Voltámos sem pretensões. Com mais criações. E opiniões. O verdadeiro blogue sem borbulhas.
31 janeiro 2006
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 15º EPISÓDIO
Cenário 1: Procurando resolver o problema, que tanto a atormentava, da substituição de Madame numa turma que não gostava dela, e já sem saber que mais fazer, Juju dirigiu-se à professora Viola.
Viola respondeu-lhe, indignada:
- Não há cá troca nem meia troca de professores. Achas que eu me importo que os meus alunos fujam de mim? Olha para aquela - e, com um dedo tremente de raiva, apontava pela janela. Ao fundo, Kiki, que faltara à sua aula, assistia, completamente derretida, a uma aula de ginástica.
- Aliás, anda daí comigo - ordenou Viola. - Vais ver como dou um raspanete àquela miuda...
Cenário 2: Descansado porque, no fundo, no fundo quem verdadeiramente dava a aula era o inteligentíssimo apito, o professor da melena-ao-vento dormitava em pé. Repentinamente, o apito soprou-lhe um aviso para o cérebro:
- Sarilho a bombordo!
O da melena abriu um olho. Preocupou-se um pouco com o sopro no interior do cérebro: «Queres ver que eu tive mais uma daquelas coisas assustadoras tipo uma ideia?»
Viola e Juju aproximavam-se em passo acelerado.
Quando chegaram, porém, Kiki já lá se não encontrava: raspara-se a sete pés.
- Atenção, minhas senhoras. É proibido entrarem aqui - soprou o apito pelas orelhas do jovem professor.
- Hã? - perguntou este.
- A mim, que sou a má desta história, ninguém me proibe nada. Era o que faltava - gritou Viola.
- Hã? - perguntou o jovem.
- Mas olhe que não - espantou-se o apito. - A má de serviço nesta história é a Madame. Que, aliás, neste momento, se prepara para perpetrar o seu maquiavélico plano...
- Nem pensar! Nem pensar! - indignava-se Viola.
- Hã?
(CONTINUA)
PASSANDO OS OLHOS PELAS GORDAS
2. Berlusconi, perante os jornalistas, envergando um casaco novo de bombazina, promete celibato até às eleições: «Nada de sexo durante dois meses!»
Presidente da Eslav mostrou-se interessado na originalidade desse método propagandístico. «É verdade», confirmou ao blogue, «também estou a pensar estrear um casaco novo de bombazina dois meses antes das próximas eleições para o Conselho Executivo».
3. O Vaticano encontrou o milagre que faltava para que o falecido Papa João Paulo II seja considerado santo. «A inexplicável cura de uma freira francesa, que padecia da mesma doença que o Papa, Parkinson, estará na origem da possível canonização de João Paulo II.» A freira teria ficado curada por ter rezado ao Papa, após a sua morte. Vaticano continua, porém, a investigar por que não se teria o Papa lembrado de usar o milagre também em seu próprio proveito.
4. Professores reunem-se com o objectivo de pensar seriamente na criação de uma «Ordem dos Professores». Os inúmeros participantes chegaram num automóvel à Universidade do Algarve, em Faro, onde iriam decorrer os trabalhos. Pouco depois, queixar-se-iam de que a sala era «demasiado pequena para tanta gente». Ao que um dos intervenientes responderia, para serenar a agitação: «Calma, rapazes. Isto não é a sala, é o elevador!»
5. Encerramos com duas notícias, uma boa e uma má.
Primeiramente, como de praxe, a boa notícia: «De visita a Portugal, Bill Gates promete melhorar o sistema informático da Escola Secundária de Linda-a-Velha».
Agora, a má: estávamos a brincar. Posto perante essa hipótese, Gates afastou-a peremptoriamente: «Em relação aos problemas do Terceiro Mundo, posso fazer qualquer coisa. Mas na Eslav? Eu sou só o Bill Gates!»
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 14º EPISÓDIO
Não se conseguia esquecer do que JP lhe dissera acerca do afastamento. Ele falava muitas vezes daquilo, afastamentos, cotas, planos, faziam parte do seu vocabulário, mas agora aquele afastamento tinha outro significado. Oh! O Chefe tinha sido afastado, agora recordava-se - os efeitos do jetlag só agora se dissipavam.
- Afastado? Como assim?! Quem o substitui? Não estava lá eu… alguém se lembrou de criar uma lista de substitutos? Ó rapaz! Passa aí o teu telemóvel!
Cara Danjo torceu-se, atado à Das Dores esticou o braço.
O seu saldo é inferior a 1 euro, aparece-lhe no ecrã.
Fatinha não suportava mais o ambiente sinistro da mansão da Madame; pouco habituada à bossa nova, desesperada por um samba, começava a ter demasiadas saudades das incursões na noite lisboeta.
Está-me a parecer que nem uma músiquinha tem por aqui, pensava olhando as pilhas de circulares, ordens de serviço e diários da república. A um canto, uma destruidora de papel e um caixote azul com um rótulo: Só papel - Já disse: SÓ PAPEL! Em cima da secretária um cinzeiro a transbordar e na sala um intenso cheiro a tabaco.
-Isto é só o trabalho de ontem à tarde! Conto contigo para analisares comigo o correio que chegou hoje e traduzir tudo para inglês. Tenho esperança que desse modo regresse a paz às nossas reuniões e todas percebamos aquilo que estamos a dizer. Do you understand?
-Entendi-te, retorquiu Fatinha! Tá-se mesmo a ver, ai tá-se, tá-se! Somos praí umas vinte e logo me havia de calhar a sorte a mim!
Madame enfureceu-se - Eu sabia que não podia contar contigo! Bam! Fecha a porta com estrondo.
-I'll be back!
(CONTINUA)
DE BOCA EM BOCA
Alípio Lhoso (professor de Educação Física à beira da reforma) - Vou inscrever-me numa aulas de bodycombat e treinar com o meu compincha Magala, e treinar para prevenir possíveis ataques do sindroma.
Dulce Gonha (professora reformada de fresco, ainda mal refeita da boa nova) – Vou passar essas duas horas a ler o blogue mas antes tenho que comprar uns óculos para ver bem o papelinho que diz que estou reformada.
Juli ETA (activista revolucionária escondida no papel de professora de música no ensino básico) – Para já vou consultar a Internet para ver se aprendo novas técnicas de detonação para meter no balde do lixo da sra.dona Lurdes um dia que vá ao ministério.
Feliz Mina (professora e cartomante freelancer) – Vou comprar um tarot novo para ajudar os professores a descobrir a verdadeira identidade da Paula Thrombone.
A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: TUDO A NU NAS ESCOLAS: O PROBLEMA DA EDUCAÇÃO SEXUAL
BORDA D'ÉGUA. O verdadeiro almanaque da sabedoria do Povo Profundo da Eslav: porque há em cada um de nós um povo profundo. Dicas, anedotas, receitas
1. Se te der uma súbita alegria na escola, contém-te. Disfarça. Não te rias: alguém pensaria que andas a ser beneficiado pelo CE.
2. Se fores assaltado por uma valente vontade de trabalhar, senta-te um pouco. Descansa. Segue os grandes exemplos da escola, que nem vale a pena mencionar. Pára uns instantes: não vá a ministra notar-te, e perguntar-se por que raio não andas tu a fazer ainda mais.
3. E se queres mesmo passar despercebido, sobretudo não te lembres de escrever num blogue de professores...
COMO CONTAR ANEDOTAS:
Se és um verdadeiro português, deves seguir a técnica lusa de contar uma anedota. Primeiro, nunca a contas uma única vez. Conta-a, pelo menos, três ou quatro vezes de seguida. Depois, desconfia da inteligência dos ouvintes: explica o fim. E de todas as vezes que a contares ou explicares, ri sempre muito: faz o efeito das gargalhadas enlatadas nas comédias televisivas - ensina aos outros em que momento é que é para se rir.
Aqui vai uma, que poderão sempre usar depois. Eu talvez não me lembre bem dos pormenores, mas vamos lá a ver o que se arranja.
Era uma vez um aluno e um professor. Estavam na sala de aula. Não, estavam no polivalente. E era dia de eleições. E depois, o aluno diz ao professor... hum... diz assim o aluno... olha, não me lembro do que diz o aluno. Mas a graça, se percebi, não está aí. Está na resposta do professor. É muito engraçado. Responde assim o professor ao aluno: «Isso quer dizer que vais faltar à minha aula?» Ah, ah, ah, ah. Não é hilariante?
UMA RECEITA
Bom. Pega-se em farinha. Meio saco, talvez. Depois, junta-se-lhe um ovo. Ovos, dois ovos. Bate-se tudo até fazer claras em castelo. Açúcar, e tal. Uma colher de sopa disso. A seguir, e aqui está o segredo, junta-se uma raspa de maçã, só para dar um saborzinho. Finalmente, enforma-se. Mas atenção. Há, contudo, outro segredo: a receita só funciona se convidares a Helena Matos para o lanche, lhe disseres, «Olha, o bolo que eu fiz é isto, não queres tu antes fazer o teu bolo de caramelo?», que é muito bom, e esperares que pegue...
OS SIGNOS DOS PROFESSORES
Carneiro: Não marres em vão. Hoje o dia vai ser lixado: professores faltistas à vista (ou melhor, fora de visão), aula de substituição aproximando-se a bombordo a grande velocidade.
Touro: Agora que a tourada das eleições para a Associação de estudantes terminou, atravessa o polivalente respirando o ar puro e o silêncio. Vais ver que o dia vai ser melhor...
