31 janeiro 2007

O RAPTO - 2º EPISÓDIO





Blood Diamond Trailer



A pedido de várias famílias...

UM MISTÉRIO COMO NUNCA SE VIU NADA ASSIM: EPISÓDIO DOZE

Depois do reaparecimento do Fantasmadaópera em dose dupla e já com o texto alinhado à esquerda, ninguém acreditava que mais milagres acontecessem na escola. Ele próprio se espantou com a extensão do seu texto, com o tamanho da inspiração e com a destreza do seu polegar e terá dito, refastelado no seu black sofa: “juro que daqui para a frente, não mais pararei de escrever no blogue, eu seja ceguinho”.
Havia alguns dias que Os Três Rurais andavam aflitos com o desaparecimento do Espantalhuça, o espantalho mais importante da exposição Ruralidades. Espantalhuça era aquele que a cada distracção dos seus progenitores, se escapava para a arrecadação da sala 27 com a única finalidade de irritar os Mestrestics. Por diversas vezes, tinha sido Mestre Márius, o próprio, a expulsá-lo da arrecadação; mas agora, havia dois dias que Espantalhuça desaparecera sem deixar rabo-de-palha. A comunidade rural estarreceu e assim se mantém; desde o desaparecimento de Espantalhuça, o mundo para eles parou.
Su7 e DasDores já procuraram em todo os recantos mais escondidos da escola, incluindo no caixote do lixo que estava amiúde por debaixo da janela da dita arrecadação. Chegaram a ligar à IPODEC, não fosse o desgraçado estar em vias de reciclagem, por via de alguém o ter despejado por engano num cestinho verde que diz: “Só vidro!”. Mestre Márius não tinha dúvidas: estava convencido que Espantalhuça era o único responsável pela súbita agitação que se verificava entre os professores que aderiam ao projecto da Gulbenkian. Todos, menos ele; isso era preocupante. PlanetAzul tinha sido o primeiro a ser atacado, resultando numa campanha pró Sousa Cardozo, “Uma piadinha mesmo ao seu estilo”, pensava Márius, enquanto arquitectava um plano para o caçar.
Os Executivos, entusiastas de todo o tipo de projectos e mais algum, tomados duma súbita euforia, desenvolviam performances no pátio da escola enquanto diziam, “vá, façam coisas giras”; Ana Passover criava arcos coloridos no ar com um par de swings; Cheflucas dominava cada vez melhor as artes do fogo, girando tochas no ar; Carlos Beligerante, ajudado por Alelex, jogavam ao ar um par de devil sticks; Lúcia-Lima cuidava das fardas, consultava etiquetas, pondo de parte qualquer peça de nylon, não fosse o diabo tecê-las. LurdeZorvalho anotava os nomes dos interessados em se juntar ao grupo e que tinham enviado candidatura por email; dispunha as folhas em leque enquanto se abanava, dissipando o calor das tochas do Cheflucas.
É por esta altura que Lara Croft, exímia decifradora de enigmas, coloca hipótese de o extraviado carnet de Madame ter sido, nada mais nada menos, que ROUBADO! por um espantalho qualquer...





Ó malhão, malhão,
que vida é a tua?
Ó malhão, malhão,
que vida é a tua?
Comer e beber, ó terrim, tim, tim,
passear na rua.
Comer e beber, ó terrim, tim, tim,
passear na rua.

Ó malhão, malhão,
ó malhão d'aqui,
Ó malhão, malhão,
ó malhão d'aqui,
se dançar, dancei, ó terrim, tim, tim,
se fugi, fugi.
se dançar, dancei, ó terrim, tim, tim,
se fugi, fugi.

Ó malhão, malhão,
ó malhão vai ver,
Ó malhão, malhão,
ó malhão vai ver,
as ondas do mar, ó terrim, tim, tim,
ai, onde vão ter.
as ondas do mar, ó terrim, tim, tim,
ai, onde vão ter.


30 janeiro 2007

Jean Gabin - Maintenant je sais

“Quand j'étais gosse,
haut comme trois pommes,
J'parlais bien fort pour être un homme
J'disais, JE SAIS, JE SAIS, JE SAIS, JE SAIS

C'était l'début,
c'était l'printemps
Mais quand j'ai eu mes 18 ans
J'ai dit, JE SAIS,
ça y est, cette fois JE SAIS

Et aujourd'hui,
les jours où je m'retourne
J'regarde la terre où j'ai quand même fait les 100 pas
Et je n'sais toujours pas comment elle tourne!

Vers 25 ans,
j'savais tout : l'amour, les roses,
la vie, les sous
Tiens oui l'amour !
J'en avais fait tout le tour!

Et heureusement, comme les copains,
j'avais pas mangé tout mon pain :
Au milieu de ma vie, j'ai encore appris.
C'que j'ai appris,
ça tient en trois, quatre mots:

"Le jour où quelqu'un vous aime,
il fait très beau,
j'peux pas mieux dire,
il fait très beau!

C'est encore ce qui m'étonne dans la vie,
Moi qui suis à l'automne de ma vie
On oublie tant de soirs de tristesse
Mais jamais un matin de tendresse!

Toute ma jeunesse,
j'ai voulu dire JE SAIS
Seulement, plus je cherchais,
et puis moins j' savais

Il y a 60 coups qui ont sonné à l'horloge
Je suis encore à ma fenêtre,
je regarde, et j'm'interroge?

Maintenant JE SAIS, JE SAIS QU'ON NE SAIT JAMAIS”!

La vie, l'amour, l'argent, les amis et les roses
On ne sait jamais le bruit ni la couleur des choses
C'est tout c'que j'sais !
Mais ça, j'le SAIS...!
A grande tourada na Lezíria

Pequeno apontamento da intervenção do Sub-chefe Paxekus quando se preparava para autuar um cidadão nascido e criado na Lezíria

O RAPTO

Inicia-se hoje a fotonovela das fotonovelas.




