Surda a todas as súplicas, a Ministra-rainha ordenou às cartas de jogar, seus soldados, que conduzissem aquela trupe até uma casa que era conhecida como a casa das AAA.
Ali foram fechados, chorando convulsiva e colectivamente.
- Mas afinal o que se passa aqui? Alguém me explica o que é isto? - interrogava-os Ceuzinha, sem obter mais resposta do que o «buaaaaaaaaaah!» generalizado. Nem Xaxão conseguia falar: sinal óbvio da gravidade da situação.
Sempre curiosa, Ceuzinha notou dois frascos que estavam, lado a lado, pousados sobre uma mesa. Lembrou-se de que em «Alice» havia também uns xaropes mágicos. Mas a nossa heroína não queria provar aquilo. Sabia lá de que se tratava. Tirou a rolha de um. Cheirou. No brusco movimento, porém, houve uma gota que caiu no chão - e, assim que tocou no soalho, puf!, a casa principiou a crescer, a crescer, a creSCER a crESCER a CRESCER...! Era horroroso. De um momento para o outro, os nossos amigos pareciam tornar-se ali seres minúsculos, insectos insignificantes, rodeados de paredes imensas.
O choro aumentava - embora, curiosamente, mal se ouvisse agora, projectado por tão ínfimos seres num tão imenso espaço.
Ceuzinha, pequenina, pequenina, trepou, com um esforço inaudito, pelas pernas da mesa acima. A cada instante parecia-lhe que iria desistir, ou que começara a tombar, mas no entanto continuava subindo. Uma vez no tampo, aproximou-se do segundo frasco, que era do seu tamanho, senão maior do que ela. Este tinha um rótulo com letras enormes, gordíssimas, ilegíveis. Soletrou: «U-M-A G-O-T-A D-E-V-O-L-V-E O T-A-M-A-N-H-O N-O-R-M-A-L. É isto mesmo!» E começou a empurrar o frasco. Empurrava-o, humpf, empurrava-o, sentia que ele se movia, quase nada, mas movia-se, e de repente ali vinha ele pelo ar, até que se partiu no chão, derramando todo o seu conteúdo. Não uma gota - como o prescrito - mas todo o conteúdo. A casa começou de imediato a encolher. De mais. Já voltara ao tamanho normal e não parava de encolher. E mais, sempre mais e mais, meu Deus - tornavam-se agora todos, proporcionalmente, seres enormes. A casa já nem era uma casa, era uma sala. Já não era uma sala, era um corredor estreito, muito estreito, estreitíssimo, estreitinho.
Ainda hoje, em consequência disto, a sala das AAA é aquele corredor estreitíssimo, que lembra o corredor da morte, onde os condenados aguardam a sua vez, e onde as pessoas só cabem desde que não tragam casacões demasiado grossos e com forro, nem malas de mão, nem penteados com muita complicação...
(CONTINUA)
Voltámos sem pretensões. Com mais criações. E opiniões. O verdadeiro blogue sem borbulhas.
28 fevereiro 2006
Virtualidades de um Blog
Alguém dizia há dias que o blog era viciante. Também se disse que "... o Atelier de Escrita Criativa dos Professores da ESLAV está a ser um fenómeno absolutamente estrondoso..." (sic).
Qual quê, companheiros! Muito mais do que isso.
O blog é indispensável.
O blog é vital.
Escrever no blog é um must.
Ler o blog é uma necessidade.
E porquê? - perguntam alguns.
Porque:
O blog regulariza-lhe a tensão.
O blog embeleza-lhe a expressão.
O blog distende-lhe os nervos, alonga-lhe os músculos.
O blog é terapeutico.
O blog é pedagógico.
O blog melhora-o por dentro e por fora.
Em suma, o blog é o melhor substituto do ABkingPro.
Torne-se um bloguista convicto e verá que passados dez dias de prática regular, a sua figura estará mais esbelta, a sua pele mais aveludada, o seu coração mais macio e a sua aura muito mais brilhante.
NOTA: Se, por acaso, encontrar alguma "Lade" com visual a combinar, cuidado! Não se iluda! Ela é apenas a excepção que confirma a regra.
Qual quê, companheiros! Muito mais do que isso.
O blog é indispensável.
O blog é vital.
Escrever no blog é um must.
Ler o blog é uma necessidade.
E porquê? - perguntam alguns.
Porque:
O blog regulariza-lhe a tensão.
O blog embeleza-lhe a expressão.
O blog distende-lhe os nervos, alonga-lhe os músculos.
O blog é terapeutico.
O blog é pedagógico.
O blog melhora-o por dentro e por fora.
Em suma, o blog é o melhor substituto do ABkingPro.
Torne-se um bloguista convicto e verá que passados dez dias de prática regular, a sua figura estará mais esbelta, a sua pele mais aveludada, o seu coração mais macio e a sua aura muito mais brilhante.
NOTA: Se, por acaso, encontrar alguma "Lade" com visual a combinar, cuidado! Não se iluda! Ela é apenas a excepção que confirma a regra.
27 fevereiro 2006
CEUZINHA NO PAÍS eslavADO DE NOVO: II
Criou-se, na toca do coelhito, um enorme sururu: todos queriam ocultar-se atrás de Ceuzinha para não terem de enfrentar a Ministra-rainha.
Ceuzinha sentiu-se indignada com tamanha cobardia:
- Então, eu acabei de chegar a esta terra, não conheço aqui nada, nunca vi a tal rainha, e está tudo a esconder-se atrás de mim? Não há direito...!
- É que eu deixei uma coisa ao lume - disse o coelhinho Nelsito, e desapareceu como se levasse molas nas patinhas fofas (assim está melhor?)
- Agora me lembro que tenho de ir ao dentista... - esclareceu o gato. - É preciso coragem para se ir ao dentista. Felizmente que eu sou muito corajoso. - E pôs-se imediatamente invisível.
- Eu ando um bocado em baixo. Não tenho paciência para me meter em aventuras. Estou, digamos, retirado - falou, com voz de ópera, a Lagarta da Couve-vermelha. E, do mesmo modo, mas mais cabisbaixo que os demais, desapareceu.
Um por um, todos se foram ausentando, com as mais esfarrapadas desculpas:
- Tenho um chapéu para provar...
- Devia ter-me ficado pelos bolos com creme. Infelizmente, comi também um biscoito dietético e acho que ele me caiu mal. Com licença...
- Eu recebo hoje uns vagos professores universitários que vieram de muito longe por causa de uns inquéritos. É coisa importante. De nìvel. Depois telefono.
- Eu não estou a perceber nada do que zzzzzzze passa aqui... mas acho que é pouco zzzzzzzzsaudável...
No lugar onde, ainda há pouco se vivera um lanche ajantarado (sempre desejei usar esta expressão...), não existia, agora, senão um pouco de fumo largado pelos abandonos precipitados.
Ceuzinha saiu da toca. Diante de si estava a Ministra-rainha, pavorosa, irreal - só mesmo numa fantasia inspirada em «Alice no País das Maravilhas», ou num pesadelo, é que uma tal personagem teria possibilidade de existir -, gritando, com as veias do pescoço muito salientes, «Cortem-lhes o pescoço, coretem-lhe o pescoço!»
Nesse momento, do alto de um alto muro, ouviu-se uma voz:
- Tenho um castigo bem pior, Majestade!
Todos olharam para o alto, tentando descortinar a fonte da voz. «Todos» eram, para além da Ministra-rainha e dos seus soldados - cartas de jogar -, o coelhito, Xaxão, Fafá, Algusto, Lagarta, Maia, Pochato, que, curiosos, tinham voltado ao ponto inicial, amontoando-se, erguendo os olhos.
Em cima do muro encontrava-se Cabeça-de-ovo: na verdade, todo ele era um ovo, com dois braços muito fininhos, duas pernas finíssimas e uns quantos caracóis no cimo da casca.
- Qual é o castigo que tens em mente, Vavá? - atroou a rainha.
- AAA! - respondeu o ovo.
- O quê? - perguntou a rainha.
- AAA! - insistiu o ovo das pernas.
- Aaaah! - exclamou a rainha, radiante com a ideia.
- Aaaaah! - gritaram todos os outros, desesperados perante uma tal monstruosidade.
- Clemência, majestade! - gritava-se de todos os lados, perante o espanto de Ceuzinha, que não percebia nada daquilo. - Isso não. Corte-nos a cabeça. Antes a cabeça fora do pescoço. Cortada com uma cimitarra ferrugenta. Seja bondosa connosco, majestade: corte-nos a cabeça...
(CONTINUA)
Ceuzinha sentiu-se indignada com tamanha cobardia:
- Então, eu acabei de chegar a esta terra, não conheço aqui nada, nunca vi a tal rainha, e está tudo a esconder-se atrás de mim? Não há direito...!
- É que eu deixei uma coisa ao lume - disse o coelhinho Nelsito, e desapareceu como se levasse molas nas patinhas fofas (assim está melhor?)
- Agora me lembro que tenho de ir ao dentista... - esclareceu o gato. - É preciso coragem para se ir ao dentista. Felizmente que eu sou muito corajoso. - E pôs-se imediatamente invisível.
- Eu ando um bocado em baixo. Não tenho paciência para me meter em aventuras. Estou, digamos, retirado - falou, com voz de ópera, a Lagarta da Couve-vermelha. E, do mesmo modo, mas mais cabisbaixo que os demais, desapareceu.
Um por um, todos se foram ausentando, com as mais esfarrapadas desculpas:
- Tenho um chapéu para provar...
- Devia ter-me ficado pelos bolos com creme. Infelizmente, comi também um biscoito dietético e acho que ele me caiu mal. Com licença...
- Eu recebo hoje uns vagos professores universitários que vieram de muito longe por causa de uns inquéritos. É coisa importante. De nìvel. Depois telefono.
- Eu não estou a perceber nada do que zzzzzzze passa aqui... mas acho que é pouco zzzzzzzzsaudável...
No lugar onde, ainda há pouco se vivera um lanche ajantarado (sempre desejei usar esta expressão...), não existia, agora, senão um pouco de fumo largado pelos abandonos precipitados.
Ceuzinha saiu da toca. Diante de si estava a Ministra-rainha, pavorosa, irreal - só mesmo numa fantasia inspirada em «Alice no País das Maravilhas», ou num pesadelo, é que uma tal personagem teria possibilidade de existir -, gritando, com as veias do pescoço muito salientes, «Cortem-lhes o pescoço, coretem-lhe o pescoço!»
Nesse momento, do alto de um alto muro, ouviu-se uma voz:
- Tenho um castigo bem pior, Majestade!
Todos olharam para o alto, tentando descortinar a fonte da voz. «Todos» eram, para além da Ministra-rainha e dos seus soldados - cartas de jogar -, o coelhito, Xaxão, Fafá, Algusto, Lagarta, Maia, Pochato, que, curiosos, tinham voltado ao ponto inicial, amontoando-se, erguendo os olhos.
Em cima do muro encontrava-se Cabeça-de-ovo: na verdade, todo ele era um ovo, com dois braços muito fininhos, duas pernas finíssimas e uns quantos caracóis no cimo da casca.
- Qual é o castigo que tens em mente, Vavá? - atroou a rainha.
- AAA! - respondeu o ovo.
- O quê? - perguntou a rainha.
- AAA! - insistiu o ovo das pernas.
- Aaaah! - exclamou a rainha, radiante com a ideia.
- Aaaaah! - gritaram todos os outros, desesperados perante uma tal monstruosidade.
- Clemência, majestade! - gritava-se de todos os lados, perante o espanto de Ceuzinha, que não percebia nada daquilo. - Isso não. Corte-nos a cabeça. Antes a cabeça fora do pescoço. Cortada com uma cimitarra ferrugenta. Seja bondosa connosco, majestade: corte-nos a cabeça...
(CONTINUA)
AFORISMOS E DESAFOROS (5)
Se, na perspectiva feminina, eles são todos imperfeitos e elas mais-que-perfeitas e se, na perspectiva masculina, elas vivem unicamente para o futuro e eles só querem viver o presente, como raio se conjuga uma relação entre um homem e uma mulher?
25 fevereiro 2006
DRA. RUTH FAZ HORAS EXTRAORDINÁRIAS
Querida Dra. Ruth:
Sou uma mulher ingénua e muito séria. Fujo do universo masculino a sete pés: a única coisa que sei desse mundo é que gira, todo ele, à volta de carros, de futebol e de mim.
Sinto que os homens me olham com uma fixidez lasciva; que me dão encontrões nos autocarros e me sorriem provocantemente ao atender-me numa loja ou num café.
Um destes dias, estava eu ao balcão do Aquarius quando reparei que o fulano que estava ao meu lado não tirava os olhos de mim. Já me sentia incomodada! Por fim - os pretextos que encontram para meter conversa são de uma pobreza atroz -, disse-me ele, numa voz cava e sensual: «A senhora acaba de comer o meu bolo!»
Mas reparo que mesmo os menos atrevidos, aqueles indivíduos profundamente tímidos, me devoram com os olhos. Aconteceu com um jovem, numa fila de supermercado, que tinha os olhos pendurados em mim, mas a medo, como se lutasse consigo próprio, tentando ganhar coragem para se me dirigir. Bem. Até essa amostra de gente acabou por urdir um estratagema: «Não queria incomodar», atreveu-se ele, «mas a senhora está a pisar-me».
Por todo o lado, Dra. Ruth. Numa cabine telefónica em que me abriguei, um dia, por causa da chuva, cheguei a ver-me cercada por três marmanjos lá fora. Ao fim de duas horas, um deles chegou ao desplante de dar pancadinhas no vidro da cabine, com os nós dos dedos, e apontar para o relógio, como se quisesse marcar-me um encontro de amor!
Entende a minha situação?
Ainda ontem me cruzei com dois tipoos. E o mais alto e espadaúdo, aquele que, por acaso, me pareceu o mais interessante, comentou-me assim para o amigo:
- É mesmo boa, não é?
Ao que o amigo respondeu, malcriadamente, com a boca cheia:
- Sim. Estão cada vez melhores. Com «peperoni» ficam óptimas.
«Peperoni» deve ser um termo ordinário: tenho andado a descobrir que, nesse repelente universo dos machos, mesmo as palavras mais comuns adquirem, por vezes, conotações escabrosas. Já me ensinaram que nunca se deve dizer pregadeira, porque também significa uma perversão qualquer. Sabia? Deve usar-se sempre outro termo.
Mas guardei para o fim o pior de tudo. Dra. Ruth, tenho andada a ser seguida por um homem de mau aspecto, que me provoca arrepios e sonhos inenarráveis. Eu bem tento livrar-me dele, mas o homem é muito rápido. Tão rápido, tão rápido, tão rápido, que quando está a perseguir-me consegue ir sempre à minha frente. Por favor, ajude-me. Que hei-de fazer?