Gémeos: Já não existem parcerias? Falta-te a alma gémea que colabora contigo? A vida é madrasta. Come um bolo. Da Helena Matos.
Caranguejo: Tens sentido que andas para trás, bem sei. Quem te mandou ser professor?
Leão: Chegou a altura de sacudires a juba, rugires e mostrares quem manda. É ela, lá no ministério! (Em todo o caso, graças ao Liedson, estás, por momentos, em alta).
Virgem: Na tua idade? Desculpa o trocadilho fácil, mas raios!, com essa falta de iniciativa como é que querias fazer alguma coisa da tua vida?
Balança: Entre os dois amores, não continues a hesitar. Toma a decisão inteligente: colhe os dois.
Escorpião: Conveceram-te de que os nativos desse signo eram beras? Deixa-me rir. Isso foi antes de aparecer a dona Lurdes...
Sagitário: Signo perfeitamente desinteressante. Vida sem novidades, sem alegrias nem tristezas. O que é, precisamente, um sagitário? Desculpa-me, mas não preferias ter nascido noutro dia?
Capricórnio: Aumenta as tuas dúvidas e diminui as tuas dívidas: vê lá, não te enganes.
Aquário: Não metas tanta água. Aprende a nadar - olha que há tubarões invisíveis neste pequenino aquário que é a Eslav. Cuida-te!
Peixes: Um dia acabarás no prato de um ministro. Entretanto, não deixes que te tirem as espinhas. Endireita-te. Enfrenta!
30 janeiro 2006
DITADOS INTELECTUAIS
Expõe-me com quem deambulas e a tua idiossincrasia augurarei.
(Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és)
Espécime avícola na cavidade metacárpica, supera os congéneres revolteando em duplicado.
(Mais vale um pássaro na mão, que dois a voar)
Ausência de percepção ocular, insensibiliza órgão cardial.
(Olhos que não vêem, coração que não sente)
Equídeo objecto de dádiva, não é passível de observação odontológica.
(A cavalo dado não se olha o dente)
O globo ocular do proprietário torna obesos os bovinos.
(O olho do amo engorda o gado)
Idêntico ascendente, idêntico descendente.
(Tal pai, tal filho)
Descendente de espécime piscícola sabe locomover-se em líquido inorgânico.
(Filho de peixe sabe nadar)
Pequena leguminosa seca após pequena leguminosa seca atesta a capacidade de ingestão de espécie avícola.
(Grão a grão enche a galinha o papo)
Tem o monarca no baixo ventre.
(Tem o rei na barriga)
Quem movimenta os músculos supra faciais mais longe do primeiro, movimenta-os substancialmente em condições excepcionais.
(Quem ri por último ri melhor)
Pode retirar o pequeno equídeo da precipitação
(Tira o cavalinho da chuva)
DIA DE SORTE - 2
«A FOTOCOPIADORA HUMANA»: COLUNA DE CARA MINTO CORREIA
Acuso os professores de serem os grandes responsáveis pelo estado de ileteracia em que Portugal se encontra. A diferença da minha pessoa é tamanha em relação ao resto do país, que quase me considero um país à parte no interior de Portugal. Para resumir: Portugal é um país que não lê. O que me chateia porque eu sou, digamos assim, um país que escreve. Sou muito lida no meu país, isto é, de mim para mim, e muito pouco, quase nada, das portas de minha casa para fora.
Se aos portugueses que não lêem somarmos todos os que só lêem lixo, que são praticamente os restantes, começamos a compreender, finalmente, por que razão Portugal me lê tão pouco. É que lixo, isso, pelo menos, as minhas obras não são. Garantidamente: eu suo, aplico-me esforçada e cuidadosamente, com grande rigor e uma enorme exigência comigo própria naquilo que faço: copiar os outros. E, atenção, copio os melhores. Só os melhores...
No país que há fora de mim, esse Portugal, até já a Teresa Guilherme «escreveu um livro». Repararam nas aspas, não foi? Eu cá sou assim: muito subtil, mas nunca deixando escapar a ferroada.
O pior é que Teresa Guilherme «escreveu um livro» que promete ser um sucesso editorial, quando o grande sucesso editorial da feira do lixo, perdão, do livro, já tinha sido aquele tijolo redigido por uma stripper que, logo na contracapa, enfiou num único parágrafo, duas vezes a palavra «cabra». Ela lá sabe.
Eu não sou stripper. Não mo consentiram, nem a minha moral nem, sobretudo, o dono da discoteca a quem fiz a proposta. Portanto, sou superior. Também não uso aquela linguagem. Não escrevo «cabra» nos meus textos. Portanto, sou muito superior. E, no entanto, não há quase quem me leia, ao passo que toda a gente lê o tijolo da cabra. Juntem a tal facto a recente queda de neve em Lisboa e a vitória do Sporting sobre o Benfica, como se me queixava um anónimo, e perceberão que algo está, realmente, muito mal nisto a que chamam Portugal.
Quando a imprensa se vai, também, degradando a olhos vistos (reparem na porcaria em que se tornou A Visão desde que de lá me expulsaram), quando se vai tornando mais pirosa, sensacionalista e cor-de-rosa ( sei perfeitamente do que falo, eu, que assino uma coluna no rabo do 24 Horas), que podemos nós esperar do nível intelectual dos portugueses?
Termino como principiei: a culpa de tudo cabe, naturalmente, aos professores portugueses e, em primeiro lugar, aos professores portugueses de português. Talvez pudesem principiar a leccionar nas aulas o «Adeus, Princesa»...?
AFORISMOS E DESAFOROS (1, 2ª SÉRIE)
29 janeiro 2006
O DERBY
- Eu não sei se quero ir - confessava a sensível Elasticada. - Acho que são espectáculos um bocado bárbaros, como os touros de morte. Ver os tipos de verde serem trucidados assim...! Depois fico com pena!
- Eu sempre desconfiei de que eras uma traidora - retumbou o fantasmadaopera. Depois, mudando de assunto. - Trouxeste as pandeiretas, Pochato?
- Sim.
- E os cornetins? [Sim] E os trombones? [Sim] E as buzinas? [Sim] E os foguetes...?
- Não, foguetes não. Eles não deixam entrar isso.
- Bem, não faz mal. A gente improvisa foguetes.
- E isso não é perigoso?
- Não. Não é perigoso, é gases. É mesmo gases. E as faixas?
Estenderam-se orgulhosamente as faixas pelo chão.
«ESLAV PRESENTE NOS MOMENTOS DE VITÓRIA»
«FANTASMADAOPERA É O MELHOR»
«VI-VI-VIVA O-O-O BEN-BEN-FI-FI-FICA»
«A BOLA COM SABROSA É MAIS SABOROSA»
«VENDE-SE POCHETE. ASSUNTO SÉRIO. BRINCALHÕES ABSTENHAM-SE»
«KILL! KILL! KILL!»
Estavam irreconhecíveis, com os rostos todos pintados de vermelho, chapéus com guizos ou com cornos (não nesse sentido, mas no sentido de «Diabos»), cachecóis.
- Senta-te aqui, Miguel - dizia alguém.
- Não sou o Miguel, sou o Pochato.
Estavam irreconhecíveis.
- A bola tem de entrar ali? - perguntava Elasticada.
- Não percebes nada de nada, pá. Nem de planos de perfil nem de futebol, que são as duas coisas mais importantes da vida. Eu explico-te. Aqui está basicamente o Benfica. Ora o Glorioso vai ter de defrontar não uma, mas duas equipas ao mesmo tempo: o nãoseiquantos e o árbitro. Mas o árbitro é o nosso verdadeiro adversário, percebes o conceito? Os outros nem contam. FOI MÃO! FOI MÃO! TÁS CEGUETA OU QUÊ? FILHO DUMA ISTO! FILHO DUMA AQUILO!!!
De repente, na sequência de uma falta, penso eu, que não assisti a nada, o divino Sabrosa chuta para o golo.
GOLO! GOLO!!! GOOOLO!!! GOOOOOOOOOOOOLOOOOOOOO!!!
Eis o estádio enlouquecido.
A gritaria é perfeitamente ensurdecedora.
Apitos. Berros. Urros. Estalos. Cornetadas. Benfica, Benfica, Benfica, Benfica!!! És o melhor! Já cá canta.
E pronto.
Como não sou vingativo nem maldoso, nem me divirto à custa das tristezas dos outros, encerro aqui, nobremente, o meu relato.
O resto não interessa a ninguém. Certo?
O PROFISSIONAL
Aproximou-se, pé ante pé, com os seus sapatos que rangiam. Ora bolas! Os sapatos, realmente, rangiam, não se podia dizer que não. Pensou rapidamente: iria sincronizar cada uma das suas rangentes passadas com o chiar do patinho. Havia, afinal, uma certa regularidade: agora... puec (o pato), ranch (o sapato)... dois segundos... agora, puec/ranch... dois segundos... agora, puec/ranch...
Estava já ao pé da porta. Espreitou. Na casa de banho mergulhada em vapor, com os espelhos embaciados, conseguia ver a cabeça e os pezinhos dela, a espeitarem de uma água borbulhante.
Pôs os seus próprios pés sobre uma toalha. Deslizou, assim, pelo chão ladrilhado. O ódio guiava-lhe todos os movimentos. Um ódio tão imenso e terrível que, visto de fora, chegava a confundir-se com imbecilidade. Não: era ódio. Puro. Denso. Tenso. Intenso.
