeres umanos. comessei a tentár agarrálo contandole piádas mas akilo xeirôle a esturro de maneira k êle fujia a çéte pés ô ôito ô nóve. a minha idêia éra pedir ó baril k é o tipo máis fórte da turma pra dár 1 pêro no cão k o fizéçe ir direitinho até ó buráco. mas o baril preguntoume (e atão como é k o cão vái cuzêr akela sêna). éra 1 bôa abejéssão. prontos tive de mudár o prujéto. já não éra perçizo pôr o cão a cuzêr e a idêia paçô a çêr çimplismente entalálo no buráco. çó k o baril axô iço mt viulento. o pêro inda le dáva mas para entalálo é k não. atão comessei a consteruír tipo 1 fisga gigânte. mas o cão não keria çêr 1 mártir da siênssia devia pençár k já xegáva o galião k foi bué da perçegido çó pq diçe (mas éla móvesse) e o raio do cão pisgôsse e ando á três dias á procura dêle. agardessia á prófe de deseinho k anda çempre a tratár dos cãis k me ajudásse çenão não vai aver prujéto nenhun.

12 março 2006

REPORTAGEM-BLOGUE: HOUVE TOMADA DE POSSE E O REPÓRTER ESTRÁBICO ESTEVE LÁ

Durante a cerimónia de tomada de posse, Cavaco e Silva foi obrigado a dar 4500 apertos de mão a indivíduos que, nas suas roupas dominicais, se acotovelavam numa enorme fila, como à entrada da nossa escola às oito e trinta da manhã.
O Repórter Estrábico estava lá.
A primeira pessoa com quem se cruzou foi a nossa querida colega, Teresinha Prantos.
- Olá Teresinha. Também por aqui?
- Sim, sim. Não podia deixar de vir prestar as minhas homenagens.
- Vem então cumprimentar o novo presidente?
- Presidente? Qual presidente?
- Bem. Cavaco e Silva.
- Nada disso. Venho prestar as minhas homenagens aos pasteizinhos de bacalhau que estão a servir ali adiante, e que já me gabaram. O segredo, ao que consta, está na salsa. Como o novo inquilino do palácio é um senhor que não gosta de ver gastar dinheiro, os pastéis são feitos com mais salsa do que bacalhau.
Era o momento em que, junto a uma porta, o ex-presidente e ex-candidato a presidente uma vez mais, Dr. Mário Soares, dava conta do seu agastamento por estar, nas suas próprias palavras, sendo ali «maltratado».
- Pelos vistos, passam-me todos à frente. São os diplomatas estrangeiros e mais não sei quem. Não há direito. Isto foi tudo um tédio. Ia dormindo durante os discursos. Com licença, deixe-me aí passar, ó fáchavor! Vou-me embora. Não me tratam assim. Esquecem-se de que não sou simplesmente um ex-presidente, sou também o candidato que mais...
- Sim...? - interessavam-se, em torno de si, vários repórteres.
- O que mais estrondosamente foi vencido nas eleições. O que teve a derrota mais sonora. Não é lá qualquer coisa. Atrás do próprio Alegre. Não é brincadeira. Não estou para cumprimentar o Cavaco, era o que faltava. Atenção aí, que vou bater com a porta.
BLAM!
Mais à frente, deparámos com um outro rosto conhecido: tratava-se do bom amigo Belião, tentando furar entre inúmeros indivíduos que se acumulavam de gravata e mão estendida.
O famoso professor da eslav trazia a sua mariconera completamente aberta, escancarada até. Espreitavam do interior alguns rissóis de camarão. Mas o grande objectivo era uma garrafa de «abafadinho» que ele se preparava para abafar.
«Estou aqui», esclarecia a popular personagem, «para que se perceba qual é a minha opinião: temos de dar o devido uso ao material que existe na escola. Há que recuperá-lo e pô-lo ao serviço. Não é só pedir mais coisas, mais computadores, mais isto, mais aquilo. Não. Devemos usar convenientemente o que já possuímos...»
- Mas que tem isso que ver com a tomada de posse? - perguntava-se-lhe.
«Bem», respondia a quem quisesse ouvir, «o material em que estou a pensar é, neste caso, o meu cacifo. Ando a pensar dar-lhe uma utilização verdadeiramente revolucionária: despensa. Eis porque venho aqui recolher alguns comes e bebes».

Entretanto, aproveitando aquele ajuntamento, vários outros professores da escola tinham montado bancas de brincos e colares artesanais, brique-à-braques e plantas; havia uma mesa com perfumes, camisolas e produtos dietéticos.

Atrás de mim, Marques Mendes, que chegara atrasadíssimo, comentava:
- Parece que há aí um outro presidente que se pôs numa salinha também a apertar mãos. Diz que se há 4500 pessoas para homenagearem Cavaco, também o podem homenagear a ele.
- Presidente de quê? De algum clube de futebol?
- Sei lá. É um fulano de casaco de bombazina.

Quando me aproximei, por fim, de Cavaco e Silva, que se encontrava com a mão dormente, ouvi-o dizer para o lado:
- Uma multidão grita por mim lá fora? Eu ia acenar-lhes, mas aqui não me dá muito jeito. Não há marquises. Eu gosto é de espreitar e cumprimentar da marquise que tenho em minha casa...