Patareca
Querida Patareca:
Todas nós temos, por vezes, a ilusão de que os homens nos perseguem. Neste mundo ilusório, a experiência diz-me que essa é uma ilusão que deve ser tomada muito a sério porque, na maior parte dos casos, corresponde rigorosamente aos factos.
Eis a minha teoria: sempre que lhe parece que um homem anda atrás de si, isso é com certeza verdade. E quando não é, deveria sê-lo.
Como os homens não têm imaginação, torna-se fácil, por outro lado, percebermos-lhes os truques, quase sempre muito primários. Vou-lhe contar um caso, minha amiga: sabe que eu própria tenho sido muito perseguida, ultimamente, por um sujeitinho baixote e pálido? Agora repare no pretexto: diz ele que é para me cobrar o que eu devo na sapataria. Já vê como os percebemos logo? Como os homens não são criativos, isso só poderia ser mesmo uma manobra de aproximação, uma vez que não acredito que um macho tenha uma imaginação suficientemente delirante para imaginar que eu pagaria uma dívida.
O meu conselho para si é, minha querida, que não se preocupe de mais. Deixe-os andar. Eventualmente, algum pousará.
Sua
Ruth
Sou uma mulher ingénua e muito séria. Fujo do universo masculino a sete pés: a única coisa que sei desse mundo é que gira, todo ele, à volta de carros, de futebol e de mim.
Sinto que os homens me olham com uma fixidez lasciva; que me dão encontrões nos autocarros e me sorriem provocantemente ao atender-me numa loja ou num café.
Um destes dias, estava eu ao balcão do Aquarius quando reparei que o fulano que estava ao meu lado não tirava os olhos de mim. Já me sentia incomodada! Por fim - os pretextos que encontram para meter conversa são de uma pobreza atroz -, disse-me ele, numa voz cava e sensual: «A senhora acaba de comer o meu bolo!»
Mas reparo que mesmo os menos atrevidos, aqueles indivíduos profundamente tímidos, me devoram com os olhos. Aconteceu com um jovem, numa fila de supermercado, que tinha os olhos pendurados em mim, mas a medo, como se lutasse consigo próprio, tentando ganhar coragem para se me dirigir. Bem. Até essa amostra de gente acabou por urdir um estratagema: «Não queria incomodar», atreveu-se ele, «mas a senhora está a pisar-me».
Por todo o lado, Dra. Ruth. Numa cabine telefónica em que me abriguei, um dia, por causa da chuva, cheguei a ver-me cercada por três marmanjos lá fora. Ao fim de duas horas, um deles chegou ao desplante de dar pancadinhas no vidro da cabine, com os nós dos dedos, e apontar para o relógio, como se quisesse marcar-me um encontro de amor!
Entende a minha situação?
Ainda ontem me cruzei com dois tipoos. E o mais alto e espadaúdo, aquele que, por acaso, me pareceu o mais interessante, comentou-me assim para o amigo:
- É mesmo boa, não é?
Ao que o amigo respondeu, malcriadamente, com a boca cheia:
- Sim. Estão cada vez melhores. Com «peperoni» ficam óptimas.
«Peperoni» deve ser um termo ordinário: tenho andado a descobrir que, nesse repelente universo dos machos, mesmo as palavras mais comuns adquirem, por vezes, conotações escabrosas. Já me ensinaram que nunca se deve dizer pregadeira, porque também significa uma perversão qualquer. Sabia? Deve usar-se sempre outro termo.
Mas guardei para o fim o pior de tudo. Dra. Ruth, tenho andada a ser seguida por um homem de mau aspecto, que me provoca arrepios e sonhos inenarráveis. Eu bem tento livrar-me dele, mas o homem é muito rápido. Tão rápido, tão rápido, tão rápido, que quando está a perseguir-me consegue ir sempre à minha frente. Por favor, ajude-me. Que hei-de fazer?
Patareca
Querida Patareca:
Todas nós temos, por vezes, a ilusão de que os homens nos perseguem. Neste mundo ilusório, a experiência diz-me que essa é uma ilusão que deve ser tomada muito a sério porque, na maior parte dos casos, corresponde rigorosamente aos factos.
Eis a minha teoria: sempre que lhe parece que um homem anda atrás de si, isso é com certeza verdade. E quando não é, deveria sê-lo.
Como os homens não têm imaginação, torna-se fácil, por outro lado, percebermos-lhes os truques, quase sempre muito primários. Vou-lhe contar um caso, minha amiga: sabe que eu própria tenho sido muito perseguida, ultimamente, por um sujeitinho baixote e pálido? Agora repare no pretexto: diz ele que é para me cobrar o que eu devo na sapataria. Já vê como os percebemos logo? Como os homens não são criativos, isso só poderia ser mesmo uma manobra de aproximação, uma vez que não acredito que um macho tenha uma imaginação suficientemente delirante para imaginar que eu pagaria uma dívida.
O meu conselho para si é, minha querida, que não se preocupe de mais. Deixe-os andar. Eventualmente, algum pousará.
Sua
Ruth
AFORISMOS E DESAFOROS (4)
Há pessoas para as quais a maior injustiça que os outros lhes podem fazer é terem razão acerca delas.
24 fevereiro 2006
CARNAVAL
fantasmadaopera, amigo!os contributors estão contigo!
aqui fica uma mensagem de get well soon para o nosso amigo fantasma!se soubesse por bonecos seria uma ganda águia bem vermelhinha!
O XIQUE E O XOQUE
Têm-me chegado novos e mutantes ecos acerca das investigações sobre a minha pessoa. A última teoria defendida por muitos de vós, que me tem feito sorrir, é a de que a vossa querida Thrombone seria um homem. Pista promissora mas que o meu perfil (andam distraídos, ou quê?) deita por terra. E por que não o Magalhães? Queridas, poupem-me...
Outra coisa a dizer, vem-me a propos do comentário, aqui mesmo, no blogue, acerca do meu francês. Meninas, não tenham inveja. O "meu francês" é bem bom: olhos azuis, cabelos loiros. E não é que não pratiquemos a língua. Praticamos muito. Só que, depois, a língua fica meio adormecida, e acabamos por não conseguir usá-la para falar...
Dito isto, entremos nas coisas sérias, que com essas é que eu gosto mesmo de brincar.
Eu penso que há montes de gosto, na escola da Linda. A sério. Nunca eu disse o contrário. Há por aqui muito, muito, muito gosto. Infelizmente, todo ele é mau!!! De outra forma: há gosto para dar e vender, porém, nem dado ele interessa, e vendido, nem ao desbarato. Com excepções. Querem as queridas alguns exemplos? Principiemos pelas excepções:
Reincidente no chique, eis de novo a nossa querida Bebé Moreia, que tem já lugar cativo nesta página e na minha lista das mais elegantes. Repararam no seu elegante casaco de caraculo?!
Na sua companhia estava Juju, que tirou do armário um elegante casaco de pele que, na confusão das estrelas, não consegui perceber de que bicho era. As duas, juntas, faziam lembrar um casal de corvos no seu real poleiro.
Reincidente mas com sinal menos, estava o último, como dizer, "chapéu" visto ontem a passear pela escola. Desculpe, minha querida, reprovo.
Linda e colorida, a chamar o verão, andava Lenita Ramalhete, com a sua saia rodada.
Igualmente rodada estava Suzie Duarthe, com uma barra bordada a branco num tecido negro, vistosa, chiquérrima como vem sendo hábito! A não ser aquela mala que a menina tem, cravejada de molas! Muito metálica, a raiar o gótico. Não gostei.
Estamos no carnaval, época dada folias mais ou menos extravagantes com a qual nada me identifico. (Não gosto de máscaras; gosto de parecer como sou, apesar de, neste caso e pela primeira vez na minha vida, ter optado por um tipo ligeiro disfarce para preservar a minha identidade).
O que quero é partilhar convosco alguns segredos dos próximos dias; pode ser que vos ajude a planear um maxi fim de semana superchique: aos sábados, não posso passar sem os meus passeios à praia; ajudam-me a carregar baterias para enfrentar o frenesim do quotidiano. Não o faço nunca sem a companhia dos meus fofos golden retriever, que adoram o mar! Nada de idas popularuchas ao mercado, comprar peixinho fresco, que cozinhar não é comigo.
Aos domingos tenho o meu cantinho reservado na Arriba, no Guincho. A garoupa au sel é fabulosa! Se conseguir um pouco de tempo livre entre os jantares e recepções que tenho na minha agenda, não vou deixar de visitar o museu do Traje, que é o meu preferido, ali para os lados do Lumiar. Aconselho-vos vivamente uma visita. Aposto que no regresso, meus lindos, todos vós ganharam em cultura e melhoraram o vosso (mau) gosto.
O que eu quero, queridos, é que TODOS aproveitem bem a vida!
Não se esqueçam: a vida são dois dias e o carnaval são três (às vezes é bom recordar ditados do sensato povão).
Até para a semana!
Outra coisa a dizer, vem-me a propos do comentário, aqui mesmo, no blogue, acerca do meu francês. Meninas, não tenham inveja. O "meu francês" é bem bom: olhos azuis, cabelos loiros. E não é que não pratiquemos a língua. Praticamos muito. Só que, depois, a língua fica meio adormecida, e acabamos por não conseguir usá-la para falar...
Dito isto, entremos nas coisas sérias, que com essas é que eu gosto mesmo de brincar.
Eu penso que há montes de gosto, na escola da Linda. A sério. Nunca eu disse o contrário. Há por aqui muito, muito, muito gosto. Infelizmente, todo ele é mau!!! De outra forma: há gosto para dar e vender, porém, nem dado ele interessa, e vendido, nem ao desbarato. Com excepções. Querem as queridas alguns exemplos? Principiemos pelas excepções:
Reincidente no chique, eis de novo a nossa querida Bebé Moreia, que tem já lugar cativo nesta página e na minha lista das mais elegantes. Repararam no seu elegante casaco de caraculo?!
Na sua companhia estava Juju, que tirou do armário um elegante casaco de pele que, na confusão das estrelas, não consegui perceber de que bicho era. As duas, juntas, faziam lembrar um casal de corvos no seu real poleiro.
Reincidente mas com sinal menos, estava o último, como dizer, "chapéu" visto ontem a passear pela escola. Desculpe, minha querida, reprovo.
Linda e colorida, a chamar o verão, andava Lenita Ramalhete, com a sua saia rodada.
Igualmente rodada estava Suzie Duarthe, com uma barra bordada a branco num tecido negro, vistosa, chiquérrima como vem sendo hábito! A não ser aquela mala que a menina tem, cravejada de molas! Muito metálica, a raiar o gótico. Não gostei.
Estamos no carnaval, época dada folias mais ou menos extravagantes com a qual nada me identifico. (Não gosto de máscaras; gosto de parecer como sou, apesar de, neste caso e pela primeira vez na minha vida, ter optado por um tipo ligeiro disfarce para preservar a minha identidade).
O que quero é partilhar convosco alguns segredos dos próximos dias; pode ser que vos ajude a planear um maxi fim de semana superchique: aos sábados, não posso passar sem os meus passeios à praia; ajudam-me a carregar baterias para enfrentar o frenesim do quotidiano. Não o faço nunca sem a companhia dos meus fofos golden retriever, que adoram o mar! Nada de idas popularuchas ao mercado, comprar peixinho fresco, que cozinhar não é comigo.
Aos domingos tenho o meu cantinho reservado na Arriba, no Guincho. A garoupa au sel é fabulosa! Se conseguir um pouco de tempo livre entre os jantares e recepções que tenho na minha agenda, não vou deixar de visitar o museu do Traje, que é o meu preferido, ali para os lados do Lumiar. Aconselho-vos vivamente uma visita. Aposto que no regresso, meus lindos, todos vós ganharam em cultura e melhoraram o vosso (mau) gosto.
O que eu quero, queridos, é que TODOS aproveitem bem a vida!
Não se esqueçam: a vida são dois dias e o carnaval são três (às vezes é bom recordar ditados do sensato povão).
Até para a semana!
23 fevereiro 2006
AFORISMOS E DESAFOROS (3)
Para algumas pessoas, a liberdade de expressão é apenas a segunda coisa mais terrível do mundo. Porque até estariam dispostas a tolerá-la se não fosse, precisamente, a primeira coisa mais terrível deste mundo: que haja quem não pense exactamente como elas
A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: AS AULAS DE SUBSTITUIÇÃO
ADVERTÊNCIA:
Não há dicionários que nos ajudem a decifrar Cara Danjo: experimentem lê-lo em voz alta para perceberem como soa.
ôje veinho falár das álas de çubestituisson pq os prófes andão ôtra vês bué da nervózos c éça sêna. plo k me conta o bétinho k é 1 puto do çétimo ano éças álas até ção kurtidas pq o peçuál péde praír á caza de bâinho e á 1 prófe k dis (atão vão lá mas agóra atenssão ein não çe demórein mais k nuventa minutos) e aléin diço fázeinsse jógos tipo kem çálva a menistra da fôrca k é 1 jôgo k os prófes inventárão k é açin tá 1 desênho no kuadro de 1 menistra da idukassão na fôrca e uma peçôa grita açin (kem salva a menistra da fôrca) e desátão tôdos a fujir pra lonje pra ningéin ter k salvar a menistra e perde o último a fujir e atão êçe fica na fôrca ein vês da menistra e çó çe sálva çe rsponder a 3 preguntas k os kolégas le fáção. afinal a únika difrenssa êntre 1 ála de çubestituisson e o rekreio é k na ála de çubestituisson tipo tamos mais kentinhos e aberigados. mas o purbelêma é k os prófes çó kérein trabalhár trabalhár trabalhár e 1 ála açin tipo rekreio não les agráda. parésse k até ôve uns pôcos de prófes aliás érão mesmo muinto pôcos k fizérão 1 manife áporta do menistério e êçes kuatro ô çinko gritávão açin (çubestituisson ó báziko nãu) e atão o çókratxe k tá farto de tar çempre contra os prófes desta vês lá çedêu e diçe açin (prontos ó lurdes dis lá ós gaijos k tá bein alárgasse esta purcaria ó çecundário) mas já ôvi dezer k os ménes ficárão fulos da vida. os prófes é 1 rássa de jente k nunca tá çatesfeita.
Não há dicionários que nos ajudem a decifrar Cara Danjo: experimentem lê-lo em voz alta para perceberem como soa.