Tirou da gabardine uma folha. Levou-a ao nariz dela, semiadormecida na sua espuma. Apertou mais. E mais.
Ela batia com os pezinhos na água. O patinho, nas suas mãos, emitiu um prolongado e angustiante chiado.
Já estava. Não respirava mais. Perfeito.
Arrancou-a à banheira.
Enolou-a numa toalha.
Depois, enrolou-a num tapete.
Saiu com a carga aos ombros. Trôpego. Com os sapatos rangendo imensamente, ranch-ranch, ranch-ranch.
No parque de estacionamento, abriu a mala do seu carro.
Ouviu: Pueeeeeeeeec!
Que raio...! Que fora, que fora aquilo? Hein? Não estaria ainda bem morta, como no Instinto Fatal, ou como noutros filmes de suspense? Um com o Harrison Ford, A Verdade Oculta ou assim, que vira há pouco? Teria sido uma sirene? Um alarme? Ah! Não. O patinho, que viera colado ao tapete, tinha acabado por cair, e ele pisara-o.
Acabou de a enfiar na mala. Fechou-a com um ruído seco.
Trabalho limpo.
Dera cabo da motivação dos professores.
Olhou, orgulhoso de si, para a folha envenenada com que perpetrara o crime: a sua última circular!
Qualquer coincidência entre este conto ridículo e a ridícula realidade é mera semelhança.
28 janeiro 2006
ACOMPANHANDO OS TEMPOS
As últimas em informática
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 13º EPISÓDIO
Quando o viu dirigir-se, de loura melena ao vento, para o campo de jogos, seguiu-o à distância. Sentou-se num daqueles degraus de pedra, observando uma turma a chegar e a aquecer com uma corridinha, enquanto o seu idolatrado os dirigia como um verdadeiro maestro, muito louro, o cabelo revolteando no ar, um apito dourado na boca. Tudo tão exacto, tão bem feito, tão rigoroso, tão melodioso - o som do apito no momento preciso, sem falhas...
(Ela não podia, naturalmente, adivinhar que não era o seu ídolo, o belo professor, que soprava o apito mas, na verdade, o apito que o soprava a ele. Porque não se tratava de um apito qualquer, não, era um apito inteligentíssimo. No momento certo, pfffft, soprava, e então, pelos ouvidos do professor saía a apitadela correcta, que comandava correctamente os alunos...)
Enquanto isso, Madame amarrara Cara Danjo e Dolores um ao outro. Não é que a experiência desagradasse a Cara Danjo, pelo contrário. Mas percebia que estavam em mau lençóis. E que, muito provavelmente, se seguiria a morte.
- Eu não sou uma vilã - afirmava, serenamente, Madame. - Tratam-me todos como se fosse uma vilã. Sou uma diva.
- Olhe dona divã - tentava Cara Danjo - eu çe fôçe á çenhôra pençáva duas vêzes pq eu tenho amigos em puzissões muito altas. (E pensava, por exemplo, no seu colega Maike, que limpava vidros em part-time, e chegava a ter de limpar janelas de prédios de seis e de mais andares...)
- Não me ameaces, ouviste? Tu não me ameaces. Chegou o momento da verdade! Vocês vão ser os primeiros a entrar nessa máquina.
Entretanto, o novo presidente do país, seguido ainda pela multidão, com Fatinha arrastada a contragosto, parava diante do palácio medieval de Madame.
Fatinha gritava:
- Qual conselheira qual carapuça. Não quero ser conselheira de ninguém, muito menos de si, deixem-me.
(CONTINUA)
«A SEMANADA»: PROGNÓSTICOS PARA ESTA SEMANITA QUE ACABOU DE PASSAR
Mão culta, bem tratada, prestimosa, inteligente e, se bem me lembro, com florzinhas estampadas nas unhas, a propósito da comemoração dos 250 anos de Mozart (a quem quero aproveitar para, como diriam os brasileiros, «parabenizar»), indicou-me um curioso estudo sobre o efeito da sua música no cérebro dos ouvintes: em síntese, torna-nos mais inteligentes durante quinze minutos.
Eis a estratégia que proponho para o combate ao insucesso na escola:
1. Pôr-se Mozart naqueles temíveis head-phones que os alunos espetam nos ouvidos.
2. Passar-lhes a música seis vezes seguidas antes de entrarem para uma aula: 6 vezes, de modo a perfazer uma boa performance intelectual durante os 90 minutos do bloco.
3. Obviamente, a estratégia não surtirá efeito se o mesmo remédio não for, simultaneamente, aplicado a certos professores. Alguns deverão ouvir Mozart umas dez vezes seguidas...
4. E já agora, se não for pedir muito, lá para os lados do Ministério...!? Muito Mozart, muito Mozart!
Em primeiro lugar, quando saía placidamente com o seu carro do estacionamento, apercebeu-se de que o senhor Pedro travava a fundo, como se no último momento se arrependesse do acto homicida. No interior da sua viatura, o quase-criminoso e toda a família riam e acenavam, satisfeitos, disfarçando.
Poderia ser uma coincidência?
Sim. Se, na sexta-feira seguinte, quando Greenlight atravessava a passadeira, já de cartão esticado entre os dedos para picar o ponto, não tivesse sido praticamente esmagado pelo velho e poluente automóvel da ginasta Regina. O nosso herói, esquecendo-se de si, não teve senão tempo de se lançar sobre uma jovem e bela professora, que seguia na mesma passadeira, a tempo de a salvar da fúria criminosa de Regina. (É incompreensível, por outro lado, que a paga pela salvação tivesse sido um par de estalos da jovem professora. Caramba! Greenlight estava disposto a sacrificar-se de imediato, procedendo à respiração boca-a-boca e tudo...!)
Coincidências? Sim, sim. Vão contar essa a outro.
Venho aqui garantir que não tenho dúvidas de que o Sporting não me deixará ficar mal. Pelo menos, tenho perguntado a opinião ao senhor Aleixo e é o que esse indefectível «opinion-maker» me garante.
Donde, venho aqui prometer solenemente: Se o Sporting não vencer, darei duas voltas à escola com a abeliana pochete debaixo do braço. E a cantar o hino do Benfica. (Está prometido; é melhor não prometer mais coisas, não vá o diabo vermelho tecê-las...)
27 janeiro 2006
A TERRÍVEL TRAMA SIGE
D. LURDES: Temos novidades, Vavá?
VAVÁ: (disfarçadamente fechando a página do blogue da ESLaV) Aaa.. Sim, tia, só mais um pouco... estava aqui a resolver um problema com a ligação à internet!
D. LURDES: Não andas a ler outra vez aquele blogue subversivo, pois não?! Já te disse que não te queria a fazer isso! Não sei como ainda não fomos capazes de plantar um vírus ou como raio se chama aquilo, naquele malvado sítio. Professores bem dispostos é coisa que nós não queremos, certo, Vavá?
VAVÁ: Sim, tia. Olhe, pronto já está. Aqui estamos no site do Kiosk. Aquela história de fazer com que os PINs fossem os números do BI, foi de mestre. Tiro-lhe o chapéu, tia. Aqueles madraços nem se vão dar ao trabalho de mudar o PIN, apesar de todo o tempo que têm livre. Agora é que vamos ver quem trabalha!
D. LURDES: Vamos a isto, Vavá. Comecemos. Nós aqui trabalhamos.
VÁVÁ: Ora aqui está. Comecemos por este tal Paxêcu...
(D. Lurdes e Vavá olham o monitor e analisam demoradamente as entradas e saídas da escola)
D. LURDES: Isto não pode ser, Vavá. Algo aqui está errado... Entrou às 9h15... Saíu às 13h30... do dia seguinte?! Voltou a entrar às 16h, e saíu às... céus!! 8h20 da manhã seguinte!!! Meu Deus, será que tenho andado errada todo este tempo!? Este pobre homem dorme na escola!
VAVÁ: Calma tia. O sistema SIGE não falha. Vamos analisar outro caso... Veja-se esta tal de Tininha Nunes...
(Um rápido olhar sobre os dados)
D. LURDES: Aha! Cá está! Vejam só! Entrou às 13h20 e saíu às 13h 21 na terça feira! Que vergonha! Apanhadinha, essa é que é essa! Vejamos mais...
(Analisando)
D. LURDES: Hum... cá está! Entrou às 8h20 na quarta e saíu às 8h 22!!! Espera lá... de quinta?! Ai, ai, ai... Isto já está a ser muito confuso pra mim, Vavázinho... isto não é possível!
VAVÁ: Hum... vamos contactar a nossa agente no local. Um momento.
(Pega no telefone e digita um número. Compasso de espera.)
AGENTE NO LOCAL: Estooou...
VAVÁ: Alô, Flora. Que tal vai isso?
AGENTE NO LOCAL: Ai, doutoor... apareceu aqui um écran azul... a cor é bonita... mas diz aqui "erro fatal"... o que é que eu faço?
Professor da ESLAV (2)
Professor da ESLAV (1)
Então, acha que tem hipóteses? Parece-lhe bem este microcosmos? Mas olhe que há mais!...
A história continua nos próximos capítulos.
26 janeiro 2006
Tou chateado e só me apetece rir...
- É a morte dos genes.
- Como?!
- É a morte dos genes e dos fetos.
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"Os Lusíadas foram escritos pelo cantor Luís de Camões que
os dividiu em 10 cantos e que assim deu trabalho a 10 cantores,
tendo contribuído para a diminuição do desemprego em Portugal.
É por isso que o Camões é tão importante no nosso país e tem
um dia só para ele."