11 março 2006

De Papinho Cheio

Que prazer! Que satisfação! Que maravilha!Foram todas estas exclamações que me acudiram à mente depois de assistir á projecção de um dos melhores exemplos da cinematografia internacional. Estou a falar da obra prima de Visconti "Il Gatopardo" (O Leopardo). Aquilo é que é cinema! São três horas de envolvimento total, que passam num ápice e que se lamenta terem chegado ao fim. É um filme antigo que vira em tempos, mas do qual retinha remotas lembranças. A acção passa-se no final do século XIX, na Sicília, quando os grupos liderados por Garibaldi tentam unificar a Itália e organizar uma sociedade menos estratificada. A personagem principal, magnificamente interpretada por Burt Lencaster, é um digno representante da aristocracia local, um princípe que, compreendendo com enorme inteligência e lucidez o seu papel no contexto de que é protagonista e joguete, interpreta com rigor toda a carga simbólica da frase mais significativa e carismática do guião do filme: "É preciso que tudo mude para que tudo continue como está". É assim que, consciente desta realidade, se conduz a si e á sua numerosa família com a maior coerência, naquela sociedade Siciliana, microcosmos em transformação, tão difícil e conturbado. Esta, para mim, foi a personagem mais fascinante, não só pela forma de actuar, como pelo conteúdo dos seus diálogos, análises e reflexões que fazem dela a mais completa, quer em termos humanos, quer políticos, quer sociais. A actualidade das suas ideias é tão óbvia que, não fossem os cenários e o guarda roupa, seriamos levados a pensar que tudo decorria nos dias de hoje, que os meandros políticos e sociais eram os mesmos, as sociedades nada evoluiram e que, de facto, toda e qualquer tentativa ou sacrifício para melhorar o mundo em que vivemos, não resultaram nem resultam em nada. Se, por um lado o Príncipe de Salina (a referida personagem principal) se revela um ser esclarecido, culto, actualizado, progressista, por outro, ele não prescinde dos princípios aristocráticos que sempre fizeram parte da sua vida e que lhe dão força para lutar pela conservação da sua Sicilia agora tão fragilizada pelos mais variados jogos de poder. É mais uma vez com extrema lucidez que ele consegue que esses mesmos princípios e preconceitos próprios de uma classe social muito fechada, rígida e tradicional, não o desviem do rumo certo, coerente, inteligente da sua forma de actuar. Depois, surge-nos a personalidade do homem com toda a complexidade própria do tal ser culto, inteligente, informado, perspicaz, sensível, capaz de ultrapassar dificuldades e que se revê no jovem sobrinho, também ele inteligente, activo, sensível, fogoso, cuja vida sentimental desperta no tio, não só alguma da alegria e do optimismo da juventude passada, mas também a nostalgia própria de quem tem consciência da realidade presente e sabe que o entusiasmo, a força, a fogosidade em tempos vividos, a ordem natural das coisas não lhe permitirá fruir de novo. Muito mais haveria a dizer deste magnífico filme que tão bem nos descreve os rituais de uma classe privilegiada em tempos de crise, da sua relação com a Igreja e com uma burguesia ávida de visibilidade que traduz nas mais variadas manifestações de novo-riquismo e mau gosto, também eles tão característicos dos nossos dias.

AFORISMOS E DESAFOROS (6)

Pensamento melancólico após o 8 de Março:
A prática da ministra da Educação não deixa de ser, de uma forma assustadora, sintoma de igualdade entre os sexos: afinal, algumas mulheres podem fazer tão mal como os homens

10 março 2006

Olhando a estante...

Afirma Pereira
que há Mulheres
com Olhos Azuis, Cabelo Preto
ou Olhos Verdes,
no Jardim de Éden
que apreciam O Retrato de Dorian Grey,
na Idade da Inocência

No Ano da Morte de Ricardo Reis
pela Estrada Fora
O Senhor Ventura
neste Admirável Mundo Novo
da Nação Crioula
passava por Gente Feliz com Lágrimas
que souberam de O Crime do Padre Amaro
com Lolita
e Se Isto é de um Homem,
Razões de Coração
justificam esta Morte em Veneza,
como se lê no Diário de um Killer Sentimental.

Paula
Uma Boneca de Luxo
visitou Dona Flor e Seus Dois Maridos
na Vinha da Ira
acompanhada pelo Amante de Lady Chatterley,
às Horas em que O Estrangeiro
e O Doutor Jivago
visitavam O Doente Inglês
para consultarem A Lista de Schindler

O Outono do Patriarca
passado no Trópico de Câncer
deixava Os Indiferentes
no Tunel
nesta Terra Sonâmbula,
onde O Deus das Pequenas Coisas
passeava sobre as Ondas
na Costa dos Murmúrios.

Siddharta e Fanny Owen
ao som da Balada da Praia dos Cães
e na companhia de Margarita e o Mestre
concordaram que:
"Era Bom que Trocássemos umas Ideias sobre o Assunto"
relativamente a Metamorfose
e ao Retrato do Artista Quando Jovem,
uma vez que Sinais de Fogo
não deixam Os Indiferentes
em África Minha
com O Cheiro da Noite
neste Horizonte Perdido.

Bem! A História de Meu Filho
em plena Revolução Electrónica
contada com todos Os Nomes
por um Espião Perfeito
e com Algumas Pequenas Infâmias
levam O Nome da Rosa
em 1984
até aos Jardins da Luz
no próximo Outuno em Pequim.

Lembro Afrodite como Um Sentimento de Sí
e o Pêndulo de Foucault como Um Erro de Descartes.

Dicionário Português-Inglês (desculpem este já não entra...)

09 março 2006

PARABÉNS, CAMPEÕES!


Nunca é tarde para cumprimentar os meus meninos...
Oh Fantasmadaopera! Diz aí qualquer coisinha!

Responda quem souber...

Se o Mário Mata,
a Florbela Espanca
o Armando Gama
e o Jorge Palma...
O que é que a Rosa Lobato Faria?