CASOS DE POLÍCIA 2

Atelier de Escrita Criativa dos Professores da ESLaV
1. A partida para a visita de estudo à Companhia das Lezírias decorreu normalmente, à hora prevista, apenas com 50 minutos de atrado....CORLEÃO, KELSON MARRETO, COMDORES AL-FAYAT e a LACAIA formavam o núcleo duro a quem competia tomar conta da mainada do profissional....o ligeiro atraso na partida deveu-se ao facto do sub- inspector NASUS PAXEKUS, incumbido da respectiva escolta, ter deixado acabar o seu stock de lenços de papel oque, nas presentes condições climatéricas e alvo de marcante constipação, constituíu sério revés para o dito...teve que ir de urgência ao Pingo Doce comprar 2 dúzias de pacotinhos de lenços para sobreviver aquele dia chuvoso e frio...perante a titubeante justificação do atraso apresentada pelo NASUS, CORLEÃO terá proferido a célebre frase...":::Hum...tá bem..ANDA PAXEKUS!!!"
2. A 1ª paragem deu-se em Vialonga, na Unicer; a mainada, com os maiorais, visitaram durante 30 minutos a fábrica de cerveja...no final, a mainada de alunos foi brindada com canecas de cervejolas e os maiorais com garrafinhas de sumo, com excepção da profª COMDORES que, fazendo jus à sua fama de emperdernida beberrona, despachou 3 canecas de jola (1 preta e uma mista) pra fazer caminha com um pirezinho de tremoços; na partida da fábrica logo surgiu, pressuroso, NASUS PAXEKUS que, na observância do estrito cumprimento da lei. pôs todos a soprar no balão...todos, não...só uma não soprou...precisamente CONDORES, a única que lhe tinha dado....Com o sentimento do dever cumprido NASUS montou na sua moto (Vespa de 1954, pintada de novo e com 3 árvores de cames fora da cabeça) e arrancou á frente da camioneta que transportava a mainada e os maiorais; era visível, no interior CORLEÃO com ar visivelmente irritado, de chapéu de chuva aberto, perante a torrente de água que jorrava do tejadilho do transporte..."C....do Lucas...alugar uma coisa destas para a viagem....na próxima, arranja-nos uma carroça aberta, puxada a bois..." vociferava CORLEÃO para os outros...a LACAIA cogitava acrescentando com voz entramelada.."Dêxa, CORLEÃO...qunde chegar a case, faço queixe ao mê marido...." "É o aquecimento global, É O AQ..QUECI...MENTO GLO..BAL..." justificava, em crescendo de voz, CONDORES, a quem as jolas tinham caído na fraqueza...."...Isto já tava previsto no POC, eu bem vos disse..." acrescentou, seráfico, MARRETO...
3. Enfim, chegados à C. Lezírias....a mainada e os maiorais traspuseram o portão de entrada, não sem antes terem sido alvo de uma zeloso controle por parte de NASUS PAXEKUS que não parava de pensar..." Eu hei-de apanhar um...só kero apanhar um destes com o detector de metais, para o conduzir ao chefe...é agora..." Claro está que o detector nada detectou e toda a gente iniciou a visita, devidamente guiada pela Engª PAULA e pela sua assistente Engª PAULO.... comentava CORLEÃO olhando o infinito da planície..."Sim sr....eu é que havia de ter um pedaço de terra assim em Alpiarça pra criar pombos...fazia dinheiro. olé se fazia..." "Perdão...dr.CORLEÃO..."- retorquiu de imediato a Engº PAULA -"....Pombos..??? Pombos..??? aqui cria-se gado...GADO A SÉRIO...GADO BRAVO...entendeu???::??" CORLEÃO pigarreou e olhando de lado pensou..."Gado a sério...havias de ver os porcos de Alpiarça... aquilo sim!! parecem bois..."
4. A propósito de bois.... Enquanto o grupo prosseguia o passeio, mirando e remirando com ar basbaque tudo em redor, uma pequena manada de 5 ou 6 toiros pastavam em silêncio, junto a uns sobreiros...EUCLIDES, o toiro chefe, levanta o olhar para o grupo e balbucia pra o seu colega do lado..." GABRIEL, temos mais visitas de uns chatos, pá....prepara-te..." GABRIEL fita nos olhos CORLEÃO, que se destacara um pouco do grupo, e avisa BEZANA, outro dos toiros do grupo..."BEZANA...aquele gajo ali...tás a ver??...sim o calmeirão, pançudo....careca...é o gajo de Alpiarça...era aquele que quis fazer uma praça de toiros em Porto Salvo aqui há uns meses...lembras-te..??" diz BEZANA..."Mas caro!!!tens razão...é o CORLEÃO, velho patife...Qual será a tanga dele, desta vez??:::" .."CORLEÃO!! CORLEÃO!!! velha pêga....que fazes por aqui.. vens visitar a família???" gritou entusiasmado o toiro GABRIEL... CORLEÃO, notando aquela agitação no seio da pequena manada, faz notar a MARRETO ao seu lado.."Ó KELSON... aqueles bois são curiosos...têm algo de...hum...familiar..." e começa a citar com as mãos na cintura, dando pequenitos saltos...´"Eh boi lindo...Eh boi lindo...meia praça...Eh..Eh...Anda, Anda..." logo responde EUCLIDES incomodado..."Boi lindo...Boi...ó seu C....nós não somos bois...somos toiros, ouviste?? TOIROS!!!" "__Muuuuu...." acrescentaram, zangados ,os 5 outros toiros...Mas o entusiasmo de CORLEÃO e do restante grupo não parava de aumentar...CORLEÃO pegou em dois paus que tinha ali à mão e logo simulou o cravar de um par de bandarilhas...MARRETO, ajoelou e, despindo o seu blusão, logo improvisou um capote, citando de longe.."Eh bicho...Eh bicho...vem cá...que eu faço-te um passe de peito da cabeça até ao rabo...Eh...boi.." também CONDORES, inflamada com os colegas e com o cerebelo ainda turvo pelas jolas da Vialonga, tomou lugar à frente e, com as mãos à cintura, desafiou os toiros para uma pega de caras..."Eh toiro lindo...eh toiro lindo..up..up...up..." à cautela, os restantes membros do grupo, LACAIA incluída, refugiaram-se atrás de uns sobreiros...pensava a LACAIA..."Puxa...não tenho vida pra iste..." É claro que EUCLIDES eos seus pares, perante tais desafios não se ficaram e, após a ordem dada pelo seu chefe, a manada de 6 toiros investiu convictamente para o grupo desafiador...CORLEÃO e os seus 2 colegas tremeram e , ao perceberem que a toirada era a sério deram meia volta e desataram a fugir em passo acelerado..."Gaita!!! eu pegas é só de Cernelha...de Cernelha..."comentou, medroso CORLEÃO para COMDORES...Como o dia estava de chuva e o terreno todo enlameado, logo se deu o desastre....MARRETO, o mais ligeiro na fuga escorregou e statelou-se ao comprido...COMDORES, logo atrás, tropeçou no colega caído e voou, cerca de 2 metros, até aterrar numa poça de lama onde chafurdava um casal de porcos pretos...MALAQUIAS e sua cara metade ALZIRA... terá comentado o primeiro, fleumático e incomodado..."Vê bem, ALZIRA...aquilo que hoje em dia nos pôem no prato..TSSS TSSS...nem uma bolotinha..." CORLEÃO, o mais atrasado, também não escapou à desdita...apanhado pelo toiro EUCLIDES, sentiu no fundo das calças, um corno ponteagudo erguê-lo do chão e projectá-lo a 25 metros, caindo de bruços numa estrumeira que, naquele momento, estava a ser devidamente alimentada pelos dejectos de 8 magníficos cavalos lusitanos....Perante tal cenário, a LACAIA não vai de modas e começa a gritar por socorro, com som tão estridente que as galinhas na Chamusca pararam todas de por ovos naquele momento....
5. Ouvindo os lancinantes pedidos de socoro e a algazarra produzida, logo o astuto e audaz sub inspector NASUS PAXEKUS observou com argúcia..."Rapazes...passa-se qualquer coisa...vamos!!!" e acorrendo de imediato ao local da ocorrência com os seus homens (uma patrulha bem treinada de 1 homem...), de imediato dá voz de prisão..."Alto aí, seu desordeiro!!! Quieto!!! mãos à vista e pernas afastadas!!!Já!!!! Tudo o que disseres poderá ser usado contra ti em tribunal..."
6. Atonito, o pobre toiro EUCLIDES sentiu o frio metal das algemas colocadas nas suas patas dianteiras, enquanto o arguto NASUS pensava, com ar alvar de besta satisfeita, acariciando a prodigiosa protuberância após mais uma sonora assoadela..."Ah..Quando eu entregar este meliante ao Chefe, volto logo para as patrulhas...olá se volto..."

29 janeiro 2007

CASOS DE POLÍCIA 1

Atelier de Escrita Criativa dos Professores da ESLaV
1. É preciso esclarecer que, na viatura policial que freneticamente seguia o grupo dos HERÓIS BENFIQUISTAS, seguia o temível, sanguinário e trocidário sub-inspector NASUS PAXEKUS, cuja "Terribilis tuber emergens ex oculis" era já tristemente célebre...já na Ecola de Polícia, onde se formara ao longo de um penoso curso de 4 anos - que lhe custou 8 anos da sua preciosa tardo adolescência ( o moço, ao que consta, exponenciava maximante a sua inteligência mínima), era conhecido pelos seus mestres como o "Inusitata eminentia emengens ex oculis" e, entre os seus colegas como "O Pencário"; vociferava NASUS para o condutor"Anda-me com esta lata, macaco...temos que apanhar os lampiões..."a viatura policial, nos 130 Km por hora em plena 2ª circular, ficou, obviamente retratada no respectivo radar que nao distingue ninguém...(excepto malta do GLORIOSO SLB, CLARO!!!)...
2. No dia seguinte o sub NASUS PAXEKUS defendia-se como podia no gabinete do seu superior o Inspector LAGARTUS TRISTONHUS,.. "...Mas senhor inspector, fizémos o que pudémos...os gajos escaparam ao radar e nós, mesmo em viatura policial disfarçada, quinámos...já foi azar..." "Cale-se, seu inútil!!! Você nao devia ir atrás deles...Seu ASNO...devia estar à FRENTE DELES, para lhes fazer uma barreira..." disparou feericamente o Inspector LAGARTUS....":::Mas... meu inspetor...como é que eu sabia quem eles eram....???" respondeu NASUS PAXEKUS contendo, a custo, a sua incontinência urinária...."Ó sua polimiosa BESTA....não era preciso adivinhar....para este trabalho policial é preciso ter far, entende??? FAROOOO!!!! para que quer você essa espantosa protuberância que emerge de entre os olhos..???, hein????; é claro que isto era demais para a compreensão de NASUS que apenas balbuciou alguns termos nao inteligíveis e a seguir se assoou estrodosamente..."Vou tirá-lo do comando destas patrulhas e mandá-lo já para a Escola Segura....Há aqui trabalho para você fazer já amanhã, seu indulgente mental...." "Am- Amanhâ já, Chefe....???" questionou em surdina NASUS..."Sim, amanhã, seu arquipencário...tenho aqui um pedido de acompanhamento para uma visita de estudo da ESLAV à Companhia das Lezírias, organizadas pelos professores CORLEÃO e KELSON MARRETO...Você vai acompanhá-los...OUVIU.??? às 8.30h está lá à porta da escola!!É tudo! Agora saia que eu tenho mais que fazer!!!"
3. Enquanto o sub NASUS PAXEKUS, saía do gabinete, amargurado, o Cefe LAGARTUS pensava com os seus botões...."Livra!! o que vale é que me faltam só 3 meses prá reforma...aturar este gajo por muito tempo e um tipo fica pior que ele..."
4. Escusado será referir que, no mesmíssimo momento em que decorriam estes dramáticos acontecimentos, o NOBRE, LAUREADO E CAMPEONÍSSIMO GRUPO DE HERÓIS BENFIQUISTAS se banqueteava, alegremente, na Catedral da Cerveja, saboreando com TRANQUILIDADE E NORMALIDADE, a descida dos lagartos ao 3º lugar....e a sua próxima e previsível queda no lugar que merecem...o ÚLTIMO!!! (Continua)