ôje veinho falár das álas de çubestituisson pq os prófes andão ôtra vês bué da nervózos c éça sêna. plo k me conta o bétinho k é 1 puto do çétimo ano éças álas até ção kurtidas pq o peçuál péde praír á caza de bâinho e á 1 prófe k dis (atão vão lá mas agóra atenssão ein não çe demórein mais k nuventa minutos) e aléin diço fázeinsse jógos tipo kem çálva a menistra da fôrca k é 1 jôgo k os prófes inventárão k é açin tá 1 desênho no kuadro de 1 menistra da idukassão na fôrca e uma peçôa grita açin (kem salva a menistra da fôrca) e desátão tôdos a fujir pra lonje pra ningéin ter k salvar a menistra e perde o último a fujir e atão êçe fica na fôrca ein vês da menistra e çó çe sálva çe rsponder a 3 preguntas k os kolégas le fáção. afinal a únika difrenssa êntre 1 ála de çubestituisson e o rekreio é k na ála de çubestituisson tipo tamos mais kentinhos e aberigados. mas o purbelêma é k os prófes çó kérein trabalhár trabalhár trabalhár e 1 ála açin tipo rekreio não les agráda. parésse k até ôve uns pôcos de prófes aliás érão mesmo muinto pôcos k fizérão 1 manife áporta do menistério e êçes kuatro ô çinko gritávão açin (çubestituisson ó báziko nãu) e atão o çókratxe k tá farto de tar çempre contra os prófes desta vês lá çedêu e diçe açin (prontos ó lurdes dis lá ós gaijos k tá bein alárgasse esta purcaria ó çecundário) mas já ôvi dezer k os ménes ficárão fulos da vida. os prófes é 1 rássa de jente k nunca tá çatesfeita.
22 fevereiro 2006
CONTABILIDADE
Para quem não suporta ou não entende nada de Contabilidade, vamos explicar mais ou menos como funciona!!!
(Esta foi uma das primeiras aulas que tive na cadeira de Contabilidade quando não entendia nada de Contabilidade nem de mulheres. Hoje já percebo alguma coisa de Contabilidade…)
A solteira é......................... Crédito
A casada é.......................... Débito
A cunhada é........................Previsão para devedores duvidosos
A bonita é............................Lançamento
A feia é.................................Estorno
A feia e rica é...................... Conta de Compensação
A bonita e rica é..................Lucro certo
A ex-namorada é................ Saldo de exercícios anteriores
A namorada é...................... Resultado de exercício futuro
A noiva é.............................. Reserva legal
A esposa é........................... Capital assumido
A vizinha é........................... Acções de outras sociedades
As que fazem operações plásticas.....Obras e benfeitorias
As restantes são................. Obras em curso
As que dão “troco” são............. Incentivos recebidos
As que não são viúvas, casadas ou solteiras são…. Contas a classificar.
As que muito namoram e não se casam são…..... Saldo à disposição da assembleia.
As que são surpreendidas em flagrante são…..... Passivo a descoberto.
A sogra pode ser classificada como….… Prejuizo acumulado.
É muito fácil fazer contabilidade!!!
(Esta foi uma das primeiras aulas que tive na cadeira de Contabilidade quando não entendia nada de Contabilidade nem de mulheres. Hoje já percebo alguma coisa de Contabilidade…)
A solteira é......................... Crédito
A casada é.......................... Débito
A cunhada é........................Previsão para devedores duvidosos
A bonita é............................Lançamento
A feia é.................................Estorno
A feia e rica é...................... Conta de Compensação
A bonita e rica é..................Lucro certo
A ex-namorada é................ Saldo de exercícios anteriores
A namorada é...................... Resultado de exercício futuro
A noiva é.............................. Reserva legal
A esposa é........................... Capital assumido
A vizinha é........................... Acções de outras sociedades
As que fazem operações plásticas.....Obras e benfeitorias
As restantes são................. Obras em curso
As que dão “troco” são............. Incentivos recebidos
As que não são viúvas, casadas ou solteiras são…. Contas a classificar.
As que muito namoram e não se casam são…..... Saldo à disposição da assembleia.
As que são surpreendidas em flagrante são…..... Passivo a descoberto.
A sogra pode ser classificada como….… Prejuizo acumulado.
É muito fácil fazer contabilidade!!!
AS RAPIDINHAS DA DRA. RUTH
Agora que já vos agarrei a todos com este título apelativo e ambíguo, de que muito me orgulho, passemos àquilo de que, de facto, se trata. (Um quinto dos leitores que vieram atrás do título vai começar a desertar). Vou responder resumida e rapidamente a várias cartas de que irei extraindo também rápidos fragmentos. Vejamos, então, que temos aqui. Ora bem, uma tal Lara Croft, que não conheço mas, pela letra, me parece inteligentíssima, diz que acabou de preparar uma aula à «uma da manhã» porque passou a tarde toda «a avaliar planos de recuperação», e acrescenta que só lhe apetece «dar tiros nos planos». O meu conselho, minha querida, e olhe que é um conselho firme, um conselho directivo, é que não desperdice já munições. Ainda terá muito que se irritar. Conhece o ditado: «Hora a hora Deus piora»? Aí está. Se o próprio Deus, que é Deus, tende a piorar a cada hora, imagine o que não espera aos professores.
Uma «Desesperada» conta que foi apanhada a fazer greve às AAA, e que, de castigo, já se preparam para as alargar ao Secundário. Pergunta-me que fazer, e se há-de «disfarçar-se de Auxiliar de Acção Educativa». Não me parece que seja por aí, as Auxiliares também têm uma vida complicada. Nisto do mundo da educação, se quer mesmo disfarçar-se de alguém e de alguém que não apanhe pela medida grossa, tente passar por ministra da Educação. Poderá sempre usar depois a máscara para assustar os seus filhos, se eles não quiserem comer a sopa. Ou os seus alunos, se as AAA não estiverem a correr bem.
Uma tal «Splash» dá os parabéns, não sei a que propósito, a um certo Sindroma, e acrescenta que ele é genial. Isto não é para mim. Na minha opinião, toda a gente julga que esta «Splash» é um pseudónimo do tal Sindroma, criado com o fim de ele se elogiar a si próprio, ou, então, é uma fera da ironia e do sarcasmo. Em todo o caso, trata-se de um assunto que não me diz respeito. Não vou em sindromanias...
Uma «Elastigirl» pergunta-me se tenho acordo com a ADSE. Está a brincar? O meu forte é o desacordo, por que raio estaria de bem com um sistema que deixa tanto a desejar?
Mais alguma coisa? É verdade, um picuínhas pergunta se há descontos para grupos de pessoas de peso. A resposta, é: se forem homens, sim. Adoro grupos de homens de peso. É um fétiche.
Divirtam-se no carnaval e não percam de vista os vossos corações.
Vossa
Ruth
Uma «Desesperada» conta que foi apanhada a fazer greve às AAA, e que, de castigo, já se preparam para as alargar ao Secundário. Pergunta-me que fazer, e se há-de «disfarçar-se de Auxiliar de Acção Educativa». Não me parece que seja por aí, as Auxiliares também têm uma vida complicada. Nisto do mundo da educação, se quer mesmo disfarçar-se de alguém e de alguém que não apanhe pela medida grossa, tente passar por ministra da Educação. Poderá sempre usar depois a máscara para assustar os seus filhos, se eles não quiserem comer a sopa. Ou os seus alunos, se as AAA não estiverem a correr bem.
Uma tal «Splash» dá os parabéns, não sei a que propósito, a um certo Sindroma, e acrescenta que ele é genial. Isto não é para mim. Na minha opinião, toda a gente julga que esta «Splash» é um pseudónimo do tal Sindroma, criado com o fim de ele se elogiar a si próprio, ou, então, é uma fera da ironia e do sarcasmo. Em todo o caso, trata-se de um assunto que não me diz respeito. Não vou em sindromanias...
Uma «Elastigirl» pergunta-me se tenho acordo com a ADSE. Está a brincar? O meu forte é o desacordo, por que raio estaria de bem com um sistema que deixa tanto a desejar?
Mais alguma coisa? É verdade, um picuínhas pergunta se há descontos para grupos de pessoas de peso. A resposta, é: se forem homens, sim. Adoro grupos de homens de peso. É um fétiche.
Divirtam-se no carnaval e não percam de vista os vossos corações.
Vossa
Ruth
21 fevereiro 2006
CEUZINHA NO PAÍS eslavADO DE NOVO
Todas as personagens são inspiradas em colegas maravilhosos desta escola, que adoro. (Até porque são filões inesgotáveis); já acerca dos «inspiradores» de fora da escola, a conversa é outra.
Ceuzinha olhava-se uma manhã ao espelho quando lhe ocorreu esta pergunta: «Que haverá do outro lado? Que mundo será aquele que daqui se vê, semelhante mas invertido?»
Estendeu a mão: e nesse dia, por uma inexplicável magia, qualquer coisa assim que desafia as leis da natureza (como, por exemplo, não ser chamada a entrar de substituto), a sua mão estendida penetrou na superfície do espelho como se entrasse em água.
Ceuzinha pensou: «Que faço agora?»
Tinha algum receio e tinha alguma curiosidade. Sabia que aquele instante era decisivo: se não o aproveitasse, se não saltasse para o outro lado, a magia sumir-se-ia e tudo regressaria ao mesmo de sempre. Por outro lado, se desse o salto, que seria da sua vida? Que descobriria? E se não regressasse? E se...?
Não hesitou mais. Decidiu-se. Saltou.
Durante um tempo longo, não teve noção do que lhe sucedia. Caía, caía, caía, como em certos pesadelos, sem nada a que se segurar, caía, caía, caía, já sem noção do em cima e do em baixo, caía, caía, caía, cansada de cair, cair, cair.
Quando reabriu os olhos, estava estendida num prado.
Logo a seguir viu passar por ali, aos saltos, como se levasse molas nas patas, o coelhinho Nelsinho, às voltas ainda com o tempo, mirando um relógio daliniano.
- Não há tempo, não há tempo - insurgia-se o coelhito, muito indignado -, desde que inventaram os relógios que nunca mais consegui ter tempo para nada...
- Bom dia, coelhinho - cumprimentou delicadamente Ceuzinha -, dizes-me onde vais?
- Não há tempo, não há tempo - queixava-se o coelhinho.
E desapareceu.
Sentindo-se abandonada pelo único ser vivo daquele mundo, Ceuzinha desatou a chorar com um grande alarido.
Nesse momento, ouviu um zumbido.
-Quem és tu? - perguntou Ceuzinha, ainda fungando, a uma abelha de listas verticais (para ficar com um ar mais magrito) que lhe pousara no ombro.
- Sou a Abelha Maia - respondeu-lhe.
- E como se chama este país?
- País Eslavado de Novo...
- Sabes o que me faz tudo isto lembrar? Uma história da minha infância. Havia um coelhinho que tinha a mania das horas, e já por aqui passou também um. Com relógio e tudo. Nessa história, o coelho ia tomar chá a casa de um chapeleiro louco. Também aqui existe o Chapeleiro Louco?
- Não. Nós temos uma chapeleira, que é a nossa querida Xaxão. Tem uns chapéus maravilhosos. Mas não é louca. Chamamos-lhe excêntrica. É a Chapeleira Excêntrica. Aqui, ela é que vai tomar chá a casa do coelhinho. Aliás, lá vem ela. É uma rapariga maravilhosa, «mas» que gosta imenso de conversar.
- «Mas»? Conversar é bom...
- Espera, e vais ver.
- Bom dia - dirigiu-se Ceuzinha à Chapeleira Excêntrica, que acabava de chegar com um maravilhoso chapéu na cabeça.
- Bom dia estás boa eu ando menos bem estou muito cansada desde que me meti a fazer aquele curso de trezentas e trinta cadeiras que me sinto perfeitamente arrasada até porque os professores são uns idiotas chapados e por isso estava a ver que hoje nem me conseguia levantar a horas de ir tomar chá não sei se viste por aqui o coelhinho Nelsito deve estar à minha espera tenho de ir andando - mas a verdade é que não havia maneira de ir andando - espero que o coelhinho Nelsito não esteja aborrecido como da última vez credo olha lá ó menina a propósito não queres vir comigo tomar chá - Ceuzinha ia responder mas depressa se apercebeu de que as perguntas de Xaxão se pegavam umas às outras não dando tempo para que alguém enfiasse alguma resposta entre elas. - Acho que era boa ideia - continuava Xaxão, sem respirar - e tenho a certeza de que o coelhinho não se ia importar por eu levar uma convidada aliás podia levar duas não queres também vir ó abelhinha...
Foram andando as três. Ceuzinha já deixara de a ouvir.
- ... e depois o professor pediu-me um trabalho e blá-blá-blá blá-blá-blá blá-blá-blá e eu tive de lhe responder que antes das férias não contasse com ele e blé-blá-blá blá-blá-blá...
- Chiçazzzzzzzzzzz - zumbia a abelhinha, já zzzzzzzonzzzzzzza.
Chegaram, ao fim do que lhes pareceu uma eternidade, à casa do coelhito.
Lá dentro, em torno da mesa, encontravam-se os amigos: Lagarta da Couve-vermelha, de bigode, que, mal viu aparecer público, desatou a entoar uma ária de ópera, Fafá do Deserto, preocupada com a dieta, separando, cuidadosamente, as bolachinhas dietéticas, dos bolos com creme, e escolhendo, por fim, só os bolos com creme, e o Gato Pochato, que tinha o condão de ficar invisível - embora se soubesse onde ele estava, porque trazia uma pochete que não partilhava da sua invisibilidade - e o Califa Algusto, que não tinha medo senão de uma coisa. Da Ministra-rainha.
Nesse momento ouviu-se, lá fora, um berreiro alarmante.
- Cortem-lhes a cabeça! A todos! São professores? Têm cara de professor? Cortem-lhes a cabeça!!!
Era, vejam lá, nem mais nem menos do que a Ministra-rainha.
(CONTINUA)
Ceuzinha olhava-se uma manhã ao espelho quando lhe ocorreu esta pergunta: «Que haverá do outro lado? Que mundo será aquele que daqui se vê, semelhante mas invertido?»
Estendeu a mão: e nesse dia, por uma inexplicável magia, qualquer coisa assim que desafia as leis da natureza (como, por exemplo, não ser chamada a entrar de substituto), a sua mão estendida penetrou na superfície do espelho como se entrasse em água.
Ceuzinha pensou: «Que faço agora?»
Tinha algum receio e tinha alguma curiosidade. Sabia que aquele instante era decisivo: se não o aproveitasse, se não saltasse para o outro lado, a magia sumir-se-ia e tudo regressaria ao mesmo de sempre. Por outro lado, se desse o salto, que seria da sua vida? Que descobriria? E se não regressasse? E se...?
Não hesitou mais. Decidiu-se. Saltou.
Durante um tempo longo, não teve noção do que lhe sucedia. Caía, caía, caía, como em certos pesadelos, sem nada a que se segurar, caía, caía, caía, já sem noção do em cima e do em baixo, caía, caía, caía, cansada de cair, cair, cair.
Quando reabriu os olhos, estava estendida num prado.
Logo a seguir viu passar por ali, aos saltos, como se levasse molas nas patas, o coelhinho Nelsinho, às voltas ainda com o tempo, mirando um relógio daliniano.
- Não há tempo, não há tempo - insurgia-se o coelhito, muito indignado -, desde que inventaram os relógios que nunca mais consegui ter tempo para nada...
- Bom dia, coelhinho - cumprimentou delicadamente Ceuzinha -, dizes-me onde vais?
- Não há tempo, não há tempo - queixava-se o coelhinho.
E desapareceu.