UMA MANHÃ PARA ESQUECER NA VIDA DOS SUPER-HERÓIS

Fantasmadaopera, que já não conseguia impressionar com as suas malvadezas bloguianas, mudara então de táctica: experimentava, agora, «retirar-se». Andava triste, com o bigode cabisbaixo, uma passada sorumbática, um olhar de cão abandonado. Durante algum tempo, a nova táctica deu os seus frutos. A abelha maia chorava pelos cantos, enquanto fabricava os seus brinquinhos de mel, colarzinhos de mel, pulseirinhas melosas. O blogue, sem a intervenção cáustica do fantasmadaopera, estremeceu durante uns dias. Mas como o tempo, esse pérfido ingrato, tudo envelhece e tudo faz esquecer, o fantasmadaopera, que não havia maneira de intervir, principiou a apagar-se. Mesmo a abelha maia, que lá ia lançando, de vez em quando, um soluço, um suspiro tristonho, às vezes tinha de se perguntar a que se devia toda aquela tristeza...

Fantasmadaopera procedeu, então, de modo a recuperar o seu prestígio e o seu poder.
Raptou uma cadela de olhos azuis que andava, cheia de febre, pela escola. (O fantasma nunca se teria metido com um animal que não estivesse prostrado e febril).
«Agora vão reparar em mim», setenciou o Senhor dos Bigodes.

Em sua casa, Greenlight ouviu o apelo mudo da cadela. (Não deixes passar esta incongruência, planeta: como é que se «ouve» um «apelo mudo»?). Não tivera tempo para se equipar. «Mudo-me no carro», pensou. Mas, ao sair de casa, a sua doce gazelinha perguntou-lhe: «Já deste o biberão à bebé?». «Não posso», respondeu: «tenho de ir em socorro...». «Sim, sim, sim», ironizou a doce gazelinha, «já conheço a tua conversa de chacha. Quando não estás no blogue, estás a inventar desculpas para não trabalhar. E que desculpas! Combates para salvar a humanidade...!? Que raio de subterfúgio para não dar o biberão à menina. Deus do céu, por que terei eu casado com uma criança grande?» E, assim falando, enfiou-lhe a menina, coitada, que ria muito para ele, num braço, e um biberão de leite quentinho no outro. Greenlight percebeu, por fim: a menina nem sequer estava a rir para ele, mas para o biberão.

Entretanto, Sky Snake preparava-se para salvar a canídea raptada. Mas, pelo caminho, fantasmadaopera espalhara, como quem espalha berlindes para que os outros escorreguem, uma panóplia de tentações a que nenhuma super-heroína poderia resistir. Dera-se ao trabalho, a sanguinolenta criatura, de abrir teatros, cinemas, galerias, de encher o percurso de Snake de pérolas culturais, um bailado aqui, uma ópera ali, uma exposição além, Abelha Maiakovski, Kandisnky, Brecht, Visconti, Fellini, o Palhaço Pepito (da Pré-Ordem dos Professores), um nunca acabar de diversões para o espírito, que fazer?, Espera aí, cadelinha, já lá vou, olha, olha, a apresentação do último livro da Isabel Rainha, olha, a pintura de Frida Khalo, como terei forças para resistir...?

Nesse interim, Lara Croft detinha-se à porta da escola, ante uma longa fila de alunos que aguardavam para picar o ponto.
«Uma super-heroína também espera na fila? No momento em que vai em missão?»
Perante tal dilema, perdeu alguns minutos do seu tempo precioso. Por fim, respeitadora, pôs-se na bicha, de cartão em punho.
Na guarita, um senhor seco, incumprimentador profissional, que só dera os bons-dias uma vez na vida e ficara três semanas de cama por esse esforço de simpatia (ainda por cima inutilmente, uma vez que ninguém percebera, do seu bom dia, nada mais do que um ofensivo «grumpf!»), olhou-a com ar de poucos amigos. Ou mesmo de nenhum amigo. Sem se assustar, a super-heroína tentou passar o seu cartão, mas este encravara...

Mais longe, elastigirl, por quem eu devia ter principiado uma vez que é a amiga nº 1 dos animais indefesos, alongava os seus músculos elásticos para salvar a cadela. Saltitava agilmente de sítio em sítio, procurando-a nos mais recônditos locais da escola, aqueles que as pessoas procuram quando se querem esconder para não fumar, até que, inesperadamente, ouviu um crrrrrrrrac! Ah! Que era aquilo? Que dor! Um osso partido? Mas não era elástica? «Todos os elásticos têm limites», pensou. «Se querem que eu esteja no CE e ao mesmo tempo nas aulas e ao mesmo tempo a ajudar cães e ao mesmo tempo a escrever no blogue (mas pouco) e ao mesmo tempo a fazer tudo o mais, isto teria de acontecer...»
Sosseguem. A elasticada não quebrara nenhum osso, rompera simplesmente as calças: motivo suficiente, porém, para ficar retida. Não queria aparecer aos seus inimigos de calças rotas: o seu objectivo não era propriamente matá-los de riso.

Que se passava, nesse meio tempo, com Greenlight?
Estava preso no trânsito.
«Isto é ridículo», disse para si próprio, tamborilando nervosamente com o dedo. O ar estava tenso, carregado de ameaças e buzinadelas.
Bruscamente, teve uma ideia luminosa.
Abriu o vidro.
Gritou:
- Abram alas para um super-herói em missão!
Respondeu-lhe um típico português:
- Tu vai mas é "#%&@[»= que a tua mãe é uma =&$$$ e tu queres é ««??¨**»»»#$%$$%$!
Greenlight não desistiu. Abriu a porta do carro, para se mostrar em collants e capa verdes, para que entendessem que não era brincadeira nenhuma.
Houve risos, apupos, provocações, assobiadelas.
Gritou:
- Deixem o super-herói ir atacar!
Respondeu-lhe outro português:
- Vai mas é atacar para Monsanto!

Sky Snake não resistira. Mas, aplaudindo do camarote, gritando, com a sua voz bem colocada «Brrravô! Brrravô!» sentia-se culpada, intimamente culpada, e não conseguia deixar de pensar na cadela que esperava que a salvassem.