28 janeiro 2007

Babel trailer

Vale a pena! (Não é nenhuma ordem Ferrero)

JÁ ME COMEÇO A FARTAR

Já me começo a fartar de me dizerem o que devo fazer.
Se não é em casa (vocês haviam de viver com uma ditadora para saberem o que custa) é na escola. Ou então entramos numa livraria e só vemos manuais que nos querem ensinar coisas: como reconhecer a ansiedade, como aprender a viver de maneira positiva, como criar um blogue em dois minutos...
Como se isso não bastasse, agora até nos dizem o que devemos vestir. Prevenindo-nos para a vaga de frio que chegou, a Protecção Civil aconselha-nos vestir por camadas, tipo cebola, mas com menos cheiro, estão a ver?
Depois, alarmistas, dizem que está tudo em alerta! Até parece que antigamente não havia frio, e calor, e fogos! Sempre houve, se bem me lembro. Cambada de anormais.
Pois eu, Ferreiro Rocher, não recebo ordens de ninguém.
E sempre ouvi este remédio para quem se quer prevenir das mazelas do frio: avinha-te, abifa-te e abafa-te. Alguém tem melhor proposta para um dia gelado como o de hoje?

26 janeiro 2007

OS ANTI-SUPER-HERÓIS AO ATAQUE

Alertado para o facto de que um grupo de super-heróis eslaviano-paredianos se reunira num antro benfiquista, onde se batia com um opíparo almoço, numa mesa mesmo defronte de uma outra mesa onde se encontravam o senhor Saborosa, o senhor Nuno Gomes e mais alguns, eis que, babando-se de inveja e raiva, o núcleo duro da torcida benfiquista da eslav (núcleo duro, entretanto, é certo, um pouco amolecido com os anos) se mete num pequeno veículo e ruma em direcção ao dito antro.
Fantasmadaopera, pochato, alelex, anonymous, guerreiro, acomodaram as barrigas no «fiatezinho», numa confusão de pernas e de bigodes - braços e pochetes fora das janelas, para não ocupar espaço - e zzzzum!, aí voam eles em direcção ao local de peregrinação benfiquista.

Logo no caminho, primeiro azar: uma fila interminável de carros amontoados uns nos outros. Nada se move. Passa lá por cima das cabeças o helicóptero da SIC, filmando o monumental engarrafamento. Pochato diz adeus; sempre previdente, sempre à espreita de uma oportunidade de surgir na televisão, saca da pochete um cartaz onde se pode ler, em letras garrafais: «Vendo bicicleta em segunda mão, como nova, só lhe faltam rodas, volante e selim, preço a combinar».

Guerreiro aconselha fantasmadaopera, ao volante:

GUERREIRO - Buzina, pá! Buzina a essas melgas.
FANTASMADAOPERA - Que adianta buzinar, pá? Eles não podem voar nem saltar por cima uns dos outros. Tenho uma ideia melhor. Tens a luz, pochato???
Pochato retira da pochetezinha uma luz de ambulância, que coloca no tejadilho do veiculozinho. Ao mesmo tempo, fantasmadaopera vai gritando, para fora, o som de uma sirene: «uuuuiiiiiiiiiiiin, uuuuuuuuuiiiiiiiiin» - e com este astucioso estratagema, o veiculozinho vai enganando a fila, contente por ver que os carros da frente abrem alas, como o mar vermelho diante de Moisés.
Uuuuuuuuuuuuuiiiiiin, uuuuuuuuuiiiiiiin
ALELEX - Eia pa-pa-pá, isto é-é-é gi-gi-giro, tás a fa-fa-fazer e-e-e-e-e-eco...
POCHATO - Não é nada eco, pá. Isto é uma sirene a sério. Olha, a polícia. Olha, estão a fazer sinais. Que simpáticos, penso que nos estão a cumprimentar. Cumprimenta, cumprimenta, Alelex. Como está, senhor guarda? Como? «Encoste»!? Olha, diz-nos para encostar... É para confraternizar, decerto. Não temos tempo, vamos com pressa. VAMOS COM PRESSA!
FANTASMADAOPERA - Perceberam???
GUERREIRO - vêem atrás de nós a toda a brida.
POCHATO - Eh pá, é um pessoal bacano. São porreiraços. São do benfica, com certeza. Vamos todos para o restaurante. Os gajos também querem ver o Saborosa ao vivo. Isto vai animar.
FANTASMADAOPERA (muito satisfeito com a ideia de uma confraternização benfiquista e de humilhação para os super-heróis) - Uuuuuuiiiiiiiiiin, uuuuuuiiiiiiiiin, uuuuuuuiiiiiiiin!
CARRO DA POLÍCIA - Uiiiiiiiiiin, uiiiiiiiiiin, uiiiiiiiiiiiiin!!!!

(HÁ-DE CONTINUAR, SE ME APETECER)

25 janeiro 2007

QUAL FOI A SENSAÇÃO DE ALMOÇAR COM OS SUPERHERÓIS?

Nuno Gomes - Eram eles, não eram? Bem desconfiei, mas não tive coragem de lhes pedir um autógrafo. O meu filho bem me pediu para eu andar prevenido mas, sinceramente, tinha deixado o carnet no cacifo, na luz.



Simão Sabrosa - Eu tirei-os logo pela pinta! Principalmente uma senhora com ar majestoso que se ria muito. Eu até pensei: que bem lhe ficaria uma capelina verde! Estavam bem divertidos. Nós também nos divertimos, mas o pior é que não podemos comer pataniscas nem entrecosto quando queremos.


Aniceto Mamporras - Eu assustei-me quando vi a pistola da Lara Croft em cima da mesa; devia estar muito distraída. Denunciou-os. Há muito tempo que não me divertia tanto.


Joaquim Beiga - Ah! O Sindroma! Não, não era que falasse alto, eu topei-o foi pelo cabelo e eu que pensava que ele era loiro! Até reparei numa coisa que se calha ninguém sabe, mas ele vê mesmo mal, não vê?

23 janeiro 2007

UM POUCO DE SIMBOLISMO NÃO FAZ MAL A NINGUÉM

Este é o meu contributo.
Simbólico, claro.













Odilon Redon, Ciclope, 1914.

22 janeiro 2007

RENOIR


Bom, deixem-me lá lavar a vista, porque já não aguentava entrar no blogue e ver o menino da lágrima.
Aqui fica um Renoir, a servir de inspiração para o próximo almoço...

19 janeiro 2007

ZÉ ABREU: O SENHOR AZUL VAI À EXPOSIÇÃO DO SENHOR AMADEO

Ora muito bem. Devo dizer que, por uma vez, me sinto profundamente grato ao senhor azul, que fez o sacrifício de ir àquela exposição de mamarrachos e, não contente com isso, postar algumas reproduções das pinturas horrorosas, para evitar cairmos na asneira de lá ir. Eu não corria perigo, claro: nunca iria a uma exposição de pintura quando tenho lá em casa um quadro, muito bonito, com um menino a chorar à lua. Mas até o meu primo Aristides, que é um intelectual, isto é, um indivíduo de óculos e com caspa, olhando atentamente para as pinturas que o senhor azul postou, detendo-se muito numa, entretanto retirada, cujo título é «A Minha Mãezinha», não conseguiu evitar o seguinte comentário: «Apre! Que o Amadeo tinha uma mãezinha muito feia!» Mas, graças ao senhor azul, o primo Aristides, que não é exactamente um primo, é primo de um primo, é o filho da Ermelinda coxa que, essa sim, era a irmã do tio Joãozinho sportinguista, pai do Miguel do restaurante que fica na praceta da Rosa, ao qual se vai pela Infante Santo acima, antes de se chegar ao Jardim da Estrela, voltando na terceira à esquerda, bem, dizia eu que graças ao senhor azul o «primo» Aristides evitou a estopada das pinturas.
Claro que, para quem leia apressadamente, fica-se com a sensação de que o senhor azul apreciou os quadros. Mas leiam melhor. O que ele apreciou verdadeiramente na exposição, foi ver um ministro na fila. E aposto que o dito ministro estava lá muito para trás na fila, atrás do próprio senhor azul, se não, não teria tido tanta piada. O senhor azul até nos explica que isto é que é democracia: os ministros irem para a fila. Claro que, deste ponto de vista, a nossa democracia é um bocado atrazadota, não é como na Suécia: nas verdadeiras democracias, os ministros vão para a fila do pão, do leite, da fruta e dos jornais se querem saber o que se diz deles na imprensa. E para a fila do eléctrico e tudo. Nas democracias a sério, há sempre um ministro qualquer numa fila qualquer. Mas não perdi a esperança: ainda hei-de ver a ministra da educação na fila para se aviar de uma bifana na minha rulote!