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"Eu não tenho dúvidas que o Gil Vicente é muito importante,
apesar de nunca ter ganhado o campionato de futebol.
É importante porque às vezes ganha ao Benfica, otras ao Sporting
e otras ao Porto tirando a eles o primeiro logar. E também por isto
é que a sua obra é dramática - porque é um drama para os benfiquistas,
os sportingistas e os portistas quando ganha."
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Universidade em Lisboa - Direito Constitucional
O examinador pergunta ao aluno:
- Quem substitui o presidente Sampaio em caso de impossibilidade
temporária deste?
- A mulher dele, a Maria José Ritta.
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- Então diga-me lá qual era o nome próprio de Hitler?
- Heil.
- Em que época histórica situa Adolfo Hitler?
- No século XVIII, senhor professor.
- Tem a certeza?
- Não! Desculpe. No século XVII.
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Universidade de Lisboa - Faculdade de Ciências, numa aula de Biologia:
O professor estava a falar sobre o alto teor de glicose encontrado no sémen.
Uma caloira levantou o braço e perguntou:
- Se eu entendi bem, o senhor está dizer que se encontra muita glicose no
sémen assim como no açúcar?
- Sim - respondeu o professor.
- Então por que é que o gosto não é doce?
A principio um silêncio de estupefacção, depois a classe toda arrebentou
numa gargalhada. A pobre rapariga ficou roxa de vergonha, assim que elapercebeu quão impensada foi sua pergunta.
A resposta do professor, entretanto, foi clássica:
- O gosto não é doce porque as papilas gustativas que reconhecem o sabor
doce encontram-se na ponta da língua e não no fundo, perto da garganta...
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- "O serumano no mesmo tempo que constrói também destrói, pois
nós temos que nos unir para realizarmos parcerias juntos."
- "No paíz enque vivemos, os problemas cerrevelam..."
"...menos desmatamentos, mais florestas arborizadas."
- "Isso tudo é devido aos raios ultra-violentos que recebemos todo dia."
- "...são formados pelas bacias esferográficas."
- "Por isso eu luto para atingir todos os meus obstáculos."
- "O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa
a ninguém individualmente."
- "Não preserve apenas o meio ambiente e sim todo ele."
- "Vamos deixar de sermos egoístas e pensarmos um pouco mais em nós mesmos."
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Numa universidade privada lisboeta - Curso de Segurança Social
- Diga-me lá porque é que a taxa de natalidade é menor nos paísesdesenvolvidos.
- Porque se trabalha mais do que nos países subdesenvolvidos.
E tem-se menos tempo.
- Menos tempo para quê?
- (o aluno, hesitante e já embaraçado) Menos tempo para fazer amor.
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Numa Universidade Privada Lisboeta - Oral de um Curso de Economia -Qual é o mais importante produto VEGETAL do continente africano?
- O MARFIM.
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Exame numa universidade privada de Lisboa
- Dê-me um exemplo de um mito religioso.
- Um mito religioso? Sancho Pança.Estupefacto, o professor pede ao aluno para este escrever o queacabou de dizer.
O aluno escreve no papel: "S. Xupansa".
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Numa universidade privada de Lisboa - Direito Constitucional
Um último ponto de vista sobre a revolução dos cravos, prova
oral da cadeira de Direito Constitucional
- O que aconteceu no 25 de Abril foi o início do regime autoritário
salazarista. Mas quem subiu ao poder foi o presidente do então PSD,
Álvaro Cunhal, que viria a falecer em circunstâncias misteriosas no
acidente do Camarote.
OS CAVALEIROS REDONDOS DA «TÁVOLA»
O chefe do grupo, cujo nome não convém referir porque este blogue já vai sendo lido em todo o lado, mas que tinha, por petit-nom, simplesmente Lucas, sempre pensara estar destinado a grandes feitos. Sempre se convencera de que conseguiria a proeza que o tornaria o incontestado rei: arrancar, à força das suas mãos nuas, um presépio que se encontrava enraizado no chão da taverna. Outros o haviam já tentado, sim. Contudo, o presépio parecia rir-se de todos eles, com as suas figuras sem cabeça, de pescoços abertos em enormes buracos, como se fossem bocas escancaradas em troça.
Os companheiros do jovem chefe eram Opereta, Pochete, Carreto e Pedrão. Chegavam, desmontavam, sentavam-se.
Um deles dizia então, por exemplo:
- Hoje não há tremoços.
E Lucas, nervoso, susceptível, retrucava de imediato:
- E então? Vais dizer-me que a culpa é minha?
- Eh, pá, pára com isso! Não sejas tão susceptível. Não leves tudo tão a peito. Há mais mundo para além de ti. Nem tudo o que se diz tem que ver directamente contigo. Não há tremoços, não há tremoços, não há tremoços. Pronto. Percebeste?
- Olha lá, ó Pochete - intervinha Carreto, para apaziguar o ambiente tenso - pagas tu hoje as cervejas?
- O quê???
- As cervejas. É a tua vez.
- Não posso. Não trouxe dinheiro. Ia a sair, estava até já com a mão sobre a bolsa, quando me lembrei de que, precisamente, hoje pagava eu. E depois, não sei porquê, esqueci-me logo de trazer o dinheiro. Vejam lá o disparate. É que o tinha quase na mão. Quando raio inventarão qualquer coisa, sei lá, assim tipo uma folha mais pequenina, com cola no alto, para se fixar numa bolsa, por exemplo, onde eu possa tomar nota do que tenho para fazer? Se não, esqueço-me mesmo...
E intervinha Lucas, agastado:
- Pois. Com certeza que a culpa é minha. Esqueceste-te de trazer o dinheiro, e está-se mesmo a ver que vocês pensam que eu é que me devia ter lembrado...
Assim passavam as longas tardes, em amena cavaqueira e quezílias de amigos fartos uns dos outros. Frequentemente, um deles perguntava ao Pochete se se teria lembrado de trazer dinheiro; ao que, invariavelmente, o Pochete respondia que não, desculpando-se com a falta de uma invenção muito simples que o auxiliasse a recordar.
Um dia, ao entrar, repararam que a sua mesa estava ocupada por uma estranha personagem, com um chapéu pontiagudo, cheio de estrelas. Tinha longas barbas brancas. Fixava atentamente uma bola de cristal.
- Boa tarde - atirou-se-lhe Opereta. - Peço desculpa, caro amigo. Mas essa mesa está reservada. É nossa. Se não se importa...
A estranha personagem nem se dignou olhá-los. Era Corleão, o mago, eterno inimigo de Lady Lurde, a ministra-feiticeira que esperava vir a ocupar o trono vago...
- Olha. Este finge que não ouve. Queres ver que eu me enervo? - atirou Opereta. - Eh! Eh lá! Segurem-me, rapazes. Segurem-me todos. Agarrem-me com força. Vá lá, se não desfaço este tipo... Então? Ninguém me segura? Estão à espera que eu tenha mesmo de lhe bater, ou quê? Pá, basta que me segurem um bocadinho... pela fralda da camisa, ao de leve: já é uma boa desculpa para eu não avançar...
- Boa tarde - atroou a voz possante do feiticeiro, que, como era de compreensão coxa, respondia sempre ao que se tinha dito duas ou três falas antes. - Vejo na bola de cristal que já falta pouco para se arrancar o presépio do chão. Hoje, ainda, alguém o conseguirá. Será o nosso rei. Ou a nossa rainha, quem sabe?
- Vou ser eu? Vou ser eu? - perguntou o Lucas.
- Não senhor, não saio desta mesa. Escusam de teimar - respondeu Corleão ao que se dissera havia já algum tempo. - Mas se quiserem, juntem-se a mim. Dizia eu que não consigo aqui ver quem será o rei. Pode vir a ser a terrível Lurde, a ministra-feiticeira de barba rija.
- Isso é que eu gostava de ter, uma barba rija - queixou-se um garoto que passava por ali.
- Ah, se eu tivesse forças... tentava outra vez arrancar aquela porcaria dali. E era já.
- Ah, mas para isso - explicou o feiticeiro Corleão - tenho aqui um elixir.
Lucas não cabia em si de excitação. Senhor! Um elixir!!! Um elixir para se tornar forte. Para arrancar do chão o maldito presépio. E tornar-se rei, tralará-tralará. Rei, rei, rei, rei, rei, rei, rei, rei, rei, rei!
O feiticeiro sacara uma bolsinha. Despejava, agora, um pó avermelhado numa taça com água.
Lucas não esperou por mais nada. Bebeu-a de um trago.
Depois, aproximou-se do presépio. Agarrou-e à base. Esforçou-se. Estava roxo. As veias salientavam-se, como se fossem explodir.
«Mggggggggnnn! Aaaaaaaaaaaangh!»
Tinha os dentes cerrados. Cerradíssimos.
Aproximavam-se todos dele, formando um semicírculo atento e encorajador.
«Mgggggggnnn!»
Nada. O presépio não se movia.
Entretanto, alguma coisa principiara a acontecer. Ah, que extraordinário. Oh, meu Deus, sim. Sim, a magia dava-se, afinal.
A barba, uma estranha barba de três dias, muito rija, como de arame, acastanhava-lhe bruscamente o queixo.
- Ah! - exclamaram todos, estupefactos.
- Onde é que estava o rapaz que queria a barba rija? Este elixir... - esclarecia o mago, sondando a sala com os olhos.
A barba de Lucas mantém-se, ainda hoje, dia após dia, no seu lugar. Rija e firme. Eterna.