Lara Croft virou-se para o senhor seco, furiosa por o cartão estar tão encravado. Sacou das suas pistolas. «Eu tenho outro cartão, quer ver?» Preparava-se para ameaçar ligeiramente o homem, mas as suas armas principiaram a diparar imediatamente em todas as direcções; o homem cumprimentava também em todas as direcções, «Não faça isso, eu cumprimento, bom dia, bom dia, bom dia, bom dia a todos, muito bom dia, seja bem-vinda, felicidades, parabéns a você...», já não cabia em si de simpatia, mas Lara não era capaz de parar, as suas armas tinham ganho vida, era impressionante, assustador. Na confusão, a nossa heroína acabou dando alguns tiros no seu próprio pé.

Não chegavam super-heróis.
Fantasmadaopera afligia-se. A cadela afeiçoara-se-lhe. Pousara o focinho, ainda quente, na barriga almofadada do homem. Este teve de lhe dar mais um biscoito canino, que roubara ao pacote com que Fafá cumpria escrupulosamente a sua última dieta, e fez uma festa nas orelhas da bichinha.
- Seremos companheiros inseparáveis, não é, querida? Chamar-te-ei Miss Benfica!

08 março 2006

ONDE PÁRA A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA? II

-Bom dia.
-Bom dia, procura alguém?
-Sou a Alheira de Mirandela e queria falar com um responsável…
-Tem reunião marcada?
-Não, eu espero que alguém esteja disponível.
-Olhe, soutôr! Tem aqui esta senhora… Está ocupado?
-Eu… ia para a sala 10…oh, deixe lá, fica para depois…
-Veja lá, eu espero…
-Não tem importância. Já despachei a sala 9 que é mais importante, a outra fica para o período que vem. Diga, diga, falamos mesmo aqui ao ar livre.
Alheira de Mirandela olha à sua volta; rodopia 360 graus apreciando as paredes brancas que a faziam arrepiar.
-Isto tem um ar tão… fresquinho… quero dizer, alvo, tão puro…-
-Sim, sim estas paredes estão impecáveis! Não faz ideia do tempo que levei para conseguir isto.
-Fazem falta aqui umas corezinhas, não acha? Qualquer coisa que nos dissesse que aqui há uma escola e não um entreposto frigorífico… Não acha que é branco a mais?
- Oh! Dona Alheira, deixe-se disso! Desde que despachei uns gigantones coloridos que fizeram aí há uns anos, não quero cá nem mais um prego!
-Acalme-se, não entre em parafuso! Só estava a dar uma sugestão. Aliás, eu vinha cá mesmo era para saber se aqui ensinam a pintar e assim. Ouvi falar que é necessário promover a educação artística…
-Ah! Melhor dizendo, há, Dona Alheira. Andam aí uns chouriços que têm umas ideias... Coisa pouca, sem importância…
-Pois, então, eu queria frequentar uma acção, também me disseram que este ano iam ter uns ateliers de pintura, uns espaços dedicados à criatividade, à exploração de técnicas, à…
-Parece que já ouvi falar disso, mas parece que afinal não há…
-Pois, falhou qualquer coisa… É que, não se está a ver, a educação pela arte é fundamental para os pequenos. Promove a afectividade, facilita as relações interpessoais, esclarece as emoções…
-Pois, pois, mas isso não é comigo…
-Logo vi…
-Então, já vai embora? Dona Alheira! Não fica para o almoço? Acompanhe-nos num cozidinho. À portuguesa, claro.

BEIJO


Nota: Este não é o retrato do Jorge!

Quase todos rematamos os mails e ésseemeesses com o envio de um ou mais beijos: beijos, um beijo, bjs, mil beijos, beijinhos, beijokas, jocas, quisses, bjinho... as possibilidade são quase infinitas.
Muitas vezes, a palavra é destituída de qualquer outro sentido que não o de nos despedirmos do destinatário ou interlocutor com um afagozinho simpático, pouco mais do que uma palmadinha nas costas que nos distancie do impessoal e sorumbático cumprimentos ou do antipático saudações.
Enviar um beijo não quer dizer que, na verdade, tenhamos a intenção de oscular a bochecha do outro, repenicar-lho na ponta do nariz ou soprá-lo da palma da mão; é apenas uma “força de expressão”, que pode substituir um sincero fica bem ou, ao invés, um fica-te com este mimo virtual e não me chateies mais, vai ver se chove e desampara-me a loja.
Outros, ainda, são beijos cínicos, como o beijinhos!, mais o seu inefável ponto de exclamação, que visam compensar a falta de sinceridade de quem os escreve: beijinhos uma ova, minha grandessíssima..., e que podem ser profiláticos e funcionar como substitutos polidos de um impropério ou de um desabafo que nos tenham ficado engasgados ao nível da glote.
Depois, há os que de facto querem dizer alguma coisa, os beijinhos que significam gosto de ti, és uma querida, fica bem, até depois, e os que não significam nada e funcionam apenas como um remate socialmente convencionado de fim de frase entre pessoas de fraca intimidade.
Agora, há beijos que se enviam e que querem pura e simplesmente dizer olha, estou neste momento a enfiar a minha língua pela tua garganta abaixo.
Por vezes, quando rematamos o final de uma mensagem com um BEIJO, assim, sem mais nada, sem acrescentos ou diminutivos, sem neologismos ou corruptelas, estamos na verdade a dizer à outra pessoa que não arredamos pé dali sem que lhe entremos boca adentro em actividade exploratória de gengivas, molares, caninos, sisos, céu da boca, e quiçá amígdalas (se ainda não tiver feito a operação).
É que ele há beijos e BEIJOS.
Porque são palavras assim que encurtam distâncias e fundem hálitos e respirações díspares; porque é através de um BEIJO, palavra pequena e grande ao mesmo tempo, automaticamente a bold, mas sem itálicos nem chavetas nem pontuação que a espartilhe, carregada de uma intencionalidade física que até dói, que podemos ver, cheirar e tocar o outro, que por acaso esteja longe.
Neste dia da mulher fiquem com um BEIJO (mesmo os homens, bem para estes, soprado da palma da mão).