18 janeiro 2007

AFORISMOS E DESAFOROS

«Moby Dick», de Melville, foi encenado com uma versão para surdos-mudos. Isto passa-se em Portugal. Aplaudo a sensibilidade e a ousadia. E apresento uma proposta: que, de forma a que a eslav continue na vanguarda da arte, a teatrada natalícia seja, para o ano, representada, em versão única, para cegos-surdos-e-mudos, ou seja, que não se veja nada nem se diga coisa nenhuma...

Se não gostarem da proposta, então, aceitem pelo menos esta: que a grande timoneira, a encenadora-máxima, represente, empoleirada na cadeira do costume, o papel de surda--muda. Agradecido.

COMO OS PROFESSORES DEVIAM GERIR O SEU TEMPO DE FORMA A EVITAR PROBLEMAS DOMÉSTICOS

Encontrei-me ontem com o meu amigo Antunes, a quem o pessoal, na pândega, chama o «miopinho» em virtude de ser um míope que não tem mais do que um metro e trinta de altura. Pois o miopinho vinha a chocar com as cadeiras, pedindo-lhes, depois, muitas desculpas. Reparei que não trazia os seus óculos de lentes tipo fundo de garrafa. Então, ó miopinho, e tal e coisa, pá, que é feito de ti, tens visto o Simões, e o Teixeira ainda é vivo ou quê, palavra puxa palavra, lá acabei por lhe perguntar se fizera uma operação aos olhos (o que eu já tinha topado que não devia certamente ter acontecido, a não ser que a operação consistisse em transplantarem-lhe uns olhos de toupeira, porque o gajo vinha a ver pior que nunca). Ora o miopinho anda com problemas em casa. Deitou fora os óculos, porque pensa que a mulher lhe pôs escutas nos aros. E então porquê? Vão-se rir: a mulher do miopinho julga que o gajo tem um caso. Eu acho graça, porque para o miopinho, com aquela figura, ter um caso, tinha de ser com certeza com uma miopona, como, aliás, a mulher dele, de facto, é: aquilo foi verem-se - desfocados, tá claro - e apaixonarem-se!
Eu próprio confesso (e olhem que faço isto pela primeira vez na vida), já apanhei em tempos um susto dos grandes, quando a minha mulher descobriu que eu guardava uns aerogramas da minha madrinha de guerra na gaveta da secretária. Julgava eu que aquilo era um sítio seguro, porque é onde guardo os talões do totobola e do totoloto antigos, é uma pancada que eu tenho, guardar aquilo, os papéis todos amarelecidos e atados com um elástico a desfazer-se. Bem, então um dia ela achou que devia fazer uma limpeza geral e deu com os ditos aerogramas, ía caíndo o carmo e a trindade e mais uma vez me censurei por não ter ficado por lá, até podía ter casado com aquela madrinha, casávamos por procuração, mas depois vim a casa no natal e deitei tudo a perder.
Mas o miopinho tava fulo, porque o homem é professor, o que é mais um defeito a acrescentar aos óculos e à baixa estatura, e a única coisa que se passa é que anda a trabalhar como um doido lá na escola e não tem tempo para mais nada.
Eu bem aconselho estes grandes trabalhadores: - Façam como eu! Vão à escola só nos dias em que o almoço da cantina vale a pena. A seguir, sentem-se num dos sofás, com um copinho na mão. Conversem. Uma vez por outra, vão dar uma aula, que aproveitam para fazer umas chamadas pelo telemóvel, preencher o IRS e assim. Às horas de reuniões, direcções de turma e afins, vão-se mas é embora. Isto é o que eu faço.
Mas os professores como o miopinho, não. Levam tudo muito a sério. Escrevem sumários. Planificam. Reúnem. Recebem pais. Eu cá, uma mãe ou outra, não digo que não seja capaz de receber, afirmo-o com todo o respeito, agora pais...!
A conversa estava interessante, mas fazia-se tarde. Despedimo-nos com esta última deixa do miopinho: - Eu ando lixado! Já disse à minha Maria: um caso, eu!? Um caso!? O único caso na minha vida é nem ter tempo para casos. Só se for com a ministra: dedico-lhe todo o meu tempo, o melhor e o pior do meu tempo. A ela e só a ela!!!

17 janeiro 2007

POST PARA UMA ABELHA, SEM DESENHOS MAS COM INSTRUÇÕES

Querida abelhita:
No post da Elastigirl, a uma dada altura aparecem umas letrinhas a dizer "Mozilla Firefox". Estas letrinhas aparecem a uma cor azul (ou roxa, se já lá tiveres clicado em cima) e sublinhadas. No entanto, se passares em cima delas com o rato - oh maravilha das maravilhas! - mudam de cor para verde! Extraordinário, não é? Nesta altura, deves clicar em cima das mesmas letrinhas (com o rato) e serás dirigida, através da auto-estrada da informação, para o site (em português, sítio) do dito Mozilla Firefox. Este não é mais do que um browser, ou seja uma ferramenta semelhante ao Internet Explorer, que te permite navegar pelos vários sites (em português sítios) da internet. Terás então que fazer o download deste programa e instalá-lo (é favor seguir as instruções que vão aparecendo no ecrã, ou seja, basicamente ir dizendo que sim a tudo o que te é pedido). Bom, chegamos à altura em que deverás passar a navegar na internet usando este programa (o Mozilla Firefox) em vez do habitual Internet Explorer. Para isso deverás abri-lo, em vez de abrires o Internet Explorer. Bom. Estou cansada. Para abrires o dito Mozilla, é olhares para o teu ambiente de trabalho: deve ter lá aparecido um ícone que tem o desenho de uma raposita enrolada numa bola, que representa o planeta Terra. Mas representa também um atalho para o Mozilla Firefox. Clicas lá com o rato. Abre-se o Mozilla (o funcionamento é parecido - eu disse parecido - com o do Internet Explorer). Nesta altura deves seguir para o site (em português, sítio) do blogue da ESLaV. Escreves lá em cima, numa barrinha: http://www.eslv.blogspot.com - e aparecerá o blogue! Olhas para o post da Elastigirl. Vês lá um desenhito com um boneco azul com uns chifrezitos e com umas letras azuis a dizer "Yakalike" sobre um fundo branco. Clicas lá com o rato. És transportada para o site (em português, sítio) do dito Yakalike. Registas-te. Sacas o programa. Fechas o Mozilla. Abres o Mozilla. Agora, atenção: olha para o canto inferior direito do teu ecrã. Está lá escrito Yakalike? Se não estiver, pede a um professor de EV que te faça um desenho. Se estiver, clica lá em cima com o rato. Abre-se uma janela. Entra o nickname à tua escolha e a password. Carrega (com o rato) em Login. Já estás na sala de chat do blogue! Parabéns! Não está lá ninguém? Podes dizer qualquer coisa à mesma, não te inibas!

ACTOS E CONSEQUÊNCIAS EM TEMPO REAL

A propósito dos actos e das suas consequências...
Se eventualmente alguém se melidrar com as tolices que cada um, à sua maneira vai escrevendo, não deve desistir de revelar o seu desagrado.
Agora é possível puxar as orelhas no próprio momento em que o linguarudo escreve e até antecipar a sua publicação. Evitar, impedir, nunca, porque o blogue serve essencialmente para nos rirmos de nós mesmos, uns dos outros e do nosso dia a dia.
Mas por exemplo: alguém acha que alguém anda a dar com a língua nos dentes, que alguém anda a revelar inconfidências (não eu, claro, eu não seria capaz disso!). O acto pode ser comentado logo ali, no momento preciso, basta para isso que indiscreto e alvejado estejam on-line.
Prevejo por isso, uma afluência nunca vista no blogue. Haverá, porventura quem faça dele a sua homepage, para não perder pitada.

Esta conversa toda é um pretexto para introduzir o Yakalike.
Nada mais simples:
Basta ter como browser o Mozilla Firefox e instalar o programa.
Abre-se uma janela que funciona como uma sala de chat, no próprio browser, com o nome dos visitantes on-line no momento (se registados).
Eu e a Lara Croft já experimentamos.
Não era isto que procuravam?

16 janeiro 2007

ACTO E CONSEQUÊNCIAS

Sindroma vinha triste, cabisbaixo, de rabo entre as patas, como um cão abandonado.