Ah, é verdade: o presépio também...!
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 12º E PISÓDIO
Tal como o pai no domingo passado, que tinha vestido o seu melhor fato e posto gravata para ir votar no camarada Jerónimo, Kikas passou duas horas em frente ao armário para escolher a indumentária mais fashion de que havia memória na escola para votar na sua lista. Tinha escolhido a roupa de véspera, quinta à tarde, antes da explicação de inglês e depois de ter tomado um banho de submersão (tal como a mãe lhe tinha ordenado). Levou meia hora a desencardir e ainda se notava um ligeiro K na face esquerda, aquela que ela tinha dado depois de lhe terem riscado outro na da direita.
-Kikinha! Levanta-me esse lombo da cama e vai prá escola!!! Gritara a mãe bem cedo. E não te esqueças de levar o lixo!
Sim, tinha que se despachar; eram oito horas! Tinha pavor ao saco do lixo; só de pensar que "ele" a podia ver com o saco do lixo até tinha calafrios.
-É tardíssimo! pensou. Ainda o quero ver antes da primeira aula!, mas ainda tinha que passar o cartão...
Aquela paixão deixava-a atoleimada, andava desatinada desde que o tinha visto pela primeira vez no campo de jogos. -Será que ele me vai ver? Será que repara em mim? À sua volta, uma nuvem de pontos de intorrogação a piscar baralhava-a ainda mais.
Vestiu a camisola mais curta, colocou mais dois alfinetes para prender as baínhas das calças, ajeitou o cabelo pela centésima vez, meteu a escova na bolsa para se pentear antes de entrar no ginásio e saíu de casa com a mão no nariz e saco do lixo na mão.
Estava um frio de rachar mas o coração aquecia-a dos pés à cabeça...
A fila começava no Tropical. Hoje ninguém queria faltar às eleições.
Quando por fim consegue aproximar-se do caixote preto que costumam chamar de urna, Kikas estremeceu... Ali estava ele, mesmo ao pé dela, indiferente, distante, a conversar com um grupo de...
-Professoras!!!!! Odeio-as!!!!
(CONTINUA)
25 janeiro 2006
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 11º EPISÓDIO
Enquanto a Dt, mesmo fora da sua hora de direcção, se preocupava em substituir a professora, esta, Madame em pessoa, conversava ainda, algures, com Cara Danjo. A cada nova palavra, o rapaz, incrédulo, gaguejava: «A dona madama tá doida!» [Madame não está bem].
Nervosa, agitada, irritada, a mulher ergueu-se da mesa.
- Não me chames doida! Não me chames doida! Não me chames doida!
Empurrando a cadeira, dando um encontrão no empregado, pegando na malinha pontiaguda, de que se servia amiúde como se fosse uma navalha, preparou-se para se retirar, rangendo muito os dentes.
- Onde vai onde vai [Aonde se dirige, Madame?]
- Vou-me embora. Estou farta de tudo e também de ti. Volto para o meu palácio medieval!
- Não para o çeu palhaço não [Não vá, Madame]
Cara Danjo cavalgava a seu lado, pelas ruas fora. Só tinha pensamentos para a sua belíssima: será que ela estaria ainda visível, na cave de Madame, para onde sorrateiramente se esgueirara, prestes a ser apanhada com a boca na botija?
À medida que se aproximavam, Cara Danjo quis dar-lhe o sinal combinado. Mas não se lembrava da canção:
- çó eu çei pq não fiko ein caaaaazaaa [Só eu tenho conhecimento da razão por que me expulsaram da própria casa]
- Cala-te. Que é que te deu?
- táme a apeteser kantar não poço não poço. era ôtra. o meu xapéu tein 3 bicoooos tein 3 bicoooos o meu xapéu [Tal como alguns chapéus de dona Baptista também o meu tem três bicos tralará]
- Mas tu estás doido, Cara Danjo???
Quando chegaram à porta do palácio, o rapaz, completamente desesperado, pediu-lhe que o deixasse entrar para ver a máquina. Vaidosa, Madame consentiu. Mas qual não foi o seu espanto quando, já no interior, descendo em direcção à cave, Cara Danjo desatou a entoar, numa gritaria infernal, o tiroliroliro, de que se lembrara por fim:
- lá ein sima tá o tiroliroliro...
- Cala-te que já me doem os ouvidos!!!
- não konçigo KÁ EIN BAICHO TÁ O TIROLIROLÓÓÓ AJUNTÁRÃOSSE OS 2 ÀSKINA A TUKAR A KONSSERTINA E A DANSSAR O SOLIDÓÓÓÓ... [Para quem não conheça: «No andar de cima encontra-se um senhor tirolês, no de baixo um tal senhor tiroló - tiroló não faz sentido, não sei: cançonetas... - Encontraram-se a meio caminho e cumprimentaram-se efusivamente com uma dança popular.]
Mas era tarde. Muito tarde.
Abriu-se a porta da cave. Sem ter tido tempo para se esconder... Dolores... de martelo em punho... junto à famigerada máquina... olhava-os... com o terror... estampado... no belo rosto...
Entretanto, a trupe regressara já dos desertos. Vinham todos derreados, os alunos meio-drogados a ver se se mantinham tranquilos. No momento em que saíam do avião, viram-se arrastados por um vendaval, uma confusão, uma imensa massa humana, ou melhor, desumana, que entoava loas ao novel Chefe da República, que vinha de ser eleito.
Diante do grupo excursionista, a esfíngica personagem caminhava, hirta, rígida, mecânica, com um sorriso esculpido a canivete.
- Ai - gritou Fatinha, a quem o dito senhor pisara, com um sapato pesado, o pezinho rechonchudo. - Veja onde põe os pés...
A esfíngica personagem olhou-a, cogitando, piscando as pestanas. Fez-se silêncio. A multidão aguardava, em suspenso.
Por fim, o homem sorriu-lhe:
- Obrigado pelo conselho. Tem muita razão. Um presidente não pode dar um passo em falso. Bela imagem.
E a multidão rompeu numa prolongada ovação a Fatinha, a sábia.
(CONTINUA)
RAPIDINHAS
Certo dia Zézé Garcia perguntou a uma colega:
- Queres casar comigo?
Ela respondeu:
- NÃO!!!
E Zézé viveu feliz para sempre; foi à pesca, jogou muito futebol, bebeu muita cerveja sempre que lhe apeteceu e nunca precisou de fazer contas para a reforma.
RESPEITAR AS OPÇÕES DOS OUTROS...
Um sujeito colocava flores no túmulo de um familiar, quando reparou num chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado. Virou-se para ele e perguntou:
- Desculpe, mas o senhor acredita mesmo que o defunto virá comer o arroz?
O chinês respondeu prontamente:
- Sim! Quando o seu vier cheirar as flores...
O XIQUE e o XOQUE
Graças ao elevado número de solicitações, retomo a minha rubrica neste espaço. Porque deixem que lhes diga: há muito tempo não encontrava uma coluna com tanto sucesso como esta e é por isso que aqui voltarei semanalmente para vos dar conta daquilo que de mais elegante acontece entre vós. (Na verdade, o que de mais elegante acontece entre vós, sou eu. Mas também vos falarei do mais deselegante. E esse... ou essa... vai variando...)
- Já repararam como estão lindas as barriguinhas das alunas? Afinal o frio não tem sido tanto como nos fazem querer. Queríamos ver as professoras a seguir esse exemplo; afinal, minhas queridas, de que vale frequentar o ginásio e sofrer horrores se não é para mostrar o resultado?!
- Quem estava muito elegante era a P.ES PINHA, com o seu giríssimo cachecol amarelo de um xadrês muito original, a dar com a camisola.
- Para as mais distraídas, adiantamos desde já: devem preferir a cor encarnada para as vossas toilettes de trabalho. Já reparam como os livros de ponto são giríssimos? Acreditamos que o nosso Primeiro vai engrandecer o choque tecnológico, portanto, enquanto não vem o livro de ponto electrónico (desculpem-me, a linguagem tecnológica não é o meu forte) devem tirar partido dos livrinhos que usam debaixo do braço.
- Alguém, entre vós, já revelou ter olho clínico para o uso dos cartões. Sim, minhas queridas, não é de bom tom fazer esperar os meninos numa extensa fila ao frio e à chuva. Revelando um enorme sentido prático, Ceição adiantou-se e ostentava hoje uma bolsinha de acrílico Cartier dependurada ao pescoço. Como calculam, não trazia colar, o que é revelador de um sentido estético apuradíssimo.
- Más-línguas têm-me repetido que na nossa escola não há finesse a sério. Que engano! Que horror! Há montes de finesse: então e a Juju Fid'algo? E a Teté Anthune? E a Emmi Alex? E todo o guarda-roupa da Juju, que se estende por várias paredes de sua casa? E a mala da Teté, finíssima, de marca muito marca? E os lenços, lindos de morrer, que a Emmi usa ao pescoço? Até a malinha de mão do nosso Belito é «Camel». Se isto não é finesse...!
- E de realçar, com supernota, a variedade de chapéus da Conchão Baptista. Juro que nunca tinha visto outros tão bonitos nesta escola: seria porque nunca tinha visto aqui outros... nunca... em ninguém mais...???
- Sei de quem se esteja a roer por não ser mencionada nesta coluna. Mas eis a minha máxima: não é fino quem quer, é fino quem eu decido!