O XIQUE E O XOQUE

Queriduchas, deixem-me principiar por uma confissão do mais profundo da minha alma toda virada para o bom gosto. O sonho que mais me inspira, o sonho que inspira uma colunista social, como eu sou, é um único: dizer mal das pessoas e ainda por cima ser amada por isso. (Saiu bonito, podem citar-me...). Mas sei que é um sonho «raté» (não, Belito, meu amorzeco, raté não significa ratado).
Tenho, pois, de escolher: dizer mal ou ser amada? Por mim, não tenho dúvidas. Deixo-vos adivinhar a escolha. Vamos, pois, dizer algum mal.
O xoque desta semana:
Primeiro: A nova decoração da sala de professores. Nem mais! Oh tio Xande, Oh tio Cacá, não havia para aí mais requinte, mais inspiração?! Não haveria para aí uns cacifos, sei lá, em mogno? E ainda por cima, valha-me Carlos Castro, não é que alguns já têm autocolantes coloridos? Que pinderiquice, queridas e queridos! Eu sei o que é que falta! Um toque feminino, é o que é! Aquela sala nas mãos duma mulher havia de ter requinte, um certo je ne sai quoi que faria toda a diferença!
Não basta boa vontade, queridos, falta mesmo é bom gosto, finura, elegância. Olhem à vossa volta, não encontram aí motivos inspiradores?!
Bom, sigamos adiante e passemos ao
Segundo: Já reparam como algumas colegas já anseiam pela primavera? A ver pela cor dumas botinhas que vi passar (...) há quem anseie pelo bom tempo. Não, queridas, desta vez não digo o nome! Hoje apetece-me deixar tudo para vocês adivinharem!
Mas também não posso ignorar o xique - discreto e breve - que por aqui passa: que linda écharpe preta circulava naquela sala! A quem, a quem, a quem??? Pois não digo senão isto: um cigarro nos lábios e um azul lindérrimo nos olhos.
Super-hiper-hipie estava Lailai, com a sua calça de ganga rasgada, com brilhantes, que bem que lhe ficam, rica! Se fosse a si, em vez de as dobrar ao fundo, rasgava e fazia-as em franja, tá a ver?
Outra notinha, queridos: não me perdoo de ter deixado passar isto em branco até agora. Tenho-me recriminado, é verdade. A originalidade nunca se deve deixar passar ao lado, e a querida Fáfá Luzia é um raio de luz na nossa sala de professores. Um raio de luz bem vermelhão! Que bem, rica! Devo dizer que positivamente a-do-ro o seu cabelo.
Por outro lado, o grupo de desenho parecia ontem outro. Vejamos: a) duas habitués das calças tinham-se rendido às saias - e que bem lhes ficavam; uma, tinha posto de parte a farpelita de hippy chegada de Woodstock e vinha um luxo. Ó rica, a sua saia de racha, a sua botinha negra, um colar de encher o olho, faziam de Madá uma finérrima Madô (ai, desculpem, já me esquecia que não ia dizer nomes...); a outra, elegante elegante elegante na sua meia vermelha, no seu sapato de polimento, no seu cachecol multi-hiper-colorido, rodeada de cães abandonados. Que beleza, tanto a roupa como a dedicação aos bichinhos (para mim, só cães de marca, mas gosto tanto de ver os outros a preocuparem-se com os desvalidos). E b) a Conchão não trazia chapéu. Não é mentira, eu nunca minto. (Se mentisse, tinha menos inimigas). Ai que lufada de ar fresco naquele grupo, Deus meu...!
Chic (isto é o som do meu beijo de despedida, meninas).

Volto para a semana, siiiim?

ONDE PÁRA A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA? I

07 março 2006

CEUZINHA NO PAÍS eslavADO DE NOVO: VII

Bruscamente, o chão cedeu sob os pezinhos com sapatinhos de boneca de Ceuzinha e esta desapareceu, de um momento para o outro, da vista das meninas e dos malogrados balonistas.
Deslizava, como por um escorrega, até ao ventre da terra.
Quando chegou ao fundo, queixando-se de que nesta história a faziam cair demasiadas vezes para seu gosto, deparou outra vez com a trupe: Arménio, a toupeira, tinha-os ido salvar, abrindo galerias subterrâneas, túneis profundos, por onde o grupo se movia em direcção à liberdade.
- Tenho muito medo do escuro - queixava-se Algusto. Mas, pensando que podia ficar mal visto, emendou. - Nem é medo, é respeito. Trato o escuro como exijo que me tratem: com respeito, é tudo.
Andaram muito tempo sem luz, até que Arménio disse:
- Agora, atenção aos pés. Vamos principiar a subir.
Subiram.
Mal o gato Pochato pôs a cabeça fora do buraco, com a sua mania de querer ser sempre o primeiro, surgiu uma aia a correr:
- Senhor Pochato - gritou ela - o Grande Buda quer vê-lo imediatamente.
- A mim? - defendeu-se Pochato. - Há-de ser engano. Deve tratar-se de outra pessoa qualquer.
- Não, não - insistiu a aia. - É mesmo consigo. Só há um Pochato e já é de mais.
Antes que o gato tivesse tempo de se pôr invisível - o que só acontecia quando não estava demasiado nervoso - surgiram diversos guardas que o rodearam e levaram.
- Bem - rejubilou Ceuzinha. - Pelo menos, já não vamos para as AAA.
- Tás maluca? - indignou-se Algusto. - Isto é muito pior.
- Pior?
- Anda. Vais ver...