Na sala dos DT, pungentemente deserta, já com alguns cactos a despontar aqui e ali, esperava pela visita de algum Encarregado de Educação. Ao menos! Mas nem os Encarregados de Educação se dignavam passar por onde sindroma estava... - e ele que até trouxera um termo de chá e bolos de coco para partilhar. Ninguém, então, o apreciaria!?

Sem nada de útil que fazer, ligou o computador. Sempre podia passar algum tempo à espera que, uma vez ligado, o computador desse o primeiro sinal. Era um entretenimento: às vezes vinte minutos mas, com sorte, quem sabe se não teria para uma hora de espera?
Por azar, como, nesse dia, o Alelex não se tinha lembrado de o «arranjar», o monitor acendeu imediatamente.

Então, o blogue apareceu-lhe no ecrã, branco e negro, convidativo, como uma tentação ao pecado, como se lhe segredasse, com voz untuosa «Escreve, sindroma, escreve, sindroma...»

Subitamente transformado em greenlight, sindroma teclou uma, teclou duas, teclou três. Já não podia parar. Retratava o Migalhões,o Chefe Lucas, o fantasmadaopera. A sua disposição melhorava consideravelmente. Escrevia sobre o Pochato, caricaturava o blacknight, a juju. Ria-se, enquanto salivava de perfídia. Atingia insuspeitados clímaxes. O seu corpo vibrava de prazeres proibidos; sentia-se devorada pela vertigem do sarcasmo. Tremia ainda, no fim.

Fumou um cigarro a meias com o computador.
- Uau! - rouquejou. - Uau! Para ti também foi bom?

Mas, no dia seguinte, as pessoas atropelavam-se para lhe pedir contas. Faziam-lhe esperas. Soube que blacknight não gostara: sindroma queria conversar com ele, explicar que nada daquilo fazia sentido - era o que faltava, que o tomassem a sério! Mas já Migalhões o abanava pela gola da camisa, atiçado por Pochato:
- Atão eu pensava que tinha em ti um amigo, e tu apunhalas-me pelas costas???
- É assim mesmo, Migalhões, dá-lhe já um murro na tromba. Queres que te empreste a pochete?
- Ouve! - respondia Migalhões voltando-se, agora, para Pochato, furioso com a ideia de se lhe emprestar a pochete. - Para quê!? Tu não me ofendas, se não acabas por levar mas é tu o murro!!!
- Eu estava a caricaturar -, justificava sindroma, suando abundantemente. - Eu não vejo as pessoas realmente assim. Em geral, não é assim que vejo os meus colegas. Haverá algumas excepções, de acordo. Por exemplo, o fantasmadaopera. Bem, e a Juju. E o Benfica. Mas, em geral..., talvez também com excepção do sô Gonçalves. Ou do Guerra. Ou da Madame. Ou do Alelex. Ou do senhor azul. Ou da lula espanhola. Ou da rainha de inglaterra, a orvalhada, a abelha maia. Isto era tudo a brincar. Se exceptuarmos...

Já não terminou os exemplos. Migalhões vinha de vingar todas as pessoas que, durante tanto tempo, sindroma acossara...

14 janeiro 2007

«A APOSTA» SEGUNDO MADRINHA

Para termos uma ideia, mesmo sucinta, do tipo de análise que a imprensa portuguesa vem fazendo acerca das reformas no ensino, nada como seguir a crónica publicada por Fernando Madrinha, incontornável e inimitável «talking head» da nossa praça (não confundir com um grupo musical com o mesmo nome: estou a pensar, claro, na banda «As Madrinhas do Fernando», que abrilhanta festas populares e casamentos).

Começa assim o senhor, no Expresso desta semana:

«O sistema educativo tem menos 8000 professores, menos 1600 escolas e... mais 2100 alunos.»

Pensamos nós, pesarosos: Credo! Ao que isto chegou. Bem me queria parecer que tenho turmas demasiado numerosas e que a escola me vai parecendo pequenina. Mas, continuando a ler, percebo que não tinha percebido o tom. Estes números iniciam uma apologia ao ministério porque, para o iluminado cronista, assim é que as coisas devem mesmo funcionar - um dia, porventura não muito distante, não haverá professores, ou restará a Juju, que nos há-de ainda enterrar a todos, e duas escolas para mais uns milhões de alunos. Ter-se-á atingido o clímax! O ponto «g» de madrinha!

Não o interrompamos, porém. Prossegue assim o supracitado cronista:

«Além disso, voltou a cair, nas escolas públicas, o número de estudantes por computador com ligação à Net.»

Aqui, hesito. A frase é-me enigmática porque, na minha escola, em matéria de quedas relacionadas com a Net, a única coisa que cai constantemente é a própria internet. Fora disso, também caem professores a torto e a direito. Não sei porquê, é estranho, mas escorrega-se um bocado para estes lados...

«Mais alunos com menos gastos, portanto, e com melhores condições.»

Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah!
Sou um admirador e, dentro das minhas óbvias limitações, um discípulo deste estilo de abordagem da realidade, sarcástica e deliberadamente surrealista, aliando a estatística à fantasia e ao humor de cor. (Digo assim para evitar a politicamente incorrecta expressão «humor negro» com que, se calhar, me apodariam de racista). O senhor madrinha reúne, numa só pessoa, Asimov e Seinfeld. Que brilho!

Mais, quero mais:

«Se os números estão certos, a realidade está a mudar.»

Com a breca. Nem essa outra brilhante intelectual do nosso burgo, a nobelizável Lili Caneças, diria tão bem. Quando as coisas mudam, isso só pode querer dizer que elas estão a mudar.

Há mais umas linhas que salto, para poder mais tarde plagiar, apresentando-as como da minha própria lavra e, por fim, madrinha afirma prazenteirmente:

«O país e a ministra podem ganhar a aposta»

É esse o meu medo. Também me parece que possam ganhar a aposta. O que me assusta nisso, é que tenho uma desconfiança muito pessimista acerca do que a ministra apostou...

Amadeo de Sousa Cardoso


















(Menina dos Cravos-1913)




















(Brut-TSF -1917) (Entrada- 1917)

Foi óptimo ter escolhido o fim de tarde de sexta feira porque os de Sábado tiveram de passar a noite nas filas!
Mas a exposição merecia isso e muito mais...
Aquí fica uma pequena amostra, só não consegui "trazer" o Picasso, mas paciência.
A Gulbenkian à noite, cheia de gente, é uma maravilha!...

Nota: A democracia também é isto: Ministro levar 15 minutos para comprar o bilhete e na fila de entrada esperar cerca de 45 minutos para entrar na exposição (não estavam batedores por perto).

UM MISTÉRIO COMO NUNCA SE VIU NADA ASSIM: EPISÓDIO ONZE

A saga do desaparecimento do carnet de Madame, ambientada na Linda-a-Velha do primeiro quinto do século XXI, desde os últimos esplendores da escola até às trevas em que nos lançara a política ministerial, e misturando técnicas de thriller, de novela histórica e, sobretudo, de comédia de costumes, fora bruscamente interrompida. (Porquê? Eis um mistério dentro do mistério!)

A escola em peso deu por isso e, como é natural, ressentiu-se da falta da história que a perseguia dia após dia.

Um dia, a tal «escola em peso», que é, basicamente, o senhor fantasmadaopera - o qual não se tem preocupado minimamente com dietas nem visitado a balança -, chegou-se-me à beira e deu-me conta do seu sentimento perante a falta do folhetim, dizendo-me: «Então parece que acabaram com aquela pepineira? Fizeram bem, que eu era o único que lia, e nem eu já lia». E vou eu: «Pois, parece que sim». E diz ele assim: «Mas então porquê, cansaram-se?» E respondo-lhe eu, então: «Não! Houve razões, houve razões». E ele assim: «Razões razões? Mas que razões razões???». E, então, eu: «Nem queiras saber...». E vai ele: «Ó pá, não me excites a curiosidade; aconteceu alguma coisa...?» E viro-me eu: «Nada, nada... Deixa, deixa...!» E, aí, vira-se ele... mas não sei se este diálogo vos está a... não...? Bem, abrevio, abrevio.

A verdadeira razão, confesso hoje à escola em peso (estás a ler, fantasma?) é que, há dias, eencontrava-me eu a rascunhar precisamente a continuação da série, enquanto não me chamavam para alguma AAA, quando ouvi uma voz arrepiante, potente mas velada, sensual e grave:
- Que tás tu para aí a escrever rindo tanto sozinho, ó Sindroma?
Para não me comprometer, comecei imediatamente a tentar engolir o malfadado papel em que rascunhava. Uma baforada de fumo invadira a sala; tossi nervosamente. Era Madame. Herself. Com umas jeans cheias de lantejoulas no traseiro, formando as letras: «Keep your hands off!» (Penso que se tratava de um aviso destinado a ser lido por certo colega grisalho e de barba).O problema, o meu problema é que... Madame... tomava notas... no CARNET!