- Prémio limão azedo para os homens da escola: meus ricos, essas barrigas já não se usam. (Cá também se não usam, abusam-se!) Há, no entanto, um... um... que me tira do sério. Não será propriamente chique, talvez até descaia mais para o lado do do choque, mas a sua gargalhada viril derrete-me toda toda toda. Segredo...
- Prémio limão azedérrimo para o refeitório. Então não há uma entrada? Já nem digo ostras, mas um salmão fumado? Não há serviçais? Não há um garçon que nos venha sorrir à mesa? Pobres meninos. Não havia necessidade, isto também não é uma escola do Terceiro Mundo (apesar de... cala-te boca!). Depois queixem-se que se portam como uns trogloditas nas aulas. Pois. Eu sempre disse: as boas maneiras adquirem-se à mesa...
Até para a semana! Deixem-me ir, estou fatigadérrima. Um beijinho (um só, dois já não se usa, e além disso tou mesmo muito cansada). Prometo que volto, tá bem?
Paula Thrombone
24 janeiro 2006
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 10º EPISÓDIO
Hesitava entre discutir o assunto com o CExecutivo, com o grupo de Inglês ou com os apoiantes do Manuel Alegre. Esta última parecia ser a que mais apoio iria dar mas o saldo do telemóvel estava a zeros.
Stressada, atravessava o polivalente num constante vaivém. Só as manifestações da campanha eleitoral a faziam desviar o rumo de quando em vez. Tanta volta deixava-a meio zonza mas acreditava que não tardaria a ter uma solução.
Estava neste profundo meditar quando POF! MiMiKa aparecera de rompante e nem a vira!
-Xiii Professora! Ganda cabeçada! Exclama coçando a cabeça.
-Prá próxima veja lá se vê por onde anda! E oiça lá, a menina já sabe o que é um plano de perfil?
-Não acredito! Explode MiMiKa, nem na semana das eleições se pode andar à vontade?
Afastou-se remoendo inconveniências. Aquilo era demais. Da última vez que um professor lhe tinha feito aquela pergunta tinha dito tantos vitupérios que conseguiu mandá-lo para o deserto. Também é verdade que nunca acreditou que as suas pragas tivessem tamanho efeito. –Ou eu sou muita boa ou um professor é fraco… Será que ainda anda por lá?!
(CONTINUA)
O FIO DA NAVALHA: A COLUNA DE DUARTE PARADO COM-ALHO
1. Sim, é verdade que fiquei estarrecido quando soube da vitória «sonora» (como a qualifica um jornal italiano, vá-se lá saber porquê...) do Professor Aníbal Silva. Mas tenho vindo a digerir, apesar de as minhas digestões nunca terem sido fáceis. Ler os jornais que têm saído ultimamente contribuiu para que eu principiasse a ver, em Aníbal Silva, um homem, com as suas limitações, as suas manias, as suas obsessões e algumas qualidades que reserva, avaramente, para os amigos mais íntimos. Talvez lhes revele, até, algumas ideias. Sim, sim, sim, acredito nisso.
2. Por exemplo, o jornal 24 Horas expunha, hoje, tudo acerca da sua mulher. Contava que Maria Silva é uma senhora de uma extrema simplicidade em todos os capítulos. É, verdadeiramente, uma simples. Mas - atenção - divertidíssima na intimidade. (Não me perguntem que tipo de intimidade lhe dará tanta vontade de rir. Mas anotem, como eu advertia, que a intimidade cavaquina pode ser, de facto, surpreendente. Discreta e pudicamente, desçamos então o pano sobre esse assunto!)
3. Do que se pode entretanto divulgar, ficamos a saber, pelo mesmo jornal de referência, que dona Maria Silva cozinha e lê ao mesmo tempo. O que não soa tão chocantemente como poderia parecer a uma análise superficial: na verdade, a leitura não tem de ser necessariamente uma tarefa exclusivista e absorvente. Mesmo eu, que sou quem sou no seio da inteligentzia portuguesa, tenho o hábito de ler na casa de banho, como, aliás, muitos outros génios. E, aí, a única coisa que espero que seja absorvente, é o papel higiénico.
4. Contudo, pareceram-me enigmáticos alguns comentários de amigas da nova Primeira Dama. Dona Glória de Matos afirma que se «diverte a ouvir Maria declamar Fernando Pessoa». Diverte-se a ouvi-la declamar Fernando Pessoa? Não é a contar anedotas, é mesmo a declamar Fernando Pessoa? Significará isso que dona Maria declama um pouco para o malzote, e que os pseudo-amigos, rindo-se à sua custa, não se cansam de lhe pedir: «Vá lá, querida, declama aquele de que tu gostas, sim, sim, sim, esse mesmo, o do menino de sua mãe...» - só para, enquanto a ingénua senhora o recita, trocarem olhares cúmplices, prestes a explodirem de riso, escondendo os rostos vermelhos e eufóricos nas chávenas de chá?
5. Outra amiga, a Isabel Silveira Godinho, confessa que dona Maria Silva é uma excelente dona de casa e uma cozinheira de mão cheia - apesar de, o que sempre é suspeito, não conseguir lembrar-se de nenhum prato de que goste, confeccionado pela senhora. De maneira que, perante estes tristes e pouco abonatórios exemplos, o meu primeiro conselho é que o casal presidencial repense os seus amigos.
6. Neste espírito, venho, entretanto, apresentar-me como potencial novo frequentador do seu círculo. Ainda apareci na sede da candidatura do Professor, para festejar, logo que me recompus dos resultados catastróficos, isto é, assim que me lembrei de que tudo tem dois lados, e de que o catastrófico pode tornar-se óptimo, desde que se saiba mudar a tempo de lado. Sem nos trairmos a nós próprios: se tudo tem dois lados, nem a coisa deixa de ser o que é qualquer que seja o lado por onde a olhemos, nem nós deixamos de ser nós, quando se trata de se escolher o lado que melhor nos fica na altura. E, no meio da multidão festiva, gritando «Cavaco! Cavaco!», encontrei muitos amigos que me tinham acompanhado na campanha do poeta Alegre, e que haviam sido, todos eles, cem por cento alegristas, bem como alguns da campanha do Soares, como o Dr... e o sr...., que me abraçavam, agora, retumbantemente, quase entornando o champagne, enquanto me berravam, comovidos: «Vitória! Vitória! Vitória! Cavaco! Cavaco! Cavaco!»
7. Senhor Professor, inteiramente ao seu dispor, conte, por favor, comigo, com o meu saber, a minha cultura refinada, a minha vocação para estar onde melhor lhe parecer, desde que seja em França. Viva Cavaco.
ADÃO E EVA
Na velha questão sobre a origem da humanidade eu defendo o meio termo. Um empate entre Darwin e Deus. Aceito a tese darwiniana de que o Homem descende do macaco mas acho que Deus criou a mulher. E nós somos a consequência daquele momento mágico em que o proto-homem, deslocando-se de galho em galho pela floresta chegou à planície de Éden e viu a mulher pela primeira vez.
Imaginem a cena... O homem macaco de boca aberta, escondido entre os ramos, olhando aquela maravilha: uma mulher recém- feita, como Vénus, recém-pintada por Botticelli, com a tinta ainda fresca,
ou Eva espreguiçando-se à beira do Tigre ou seria o Eufrates? Enfim, Eva no seu jardim, ainda húmida da criação. Eva esfregando os olhos.
Eva examinando o próprio corpo retorcendo-se para se olhar atrás e alisar as ancas, satisfeita. Eva olhando-se no rio, ajeitando os longos cabelos.
O quase homem espreitava por entre a ramagem e ia formulando um pensamento no seu cérebro ainda bastante primitivo: - Fêmea é mesmo isto! Muito diferente da macaca que deixei na floresta...
Apesar de grande controvérsia a maioria dos teólogos acredita que quando Eva foi criada por Deus , teria entre 19 e 23 anos. Reinou sozinha no Paraíso durante duas luas e uma certa tarde de Verão descobriu algo que a observava de olhos esbugalhados e resolveu chamar-lhe Homem (nunca explicou a ninguém a razão deste nome...). Palavra puxa palavra, até porque são como as cerejas (e que belas cerejas havia no Paraíso!) até que o homem se encheu de coragem e lhe sugeriu que vivessem juntos para poderemcomeçar outra espécie. Eva aceitou, com uma condição - teria que fazer todas as manhãs a barba com uma Gilette III.
(Bem, agora preciso de acabar esta lenga lenga que já vai longa e vou transcrever um parágrafo de um texto que acabo de ler)
"...dizem que Darwin entrou no céu cristão, para sua grande surpresa, mas durante anos Deus recusou-se a recebe-lo até que ele reconhece-se a sua autoria das espécies, facto que Darwin recusou sempre. Agora já vão coversando depois de terem feito algumas concessões, abandonaram algumas reivindicações radicais e diz quem os ouviu que as suas conversas costumam começar com a frase - "Admitamos, como hipótese, que...""
23 janeiro 2006
DIA DE SORTE -1
O JOGO DA INGLÓRIA ou O JOGO DO PROFESSOR ou O JOGO DO INFERNO
MATERIAL NECESSÁRIO:
1 dado.
1 tabuleiro.
tantos peões quantos jogadores houver.
1 gamela com folhinhas previamente preenchidas (com prémios e castigos), dobradas, como aquelas rifas nas barraquinhas das feiras.
O tabuleiro pode ser feito por si: numa folha desenhe dez círculos concêntricos. Já está. Cada um dos círculos representa um dos círculos do inferno.