Sentindo-se abandonada pelo único ser vivo daquele mundo, Ceuzinha desatou a chorar com um grande alarido.
Nesse momento, ouviu um zumbido.
-Quem és tu? - perguntou Ceuzinha, ainda fungando, a uma abelha de listas verticais (para ficar com um ar mais magrito) que lhe pousara no ombro.
- Sou a Abelha Maia - respondeu-lhe.
- E como se chama este país?
- País Eslavado de Novo...
- Sabes o que me faz tudo isto lembrar? Uma história da minha infância. Havia um coelhinho que tinha a mania das horas, e já por aqui passou também um. Com relógio e tudo. Nessa história, o coelho ia tomar chá a casa de um chapeleiro louco. Também aqui existe o Chapeleiro Louco?
- Não. Nós temos uma chapeleira, que é a nossa querida Xaxão. Tem uns chapéus maravilhosos. Mas não é louca. Chamamos-lhe excêntrica. É a Chapeleira Excêntrica. Aqui, ela é que vai tomar chá a casa do coelhinho. Aliás, lá vem ela. É uma rapariga maravilhosa, «mas» que gosta imenso de conversar.
- «Mas»? Conversar é bom...
- Espera, e vais ver.
- Bom dia - dirigiu-se Ceuzinha à Chapeleira Excêntrica, que acabava de chegar com um maravilhoso chapéu na cabeça.
- Bom dia estás boa eu ando menos bem estou muito cansada desde que me meti a fazer aquele curso de trezentas e trinta cadeiras que me sinto perfeitamente arrasada até porque os professores são uns idiotas chapados e por isso estava a ver que hoje nem me conseguia levantar a horas de ir tomar chá não sei se viste por aqui o coelhinho Nelsito deve estar à minha espera tenho de ir andando - mas a verdade é que não havia maneira de ir andando - espero que o coelhinho Nelsito não esteja aborrecido como da última vez credo olha lá ó menina a propósito não queres vir comigo tomar chá - Ceuzinha ia responder mas depressa se apercebeu de que as perguntas de Xaxão se pegavam umas às outras não dando tempo para que alguém enfiasse alguma resposta entre elas. - Acho que era boa ideia - continuava Xaxão, sem respirar - e tenho a certeza de que o coelhinho não se ia importar por eu levar uma convidada aliás podia levar duas não queres também vir ó abelhinha...
Foram andando as três. Ceuzinha já deixara de a ouvir.
- ... e depois o professor pediu-me um trabalho e blá-blá-blá blá-blá-blá blá-blá-blá e eu tive de lhe responder que antes das férias não contasse com ele e blé-blá-blá blá-blá-blá...
- Chiçazzzzzzzzzzz - zumbia a abelhinha, já zzzzzzzonzzzzzzza.
Chegaram, ao fim do que lhes pareceu uma eternidade, à casa do coelhito.
Lá dentro, em torno da mesa, encontravam-se os amigos: Lagarta da Couve-vermelha, de bigode, que, mal viu aparecer público, desatou a entoar uma ária de ópera, Fafá do Deserto, preocupada com a dieta, separando, cuidadosamente, as bolachinhas dietéticas, dos bolos com creme, e escolhendo, por fim, só os bolos com creme, e o Gato Pochato, que tinha o condão de ficar invisível - embora se soubesse onde ele estava, porque trazia uma pochete que não partilhava da sua invisibilidade - e o Califa Algusto, que não tinha medo senão de uma coisa. Da Ministra-rainha.
Nesse momento ouviu-se, lá fora, um berreiro alarmante.
- Cortem-lhes a cabeça! A todos! São professores? Têm cara de professor? Cortem-lhes a cabeça!!!
Era, vejam lá, nem mais nem menos do que a Ministra-rainha.
(CONTINUA)
O ENVELOPE 999
Hoje, bem cedo pela manhã, reuniu com urgência o conselho executivo para analisar o conteúdo do "envelope 999" que chegou ontem à escola e que foi entregue por alguém que não terá passado o cartão na portaria e que portanto, não pode almoçar.
O envelope contém, alegadamente, os planos de vôo dos gansos-patola que sobrevoam a escola e sobre os quais há suspeitas de que sejam portadoras de um vírus, que se teme, pode vir a contagiar as aves-raras que existem na eslav; estas tomaram desde logo a iniciativa de, recolhidamente, se remeterem ao silêncio, acalentando a leve esperança de virem a ser trasladadas.
O envelope contém, alegadamente, os planos de vôo dos gansos-patola que sobrevoam a escola e sobre os quais há suspeitas de que sejam portadoras de um vírus, que se teme, pode vir a contagiar as aves-raras que existem na eslav; estas tomaram desde logo a iniciativa de, recolhidamente, se remeterem ao silêncio, acalentando a leve esperança de virem a ser trasladadas.
20 fevereiro 2006
O XIQUE E O XOQUE
Queridas. Hello-oo! Usem a cabecita. (Aos homens não posso pedir isto, já sei que me interpretariam mal...) Andam doidas, doidas, doidas (como as galinhas) tentando adivinhar quem sou eu, e atiram-me com nomes muito pouco prováveis. Algumas das pessoas que me têm atribuído ADORARIAM, sei que sim, SER A PAULA THROMBONE. Mas não é Thrombone quem quer.
Pretensiosa? Moi???
(Já vejo daqui o Belito, perspicazmente: «Vêem? Eu não vos disse? «Moi» é francês, não é? Só pode ser a Lailai).
Não sei se todos já repararam que este meu espaço semanal tem profundas intenções didácticas, e foi isso que me levou a aceitar este convite. Senão reparem: à vossa volta quanto (as) já beneficiaram com os meus conselhos? Quantos já terão pensado duas vezes em frente ao espelho? Ela vai falar de mim, ela vai reparar no que eu visto.
É por isso que procuro dar sempre o melhor de mim em diversas situações; e não pensem que não dá trabalho! Vale-me o facto de ter mais tempo livre... sim, porque, ao contrário do que muitos possam pensar, não ando aqui a brincar.
Por falar em brincar, esta semana achei muita graça ao manteau da nossa querida Sodade. Rica! Como a menina fica bem de tigresa!
A Virita estava, no outro dia, junto à máquina de café envergando a sua bata de cientista. Ai menina, o que é ser novinha e jeitosa: estava melhor a menina de batucha do que algumas colegas a vestir requintadamente.
Xique: um par de chapéus a cruzar-se na sala de professores. Guigui Athayde, com uma boina à Guevara, saindo, Conchão entrando com aquilo que, se não era um vaso que lhe tinha caído na cabeça lá fora, só podia ser mais um «imperdível» da sua fa-bu-lo-sa colecção.
Xoque: Anny Pázcua trajando, no outro dia, um casacão à astronauta, fechado até ao pescoço. Que era aquilo, querida? Que lhe aconteceu? Está melhor???
Mais uma vez surpreendeu a habitué desta coluna, Bebé Moreia, que trazia uma saia em vasé, com uma barra lindíssima! Chiquérrima, mas com um pequeno senão: então não é que a menina não pagou a conta à costureira e trazia dependurada uma linhazita? Viu como as suas amiguinhas repararam? No seu lugar, não tinha levantado a saia à frente de todos, a menina devia ter-se recatado, ia aos sanitários, cortava a linha e pronto!
Xau, xau, beijinho, beijinho!
Até p'rá semana!
Pretensiosa? Moi???
(Já vejo daqui o Belito, perspicazmente: «Vêem? Eu não vos disse? «Moi» é francês, não é? Só pode ser a Lailai).
Não sei se todos já repararam que este meu espaço semanal tem profundas intenções didácticas, e foi isso que me levou a aceitar este convite. Senão reparem: à vossa volta quanto (as) já beneficiaram com os meus conselhos? Quantos já terão pensado duas vezes em frente ao espelho? Ela vai falar de mim, ela vai reparar no que eu visto.
É por isso que procuro dar sempre o melhor de mim em diversas situações; e não pensem que não dá trabalho! Vale-me o facto de ter mais tempo livre... sim, porque, ao contrário do que muitos possam pensar, não ando aqui a brincar.
Por falar em brincar, esta semana achei muita graça ao manteau da nossa querida Sodade. Rica! Como a menina fica bem de tigresa!
A Virita estava, no outro dia, junto à máquina de café envergando a sua bata de cientista. Ai menina, o que é ser novinha e jeitosa: estava melhor a menina de batucha do que algumas colegas a vestir requintadamente.
Xique: um par de chapéus a cruzar-se na sala de professores. Guigui Athayde, com uma boina à Guevara, saindo, Conchão entrando com aquilo que, se não era um vaso que lhe tinha caído na cabeça lá fora, só podia ser mais um «imperdível» da sua fa-bu-lo-sa colecção.
Xoque: Anny Pázcua trajando, no outro dia, um casacão à astronauta, fechado até ao pescoço. Que era aquilo, querida? Que lhe aconteceu? Está melhor???
Mais uma vez surpreendeu a habitué desta coluna, Bebé Moreia, que trazia uma saia em vasé, com uma barra lindíssima! Chiquérrima, mas com um pequeno senão: então não é que a menina não pagou a conta à costureira e trazia dependurada uma linhazita? Viu como as suas amiguinhas repararam? No seu lugar, não tinha levantado a saia à frente de todos, a menina devia ter-se recatado, ia aos sanitários, cortava a linha e pronto!
Xau, xau, beijinho, beijinho!
Até p'rá semana!
RASCUNHO DO RELATÓRIO DA RUSGA AO BLOG
Recado para o Mangas de Alpaca: Isto é um rascunho. É para passar a limpo sem os comentários.
Em consequência de sucessivas denúncias de utilização clandestina de instalações, ocupação despropositada de tempo e esbanjamento de talento, a recém-criada BABA - Brigada Anti-Blog (sempre) Alerta - procedeu à investigação promenorizada dos teclados dos computadores usados pelos blogueiros, aventando algumas hipóteses para justificar o seu uso.
À primeira piscadela vimos logo que havia ali tentativa de sabotagem: alguns elementos neutrais infiltrados (que nem gostam nem desgostam do blog) tentaram alterar a leitura que poderia ser feita. Mas avancemos no relato da investigação, que ainda só vai a meio:
Em consequência de sucessivas denúncias de utilização clandestina de instalações, ocupação despropositada de tempo e esbanjamento de talento, a recém-criada BABA - Brigada Anti-Blog (sempre) Alerta - procedeu à investigação promenorizada dos teclados dos computadores usados pelos blogueiros, aventando algumas hipóteses para justificar o seu uso.
À primeira piscadela vimos logo que havia ali tentativa de sabotagem: alguns elementos neutrais infiltrados (que nem gostam nem desgostam do blog) tentaram alterar a leitura que poderia ser feita. Mas avancemos no relato da investigação, que ainda só vai a meio:
- algumas teclas têm sido mais usadas que outras, em consequência da utilização recorrente de certas palavras. Estamos ainda a investigar que palavras são essas. É que nós não temos a vossa vida.
- a tecla DELETE tem sido a menos usada, o que leva a crer que se trata de pessoas que poucas vezes se enganam. Têm tentado copiar-nos e olhem o resultado!
- a tecla END é usada por aqueles que dão aulas de substituição (desconfiamos que são esses os agentes neutrais infiltrados). Eles que se ponham a pau.
- a tecla HOME não é utilizada pelos blogueiros; tanto quanto conseguimos apurar, eles até passam muito tempo na escola. Mas também devem estar mortinhos para chegar a casa, não?
- algumas teclas têm sido usadas em combinação com outras. Até onde irão estas combinações? Usam telemóvel para combinar? A investigar.
- a tecla dos acentos tem sido muitas vezes usadas para por os pontos nos is; mesmo sabendo que o i já tem acento, eles teimam em por mais ainda. Já chega, não?
- a tecla ESCAPE é usada principalmente às segundas feiras; parace ser uma tentativa de voltar a sexta-feira. Olha, isso também nós queríamos...
- a tecla BREAK é utilizada por aqueles que comem KitKat e que estamos mesmo a descobrir quem são.
- a tecla PRINTSCREEN nunca é utilizada porque ninguém sabe muito bem para que serve. Nem nós sabemos, quanto mais.
PS: Em jeito de conclusão, e para ver se há controlo nos abusos, tentamos alterar as funções das teclas, mas nao sabemos se conseguimos pôr todas a fazer LOCK.
A BABA
DRA. RUTH CONTINUA A RESPONDER
As revistas cor-de-rosa e alguns blogues cor-de-rosa têm reduzido o sentimento ao sentimentalismo, de modo que se eu abro um «consultório sentimental», pensa-se logo que há-de ser para responder a casos de corações partidos. Mas para satisfazer estes pobres de espírito, respondo hoje a uma carta de fazer chorar as pedras da calçada:
Querida Dra. Ruth:
Sou o mais infeliz dos fantasmas da ópera, para além do único. Apaixonei-me irremediavelmente por alguém que não sei quem é, o que faz, onde se esconde: Paula Thrombone. Tudo nos diferencia: ela é riquíssima e eu sou professor, ela é, pelo que a própria diz, muito bonita e eu horroroso, ela gosta de Art Sullivan e Demis Roussos e eu de ópera, ela é rosa-choque e, eu, vermelho-de-choque-em-choque (ou seja, benfica), ela é mulher e eu homem. Ora tudo isto me traz muito infeliz, apesar de as diferenças, às vezes, atraírem as pessoas. (Ela ser rica e eu professor, agrada-me: ficava garantido. Ela ser mulher e eu homem, também: ficava garantido). Por essa razão fugi do mundo e do blogue, recolhi-me na clausura, como uma santa, desapareci da insanidade e superficialidade da vida eslaviana. Aqui estou sozinho, com ideias mórbidas, uma pistola na mão esquerda, uma corda atada ao pescoço (mas, por enquanto, não muito apertada), uma faca na mão direita, um frasco de veneno ao pé. E, ainda por cima, tudo isto é vão, porque, fantasma que sou, eis-me imortal, imune, invulnerável. Terei de carregar esta dor por toda a eternidade? Que posso fazer para que a felicidade também brilhe para o meu coração cansado de sofrer?
fantasmadaopera
Querido fantasma:
Anima-te: o benfica já não pode descer mais do que desceu. Entrega-te a coisas mais positivas: escreve no blogue, bate no planetazul, ensina a elasticada a fazer planos de perfil. A eternidade são três dias, meu amigo, não os desperdices com quem não te merece. Há outras mulheres por aí: queres o meu número de telefone?