Gaguejo afoitamente: «O te-teu ca-ca-rnet re-re-reapa-pa-pareceu?» E vai ela: «Não. Comprei outro...» E digo eu assim: «Mas...» E vira-se ela: «Pois...» E digo eu, que, nestas alturas de nervos, não consigo ficar calado: «Ah!...» E ela, então: «Sim...» E viro-me eu: «Bem...» E pergunta ela: «Mas não me disseste o que estavas a escrever, para eu apontar aqui...» E digo eu: «Hum!» E vai ela: «Hum!???» E viro-me eu: «Hum, hum!» E, ainda eu: «Olha, acho que me estão dali a chamar para uma AAA, desculpa, volto já, não posso falhar, é a minha dose de hoje, como sabes sou verdadeiramente viciado em AAA...!»

Acho que, se Madame regressou ao carnet, terei mais dificuldade em escrever: sinto-me asfixiado - mas se calhar é só por causa do cigarro que a acompanha. (Ela não troca de cigarros, é sempre o mesmo, até já lhe li o nome, chama-se Marlboro). Além disso, engolir um papel é uma coisa, mas se ela se lembra de aparecer enquanto eu estou a escrever no computador da sala dos DT? Engulo o computador??? Bem sei que a escola agradecia, mas os meus dentes e o meu estômago talvez não.

Em suma, seja como for, a saga vai continuar. (Até porque não sou eu a escrever o próximo episódio, eheheheh)

13 janeiro 2007

PARABÉNS HS!!!

PENSAMENTOS POLITICAMENTE INCORRECTOS DE UM PROFESSOR CINÉFILO

Situação:
Sobre a diferença entre os alunos portugueses e os estrangeiros.
Pensamento:
Jules e Vincent conversam acerca da diferença entre os McDonalds nos EUA e em França..
Jules: What do they call a Big Mac?
Vincent: Well, a Big Mac's a Big Mac, but they call it "Le Big-Mac".
(Pulp Fiction)


Situação:
Funcionária, batendo à porta e interrompendo a última aula da tarde: Sotôr, hoje vou sair mais cedo. Precisa de mais alguma coisa?
Professor: Já não preciso de nada, obrigado. Até amanhã.
Pensamento:
Tank: So what do you need? Besides a miracle.
Neo: Guns. Lots of guns.
(The Matrix)


Situação:
Aluno: Stôr, o Fábio está sempre a picar-me com o lápis! Faça alguma coisa!
Professor: Ok, Fábio. Já aqui para a frente. Vais passar o resto da aula aqui ao pé de mim.
Pensamento:
Michael Corleone: I'll make him an offer he can't refuse.
(The Godfather)


Situação:
Aluno, levantando-se da cadeira sem pedir autorização: Vou só ali falar com o João.
Professor: Infelizmente vais ter que te voltar a sentar no teu lugar.
Pensamento:
Travis Bickle: You talkin' to me? You talkin' to me?
(Taxi Driver)


Situação:
Um aluno tem uma atitude imprópria na sala de aula.
Professor: Vais ter que te acalmar definitivamente ou vou ter que te mandar sair.
Pensamento:
Harry Callahan: Go ahead, make my day.
(Sudden Impact)


Situação:

O aluno da situação anterior volta a ter uma atitude imprópria na sala de aula.
Professor: Pronto. Vais ter que arrumar as tuas coisas e ir para o Gabinete de Gestão de Conflitos acabar o resto da ficha.
Pensamento:
The Terminator: Hasta la vista, baby.
(Terminator 2, Judgement Day)


Situação:
Após uma reunião com um Encarregado de Educação acerca do mau comportamento do seu educando, o Director de Turma observa o ar desconsolado do mesmo.
Pensamento:
Cypher: I know what you're thinking, 'cause right now I'm thinking the same thing. Actually, I've been thinking it ever since I got here: Why oh why didn't I take the BLUE pill?
(The Matrix)

REALMENTE, ÀS VEZES NÃO É SOBRE REPOLHOS: ANTES FOSSE!

Uma nota séria, para desenjoar:

Aquilo que, por qualquer razão, talvez por motivos do foro psicológico, a senhora dona Ministra nunca conseguiu entender, é que a docência deve ser, no seu melhor, uma Missão. Há professores maus? Sem dúvida. Só na eslav, alguns dos maus são péssimos. Mas os que são bons, têm de ser excelentes: entregarem-se, porem constantemente do seu bolso, do seu tempo, dedicarem-se, multiplicarem-se - a sua qualidade está em nunca se limitarem ao que se lhes exige, mas ultrapassarem todos os limites, como se não tivessem família, por sua iniciativa, conta e risco.

Com esta ministra, isso acaba. A única coisa que se manterá hão-de ser os maus professores. Mais vigiados, talvez, mais empurrados, mas inventando novos subterfúgios para fazer mediocremente ou não fazer de todo. Os bons, deixarão rapidamente de o ser, porque - já não digo: os não reconhecem nem valorizam, mas porque os penalizam e os pontapeiam: alguém quer dar mais do seu tempo, da sua motivação, do seu prazer em ensinar, contribuir com o seu próprio material, voluntária e livremente? Alguém quer «dar» seja o que for, neste clima de contrariedade, incompreensão, frustração? Livra! Por mim, não contem nem com um fio de cabelo a mais. A partir de agora, cumpro e pronto. Estritamente, como um funcionário público, que é o que, afinal, realmente sou. Tinha-me esquecido disso, a ministra se encarregou de mo lembrar: não sou um missionário nem uma enfermeira. Não sou um sacedote mas um burocrata. Descontente e mal pago. Seja!

12 janeiro 2007

PASSEATA INDIANA (site oficial da Presidência da República, actualizado diariamente durante a jornada pela Índia)

PRIMEIRO DIA:

Portuguesas, portugueses:

Estamos muito satisfeitos com a perspectiva de contactos que esperamos vir a entabular com as empresas indianas. Eu noto que há, da parte desta maravilhosa representação portuguesa, uma grande preocupação com a programação das actividades. O Belmiro vinha precisamente a perguntar-me quando é que se almoça. Os poucos portugueses e portuguesas que não venham nesta grande excursão, poderão pelo menos, coitados, consultar diariamente o presente «site», porque eu conto escrever aqui todos os dias umas coisas, umas impressões de viagem, umas notas simples e modestas (que depois farão parte da minha biografia e, finalmente, de um longo capítulo da História de Portugal Contemporâneo)...
(Posted by Cavaco)

SEGUNDO DIA:

Esta jornada é, verdadeiramente, uma aposta de Portugal no futuro. (A Maria diz que eu uso excessivamente o termo «aposta». Mas, caramba!, o futuro de Portugal é tão incerto que permite todas as apostas. Por mim, aposto que vai ser péssimo...).
No entanto, nem tudo tem estado a correr bem, porque se juntou à comitiva um grupo de saltimbancos ou lá o que é isto... irra! Não sei quem convidou esta gente. Há um, por exemplo, que parece um relógio de repetição, sempre a dizer que também é Presidente, que também é Presidente - da eslav, diz ele...! Nunca vi um Presidente assim. (Será Presidente de quê, de quem!? Que é isso da eslav? Um departamento da máfia? O homem tem uns óculos que vão escurecendo gradualmente consoante a luz do sol e um rosto que me provoca calafrios...) Esta gente está a dar um aspecto estranho à viagem, a que eles, aliás, insistem em chamar «Visita de Estudo». Principio a ficar nervoso...
(Posted by Cavaco)

TERCEIRO DIA:

Há uns, no meio do tal grupo da eslav, seja isso o que for, que andam por aqui sempre de fato de treino, e que fazem tanta algazarra que chegam a assustar os indianos. Têm, ainda por cima, umas pancadas notórias. Por exemplo: levantam grandes tempestades à volta do momento de chegada aos locais; obrigam toda a gente a estar à porta consideravelmente ANTES da hora aprazada; põem mesmo a fazer flexões os que se atrasam (coitado do Nuno de Melo. Como se não lhe bastassem os problemas lá no partido: e ele que só queria fazer da vinda à Índia um passeio relaxante, antes de tornar ao covil de lobos em que se tranformou o CDS/PP); e quando regressamos ao hotel, completamente derreados, os tipos ainda inventam actividades, umas danças, uns futebóis, eu sei lá; isto começa a ser tudo muito complicado. A Glória de Matos já reparou que eu voltei a dizer «pugrama» e «pugresso». É dos nervos. (Nem vos quero contar a história de um dos saltimbancos a quem deu repentinamente a fome, e que se pôs a correr atrás de uma vaca, batendo-lhe com uma pochete para ver se lhe amaciava a carne. Com alguns cidadãos de turbante tentando, no meio da trapalhada, explicar-lhe que se tratava de uma vaca sagrada. E ele, pensando que lhe insultavam a mãezinha, a responder, aos gritos: «Vaca sagrada será a &%$#"/)=##$?[}X»«W|"@...»
(Posted by Cavaco)

QUARTO DIA:

Já só penso em regressar. O pugrama está a falhar em todos os aspectos. Recomecei a babar-me um pouco. Não vejo grandes pugressos. Quem é esta gente? Quem é esta gente?
(Posted by Cavaco)

Pedimos desculpa, mas o «site» está, entretanto, encerrado. Não conseguiremos certamente actualizá-lo. O senhor Presidente da República tem andado muito irritado. No entanto, a principal razão do encerramento é que a parte informática da viagem está à (ir)responsabilidade de um senhor gago que já conseguiu lixar todos os computadores.