O do centro, é o centro do inferno. De lá, ouvem-se gritos e vêem-se labaredas, saltam, como arrotos de enxofre, ofícios e circulares, decretos e outros castigos. Todos os jogadores deverão partir daí. Nenhum deseja regressar.
Depois, sucessivamente, de dentro para fora:
2. Círculo dos professores substitutos: os mais severamente punidos de todos. Sem culpa de que alguém falte, a eles cabe reparar esse mal. Aguardam numa antecâmara infecta, entre quatro paredes que quase se tocam e, ao mesmo tempo, desejando que os não retirem de lá: saindo, é para serem lançados em antros onde pequenos monstros se deliciam com a sua carne, entre gritos, jogos infantis e pseudo-didactismos.
3. Círculo dos professores do Ensino Básico: responsabilizados pelos outros círculos pelo inqualificável estado em que lhes chegam os alunos, que podem fazer? Reprovar os meninos que não querem, não estudam, não sabem? Impossível. O centro do inferno não o permite. O insucesso é inadmissível. O sucesso uma falsidade. O trabalho é imenso, os planos de recuperação de quem se não deixa recuperar um artifício. A vergonha marca-os.
4. Círculo dos professores Directores de Turma: há séculos que o cargo de Director de Turma deixou de ser um cargo pedagógico. Tornou-se uma função burocrática. Os Encarregados de Educação têm, naturalmente, direitos: não compreender o que se passa, criticar o que não compreendem, teimar em que os filhos são uns génios perseguidos e os professores uns perseguidores sem génio. A ministra concorda.
5. Círculo dos professores dos Cursos Tecnológicos: os alunos não têm culpa. Talvez ninguém tenha. Entretanto, estes professores leccionam os mais desmotivados e defraudados dos alunos, ensinando-lhes pouco mais ou menos o mesmo ou exactamente o mesmo que noutros cursos, para os enviar, de uma forma demorada e exigente, para o desemprego.
6. Círculo dos professores de Português: os alunos não sabem escrever? É deles. Os alunos não lêem? É deles. O país é inculto, ignorante, o máximo que conhece em matéria de letras são as letras para pagar e as letras das mensagens do telemóvel? É dels. O insucesso em português é uma vergonha? É deles. O nosso Nobel é Saramago? É deles. Tudo recai sobre eles. Culpam-nos, apontam-lhes o dedo, dizem-lhes: «Os nossos filho têm más notas derivado a eles, prontos!» (Poderia provar-se, por A+B, que a Grande Culpa não é dos professores de português. Mas de que vale provar seja o que for por A+B num país tão pouco dados às letras?)
7. Círculo dos professores de Matemática: ui! Ao que se chegou. Não pode ser, dizem-lhes. Ao menos disfarcem. Não precisam de ensinar, mas ao menos disfarcem... (Também se poderia demonstrar que a Grande Culpa não cabe aos professores de Matemática. Tão certo como 2 mais dois serem 4. Mas que interessa isso a um país que sofre desta espécie de disfunção eréctil da matemática, totalmente incapaz de lhe fazer subir o sucesso?)
8. Círculo dos professores coordenadores: que são, coitadas, as almas penadas que têm todo o género de coordenações que não sejam só cargos vazios e esvaziados, mas sobretudo os coordenadores de departamentos difíceis (quase todos), com golpes baixos e altas golpadas, inimizades de estimação, implacáveis e intolerantes.
9. Círculo dos professores que sempre vão estando levemente melhor do que os anteriores: são, efectivamente, não direi mais felizes, mas menos infelizes. Não se apercebem inteiramente disso. Estão, apesar de tudo, ainda no inferno: são professores... (Claro que podiam ser mineiros. Podiam trabalhar nas obras. Podiam ser empregados do sr. Cavaco. Eu sei que há infernos mais infernais...!)
REGRAS:
Cada jogador lança o dado, que lhe indica o número de círculos que deverá avançar. Quando tiver colocado o peão que lhe corresponde no círculo indicado, tira uma das folhinhas da gamela.
Estas folhinhas determinarão a sorte do jogador: se fica nesse círculo, se volta para trás (e, nesse caso, quantos círculos deverá recuar), se fica sem jogar na vez seguinte, etc.
Não é necessário haver muitos castigos - mas que haja mais castigos do que prémios.
Eis alguns exemplos:
CASTIGOS:
a) A sua mudança de escalão voltou a ser «congelada»: portanto, não joga nas três vezes seguintes
b) Chegou atrasado à primeira hora, porque o trânsito estava impossível. Já lhe marcaram falta. Não há um único aluno no horizonte. Recua um círculo
c) A ministra teve uma enxaqueca. Como consequência, tomou-o como Bode Expiatório. Deverá regressar ao ponto de partida.
d) Afixaram na sua escola mais uma lista de conferências da Pré-Ordem dos Professores. Riu-se tanto, que escorregou e bateu com a cabeça no chão. Não pode dar mais aulas. Recua dois círculos
e) Chamam-no para dar uma aula de substituição: regressa ao ponto de partida.
(O jogador que regressa ao ponto de partida joga, na sua vez seguinte, novamente, a partir daí).
PRÉMIOS:
a) Saiu-lhe o euromilhões. Avança para o círculo 8. No entanto, deverá pagar as bicas a todos os presentes.
b) Hoje ninguém faltou. Não o chamaram a substituir. Avança dois círculos: no entanto, deverá cantar o hino do Sporting em cima duma cadeira.
Etc.
Os prémios terão de conter sempre um «No entanto», com alguma tarefa que não pode ser recusada, sob pena de eliminação.
NOVAS ELEIÇÕES NO HORIZONTE (!)
O mandato da actual associação de estudantes está a terminar, embora ninguém tenha dado conta que ele existiu.
Vamos acreditar que as listas candidatas não se limitem a poluir o ambiente visual e sonoro da escola.
A todos os alunos fica um pedido clemente: sejam criativos! Please!
NO RESCALDO DAS ELEIÇÕES. A OPORTUNIDADE 2 EM 1 QUE SE PERDEU
Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país.
E o vento cala a desgraça,
O vento nada me diz.
O Cavaco conseguiu?
É porque o povo o merece.
O vento perdeu o pio
No meu país que apodrece.
Mais e pior do que isto? Ah, meus amigos, não tenham pressa em descobrir. Esperam-vos cinco longos anos pela frente.
22 janeiro 2006
A KOLUNA DE D.J. CARA DANJO: À PROCURA DA VOCAÇÃO
Em virtude de algumas queixas que se têm feito ouvir acerca da dificuldade de «descodificação» da escrita tão peculiar do nosso querido D. J. Cara Danjo, pedimos à nossa sumidade, senhor José Saramago, que fizesse o favor de traduzir o texto do jovem colaborador do blogue, ao que o ilustre senhor acedeu. Futuramente, contamos pedir a outros autores portugueses que colaborem nessa tradução (Lobo Antunes já se prontificou: «O gajo do Nobel já começa a enervar-me. Se ele faz a tradução, eu também posso fazer. Aliás, qualquer um pode ter o Nobel! A mim, ainda não me apeteceu...»). Sempre às ordens, Abelha Maia.
O meu progenitor diz-me que antes do 25 de Abril os meninos que não sabiam escrever não sabiam escrever e ponto final agora não é assim quando um menino não sabe escrever diz-se que é disléxico quando não está com atenção diz-se que é hiperactivo quando bate nos professores diz-se que tem problemas lá em casa o meu progenitor afirma que quando estudou ainda não havia tais nomes e que em vez disso lhe chamavam burro e preguiçoso e não o mandavam ao psicólogo davam-lhe uns tabefes e punham-no de castigo já não é assim porque nas escolas existe graças à influência do PCP um serviço de apoio psicológico que é constituído por umas senhoras que estão sempre a conversar e que fazem muitos inquéritos os inquéritos são boa ideia porque interrompem as aulas sobretudo as mais reaccionárias e sempre é um descanso o pior é quando querem descobrir a vocação de um tipo que vale por dois como eu quando me chamaram à salinha de atendimento eu fui muito contente não tanto por causa das psicólogas de mais idade mas devido a uma jovem que anda lá muito loira e bonita mas sucede que a rapariga se atrapalhou com a minha inteligência de modo que acabou por dizer É mais fácil encontrar uma ideia acertada no ministério da educação do que uma vocação em ti eu podia ter ficado melindrado o que não aconteceu porque eu percebi que no fundo o que ela queria dizer era que um jovem como eu não tem qualquer vocação particular é um verdadeiro saramago que um dia acabará por ganhar um prémio nobel.
20 janeiro 2006
MENSAGEM SECRETA: CÓDIGO A+B
(Segue descodificação para Abelha Maia: «O 9º Episódio desta blogonovela, muito sensível e arriscado, surge meio-oculto, como se tivesse sido escrito antes do 8º, talvez mesmo do 7º. Procurem-no lá para baixo).
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 8º EPISÓDIO
- Tu aqui? -, espantou-se Fatinha.
- E nessa figura? -, epantou-se Mena.
- Pois é. Quando me falaram em grandes calores, muita areia, pensei logo em praia. Afinal era esta seca. Bolas!
- Mas isto é um deserto, João Paulo.
- Mas não havia por aqui um Mar Morto? Ao menos um Mar Morto, pá. Não era para estes lados? O pessoal vinha a contar com isso.
- O pessoal? - estremeceu imperceptivelmente Fatinha. - Que pessoal?
- Ora. «Eles», quem mais?