Pochato foi conduzida à presença do Grande Buda, que era um homem gordíssimo, sentado sobre as pernas cruzadas em posição de lótus, completamente calvo e sem um único pêlo no rosto pálido. A sua boca era um parêntesis de seriedade :( Não havia ali o mais leve vestígio de um sorriso.
- Quem é? - segredou Ceuzinha.
- Sht! Vais ver, vais ver...
- Gato Pochato - falou o Buda, com voz profunda e cava - és acusado de ter dito três graças esta semana.
- Ah, mas aquilo não era nada, messire, eu nunca tive muita graça...
- O que conta não é que se tenha graça ou não. É que se tente. E tu tentaste fazer humor...
Da assistência horrorizada saiu um prolongado Ooooooooh!
- Vais ter de pagar por isto. Não há AAA que te cheguem para expiar. Vais para o inferno. É por essa e por outras que nunca este país será como a Finlândia. Na Finlândia são sérios. Não se riem. Não fazem caricaturas. Nem sátiras. Nem faltam. Nem adoecem. Nem dançam. Nem há Carnaval. Nem...

Ceuzinha estava angustiadíssima por se descobrir, de repente, num país onde o humor era tão severamente punido. Disse «Não!» Os amigos mandaram-na calar. O Buda já olhava para ela. Mas Ceuzinha repetiu: Não! - E depois: Não! - e cada vez mais alto: Não! Não! NÃO!!! NÃÃÃÃÃOOO!!!

E despertou. Despertou do seu sonho - primeiro com espanto, depois com alívio. Por fim, com um imenso suspiro.
- Meu Deus - disse, limpando o suor. - Que pesadelo! A ministra-rainha! As AAA! A interdição do humor! Ainda bem que nada disto é real. Uf!

Na televisão, entretanto, a ministra da Educação concedia uma entrevista acerca do alargamento de não sei quê ao Secundário.

FIM - FIM - FIM - FIM - FIM - FIM - FIM - FIM

CONSEGUES RESISTIR?

06 março 2006

ENTREVISTAS DE RUA

Uma equipa de reportagem do Blogue da ESLaV saíu à rua com o objectivo de inquirir o cidadão comum acerca da internet e das novas tecnologias. Transcrevem-se aqui excertos de entrevistas gentilmente cedidas por um arrumador de automóveis (Sr. Américo), uma ex-professora (D. Lurdes) e um membro da comunidade da ESLaV escolhido completamente ao acaso, que preferiu ficar anónimo.

Blogue: Costuma utilizar a internet?
Sr. Américo: Sim, claro, utilizo todos os anos p’ra entregar o IRS, meu, Haahaaahaaa!
Blogue: humm... (pausa)... e sabe o que é um blogue?
Sr. Américo: Um quê?! Buldogue? Isso é um cão, pá. Eu por acaso tenho um mas é um Pit-Bull. Aquilo é que são cães, pá. Atiram-se às canelas dum gajo, qu’é uma coisa parva. Às minhas não c’o cão a mim respeita-me. Mas venham-se cá meter comigo que vão a ver...
***
Blogue: Costuma utilizar a internet?
D. Lurdes: Está a falar comigo?
Blogue: Sim, estava a perguntar-lhe se costuma utilizar a internet.
D. Lurdes: Desculpe lá, isto é para quê?
Blogue: Bom, somos um grupo de professores da Escol...
D. Lurdes: Professores? Desculpe mas não falo com professores.
***
Blogue: Costuma utilizar a internet?
Anónimo: Sim, mas não diga a ninguém.
Blogue: E um blogue? Sabe o que é?
Anónimo: Epá, nem me diga nada. Não sei bem o que é. É uma dessas coisas perversas que existe na internet. Basicamente, é um nojo.
Blogue: Mas sabe um blogue é apenas como uma espécie de diário, que pode ter várias entradas por dia, onde as pessoas podem expôr ideias, trocar opiniões, dar informações, ...
Anónimo: Opiniões. Ideias. Isso é perigoso. Basicamente, acho um nojo. Espere lá. Não me digam que vocês são do blogue da escola!?
Blogue: Bom, sim...
Anónimo: Adeus, tenho que ir tomar banho.

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: A LITERATURA COMO MEIO DE COMBATE À VIOLÊNCIA

teinho ôvido bué da tiurias çoubre a viulênssia no mundo k é por cáuza da juventude têr 1 péçimo fturo e por cáuza do capitalismo tár a dár o bérro ô da gulbalizassão e não çeikê não çeikê. toudas eças tiurias ção inkomplétas. a minha tiuria vai logo á kestão. eu axo k a viulênssia iziste pq á umas peçouas maiores mais pezádas mais fortes e jerálmente um kóxe istúpidas que tão çempre prontas pa bater e á ôtras peçouas mais frákas e aduentádas k tão çempre á ispera dapanhar. a minha prófe de purtugês dis k o caminho contra á viulênssia é a litratura e ela tein tôda a razão. mesmo o meu kóta coitado k nunca foi de muitas leituras no fundo pença açin e por iço é k ele 1 vês kuando eu éra mais puto me ôfersseu 1 livro. na áltura êu sufria bué da viulênssia pq avia uns miúdos muinta grandes k me perçegiam pra me batêrein e êu tinha bué da mêdo. o livro k o meu kóta me ôfersseu xamávasse (venssa os çeus mêdos) e foime muinto útil pq tinha a cápa bein rija e êu começei a batêr com êle nos bakanos k me perçegíão e inda máltratei álguns. akilo da adulessênssia foi 1 têmpo ôrrível pra min. avia gaijos k krião fikar com o meu lãxe e açin. mas eu mostrávales çempre kein éra o mais forte. apontávó. e diziales açin (tás a ver akele xaválo pois bein êle é k é o mais forte e çe me xateias vô já fazerle keixa). mas êu tinha muintos mais rekurços çempre tive bué da rekurços éra 1 puto isperto. dôtra vês pagei vinteçincostões ó mais forte da turma pra êle me deichar darle 1 sóva ein púbelico e açin foi. eu arriêile a valer e depois já ningéin çe metia cômigo. não me ademira k ája tanta viulênssia ôje ein dia. a culpa é dos treinadores das ekipas de futeból k xateião as clákes e taméin do mundo árabe pq kuando o mundo árabe áxa q á uns deseinhos mal feitos dezáta logo a partir tudo imajinein k o meu antigo prófe de evt riajia da mêsma maneira kuando não gustáva dos meus deseinhos o k aliás acontessia çempre. felismente os jóveins teien meius de fujir á viulênssia. 1 é o murangos c assúcar k é 1 çéri de telvisão k nus ençina k não devêmus çer viulentos çe não kerêmus fikar tipo cômo akeles párvos k tão nos murangos çempre ós gritos. a çéri é tão bôa k a minha prófe de filusufia até me diçe k çe çentáva a vêla com os filhos. e êu pergunteilhe (aporveita os murangos pra ençinar as coisas da vida ós çeus filhos não é). e ela respondeu-me (não. é çobertudo pra tentár persseber pq é k êles grítão tanto). mas a fórma prinssipal de combáte
á viulênssia já diçe k é a litratura. teien de comprár 1 ganda livro. muinto rijo. e pezádo. k dôa mêsmo na cabêssa dun bakano.