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: O LENÇO DA MINHA AVÓ ETC.

o mêu último póxt têve uma çéri de cumentários k êu própio não pudía dêichár de cumentár. pra já uma tál leitôura k êntrôu nun côncursso de míçes e gánhôu o perémio míçe fotogenía ôu açín e dêsde aí açina çênpre míçe nãosseikê conpárame áo sáde k áxo k é 1 portefólio tipo un dêçes gáijos k çe métein côn kriãssas da cáza pía çó k êu não póço çêr 1 portefólio pq a minha avó tein çatenta e bués. çó çe a míçe áxa tipo k a minha avó é k é portefólia mas não fáx çêntido pq êu é k xfregei a xcôuva déla e éla nein çoube. adiante. ôutero mén dis k êu devía éra têr pôusto típo pó na xcôuva e ódepôis açistír ás sênas mas íço não çería nuvidáde nenhúma pq a minha avó já çe drunfa côn cônperimidos e pastilhas a tôuda a óra e já tein cônpurtamêntos bué dastrânhos puriço áxo k nein çe dáva pla diferênssa. finálmente a kátia vanéça dis k êu çôu bué da nujênto. êu até pudía contár umas sênas k vi a kátia fazêr mas não vôu pur aí. áxo k pôur 1 xcôuva dakélas no rábo é mêsmo nujênto pq a xcôuva é mêsmo nujênta. a minha avó é nujênta. básta dizêr k éla nein déve çabêr o k ção lênssos dêçes k çe cômprão ein pacótes e nein ção cáros mén. éla assôuaçe a un rétângulo de pâno mén. é verdáde. assôuaçe tipo a un pâno côn umas rêndinhas e tal e depôis dóbrao ein kuátero pártes e guárdao na mála pra çe turnár a assuár máis tárde. bléeeerg. ókêi kátia teins razão fui bué da nujênto.

11 janeiro 2007

A Sombra do Vento


Numa manhã de 1945, um rapaz de dez anos é conduzido pelo seu pai a um misterioso lugar no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra A Sombra do Vento, um livro maldito que mudará o rumo da sua vida e o arrastará por um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma escura da cidade.
A Sombra do Vento é um mistério literário ambientado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do modernismo até às trevas do pós-guerra. Misturando técnicas de thriller, de novela histórica e de comédia de costumes, Carlos Ruiz Zafón conta uma trágica história de amor, com ecos através do tempo. Mas A Sombra do Vento é, acima de tudo, um livro sobre o amor pelos livros.
Quando virar a última página deste livro apaixonante vai sentir saudades. Ainda não consegui descobrir nada, nem faço ideia se os direitos estão a ser negociados, mas, por favor, alguém pegue nesta história lindíssima e, com consciência e sensibilidade, faça daqui um bom filme.

07 janeiro 2007

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: INICIEI O ANO VINGANDO-ME DA AVÓ

a minha avó k é 1 viúva côumo tôudas as avós k çe prézão vêiu paçár o natál e o fin do âno ôutra vês counôsco êste âno. fôi muinto xáto ein primêiro lugár pq a avó e o mêu cóta tão tipo çenpre a pikársse e a avó ó pekêno almôusso xegôu a dezer sérto dia ó mêu cóta tipo (ó jênrro atão o jênrro lógo de manhãzinha já xêira a vinho) mas o mêu cóta respondêule tipo (tá enganáda ó sógera êu xêiro é a aguardênte). o piór de túdo é k á çênpre tipo uma áltura ein k éla xóra k çe fárta prucáuza do falessido enbóra êle já têinha falessido á muintos ânus e ningéin çe lêmbre çenão k êle le dáva tipo umas çóvas munumentáis. çó k kuando çe le dis íço a avó tipo inda xóra máis e bérra k não érão çóvas érão maçágeins e depôis tipo a família zângaçe tôuda. côn éstas sênas tão a vêr k não me deixárão ir a çítio nenhun paçár o fin do âno nein á diskutéka nein ó réveiôn e fikámos tôudos mas fôi tipo ali na çála a vêr a catarina furtádo na telvizão. fikêi tão fúlo k me fexêi na cáza de bânho á mêia nôite e 1 minuto pegêi na xcôuva de dêntes da minha avó e xferegêia no mêu rábo pra me vingár. çó k depôis fikêi a axár k éra 1 izajêro e arrependíme muinto pq agóra ândo tipo côn mêdo de têr apanhádo algúma doênssa no rábo.

05 janeiro 2007

A AFRONTA DE MESTRE MARIUS

O Grupo de Intervenção sobre os Computadores (formado pelo Guerreiro, Dona Bolacha, Elasticada e, «last but not least», Blacknight, esse incontornável guru da escola) entrou na sala onde iriam ser instalados uns computadores que a escola, com grande zelo e esforço, ganhara numas rifas do Ministério da Educação.

Logo que pôs o pezinho no interior da sala, Guerreiro tropeçou num espantalho.

Parou, sem crer no que via. Balbuciou umas quantas incongruências que mal se percebiam sob o seu farfalhudo bigode. Tinha razão para tamanho espanto: é que havia ali ainda mais espantalhos, para além daquele que o fizera quase cair. Um deles, era o Sô António, que fazia de espantalho desde que não podia mexer-se «por causa de uma dor» que lhe dava «na lombada». Mas não só: existia mais uma vintena de bonecos de palha - e ainda pincéis finos, pincéis grossos, arcos e balões, medas de palha (atenção, eu escrevi «medas»!), um galo de Barcelos, muitos ovos, um pernil de frango, um senhor cobrador de fraque, uma máquina Perkins...! Em suma, compreendia-se que, em vez de proceder à limpeza que se lhe havia primeiramente pedido, depois ordenado, por fim exigido aos gritos, Mestre Marius, pelo contrário, se fora servindo daquela sala como armazém de arrumações.

Guerreiro perguntou, tremendo de indignação:
GUERREIRO - Ó Elasticada, então não falaste com o Marius???
ELASTICADA - Falei, falei, falei!
Guerreiro estava apoplético. A veia do pescoço inchava-se-lhe, muito grossa, muito azul. Tinha desejos de sangue na boca. O bigode eriçava-se-lhe perante a afronta.
GUERREIRO - Não pode ser!!! Que falta de respeito!!! E de decoro!!! Que topete!!! Eu parto isto tudo!!!
E começou, efectivamente, partindo para ali, a torto e a direito. Dona Bolacha procurava segurá-lo. Mas Guerreiro gritava cada vez mais, mais alto, mais longe, mais além.

Blacknight, sábio e apaziguador, achou que devia intervir:
BLACKNIGHT - Ó Guerreiro, calma! É preciso calma. E paz, o mundo precisa de calma e de paz! E de amor!
GUERREIRO - Eu dou-te a calma!!! Eu dou-lhe a calma, a ele!!! O Sacripanta! O Tordesilhas!!! O Flibusteiro!!! Vão ver o que lhe faço!!!
BLACKNIGHT - Olha, o Daniel Sampaio tem uma frase esplêndida, que eu gostava de partilhar contigo, queres ouvir? É assim: «Se houvesse mais paz no mundo, o mundo seria um lugar melhor...» Que achas?
GUERREIRO - Quero lá saber!!! Eu parto o Daniel Sampaio!!! Eu parto a paz!!! Eu parto o mundo!!! Eu parto tudo!!! Eu parto tudo!!!
BLACKNIGHT - Espera lá, ouve esta parábola. Quero que extraias dela uma lição de vida...
GUERREIRO - Eu parto a parábola!!!
BLACKNIGHT - Não, ouve. Uma vez, um passarinho caiu, do seu ninho, na boca do lobo. E disse assim o passarinho: «Piu, piu, ó senhor Lobo, por favor não me coma». Ora este lobo, que por acaso até era boa pessoa e, sobretudo, pessoa de muito bom gosto, respondeu-lhe carinhosamente assim: «Minhão, minhão, chlép, chlép, huuum, que delícia, foste o passarinho mais gostoso da minha vida... Vou ter saudades tuas, porque ainda sinto um pouco de fome...»
GUERREIRO (parando, surpreendido) - Que tem isso que ver com o resto???
BLACKNIGHT - Não sei muito bem. Mas é profundo, não é? O que interessa é que comuniquemos. Eu gostei de partilhar contigo esta parábola.
GUERREIRO - Eu parto a parábola!!! Eu parto o lobo!!! Tudo já daqui para baixo!!! Fora com este lixo todo!!! Já!!! Já!!!