Por entre as dunas vinham surgindo, com efeito, os membros do célebre grupo «Os Alegres Excursionistas da Eslav», talvez uns vinte professores pastoreando três estupefactos alunos, controladíssimos, quietíssimos, mas indispensáveis para que a passeata tivesse o título ligeiramente exagerado de «Visita de Estudo» e, portanto, preços mais em conta...
- Então vocês não deviam estar na escola? - indignou-se Mena Memé.
- Essa é boa - retrucou João Paulo. - Então e tu?
Mena embatucou. J. P. prosseguiu:
- Além disso, têm havido muitas reviravoltas na escola. O clima não está famoso. O chefe foi afastado. Não sabiam? Madame está mais próxima que nunca de tomar o Poder!
(CONTINUA)
19 janeiro 2006
UM ACORDAR...
PURO TEATRO: DIÁLOGO OBSESSIVO-VENENOSO
SINDROMA - J. PAXÊKHU
FATINHA - FÁTIMA FRANCO
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA - UM PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
(Pancadinhas de Molière. Silêncio na sala. Ou quase: ouvem-se umas últimas tossicadelas e toca, algures, o telemóvel do Lucas, que, envergonhadíssimo, sopra: «Perdão! Perdão», e sai da sala para atender. Sobe o pano. Sindroma e Fatinha estão sentados na mesa dos fundos)
Fatinha: Tu andas um bocado obcecado com essa história da minha dieta, não é? É que quando te referes a mim, é sempre com a história do meu peso, e o meu peso para a frente e o meu peso para trás... não te ocorre mais nada a propósito da minha pessoa? Por que não falas da minha inteligência, ou de...?
Sindroma (doutoral): Porque isso não tem graça. O que tem graça é pegar nestas coisas das pessoas e andar à volta disso. Não devemos ter complexos, Fatinha. Devemos ser superiores a essas coisas. Olha para mim, por exemplo. Já viste como o fantasmadaopera se mete com o meu nariz? E então, pensas que me importo? É que nem ligo. A solução é rir-me de mim próprio também.
Fatinha: Com o teu nariz é diferente. Isso é uma coisa incontornável. E não podes fazer uma dieta para minorá-lo. Tens de viver com ele. Mais vale rires dele. Agora, isto do peso não tem nada de risível...
Sindroma: Não, não, não. Não podes ligar, pá. A propósito, o que é que queres dizer exactamente com isso de o meu nariz ser incontornável?
Fatinha: Deixa isso. É que vocês quando pegam numa coisa, parece que já não sabem sair de lá: é a pochete do outro desgraçado, as minhas dietas, as maldades da Madame...
Sindroma: Não te preocupes com isso, sê superior. Mas ouve lá. O meu nariz...? Hã? Achas que...?
Fatinha: Até porque eu já nem sou gorda. Bem nutrida, como diz o outro, não digo que não. Percebeste?
Sindroma: Hum?
Fatinha: Tu não estás com atenção. Nem ouviste o que te disse.
Sindroma: Ouvi, ouvi.
Fatinha: Não ouviste, não.
Sindroma: Ouvi, sim.
Fatinha: Não, não.
Sindroma: Sim, sim, sim.
Fatinha: O que é que eu disse, então? Vá lá, que é que eu disse?
Sindroma: Disseste nariz... aaah... não... disseste que...
Fatinha: Estás a ver? Não tinhas ouvido. Só pensas na porcaria do teu nariz. Tens um ego quase tão grande como o nariz.
Sindroma: Mas é assim tão grande como isso? É hiperbólico?
Fatinha: Ó Sindroma, por favor. Não tens espelhos lá em casa?
Sindroma: Na verdade, não. Tinha vários, mas sempre que olhava de repente, partia-os, um por um, com uma narigada.
Fatinha: Olha quem aí vem...
Sindroma: Quem é?
Fatinha: Disfarça, disfarça. É um professor de Educação Física. Destes é que devias ter coragem de falar no blogue.
Sindroma: É verdade...
Fatinha: As notas que alguns dão. Topa-se um aluno de dezoitos, e a E.F., já se sabe: dez. Estavam à espera do Einstein ou do Fernando Pessoa a ser bom em saltos no pelinto? A ganhar corridas? A marcar golos?
Sindroma: E que tal o corta-mato num dia frio e chuvoso?
Fatinha: Mas tens medo, não é? Tens medo deles, não é? Todos músculo, agilidade... Portanto, ficas-te pelo mais fácil: é a pochete, eu atrás de árabes, o fantasmadaopera a fazer não sei quê... coitado do fantasmadaopera. Esse não faz nada. É que nada. Nada, nada, nada. Nunca. Zero.
Professor de Educação Física: Boa tarde. Estão ocupados?
Sindroma (receoso, protegendo imediatamente o nariz): Aaaaaaaah...
Professor de Educação Física: Faltava-me um par para as danças de salão. Comecem a dançar, tá bem?
Fatinha (ofendida, porque gosta de danças de salão, mas não gosta de ser mandada): Desculpe lá!
Sindroma (cobardemente, tremendo muito, suando por todos os poros ao mesmo tempo): Vá lá, ó Fatinha. Que mal faz? Temos tempo. Dá cá a mãozinha, querida, rodopiemos, rodopiemos...
Fatinha (dançando com Sindroma): ... Em vez de te referires a estas coisas, não. É sempre a pochete e a dieta. Narigudo!
Sindroma (suando muito, tropeçando, pouco habituado a dançar, muito pata de chumbo): Gorda!
Fatinha: Ainda por cima é mentira. Sabes quantos quilos perdi? Narigudo!
Sindroma: Magriceela!!!
18 janeiro 2006
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA - 7º EPISÓDIO
Estas duas prendas, neste ponto da sua peregrinação à volta do mundo, para tentar escapar às aulas de substituição, não faziam ideia dos terríveis tormentos por que a escola passava: um chefe jazendo e apodrecendo em reclusão, e a repetir, ano após ano, os mesmos ensaios para o presépio vivo; um Cara Danjo perdidamente apaixonado; uma menina de boas famílias, de nome Dolores (como antecipando as dores a que a blogonovela a destina); um desgraçado Sindroma, verdadeiro cadáver adiado, um doido que se punha a inventar seres temíveis que, depois, lhe povoavam as noites...
Fatinha e Mena fotografavam pirâmides e belos homens de tez morena.
- Olha para aquele, olha para aquele. Tem um aspecto tenebroso. Será terrorista? Ainda não parou de olhar fixamente para nós - alertava Mena.
- Não é só ele. Está tudo a olhar para nós. Será por causa de virmos a cantar, aos gritos, «Ó Sole Miiiio...!»?
- Ah! Mas que saudades de Veneza. E daquele gondoleiro.
- Que bigodaça!
- Que peitaça!
- Repara. O tipo que está a olhar para nós também não está mal. Estes olhares perturbam-me.
- Eu cá, quando vejo um tipo a fixar-me assim, desato logo a correr.
- Para ver se o agarras?
Desceram ambas do dromedário. Ai, tantas histórias que tinham imaginado, em que se viam as duas a gritar, aflitas e divertidas, sobre o dromedário - embora, afinal, não tivesse sido exactamente como imaginavam: o dromedário, esse é que gritara, aflito e pouco divertido, sob elas.
- Grande estúpido -, exclamou Fatinha. - Até parece que não tem noção dos quilos que eu perdi. E se perdi, malditas dietas!
Nessa altura, algures entre as dunas, repararam num vulto vagamente familiar.
E reconheceram uma voz:
- Olha, olha, olha. É boa! As duas por aqui? Como o mundo é pequeno!
Se era...
(CONTINUA)
PADRE NOVO NA FREGUESIA
-Na próxima vez, coloque uma gotas de Whisky na água que depois de alguns goles, estará mais relaxado.
No Domingo seguinte, aplicou a sugestão e sentiu-se tão bem que poderia falar alto até no meio de uma tempestade, de tão feliz e descontraído.
Depois de regressar à reitoria da paróquia encontrou um bilhete que dizia:
Querido padre:
- Na próxima vez coloque gotas de whisky na água e não gotas de água na tequilha;
- Não coloque limão e sal na borda do cálice;
- O missal não é apoio para o copo;
- O manto da imagem de Jesus Cristo não deve ser usado como guardanapo;
- Existem 10 mandamentos e não 12;
- Existiram 12 apóstolos e não 10;
- Não nos referimos à cruz como "aquele T grande";
- Não nos referimos ao nosso Salvador Jesus Cristo e seus apóstolos como "JC e seu gang";
- David derrotou Golias com uma fisga e uma pedra e nunca teve nenhuma relação sexual com ele;
- Não nos referimos a Judas como "Filho da P... ";
- O papa é sagrado e não castrado e não nos referimos a ele como "O Padrinho";
- As hóstias não são chicletes, portanto evite tentar fazer bolas;
- Aquela casinha era o confessionário e não o WC;
- Evite apoiar-se na imagem de Nossa Senhora e muito menos abraçá-la;
- Água benta é para se benzer e não para refrescar a testa;
- As hóstias devem ser distribuidas ao povo e não usadas como aperitivo para acompanhar o vinho;
- Use roupas debaixo da batina e evite abanar-se com ela quando estiver com calor;
- Os pecadores quando morrem vão para o inferno e não para a p... que os pariu;
Pelos 45 minutos de missa que acompanhei, notei essas faltas.
Aquele sentado no canto do altar, ao qual se referiu como "filho da p... travesti de saia", era eu.
Espero que tais falhas sejam corrigidas no próximo domingo.
Atenciosamente, ARCEBISPO.