04 março 2006

Elas


Carlos, engenheiro químico, chega a casa e diz a Manuela que vai para o Iraque (ou para outro sítio desses) trabalhar. Ela inicia uma meditação intensa.

"Claro, já se sabe, vais ter de fazer um seguro de vida..."

"Pois, vou tratar disso amanhã".

"Mas se os tipos sabem para onde vais não te fazem o seguro... ou fazem-to mas vai ficar caro como tudo... E se tu voltas, já pensaste?, vamos ter de pagar uma fortuna..."

"Pois, eu sei. Mas talvez não volte, para começar. Sossega. E já pensei numa coisa..."

"...".

"Vou propor aos tipos da seguradora que me arranjem uns autocolantes com o nome da companhia e mais um slogan qualquer. Sei lá, imagina: se me fizerem refém eu apareço sentado no chão e exibo no peito uns dizeres (em inglês, claro), do tipo: Seguradora Recklinghausen, Olá Viúva!

Que te parece?"

"Vou telefonar já à Ana. O Francisco já está para lá mas pode ser que os tipos consigam mandar os autocolantes por e-mail..."

OS PERSEGUIDOS


"Deixa que pensem...
que digam
que falem.
O que é que tem?
Eu não estou fazendo nada,
você também!
Faz mal bater um papo
si gostoso com alguém?"
(O resto não interessa...)
Se te tornas a queixar com conspirações ofereço-te o livro pelo aniversário do blog

Virtualidades de um Blog (2)

Descoberta de última hora!
O blog promete tornar-se num excelente potenciador de limpeza
ÉTICA
e
ESTÉTICA
...

ACTA DA ÚLTIMA REUNIÃO DOS CONSPIRADORES ANÓNIMOS ANTI-BLOGUE (CAAB)

Hoje sou outra vez eu a escrever a Acta. É a terceira vez seguida. O pretexto delas é eu ser professora de Português. Sinto-me enganada, mas vá lá.

Estamos todas mascaradas. Nas paredes há posters afixados com os rostos hediondos dos nossos inimigos, a Tola Elasticada, a Benfiquista Croft, o Repugnante Sindroma, o Desaparecido Fantasma, o Semi-desaparecido Planeta, a Venenosa Spanish, a Melosa Abelhuda, a Desconhecida Thrombone, que têm servido de alvo para afinarmos a pontaria atirando-lhes setas.
Alguém bateu à porta.
A nossa bem-amada líder foi abrir, perguntando:
- Qual é a senha?
De fora, uma mascarada respondeu muito depressa:
- «Desde que vi o blogue até tenho nojo de dizer que sou desta escola».
- Não, não, não. Essa era a anterior. Não te lembras? Tivemos de a mudar quando os bloguistas a descobriram e a citaram. Qual é a ÚLTIMA senha?
- Hum...!
- Então? Temos muito trabalho e pouco tempo. Quem tem muito tempo e pouco trabalho são «eles»!
- «Desde que vi...», ai, está-me debaixo da língua... «desde que vi...» o quê? o blogue, não é? «Desde que vi o blogue»: essa parte não mudámos, pois não?, não tivemos imaginação para tanto, graças a Deus, nós somos contra a imaginação, não é? O que é que era a seguir? «Desde que vi o blogue até tenho ASCO...», é isso, até tenho asco... «Desde que vi o blogue até tenho asco de dizer que sou da escola.»
- Passa lá. Bem. Vamos ao momento do ritual. ELASTIGIRL!
TODAS - UUUUUUUUUUUh!
LÍDER - CROFT!!!
TODAS - Blaaaaaaargh!
E por aí fora, um por um, todos os contributors do blogue tiveram direito ao grito de desprezo e nojo que se lhes associou.
- Ó Jona - perguntou uma voz inocente - isto é uma reunião de departamento ou quê?
- Parva! Estúpida! Idiota! Em primeiro lugar eu não sou a Jona. Não há aqui nenhuma Jona. Sou a Anónima I. E tu também não és a Luísa. És a Anónima II, lembras-te? Não voltas a esquecer-te?
- Tá bem, Jona.
- Em segundo lugar, a reunião de departamento foi ontem. Hoje é um assunto sério. É o segredo.