E foi assim que, nesse dia, choveram, daquela janela para fora, espantalhos, pincéis, o galo, os ovos, alguns computadores novos...!

Quando soube, Mestre Marius mostrou-se ressentido.

O MAIS DESEJADO PRESENTE DE NATAL (desculpem o atraso)

Ignorando as veementes súplicas dos envolvidos (que espírito de Natal já lá vai) aqui se retrata do modo mais fiel possível, toda a verdade. Isto para os cépticos que perderam o evento do ano (passado, claro), assim se ilustram os disparates em que a dita professora reformada meteu inocentes professores e alguns funcionários. Eles, que ainda acreditavam que só a D.Lurdes os deixava em maus lençóis...
Toda a representação ia sendo pontuada pela voz de uma senhora que subiu para uma cadeira, como aliás tem feito todos os anos, apesar de estar reformada. (É que, como se percebe, não há maneira de a reformarem das teatradas natalícias). E a senhora lá ordenava aos actores que se distanciassem das personagens para fazer discursos que nada tinham que ver com estas. Era o toque brechtiano que faltava. Brecht puro!
Tudo começou com a sensacional entrada em palco de um mercador àrabe de tapetes, com a barba por fazer - o mercador é que tinha a barba por fazer, não os tapetes -, o qual se reconhecia imediatamente pelo facto de trazer à cabeça um tapete: tal personagem - o mercador, não o tapete - era brilhantemente interpretado pelo Chefe Lucas, numa representação verdadeiramente inexcedível (sobretudo na parte da barba por fazer).
Eis senão quando surge um professor de Educação Física pela mão de um professor de Filosofia, ambos enfiados nuns trapos estranhíssimos, simbolizando, obviamente, o primeiro actor, um aluno com dificuldades diversas e comportamentos desadequados; e o outro, um professor em sérias dificuldades por causa do aluno com dificuldades sérias.
O menino, por alguma razão que o drama, enigmática e deliberadamente, mantém na obscuridade, não aprovava que o vendedor de tapetes estivesse enganando a pobre senhora loira e, por isso, mandou chamar o seu gang, constituído por dois mariolas com umas toucas de lã e cujo grito de guerra era «Meeeeh Meeeeh!»
Naturalmente, havia que se pôr ordem nesta desordem. Para o efeito, veio um dos vigilantes, o senhor Borrego, fazendo o papel de si próprio, acompanhado por um jovem professor de Matemática que, para assustar o gang (como se já não lhe bastasse ser professor de Matemática), apareceu vestido de pirata e com uma bengala na mão, destinada a correr toda aquela malta à bengalada. Foi um momento de pânico na assistência. Sentia-se o frémito e o suspense percorrendo os convivas, ainda há pouco tão alegres e, de repente, tão atónitos com o inesperado desenrolar da acção.
Até ao professor de Filosofia se ordenou que falasse grego (numa clara alusão ao facto de, para os estudantes, os professores estarem sempre «a falar grego»), o que ele cumpriu conscienciosamente, repetindo: «Rabanadas, rabanadas!»
Reparem: O mercador, repentinamente, tornava-se Presidente do CE e, nessa qualidade, dizia umas coisas ao público que já não cabia em si de riso (porque, onde haja inovação, já se sabe, há sempre uns papalvos e uns ignorantes cujo papel é gozar!).
E, para que conste, até milagres se operaram neste almoço de Natal. Juro que me passou pelas mãos uma garrafa cujo rótulo prometia «Branco» e que tinha, lá dentro, vinho tinto! Não, não era eu que já estava com os copos. Aconteceu. Há testemunhas!

Fotos: Conceição Alpiarça
Texto: Sindroma (desculpa o plágio)

04 janeiro 2007

ALGUMAS LEIS COM QUE QUERO (MODESTAMENTE) CONTRIBUIR PARA O AVANÇO DA CIÊNCIA

1.
Numa visão científica do universo, não há lugar para superstições e crenças obscurantistas, como a ideia do «azar»: tudo é acaso; o azar não existe.

2.
Excepção que confirma a regra: os professores. Eles têm indiscutivelmente azar!

3.
Quando, à noite, se precisa de um medicamento urgente contra a diarreia e, por sorte, se está mesmo diante de uma farmácia, essa farmácia NUNCA é a que está de serviço.

4.
Se o indivíduo que carece do medicamento for um professor, pode ter a certeza de que nunca chegará a tempo à farmácia de serviço mais próxima.

5.
Da lei anterior se pode inferir que a «sorte», afinal, ou não existe, ou é mera ilusão, ou é muito relativa.

6.
Dentro desta relatividade, os professores podem considerar que há, no seu azar presente, um pouco de sorte: basta perceberem que o presente não é, nem de longe, tão mau como ainda será o seu futuro.

7.
Nem tudo o que brilha é ouro: algumas pessoas têm a pele muito gordurosa.

8.
O café não deve ser tomado por pessoas com problemas de tensão.

9.
A lei anterior aplica-se ao café da máquina da sala dos professores, que é desesperante e, portanto, desaconselhável a hipertensos.

10.
A máquina supracitada deverá funcionar ao abrigo do artigo 319.

02 janeiro 2007

A CONFISSÃO DO FANTASMADAOPERA

Todo o mundo se pergunta pelas razões da minha persistente ausência deste blogue. Ora eu desapareci, porque sou um homem marcado pelos meus traumas de infância. Adivinho daqui os habituais cínicos a interrogarem-me, com sorrisos melífluos: «Mas, ó fantasmadaopera, se tiveste esses traumas NA INFÂNCIA, por que razão só agora decidiste desaparecer?» Pronto, está bem: não sou lá muito rápido!

As pessoas afiançam-me de que estou bem conservado. É verdade. Sou, hoje, exactamente como a criança daquela altura: muita parra e pouca uva, que é como quem diz, muito corpo e pouca cabeça. Quando tudo começou, estava eu, então menino, refastelado na poltrona, com os pés sobre uma mesinha - que é, ainda, a minha maneira de estar, uma espécie de imagem de marca, prova de que mantenho os meus modos de puto reguila -, quando a mãe me gritou: «Tira as patas da mesa, e já!»

Entretanto, tocara a campainha: era uma Testemunha de Jeová. Muito contente com aquela visita - porque nunca tínhamos visitas... -, a mãe mandou-me para o quarto. Fui, sim senhor, mas tudo aquilo me enervara, de modo que voltei logo, fazendo um grande escarcéu, berrando que me ia suicidar, com as mãos cheias de carteiras de comprimidos. A mãe disse-me, então, tirando-me os comprimidos:
- Tens razão, filho, é a hora do meu medicamento. Obrigada! Dá cá. E volta já para o teu quarto...!

Subi novamente, mas tornei a descer de imediato, gritando cada vez mais, desta vez com uma faca nas mãos, pronto a fazer ali o meu hara-kiri.
Ao mesmo tempo que ouvia a Palavra de Deus, pela boca, muito babada, da senhora dona Testemunha, e querendo retê-la - porque, ao fim de um certo tempo, até as Testemunhas de Jeová nos achavam uma seca... -, a mãe preparava-se para lhe oferecer chá e bolos, de modo que me arrancou rispidamente a faca das mãos, dizendo:
- Sim senhor, era mesmo disto que eu precisava para cortar o bolinho à senhora dona Testemunha, dá cá, dá cá. E volta para o teu quarto.
Ao fundo, a televisão começara a tremer, cheia de chuva e de relâmpagos, mostrando a imagem desfocada da Ministra da Educação, que alguém entrevistava...

Tornei a subir ao meu quarto, voltei num grande alarido, com uma corda. Era teatro, naturalmente, porque eu nem sequer saberia fazer o nó. Eu, coitado, nem atar os sapatos...!
Gritava:
- Desta vez ninguém me impede! Ninguém me detém! Penduro-me já do tecto!!!
O que a mãe aprovou, empurrando-me, por uma escada torta e empenada, para o telhado:
- Vais arranjar a antena da televisão, não é filho? Boa ideia! E leva a corda, sim senhor, para prenderes a antena, ou para te prenderes tu próprio, não vás cair...

Ao fim de todos estes anos, decidi-me por fim. É o meu último golpe. Desapareci. Continua a ser teatro. Estou, no fundo, à espera de que me venham buscar. Alguém, caramba! Nem que seja uma Testemunha de Jeová. Infelizmente, o azar persegue-me, porque parece que é ponto assente entre as Testemunhas de Jeová que eu sou uma melga. Fogem-me muito.

Estou por tudo. Mas parece que até o pochato me acha... um chato. O que diz tudo!


Impacientemente à espera seja lá de quem for,

Fantasmadaopera