Querida Dra. Ruth:
Sou o mais infeliz dos fantasmas da ópera, para além do único. Apaixonei-me irremediavelmente por alguém que não sei quem é, o que faz, onde se esconde: Paula Thrombone. Tudo nos diferencia: ela é riquíssima e eu sou professor, ela é, pelo que a própria diz, muito bonita e eu horroroso, ela gosta de Art Sullivan e Demis Roussos e eu de ópera, ela é rosa-choque e, eu, vermelho-de-choque-em-choque (ou seja, benfica), ela é mulher e eu homem. Ora tudo isto me traz muito infeliz, apesar de as diferenças, às vezes, atraírem as pessoas. (Ela ser rica e eu professor, agrada-me: ficava garantido. Ela ser mulher e eu homem, também: ficava garantido). Por essa razão fugi do mundo e do blogue, recolhi-me na clausura, como uma santa, desapareci da insanidade e superficialidade da vida eslaviana. Aqui estou sozinho, com ideias mórbidas, uma pistola na mão esquerda, uma corda atada ao pescoço (mas, por enquanto, não muito apertada), uma faca na mão direita, um frasco de veneno ao pé. E, ainda por cima, tudo isto é vão, porque, fantasma que sou, eis-me imortal, imune, invulnerável. Terei de carregar esta dor por toda a eternidade? Que posso fazer para que a felicidade também brilhe para o meu coração cansado de sofrer?
fantasmadaopera
Querido fantasma:
Anima-te: o benfica já não pode descer mais do que desceu. Entrega-te a coisas mais positivas: escreve no blogue, bate no planetazul, ensina a elasticada a fazer planos de perfil. A eternidade são três dias, meu amigo, não os desperdices com quem não te merece. Há outras mulheres por aí: queres o meu número de telefone?
SÃO ROBERTO LEAL
Roberto Leal, o grande teólogo de Vale da Porca (um grande alô para Vale da Porca onde, pelo que sei, o nosso blogue é muito popular) dizia, comentando para a SIC as cerimónias de trasladação: «Em face da solidão, uns entregam-se ao álcool, outros à droga, outros à oração.» Parece, pois, que terá sido este último vício que consumiu a Irmã Lúcia. Mas morreu santamente: apagou-se como uma velhinha. Perdão, uma velinha!
19 fevereiro 2006
CONSULTÓRIO SENTIMENTAL: TU PERGUNTAS. A DRA. RUTH RESPONDE
Querida Dra. Ruth:
No blogue há uma escola (sim, porque o blogue é já mais conhecido no país do que a própria escola, que se vai tornando um seu departamentozito). Eu não gosto de blogues porque penso que os seus colaboradores estão mal aproveitados. Gastam demasiado tempo: precisam, com certeza, de tantas horas para escrever aquelas coisas como eu para as ler, e olhe que às vezes não percebo à primeira e chego a ficar agarrada àquilo até às tantas, lendo e relendo ao relento (o meu escritório é frio, o que me deixa ainda mais irritada), incapaz de desligar o computador. Estou a ficar viciada. Quanto mais cobras e lagartos tenho a dizer daquelas patetices, mais me apetece lê-las para poder dizer mal. Farejo, ausculto, busco. Depois fico melindrada, perturbada. Mas não dispenso. O meu maior sonho é que venham fazer uma rusga ao blogue e o encerrem. Mas se isso acontecesse, ficaria, por outro lado, muito infeliz: como poderia então criticá-lo? Não me faltaria um objectivo na vida? Ajude-me.
Obcecada
Querida Obcecada:
Exija que no blogue apareça uma secção chamada «O Antiblogue», onde poderá escrever tudo o que quiser. Não guarde os seus sentimentos, a sua raiva, o seu ódio. Despeje-os no «Antiblogue». Boa sorte.
krida dôtora rute tou mto xatiado pq agora q finalmente engatei uma beibe a gaija zangôsse cumigo já nein çei purkê e devolveume as cartas :( mas o pior é k não devolveu tôdas faltávão o ás despadas e o rei dôros :( k dêvo fazer lol
d. j. cara danjo
Querido D. J.:
Desculpa não dar uma resposta mais completa, mas não percebi absolutamente nada da tua carta. Espero que isto, apesar de tudo, te ajude, gosto muito de ajudar.
Querida Dra. Ruth:
A minha relação com os professores é um caso de amor não correspondido de parte a parte, ou de desamor correspondido, se preferires: eu não gosto deles e eles não gostam de mim. Começo a perguntar-me no entanto se, ao odiar de tal maneira um grupo de gente sob a minha responsabilidade, que se entretém a acenar-me com lenços brancos, serei a mulher certa no lugar certo. Às vezes sinto-me como se tivessem posto o Pinto da Costa como líder dos Diabos Vermelhos. Há solução para o meu caso?
Ministra
Querida Ministra:
Claro que há, e a sua metáfora futebolística mostra o caminho, na senda, aliás, das sábias palavras de um seu colega de governo: por que não conseguir a paz através da bola? Hum? Por que não um maravilhoso jogo de futebol entre o ministério e os professores?
Escrevam-me, ministros, professores, pais, alunos ou, simplesmente, pessoas. Estou sempre à vossa disposição.
Um beijinho da vossa
Dra. Ruth
No blogue há uma escola (sim, porque o blogue é já mais conhecido no país do que a própria escola, que se vai tornando um seu departamentozito). Eu não gosto de blogues porque penso que os seus colaboradores estão mal aproveitados. Gastam demasiado tempo: precisam, com certeza, de tantas horas para escrever aquelas coisas como eu para as ler, e olhe que às vezes não percebo à primeira e chego a ficar agarrada àquilo até às tantas, lendo e relendo ao relento (o meu escritório é frio, o que me deixa ainda mais irritada), incapaz de desligar o computador. Estou a ficar viciada. Quanto mais cobras e lagartos tenho a dizer daquelas patetices, mais me apetece lê-las para poder dizer mal. Farejo, ausculto, busco. Depois fico melindrada, perturbada. Mas não dispenso. O meu maior sonho é que venham fazer uma rusga ao blogue e o encerrem. Mas se isso acontecesse, ficaria, por outro lado, muito infeliz: como poderia então criticá-lo? Não me faltaria um objectivo na vida? Ajude-me.
Obcecada
Querida Obcecada:
Exija que no blogue apareça uma secção chamada «O Antiblogue», onde poderá escrever tudo o que quiser. Não guarde os seus sentimentos, a sua raiva, o seu ódio. Despeje-os no «Antiblogue». Boa sorte.
krida dôtora rute tou mto xatiado pq agora q finalmente engatei uma beibe a gaija zangôsse cumigo já nein çei purkê e devolveume as cartas :( mas o pior é k não devolveu tôdas faltávão o ás despadas e o rei dôros :( k dêvo fazer lol
d. j. cara danjo
Querido D. J.:
Desculpa não dar uma resposta mais completa, mas não percebi absolutamente nada da tua carta. Espero que isto, apesar de tudo, te ajude, gosto muito de ajudar.
Querida Dra. Ruth:
A minha relação com os professores é um caso de amor não correspondido de parte a parte, ou de desamor correspondido, se preferires: eu não gosto deles e eles não gostam de mim. Começo a perguntar-me no entanto se, ao odiar de tal maneira um grupo de gente sob a minha responsabilidade, que se entretém a acenar-me com lenços brancos, serei a mulher certa no lugar certo. Às vezes sinto-me como se tivessem posto o Pinto da Costa como líder dos Diabos Vermelhos. Há solução para o meu caso?
Ministra
Querida Ministra:
Claro que há, e a sua metáfora futebolística mostra o caminho, na senda, aliás, das sábias palavras de um seu colega de governo: por que não conseguir a paz através da bola? Hum? Por que não um maravilhoso jogo de futebol entre o ministério e os professores?
Escrevam-me, ministros, professores, pais, alunos ou, simplesmente, pessoas. Estou sempre à vossa disposição.
Um beijinho da vossa
Dra. Ruth
PARTICIPAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO
(Copiado de blog amigo)
Moreira da Maia, 12 de Setembro de 2003
Exmos. Srs.
Sou assentador de tijolos. No passado 8 de Setembro estava a trabalhar sozinho no telhado de um edifício de 6 andares. Quando acabei o meu trabalho, verifiquei que me tinham sobrado muitos tijolos, mais ou menos 250 Kg e pensei que em vez de os fazer descer à mão, um a um, decidi coloca-los num bidão, que poderia utilizar com a ajuda de uma roldana a qual felizmente estava fixada num dos lados do prédio, no 6º andar.
Atei o bidão com uma corda e nele pus os tijolos dentro, que couberam todos. Voltei para baixo, desci a corda e segurei-a com força de modo a que os tijolos descessem devagar.
Aí começou o sinistro. Como eu só peso 80 Kg qual não foi o meu espanto, quando de repente me senti içado, perdi a minha presença de espírito, e esqueci-me de largar a corda. Acho que comecei a subir a grande velocidade. Lembro-me que na proximidade do terceiro andar embati no bidão que vinha a descer (cruzei-me mesmo com ele) e isto explica a fractura na cabeça e a clavícula esquerda partida.
Continuei a subir, mas com menos velocidade, mas só parei quando cheguei ao 6º andar e os meus dedos ficaram entalados na roldana. Felizmente já tinha recuperado a minha presença de espírito, e consegui, apesar das dores, agarrar-me à corda e soltar os dedos da roldana.
Enquanto tudo isto se passava cá acima, o bidão chegou ao chão com um grande estrondo e o fundo partiu-se e ficou sem os tijolos que se partiram e espalharam pelo terreno. Sem os tijolos o bidão pesava mais ou menos 20 Kg. Como V. Exas. podem imaginar e como eu estava agarrado ainda à corda cá em cima, comecei então a descer rapidamente e próximo do 3º andar encontrei outra vez o bidão que vinha a subir, e isto explica a fractura nos tornozelos e as luxações nas pernas bem como na parte inferior do corpo. O encontro com o bidão diminuiu a velocidade da minha descida pelo prédio abaixo, o suficiente para minimizar os meus sofrimentos, quando caí em cima dos tijolos que estavam no terreno. Felizmente só fracturei 3 vértebras.
Lamento no entanto informar que enquanto me encontrava caído em cima dos tijolos, quase sem me poder mexer, olho e vejo o bidão lá em cima. Aí perdi novamente a minha presença de espírito e larguei a corda. O bidão, disseram-me depois, pesava mais do que a corda, e então desceu e caiu em cima das minhas pernas, partindo-as imediatamente.Só me lembro depois de ter acordado no hospital e só três dias depois é que consegui ditar a descrição deste acidente.Espero ter dado a informação detalhada para poder ser indemnizado por V. Exas.
Cumprimentos
José Jorge
Despacho Judicial: “Que se indemnize imediatamente o Sr. José Jorge que apesar de não perceber nada de física, soube descrever o acidente de forma clara e pormenorizada".
Moreira da Maia, 12 de Setembro de 2003
Exmos. Srs.
Sou assentador de tijolos. No passado 8 de Setembro estava a trabalhar sozinho no telhado de um edifício de 6 andares. Quando acabei o meu trabalho, verifiquei que me tinham sobrado muitos tijolos, mais ou menos 250 Kg e pensei que em vez de os fazer descer à mão, um a um, decidi coloca-los num bidão, que poderia utilizar com a ajuda de uma roldana a qual felizmente estava fixada num dos lados do prédio, no 6º andar.
Atei o bidão com uma corda e nele pus os tijolos dentro, que couberam todos. Voltei para baixo, desci a corda e segurei-a com força de modo a que os tijolos descessem devagar.
Aí começou o sinistro. Como eu só peso 80 Kg qual não foi o meu espanto, quando de repente me senti içado, perdi a minha presença de espírito, e esqueci-me de largar a corda. Acho que comecei a subir a grande velocidade. Lembro-me que na proximidade do terceiro andar embati no bidão que vinha a descer (cruzei-me mesmo com ele) e isto explica a fractura na cabeça e a clavícula esquerda partida.
Continuei a subir, mas com menos velocidade, mas só parei quando cheguei ao 6º andar e os meus dedos ficaram entalados na roldana. Felizmente já tinha recuperado a minha presença de espírito, e consegui, apesar das dores, agarrar-me à corda e soltar os dedos da roldana.
Enquanto tudo isto se passava cá acima, o bidão chegou ao chão com um grande estrondo e o fundo partiu-se e ficou sem os tijolos que se partiram e espalharam pelo terreno. Sem os tijolos o bidão pesava mais ou menos 20 Kg. Como V. Exas. podem imaginar e como eu estava agarrado ainda à corda cá em cima, comecei então a descer rapidamente e próximo do 3º andar encontrei outra vez o bidão que vinha a subir, e isto explica a fractura nos tornozelos e as luxações nas pernas bem como na parte inferior do corpo. O encontro com o bidão diminuiu a velocidade da minha descida pelo prédio abaixo, o suficiente para minimizar os meus sofrimentos, quando caí em cima dos tijolos que estavam no terreno. Felizmente só fracturei 3 vértebras.
Lamento no entanto informar que enquanto me encontrava caído em cima dos tijolos, quase sem me poder mexer, olho e vejo o bidão lá em cima. Aí perdi novamente a minha presença de espírito e larguei a corda. O bidão, disseram-me depois, pesava mais do que a corda, e então desceu e caiu em cima das minhas pernas, partindo-as imediatamente.Só me lembro depois de ter acordado no hospital e só três dias depois é que consegui ditar a descrição deste acidente.Espero ter dado a informação detalhada para poder ser indemnizado por V. Exas.
Cumprimentos
José Jorge
Despacho Judicial: “Que se indemnize imediatamente o Sr. José Jorge que apesar de não perceber nada de física, soube descrever o acidente de forma clara e pormenorizada".
OBSSESSÃO PELAS GORDAS
A propósito do circo mediático - mas atenção, uso a expressão sem a mínima intenção iconoclasta, com toda a consideração por eventuais leitores fanáticos - que tem sido a trasladação dos restos da Irmã Lúcia, recordo como, aqui há tempos, uma sobrinha da senhora, entrevistada pela televisão, se referia ao mau feitio da futura santa. Se o mau feitio for uma das exigências para o reconhecimento da santidade, ó senhores, pensem na quantidade de santas que temos na escola. Milagres também cá não faltam. Podíamos pôr a eslav a render como santuário...
Há a história arrepiante - brrrrr - de um sérvio que, para solucionar o seu problema de disfunção eréctil, introduziu um lápis muito fino no pénis, de forma a gozar uma noite de amor com a sua nova namorada. O resultado foi desastroso: o maldito lápis moveu-se, alojou-se na bexiga e provocou-lhe grandes dores e mau estar.
Diziam antigas teorias feministas que os homens pensam mais com o sexo do que com a cabeça.
Este, claramente, foi o que fez: «pensou» com um sexo disfuncional.
Incrível, realmente incrível, terá sido a cena da rusga na redacção do 24 Horas. Impressionante a exclamação dos agentes, à entrada: «Isto é uma rusga, tirem as mãos dos teclados!» Aficcionado de séries policiais, deixei-me levar pela imaginação: nós, do blogue, desperdiçando aqui na escola o nosso, já se sabe, excesso de tempo a escrever parvoíces (em vez de o ocupar utilmente em AAA), quando os agentes entravam de supetão:
«Isto é uma rusga: tirem imediatamente as mãos das teclas dos... hum... aaah... dessas caixas que... Eh, pá! Ó Teixeira, os tipos dizem que isto são os computadores da escola. Deixamos ficar esta tralha?»