Estou impedida de transcrever na Acta o miolo da discussão propriamente dita. É tudo secreto, teremos de nos recordar do plano de acção. Não nos deixaram sequer tomar notas nas agendas, porque a bem-amada líder achou que se o fizéssemos e depois nos apanhassem, teríamos de engolir as agendas para não deixarmos os nossos inimigos descobrirem mais segredos.
Resta dizer que nos despedimos com o nosso grito colectivo:

POR UMA ESCOLA SAUDÁVEL E HIGIÉNICA, PUXEMOS O AUTOCLISMO A TODAS AS OPINIÕES DIFERENTES.

Nada mais havendo a acrescentar, fomos cada uma à sua vida. Fica esta acta que assinaremos nos termos da lei, mas que negarei se confrontada com ela.

A Presidente: ANÓNIMA I
A Secretária: ANÓNIMA III

03 março 2006

CEUZINHA NO PAÍS eslavADO DE NOVO: VI

A número 1 levou uma corneta de caça à boca e soprou demoradamente.
Em resposta a este chamamento, um ponto se vislumbrou no céu: um ponto que vinha aumentando, tornando-se cada vez mais nítido, cheio e colorido, até se definir de uma vez por todas sobre as cabeças. Era um balão.
Na cesta do balão vinha um homem de óculos e barba por fazer, que, cá de baixo, as meninas da matemática olhavam com uma espécie de reverência apaixonada. Tratava-se do senhor Nuno Crato.
Este senhor era, para todos os que se dedicavam à matemática no país ESLAVado de novo, uma sumidade - havia mesmo quem pensasse tratar-se de um deus, a avaliar pela sua omnipresença (aparecia na televisão, na rádio, no Expresso, em conferências...), e as suas palavras tinham a marca do sagrado; como, por exemplo, estas:

«Para saber Matemática, é preciso realmente o aluno estudar, enquanto que para saber História, bastam umas lambuzadelas [sic] antes do teste...»

Porém, como em todo o lado aparecem desmancha-prazeres (para todo o blogue surgem sempre milhares de antibloguistas), também o senhor Crato era, frequentemente, posto em causa por um grupo que o não respeitava de modo nenhum: precisamente, o grupo da História...
Já veremos a importância deste dado.

Quando aquela sumidade, aquele deus em balão, apareceu a pairar sobre as cabeças, a número 1 gritou-lhe, apontando a pobre Ceuzinha:
- Senhor Crato, ajude a pequena...!
O deus-em-balão sorriu, cheio de si, e preparou-se para lançar à menina uma escada de corda.
Ceuzinha erguia as mãos, saboreando a salvação próxima.
As meninas-número já tinham iniciado o seu aplauso. Tudo corria bem. Tudo corria bem, quando a cestinha do senhor Crato sofreu um baque e estremeceu perigosamente. Na verdade, um outro balão surgira e, deliberadamente, chocara contra o balão do senhor Crato.
Era o grupo de História:
- Aguenta, Ceuzinha. Quem te vai salvar somos nós. Confia... - disse alguém do balão invasor.
O senhor Crato ficou furioso. À beira de uma apoplexia, rasgando com os dentes várias folhas de equações, com os seus óculos, em forma de parêntesis rectos, já muito tortos, voltou-se para os recém-chegados adversários.
- Vocês não se atrevam. Eu é que sou o salvador...!
Muito tarde. O balão da História já lançara uma escada de corda.
Crato não poderia admiti-lo. Com uma unha pontiaguda na ponta do seu dedo esticado, furou, sem pensar duas vezes, o balão da História.
Foi tudo muito mais rápido do que demora a contar. Aquilo esvaziou-se, sob os aplausos das meninas-número, e caiu num ápice.
Ceuzinha, já sem saber que fazer, voltou-se de novo para o balão de Crato. Mas este distraíra-se com a sua vitória. Rejubilava. Estava como se tivesse acabado de resolver um problema muito complexo. Ria, com grandes palmadas no seu joelho. Virava a cabeça para um e para o outro lado. Erguia o queixo. E foi então, num desses movimentos do queixo mal barbeado, que um pico da sua barba se espetou no seu próprio balão, furando-o por sua vez.
- Oh, não! - exclamou o senhor Crato.
- Oh, não! - entoou, lá de baixo, o coro matemático.
- Oh, não! - afligiu-se Ceuzinha.

A PROPÓSITO DA brinCADEIRA

A dança das cadeiras apontada num post anterior mobilizou o mais apurado olho de lince possível numa sexta-feira cinzenta para vasculhar os cestos de papéis onde se colocam todos os escritos para reciclar. Cuidadosamente amarrotado estava um envelope sem destinatário, cujo remetente tinha sido riscado, mas que à transparência deixava ler-se "Da tua amiguinha Lurdes". Dentro, um catálogo com um título sugestivo - "Concurso de professores para o triénio 2006/2009". Por cima, uns gatafunhos a dizer: sala de professores. Profusamente ilustrado, revelamos algumas imagens que seleccionamos:
Vanguardista, esta cadeira não é para um professor qualquer. Com um design arrojado, é destinada a quem utiliza as tecnologias e a internet e as transforma num meio de sobrevivênvia no cinzento panorama educativo. Para apanhá-la há que ter pé ligeiro e estar atento a todas as jogadas.

O modelo clássico é próprio para quem gosta de fazer flores. Facilmente atinge o top de vendas.




O preferido da Ceuzinha, que descobriu este modelo no PAÍS eslavADO DE NOVO. Para encomendas, o melhor é entrar em contacto com ela. Não se sabe quando é que ela dança.


Esta é a cadeira universal, simples, confortável, vai com o professor para todo o lado e para todos os concursos. É fácil de levar para as manifestações da Fenprof. Quem opta por ela está, quse sempre, nas lonas.


Indicada para o catálogo pela Abelha Maia, este é um hino aos amantes dos gatos escondidos com rabo de fora.



Este modelito aplica-se a todos os triunviratos que existem nas escolas. É muito apreciado pelos conselhos executivos, que deste modo passam a estar todos virados para o mesmo lado.