«Não pode ser, ó Azevedo. As ordens eram para levar tudo».
ALEX - Sim, por favor. Obrigado. Precisam de uma mãozinha para os transportarem até ao carro?
Há a história arrepiante - brrrrr - de um sérvio que, para solucionar o seu problema de disfunção eréctil, introduziu um lápis muito fino no pénis, de forma a gozar uma noite de amor com a sua nova namorada. O resultado foi desastroso: o maldito lápis moveu-se, alojou-se na bexiga e provocou-lhe grandes dores e mau estar.
Diziam antigas teorias feministas que os homens pensam mais com o sexo do que com a cabeça.
Este, claramente, foi o que fez: «pensou» com um sexo disfuncional.
Incrível, realmente incrível, terá sido a cena da rusga na redacção do 24 Horas. Impressionante a exclamação dos agentes, à entrada: «Isto é uma rusga, tirem as mãos dos teclados!» Aficcionado de séries policiais, deixei-me levar pela imaginação: nós, do blogue, desperdiçando aqui na escola o nosso, já se sabe, excesso de tempo a escrever parvoíces (em vez de o ocupar utilmente em AAA), quando os agentes entravam de supetão:
«Isto é uma rusga: tirem imediatamente as mãos das teclas dos... hum... aaah... dessas caixas que... Eh, pá! Ó Teixeira, os tipos dizem que isto são os computadores da escola. Deixamos ficar esta tralha?»
«Não pode ser, ó Azevedo. As ordens eram para levar tudo».
ALEX - Sim, por favor. Obrigado. Precisam de uma mãozinha para os transportarem até ao carro?
DESENCANTO E REVOLTA (2)
O que é que um filme tem em comum com uma transmissão televisiva? Uma sensação desconfortável que me apetece partilhar convosco. Eu até nem costumo ser lamechas, mas há coisas que me tiram do sério.
Havia algum tempo que não ia ao cinema. Na sexta-feira quebrei o jejum e soubesse o que sei hoje, tinha ido ao Blockbuster...
Então não é que a moda de comer pipocas no cinema ainda não acabou?!
A sala encheu-se para ver o Syriana e as únicas quatro pessoas que naquela sala comiam pipocas, estavam ao mesmo ao meu lado! Pois bem, o argumento é denso, os personagens sucedem-se em constantes diálogos e nenhum tipo de efeito contribui para manter o entusiasmo (desta vez, nem o George Clooney nos acode). Aquilo é política, nua e crua.
Como se isso não bastasse, o cré cré cré do estalar das pipocas ainda zune nos meus ouvidos.
Prefiro uma sala cheia de fumo a um maxi balde de pipocas...
A moda das proibições anda por aí. Quando for proibido comer no cinema, vou voltar!
(Eu já desconfiava que os comentários cinéfilos ficariam mesmo por conta da SpanishLullaby)
Outra coisa que me faz pensar, é o tempo e a energia dedicada à trasladação da irmã Lúcia.
Que de tão extraordinário fez esta mulher que dedicou a vida ao silêncio em reclusão? Quantos seres vivos foram mais felizes por intervenção dela?
Quantas irmãs Lúcias vale uma irmã Teresa de Calcutá?
Havia algum tempo que não ia ao cinema. Na sexta-feira quebrei o jejum e soubesse o que sei hoje, tinha ido ao Blockbuster...
Então não é que a moda de comer pipocas no cinema ainda não acabou?!
A sala encheu-se para ver o Syriana e as únicas quatro pessoas que naquela sala comiam pipocas, estavam ao mesmo ao meu lado! Pois bem, o argumento é denso, os personagens sucedem-se em constantes diálogos e nenhum tipo de efeito contribui para manter o entusiasmo (desta vez, nem o George Clooney nos acode). Aquilo é política, nua e crua.
Como se isso não bastasse, o cré cré cré do estalar das pipocas ainda zune nos meus ouvidos.
Prefiro uma sala cheia de fumo a um maxi balde de pipocas...
A moda das proibições anda por aí. Quando for proibido comer no cinema, vou voltar!
(Eu já desconfiava que os comentários cinéfilos ficariam mesmo por conta da SpanishLullaby)
Outra coisa que me faz pensar, é o tempo e a energia dedicada à trasladação da irmã Lúcia.
Que de tão extraordinário fez esta mulher que dedicou a vida ao silêncio em reclusão? Quantos seres vivos foram mais felizes por intervenção dela?
Quantas irmãs Lúcias vale uma irmã Teresa de Calcutá?
18 fevereiro 2006
AFORISMOS E DESAFOROS (2)
a) Há uma confusão que me intriga: por que razão as pessoas com poucochinho talento olham para a produção dos que o têm (como o planetazul, para não pensarem sequer que falo de mim) e, aí, só uma coisa verdadeiramente as espanta: «Deves ter imenso tempo...!»
b) Embora o talento seja a coisa mais bem distribuída do mundo: uns, têm para escrever; outros, para pintar; muito poucos (menos do que a quantidade de pessoas que anda para aí a fazê-lo), para ensinar. A maioria, porém, para dizer mal de quem faz seja o que for...
b) Embora o talento seja a coisa mais bem distribuída do mundo: uns, têm para escrever; outros, para pintar; muito poucos (menos do que a quantidade de pessoas que anda para aí a fazê-lo), para ensinar. A maioria, porém, para dizer mal de quem faz seja o que for...
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA 22 (ERRATA)
- "a eslav recomeçava a encher-se de gente"
Deve ler-se: A eslav é uma escola viva, sempre cheia de gente
- "Dia dos namorados"
Não precisa...a eslav é uma escola apaixonante, apaixonada e de paixões
- "perguntar a Cavaco"
Cavaco nunca esteve na eslav (a última vez que foi visto foi a espreitar numa marquise de alumínio
- "...o fez ganhar as eleições"
Quem ganhou as eleições não foi ele mas sim um tal de tabu
- "Sky Snake, uma nova super-heroína"
Sky Snake sempre foi uma super-heroína
- Abelha Maiakovsky apresentou O lago dos patos bravos
- Madame não acerta a máquina ... manda acertar
- Cupido não aceita sugestões porque é ele que escolhe os alvos, segundo um Correcto correcto e rigoroso plano de acção depois de aturada ponderação
- Correcto não falhou o alvo porque a sua intenção era acertar no apito (não há nada mais belo que um apito apaixonado...)
- prrrriiii do apito não vem do coração mas sim da bolinha que está no seu interior
- Triplex não sabe tudo apesar de pensar que sim...
- O Triplex é composto por duas bonitonas e um rapaz que parece uma tábua de passar a ferro
- Como a Física não é a minha especialidade não discuto movimentos e muito menos quando são uniformemente acelerados (deixa-os ir!)
- O membro do bonitão não consegue aplacar ninguém
- O membro do bonitão não se intromete
- O membro do bonitão por vezes anda em contendas (e de olho negro)
- O do nariz grande, apanhou única e simplesmente porque estava a pedi-las
- Não responderam porque... há perguntas que não têm resposta
(Apesar de parecer, não é a resposta a O relógio e o tempo até porque já viria fora de horas ou quiça fora de tempo...)
TUDO POSTO A NU E A POCHETE?
17 fevereiro 2006
A MALA-POSTA NO SÍTIO ERRADO
Inauguramos hoje uma secção por todos desejada, secretamente planeada, que põe a nu segredos, truques, artifícios e malabarismos usados por todos, repito todos e sem excepção (!) que connosco coabitam, isto é, co-trabalham...
Be afraid.
Be very afraid...
O objecto mais cobiçado, mais apetecido, mais cobiçado, o alvo das maiores insinuações, críticas mas também demonstrações de carinho, pioneiro nos alvos de todos os alvos do blogue é uma pochete! Sim, A pochete! Finalmente, o seu conteúdo posto a nu!
Aproveitando uma ausência distraída à sua baiuca, descobrimos o segredo do mestre, o seu produto de eleição, aquilo que dá brilho e põe a cintilar tudo o que sai das suas mãos...
Xanãããã!:
Elasti-Powers
(CONTINUA)
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 22º EPISÓDIO
A eslav recomeçara a encher-se de gente, depois da descontaminação. Um dia dos namorados, afinal, é uma vez por ano. Todos os restantes dias são dias de desnamorados e desamor, e portanto tudo retomava o seu lugar na escola.
Madalena correu a perguntar ao Cavaco quem lhe tinha levado as chaves do carro.
Cavaco não respondeu.
- Deve ter voltado ao silêncio que o fez ganhar as eleições. A quem hei-de perguntar?
Black Knight passeava-se por ali, experimentando a sua espada. Sky Snake, uma nova super-heroína, não estava preocupada com chaves de chavecos, estava preocupada em ver se tinha guardado os bilhetes para o Lago dos Cisnes com Gripe das Aves, uma revolucionaríssima e actualíssima versão do conhecido bailado, da autoria de Abelha-Maiakovski. Madame acertava a sua máquina: «Desta vez é que vai ser! Agora não falha...» A apaixonada tentava convencer o Cupido Correcto a lançar uma última seta sobre o seu querido ginasta, que acabara de aparecer. Correcto, aliás, fez-lhe a vontade. Porém, falhou, acertando no apito, no apito dourado, o qual, com um prrriiiiiii do fundo do seu coração, se apaixonou perdidamente pela rapariga. Enquanto o atleta, sem perceber por que é que tinha, agora, na sensual boca, um apito com uma seta atravessada, se perguntava: «Hã?»
A quem é que Madalena se dirigiria? A octopeia não estava. Só se... Triplex?
Triplex sabiam tudo. (Menos uma única coisa). Talvez lhe respondessem: eram um rapaz bonitão, de casaco de veludo cotelê, nariz avantajado e olho negro, uma rapariga elástica, de casaco de quadrados e que trazia na cabeça um toucado castanho (na verdade, era só o seu último corte) e uma rapariga de cabelos longos, botas chatas como tábuas de passar a ferro, roupa coberta de águias e duas pistolas na mão.
- Eu vi quem levou as chaves e fugiu com o carro numa velocidade uniformemente acelerada... - disse a elástica.
- Velocidade uniformemente acelerada? - insurgiu-se a benfiquista croft. - Vê lá o que dizes. Insultos é que não. É «movimento uniformemente acelerado».
- Eu digo como quero, tá bem? Era o que faltava! Há liberdade de expressão. Não penses que me assustas...
O outro membro, o bonitão, procurava aplacá-las. Intrometia-se perigosamente na contenda.
- Desculpem lá - intervinha Madalena. - Afinal quem me diz o que...?
Nesse momento, o do nariz grande apanhou um soco de um dos lados. Era a croft que o esmurrava, querendo acertar na elástica. Começara ele a tombar para a esquerda quando, daí, um outro soco o endireitou imediatamente. Era agora a elástica, furiosa com a croft.
- Oh, não! - queixava-se ele. - Vá fega! Vá fega! Não fuporto maif ifto...
- Mas que estupidez - interveio Madalena, furiosa, determinada.
- O quê? - perguntava alguém.
- Não me responderem à pergunta...
Madalena correu a perguntar ao Cavaco quem lhe tinha levado as chaves do carro.
Cavaco não respondeu.
- Deve ter voltado ao silêncio que o fez ganhar as eleições. A quem hei-de perguntar?
Black Knight passeava-se por ali, experimentando a sua espada. Sky Snake, uma nova super-heroína, não estava preocupada com chaves de chavecos, estava preocupada em ver se tinha guardado os bilhetes para o Lago dos Cisnes com Gripe das Aves, uma revolucionaríssima e actualíssima versão do conhecido bailado, da autoria de Abelha-Maiakovski. Madame acertava a sua máquina: «Desta vez é que vai ser! Agora não falha...» A apaixonada tentava convencer o Cupido Correcto a lançar uma última seta sobre o seu querido ginasta, que acabara de aparecer. Correcto, aliás, fez-lhe a vontade. Porém, falhou, acertando no apito, no apito dourado, o qual, com um prrriiiiiii do fundo do seu coração, se apaixonou perdidamente pela rapariga. Enquanto o atleta, sem perceber por que é que tinha, agora, na sensual boca, um apito com uma seta atravessada, se perguntava: «Hã?»
A quem é que Madalena se dirigiria? A octopeia não estava. Só se... Triplex?
Triplex sabiam tudo. (Menos uma única coisa). Talvez lhe respondessem: eram um rapaz bonitão, de casaco de veludo cotelê, nariz avantajado e olho negro, uma rapariga elástica, de casaco de quadrados e que trazia na cabeça um toucado castanho (na verdade, era só o seu último corte) e uma rapariga de cabelos longos, botas chatas como tábuas de passar a ferro, roupa coberta de águias e duas pistolas na mão.
- Eu vi quem levou as chaves e fugiu com o carro numa velocidade uniformemente acelerada... - disse a elástica.
- Velocidade uniformemente acelerada? - insurgiu-se a benfiquista croft. - Vê lá o que dizes. Insultos é que não. É «movimento uniformemente acelerado».
- Eu digo como quero, tá bem? Era o que faltava! Há liberdade de expressão. Não penses que me assustas...
O outro membro, o bonitão, procurava aplacá-las. Intrometia-se perigosamente na contenda.
- Desculpem lá - intervinha Madalena. - Afinal quem me diz o que...?
Nesse momento, o do nariz grande apanhou um soco de um dos lados. Era a croft que o esmurrava, querendo acertar na elástica. Começara ele a tombar para a esquerda quando, daí, um outro soco o endireitou imediatamente. Era agora a elástica, furiosa com a croft.
- Oh, não! - queixava-se ele. - Vá fega! Vá fega! Não fuporto maif ifto...
- Mas que estupidez - interveio Madalena, furiosa, determinada.
- O quê? - perguntava alguém.
- Não me responderem à pergunta...
16 fevereiro 2006
A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: QUE FAZER PARA COMPREENDER AS MULHERES?
1 ómein çem 1 mulhér não é nada plo menos é o k a minha mãi axa çempre k o meu kóta dis tipo açin (este gaijo vai ôvir das bôas) mas depois fika bué dárraska e pede á minha mãi k çeija ela a dizer das bôas ao tal gaijo ô então kuando o kóta dis tipo açin (já vi k eu é k vô ter k arrezolver esta çituassão) mas depois pede á minha mãi tipo k çeija ela arrezolver a çituassão etessétera. ora por cauza diço de 1 ómein çem 1 mulhér não çer nada é k tênho tentado engatar 1 beibe mas não á maneira mén pq me paresse k os ómeins inda não fôurão capazes de diskubrir o k é k elas kérein para çe deichárein engatar. tipo 1 pirôpo. mén. çe eu digo (és bôa comó milho) elas devião fikar todas contentes tipo é 1 ilujio mas não çe calhar é pq não góstão de milho tudo bein mas tb já eisprimentei dizer (és bôa como 1 âmburga) ô (és bôa komo batatas feridas kom kétechâp) toda a jente kurte âmburgas ô batatas feridas kom kétechâp mas não funssionô mén iãome batendo. ôtra koiza k os ómeins fázein é açubiar tipo açin fiiiu fiiiu mas parésse k nem iço taméin não dá. as miúdas ção bué dizijentes mén e a verdade é k 1 ómein nunca çabe komo agradárles. eçe açubiu por izêmpelo tipo fiiiu fiiiu é bué da difíssil e perssizou de çékulos de intligência maskulina pra çer apurfeissoado. é do melhor k 1 ómein konçege porduzir. e kom élas nada. kom as mulhéres é tudo mt kompelicado inkuanto cos ómeins é tudo bué da çimples. nós nem perssebemos ainda purkié k elas vão juntas á casa de banho. nós não çabemos nada. não entendemos nada das gaijas. kuando élas dizein 1 koisa kérein dizer ôtra. e kérein k a jente as entenda plu olhar e pla linguaje curpural e não çei k mais. é komo çe fôssein 1 múzika de mouzart. 1 ómein não dá pra iço tudo. 1 ómein é mais tipo kuduro. a jente çômos çó ómeins. çerá mesmo k 1 açubiu tipo açin fiiiu fiiiu não xega.
A SURPRESA DO CHEFE
Chefe Lucas preocupava-se: a sua tendência, quase diria a sua vocação para julgar que o estavam culpando de alguma coisa fazia-o ler estranhos e assustadores sinais no comportamento dos que o rodeavam. Parecia-lhe que se tinham zangado colectivamente com ele. Mas porquê? Que fora desta vez? Que diacho acontecera?
Não tinha dúvidas de que, por exemplo, nessa manhã, ao entrar no CE, surpreendera uma conversa em voz muito baixa. Bem: as protagonistas eram Lúcia e Anabela. O chefe pensou: «Sim, eu sei que estas são as tais que falam baixinho, mas isto é normal? Não estarão a exagerar?» - note-se que Lúcia e Anabela comunicavam uma com a outra através de linguagem gestual - que é falar ainda mais baixo do que costumam - e se interromperam assim que ele entrou.
Após isto, francamente incomodado, o chefe decidira dar uma volta pela escola, muito peripatético, imerso nos seus pensares. Mas dir-se-ia que os próprios alunos o evitavam, olhando-o de lado, com os cigarros escondidos, como se temessem que ele quisesse pedir-lhes tabaco.
Estranho. Estranho.
Já na sala de professores, ou por onde quer que andasse, ia provocando estranhas, suspeitas e abruptas vagas de silêncio, de súbitas interrupções em conversas animadas, de tosses nervosas, como se as pessoas, ao vê-lo, desatassem a prevenir-se umas às outras de que ele acabara de entrar.
Diacho!
Com o tempo, contudo, foi intuindo, ou foi-se convencendo de que não era nada de mal. Pelo contrário: queriam certamente fazer-lhe uma surpresa. Só podia ser isso. Sorriu sozinho. Gostava tanto de surpresas! Hum! Claro, nem todas. Disparar o alarme do refeitório como se fosse um fora-da-lei, por não ter marcado previamente a refeição no cartão, não fora uma surpresa agradável: a polícia entrando de escantilhão, às apitadelas, «Quem foi? Quem foi?», dedos apontando cobardemente para ele, interrogatórios na esquadra: nada disso fora, definitivamente, boa surpresa. Ora ele apreciava surpresas boas. Prendas. Uma prenda.
A sua atitude defensiva mudou a partir do momento em que entreviu essa possibilidade. A sua alma distendeu-se. Fingiu que ignorava tudo, interiormente muito satisfeito com a sua perspicácia e com a perspectiva de ser presenteado.
Seria um casaco novo? De veludo costeleta? Ou uma lâmina especialmente preparada para não rapar? - É que adorava o ritual de fazer a barba, mas odiava ver-se de barba feita...
Principiou a sentir que o dia «d» se aproximava. Intuitivo como era, os pormenores não lhe escapavam: a pochete do Abel estava toda aperaltada nesse dia, as professoras de ciências tinham vestido batas novas, os professores de educação física vinham com fato de treino e gravata, enfim, sinais muito positivos.
Ana Páscoa dirigiu-se-lhe.
O chefe mal se continha.
- Lucas - disse a chefa ao chefe - enviaram uma carta da presidência da República. Vais ser condecorado.
A frustração não podia ser maior.
- Não - bradou - por favor não, isso não, isso não. Faço tudo o que quiserem. Isso não. Nãããããoooo!!!
Não tinha dúvidas de que, por exemplo, nessa manhã, ao entrar no CE, surpreendera uma conversa em voz muito baixa. Bem: as protagonistas eram Lúcia e Anabela. O chefe pensou: «Sim, eu sei que estas são as tais que falam baixinho, mas isto é normal? Não estarão a exagerar?» - note-se que Lúcia e Anabela comunicavam uma com a outra através de linguagem gestual - que é falar ainda mais baixo do que costumam - e se interromperam assim que ele entrou.
Após isto, francamente incomodado, o chefe decidira dar uma volta pela escola, muito peripatético, imerso nos seus pensares. Mas dir-se-ia que os próprios alunos o evitavam, olhando-o de lado, com os cigarros escondidos, como se temessem que ele quisesse pedir-lhes tabaco.
Estranho. Estranho.
Já na sala de professores, ou por onde quer que andasse, ia provocando estranhas, suspeitas e abruptas vagas de silêncio, de súbitas interrupções em conversas animadas, de tosses nervosas, como se as pessoas, ao vê-lo, desatassem a prevenir-se umas às outras de que ele acabara de entrar.
Diacho!
Com o tempo, contudo, foi intuindo, ou foi-se convencendo de que não era nada de mal. Pelo contrário: queriam certamente fazer-lhe uma surpresa. Só podia ser isso. Sorriu sozinho. Gostava tanto de surpresas! Hum! Claro, nem todas. Disparar o alarme do refeitório como se fosse um fora-da-lei, por não ter marcado previamente a refeição no cartão, não fora uma surpresa agradável: a polícia entrando de escantilhão, às apitadelas, «Quem foi? Quem foi?», dedos apontando cobardemente para ele, interrogatórios na esquadra: nada disso fora, definitivamente, boa surpresa. Ora ele apreciava surpresas boas. Prendas. Uma prenda.
A sua atitude defensiva mudou a partir do momento em que entreviu essa possibilidade. A sua alma distendeu-se. Fingiu que ignorava tudo, interiormente muito satisfeito com a sua perspicácia e com a perspectiva de ser presenteado.
Seria um casaco novo? De veludo costeleta? Ou uma lâmina especialmente preparada para não rapar? - É que adorava o ritual de fazer a barba, mas odiava ver-se de barba feita...
Principiou a sentir que o dia «d» se aproximava. Intuitivo como era, os pormenores não lhe escapavam: a pochete do Abel estava toda aperaltada nesse dia, as professoras de ciências tinham vestido batas novas, os professores de educação física vinham com fato de treino e gravata, enfim, sinais muito positivos.
Ana Páscoa dirigiu-se-lhe.
O chefe mal se continha.
- Lucas - disse a chefa ao chefe - enviaram uma carta da presidência da República. Vais ser condecorado.
A frustração não podia ser maior.
- Não - bradou - por favor não, isso não, isso não. Faço tudo o que quiserem. Isso não. Nãããããoooo!!!
ACERCA DE UMA ENTREVISTA
Numa entrevista que, há algum tempo, concedeu à revista Pública, entre fotografias em que a vemos de braços cruzados, numa atitude de firmeza inamovível, ou entrefechando uma porta, como se se preparasse para entalar alguém, a ministra faz algumas afirmações que gostaríamos de reproduzir, procurando desvendar o que se oculta nas entrelinhas.
Para principiar, é-nos relatado esse momento terrível, verdadeiramente dramático, em que, inconsolável, a professora se despede de uma turma para se tornar ministra: a senhora acabara de comunicar «que fora convidada para integrar o elenco governativo».
A turma, subentende-se do texto, está desfeita, chorosa. O que nos parece perfeitamente entendível, quando auscultamos o pensamento de cada um desses alunos nesse momento: «O meu país nunca sobreviverá!»
Mostrando uma invulgar lucidez, a senhora esclarece, noutro ponto da entrevista:
«Acho que se justifica o desagrado dos professores com a ministra».
Se a própria o diz, nós, professores, até por respeito hierárquico, não poderíamos senão concordar. Aplaudimos esta ideia: não se pense, pois, que os professores contestam tudo o que a ministra diz!
Mas talvez a formação ideológica ajude a fazer luz sobre algumas atitudes suas. Talvez algo no seu passado anarco-sindicalista, por exemplo, nos permita interpretá-la e compreendê-la melhor. Quem sabe se pode iluminar-lhe o perfil aquela «história que se conta sobre o dia em que, com outros colegas, fez uma espera a um professor». Aliás, sem dúvida: detecta-se aqui uma profunda continuidade e uma grande coerência ideológicas. Não é a sua acção, ainda hoje, sobretudo hoje, uma «espera aos professores»?
Não vou prolongar esta análise. Acho que fiquei deprimido. Muito deprimido
Para principiar, é-nos relatado esse momento terrível, verdadeiramente dramático, em que, inconsolável, a professora se despede de uma turma para se tornar ministra: a senhora acabara de comunicar «que fora convidada para integrar o elenco governativo».
A turma, subentende-se do texto, está desfeita, chorosa. O que nos parece perfeitamente entendível, quando auscultamos o pensamento de cada um desses alunos nesse momento: «O meu país nunca sobreviverá!»
Mostrando uma invulgar lucidez, a senhora esclarece, noutro ponto da entrevista:
«Acho que se justifica o desagrado dos professores com a ministra».
Se a própria o diz, nós, professores, até por respeito hierárquico, não poderíamos senão concordar. Aplaudimos esta ideia: não se pense, pois, que os professores contestam tudo o que a ministra diz!
Mas talvez a formação ideológica ajude a fazer luz sobre algumas atitudes suas. Talvez algo no seu passado anarco-sindicalista, por exemplo, nos permita interpretá-la e compreendê-la melhor. Quem sabe se pode iluminar-lhe o perfil aquela «história que se conta sobre o dia em que, com outros colegas, fez uma espera a um professor». Aliás, sem dúvida: detecta-se aqui uma profunda continuidade e uma grande coerência ideológicas. Não é a sua acção, ainda hoje, sobretudo hoje, uma «espera aos professores»?
Não vou prolongar esta análise. Acho que fiquei deprimido. Muito deprimido
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 21º EPISÓDIO
Aquele SG ventil andava muito saído do filtro. Talvez porque anda a tomar-se de amores por alguma cigarrilha de uma outra qualquer cigarreira. "-Desde que não seja uma beata, o problema é dele". Dito isto, deu a última passa e atirou-o com força para o chão, espizinhando de seguida.
Submersa nos seus pensamentos, Madame conduzia em direcção a lugar nenhum, num movimento uniformemente acelerado. As conversas da manhã tinham deixado chateada, claro que estava chateada.
A lambisgoia da ministra-cujo-nome-é-irrepresentável-mas-vocês-sabem-a-quem-me-refiro andava a dar bitafes a mais que isso estava a pô-la fula. Mais duas horas?! Se ela praticamente dormia na escola! Que o provasse a espiã no local, que bem a via picar o ponto bem cedo e abandonar as instalações da escola só depois de se certificar que nem mais um professor do básico permanecia nas salas de reuniões; isso acontecia todos os dias depois das 19h...
Bem longe dali, noutro tempo e noutro relógio angustiava MiMika, que andava aterrorizada com a gripe das aves raras e que não via o seu apito ia para três dias... Porquê, pensava, se calhar está doente e não lhe posso valer, ajeitar-lhe a melena.
-Chamaste? Quem falava era Madalena, dirigindo o olhar para um placard de cortiça made by amorim cravejado de pioneses e folhas brancas que a faziam arrepiar. Estupfacta, murmura:
-Se estão aqui tantos, está a hora de por cá um. Para quando é que há-de ser... deixa cá ver... jurava que trazia a minha agenda... mas onde é que a deixei?.... e as chaves do carro? Alguém viu as chaves do meu carro?
-Carro? (Cof... cof...) eu não vi nada, não sei de nada.
-Eu também não... Isto é, há bocado estavam aqui umas....
-Eu só vi a mão a pegar-lhes mas não vi a quem pertencia...
-Sim, era uma mão sem nenhuma marca especial, quer dizer, não tinha anéis e assim...
-Olha, pergunta ao Cavaco...
(CONTINUA)
Submersa nos seus pensamentos, Madame conduzia em direcção a lugar nenhum, num movimento uniformemente acelerado. As conversas da manhã tinham deixado chateada, claro que estava chateada.
A lambisgoia da ministra-cujo-nome-é-irrepresentável-mas-vocês-sabem-a-quem-me-refiro andava a dar bitafes a mais que isso estava a pô-la fula. Mais duas horas?! Se ela praticamente dormia na escola! Que o provasse a espiã no local, que bem a via picar o ponto bem cedo e abandonar as instalações da escola só depois de se certificar que nem mais um professor do básico permanecia nas salas de reuniões; isso acontecia todos os dias depois das 19h...
Bem longe dali, noutro tempo e noutro relógio angustiava MiMika, que andava aterrorizada com a gripe das aves raras e que não via o seu apito ia para três dias... Porquê, pensava, se calhar está doente e não lhe posso valer, ajeitar-lhe a melena.
-Chamaste? Quem falava era Madalena, dirigindo o olhar para um placard de cortiça made by amorim cravejado de pioneses e folhas brancas que a faziam arrepiar. Estupfacta, murmura:
-Se estão aqui tantos, está a hora de por cá um. Para quando é que há-de ser... deixa cá ver... jurava que trazia a minha agenda... mas onde é que a deixei?.... e as chaves do carro? Alguém viu as chaves do meu carro?
-Carro? (Cof... cof...) eu não vi nada, não sei de nada.
-Eu também não... Isto é, há bocado estavam aqui umas....
-Eu só vi a mão a pegar-lhes mas não vi a quem pertencia...
-Sim, era uma mão sem nenhuma marca especial, quer dizer, não tinha anéis e assim...
-Olha, pergunta ao Cavaco...
(CONTINUA)
15 fevereiro 2006
CUIDADO...MESMO SEM GRIPE!
Três cegonhas estão voando e uma pergunta à outra:
- Para onde é que vais?
- Vou a casa dum casal que há 10 anos está a tentar ter um filho.
- Que bom!
- E tu?
- Eu vou a casa duma senhora que nunca teve filhos. Levo-lhe aqui um lindo rapaz.
- Que bom! Vais deixá-la muito feliz.
- E tu? - Perguntam as duas à terceira cegonha.
- Eu? Eu vou ao Convento das Freiras. Nunca levo nada, mas sempre lhes prego cada susto do caraças!!!
- Para onde é que vais?
- Vou a casa dum casal que há 10 anos está a tentar ter um filho.
- Que bom!
- E tu?
- Eu vou a casa duma senhora que nunca teve filhos. Levo-lhe aqui um lindo rapaz.
- Que bom! Vais deixá-la muito feliz.
- E tu? - Perguntam as duas à terceira cegonha.
- Eu? Eu vou ao Convento das Freiras. Nunca levo nada, mas sempre lhes prego cada susto do caraças!!!
OS SUPER-HERÓIS NO DIVÃ
O Dr. Sampaio, eminente psicólogo nas horas vagas do seu trabalho como opinador acerca do que os professores deveriam fazer, tem recebido no consultório uma série de super-heróis em crise, entre os quais, ao que sabemos, Greenlight, Elastigirl, Lara Croft, Sky Snake, Black Knight, Supersseca, Soneca Atómica, Senhor Gonçalves, Mandriãoke, Bigode Louco, Mãos Paraquetekero, Nabo Voador e muitos outros.
Tivemos acesso a algumas gravações, que iremos passando se, entretanto, não houver buscas ao blogue.
Iniciamos a reprodução com a sessão de Greenlight, que ultimamente tem andado um pouco apagado.
GREENLIGHT - Doutor, sou o último exemplar de uma espécie em vias de extinção. E como não me ando a sentir lá muito bem, será que já principiei mesmo a extinguir-me?
DOUTOR (paciente, monocórdico) - Quem, ou o que é exactamente o senhor?
GREENLIGTH - Um super-herói, evidentemente!
DOUTOR (paciente, monocórdico) - Ah, sim senhor, muito bem. (Primeira lição: nunca contrariá-los). E o que lhe deu essa ideia?
GREENLIGHT - Antes de mais, este uniforme.
DOUTOR (paciente, monocórdico e curioso) - Bem, bem, bem. Isso é um uniforme? Pensei que fosse a sua roupa interior. Muito bonito, muito bonito. Então, e que mais?
GREENLIGHT - Além de tudo, tenho superpoderes. Superaudição, por exemplo. Não me escapa nada. Mesmo quando estão a falar em surdina.
DOUTOR (paciente, monocórdico, com alguns sinais, ainda leves, de enfado) - Já experimentou usar tampões?
GREENLIGHT (ofendido) - Tampões? Ó senhor doutor, eu uso esta roupa mas não sou uma mulher.
DOUTOR (monocórdico) - Não é isso, digo tampões nos ouvidos. Adiante. Enfim, tem mais poderes? Supervisão, não?
GREENLIGHT (orgulhoso) - Não, mas sou dotado de um outro: supermiopia.
DOUTOR (monocódico mas ligeiramente impaciente) - Então, de que se queixa, afinal? Um super-herói deve andar a super-heroicar por aí...
GREENLIGHT - Mas eu principio a questionar-me, sabe? Isto já não é tão divertido como antes. Salvar o mundo é uma tarefa que me pesa. Lutar contra os maus torna-se aborrecido. Por exemplo, no outro dia tive de intervir e atirar com um potente olho contra o punho de um dos meus inimigos, o Barrete Verde. Depois, fico com pena dessa gente, mesmo dos maus. Mais: escrevia coisas para o blogue da escola, e comecei a perceber que havia quem se sentisse ofendido... custa-me!... pesa-me tudo! E não é só isso. Já que falo do blogue...
DOUTOR (farto, embora monocórdico)- Sim?
GREENLIGHT - No outro dia, o planetazul postou lá um texto magnífico. As pessoas dizem muito bem daquilo, que o homem é muito sensível, e tal... e depois eu tenho logo de tentar fazer melhor se não, morro de inveja. Um texto sobre o relógio e o tempo...
DOUTOR (com uma ponta de curiosidade na voz monocórdica) - Ai é?
GREENLIGHT - Pensei num assim, que acha? - «O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem...»
DOUTOR (monocordicamente irritado) - Isso é velho...
GREENLIGHT (pensativo) - Pois é. Além disso não tem relógio. E se fosse assim: «O tempo pergunta ao relógio quanto tempo o relógio tem. O relógio responde ao tempo que o relógio tem tanto tempo quanto...»
DOUTOR - Estou a ver o seu problema. Deixe-me só fazer um telefonema...
GREENLIGHT - Ou então... veja lá: «Certo dia o tempo e o relógio encontraram-se (embora estejam todo o tempo juntos). O tempo, revoltado há muito tempo, disse ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha juntando...»; mas não, ia haver logo quem dissesse que se tratava de um plágio meu, embora o planetazul tenha escrito «vinha guardando», e não «vinha juntando»: «vinha juntando» é inteiramente da minha autoria, mas as pessoas não são capazes de notar essas subtilezas.
DOUTOR (ao telefone) - Está? É do HOSPITAL VOANDO SOBRE UM NINHO DE CUCOS? Sou eu... sim, o doutor. Olhe, precisava que me mandasse aqui uma ambulância. Estou? E uma camisa de forças. Sim, de preferência verde, muito brilhante. Não demoram? Óptimo. Ah, já oiço as sirenes. Muito bem, obrigado e até já. (Segunda lição: atalhar rapidamente o mal pela raiz). Pronto, caro amigo, o seu problema vai ser resolvido.
GREENLIGHT - A parte sobre fazer amor, lá no poema, é gira. O tempo já não dá tempo para se ver a lua, nem para fazer amor... que acha? Eu podia dizer assim: «O tempo já não tinha tempo para fazer amor com o relógio...» É interessante, não é? Surrealista.
DOUTOR (para uns senhores de bata branca, que vêm entrando ruidosamente) - É este. Um caso de dupla personalidade histérica com invejinite agravada. Chamem-lhe sempre Greenlight, está bem? Nunca se lhe refiram como «maluco» (terceira lição).
UM DOS ENFERMEIROS - Bora, pessoal! O maluco é o gajo de collants!!!
Tivemos acesso a algumas gravações, que iremos passando se, entretanto, não houver buscas ao blogue.
Iniciamos a reprodução com a sessão de Greenlight, que ultimamente tem andado um pouco apagado.
GREENLIGHT - Doutor, sou o último exemplar de uma espécie em vias de extinção. E como não me ando a sentir lá muito bem, será que já principiei mesmo a extinguir-me?
DOUTOR (paciente, monocórdico) - Quem, ou o que é exactamente o senhor?
GREENLIGTH - Um super-herói, evidentemente!
DOUTOR (paciente, monocórdico) - Ah, sim senhor, muito bem. (Primeira lição: nunca contrariá-los). E o que lhe deu essa ideia?
GREENLIGHT - Antes de mais, este uniforme.
DOUTOR (paciente, monocórdico e curioso) - Bem, bem, bem. Isso é um uniforme? Pensei que fosse a sua roupa interior. Muito bonito, muito bonito. Então, e que mais?
GREENLIGHT - Além de tudo, tenho superpoderes. Superaudição, por exemplo. Não me escapa nada. Mesmo quando estão a falar em surdina.
DOUTOR (paciente, monocórdico, com alguns sinais, ainda leves, de enfado) - Já experimentou usar tampões?
GREENLIGHT (ofendido) - Tampões? Ó senhor doutor, eu uso esta roupa mas não sou uma mulher.
DOUTOR (monocórdico) - Não é isso, digo tampões nos ouvidos. Adiante. Enfim, tem mais poderes? Supervisão, não?
GREENLIGHT (orgulhoso) - Não, mas sou dotado de um outro: supermiopia.
DOUTOR (monocódico mas ligeiramente impaciente) - Então, de que se queixa, afinal? Um super-herói deve andar a super-heroicar por aí...
GREENLIGHT - Mas eu principio a questionar-me, sabe? Isto já não é tão divertido como antes. Salvar o mundo é uma tarefa que me pesa. Lutar contra os maus torna-se aborrecido. Por exemplo, no outro dia tive de intervir e atirar com um potente olho contra o punho de um dos meus inimigos, o Barrete Verde. Depois, fico com pena dessa gente, mesmo dos maus. Mais: escrevia coisas para o blogue da escola, e comecei a perceber que havia quem se sentisse ofendido... custa-me!... pesa-me tudo! E não é só isso. Já que falo do blogue...
DOUTOR (farto, embora monocórdico)- Sim?
GREENLIGHT - No outro dia, o planetazul postou lá um texto magnífico. As pessoas dizem muito bem daquilo, que o homem é muito sensível, e tal... e depois eu tenho logo de tentar fazer melhor se não, morro de inveja. Um texto sobre o relógio e o tempo...
DOUTOR (com uma ponta de curiosidade na voz monocórdica) - Ai é?
GREENLIGHT - Pensei num assim, que acha? - «O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem...»
DOUTOR (monocordicamente irritado) - Isso é velho...
GREENLIGHT (pensativo) - Pois é. Além disso não tem relógio. E se fosse assim: «O tempo pergunta ao relógio quanto tempo o relógio tem. O relógio responde ao tempo que o relógio tem tanto tempo quanto...»
DOUTOR - Estou a ver o seu problema. Deixe-me só fazer um telefonema...
GREENLIGHT - Ou então... veja lá: «Certo dia o tempo e o relógio encontraram-se (embora estejam todo o tempo juntos). O tempo, revoltado há muito tempo, disse ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha juntando...»; mas não, ia haver logo quem dissesse que se tratava de um plágio meu, embora o planetazul tenha escrito «vinha guardando», e não «vinha juntando»: «vinha juntando» é inteiramente da minha autoria, mas as pessoas não são capazes de notar essas subtilezas.
DOUTOR (ao telefone) - Está? É do HOSPITAL VOANDO SOBRE UM NINHO DE CUCOS? Sou eu... sim, o doutor. Olhe, precisava que me mandasse aqui uma ambulância. Estou? E uma camisa de forças. Sim, de preferência verde, muito brilhante. Não demoram? Óptimo. Ah, já oiço as sirenes. Muito bem, obrigado e até já. (Segunda lição: atalhar rapidamente o mal pela raiz). Pronto, caro amigo, o seu problema vai ser resolvido.
GREENLIGHT - A parte sobre fazer amor, lá no poema, é gira. O tempo já não dá tempo para se ver a lua, nem para fazer amor... que acha? Eu podia dizer assim: «O tempo já não tinha tempo para fazer amor com o relógio...» É interessante, não é? Surrealista.
DOUTOR (para uns senhores de bata branca, que vêm entrando ruidosamente) - É este. Um caso de dupla personalidade histérica com invejinite agravada. Chamem-lhe sempre Greenlight, está bem? Nunca se lhe refiram como «maluco» (terceira lição).
UM DOS ENFERMEIROS - Bora, pessoal! O maluco é o gajo de collants!!!
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 20º EPISÓDIO
Atelier de Escrita Criativa dos Professores da ESLaVNesse instante, chegou a ministra-cujo-nome-é-irrepresentável-mas-vocês-sabem-a-quem-me-refiro, que vinha saber por que razão não tinha novas daquela escola há já tanto tempo. Percebendo que, naquele dia, dia dos namorados,um certo Cupido tinha cuspido umas setas a torto e a direito, e que, pelo que se via, o amor começava a propagar-se, a infiltrar-se, a invadir o ambiente, a adoçar a população da escola, a ministra-cujo-nome-é-irrepresentável-mas-vocês-sabem-a-quem-me-refiro deu um grito do fundo do seu ser:
- Todos embora! A escola está contaminada! Para casa, enquanto a brigada procede a uma limpeza. Marche!
Enquanto os participantes desta história se retiravam, a ministra-cujo-nome-é-irrepresentável-mas-vocês-sabem-a-quem-me-refiro colocou uma máscara, não fossem os vapores amorosos que se soltavam das setas fazer algum efeito.
Sob a máscara, ainda se ouviu a sua voz abafada:
- Desconto-vos este dia no ordenado...
Nessa noite, Madame adormeceu com o cigarro aceso.
Bruscamente, acordou, ao ouvir um ruído assustador. Alguém tentando sabotar a sua prodigiosa máquina? Ou tentando salvar os seus prisioneiros?
Disse para o cigarro:
- TU OUVISTE?
- Sim - fumegou ele.
- Estás com medo?
- Estou sempre com medo. Tenho medo sobretudo de cancro do pulmão.
- Deixa-te de lamúrias. Vai ver o que é.
- Eu???
- Sim.
- Não posso.
- Essa agora. Estou-te a mandar. Não podes porquê?
- Porque estou a dormir.
- A dormir? Parvo. Como é que estás a dormir se estás a falar?
- Ó, Madame! A Madame sabe perfeitamente que eu falo no sono...
(CONTINUA)
- Todos embora! A escola está contaminada! Para casa, enquanto a brigada procede a uma limpeza. Marche!
Enquanto os participantes desta história se retiravam, a ministra-cujo-nome-é-irrepresentável-mas-vocês-sabem-a-quem-me-refiro colocou uma máscara, não fossem os vapores amorosos que se soltavam das setas fazer algum efeito.
Sob a máscara, ainda se ouviu a sua voz abafada:
- Desconto-vos este dia no ordenado...
Nessa noite, Madame adormeceu com o cigarro aceso.
Bruscamente, acordou, ao ouvir um ruído assustador. Alguém tentando sabotar a sua prodigiosa máquina? Ou tentando salvar os seus prisioneiros?
Disse para o cigarro:
- TU OUVISTE?
- Sim - fumegou ele.
- Estás com medo?
- Estou sempre com medo. Tenho medo sobretudo de cancro do pulmão.
- Deixa-te de lamúrias. Vai ver o que é.
- Eu???
- Sim.
- Não posso.
- Essa agora. Estou-te a mandar. Não podes porquê?
- Porque estou a dormir.
- A dormir? Parvo. Como é que estás a dormir se estás a falar?
- Ó, Madame! A Madame sabe perfeitamente que eu falo no sono...
(CONTINUA)
14 fevereiro 2006
O RELÓGIO E O TEMPO
Certo dia o tempo e o relógio encontraram-se (embora estejam todo o tempo juntos).
O tempo, revoltado há muito tempo, disse ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha guardando. Que ele, tempo, tinha saudades daqueles tempos em que não existiam relógios e toda a gente tinha tempo. Mas, quando o homem, ingrato, fabricou o relógio que começou a marcar o tempo, ninguém mais conseguiu ter tempo. "Antes, naqueles bons tempos" - disse o tempo - "todo homem tinha tempo de gozar a natureza. Viviam com o Sol de dia, dormiam com a Lua à noite". "Quando a Lua caprichosa não queria aparecer, era um bando de estrelas que piscavam brincalhonas, dando tempo ao Sol nascer". "Mas agora, nestes tempos, ninguém mais tem tempo de ver se a Lua nasce a sorrir para a direita ou para a esquerda, se está de cara cheia ou de mau humor, sem querer aparecer".
O tempo prosseguiu com um sorriso de tristeza:"Antigamente - que tempos! - os homens nasciam no tempo certo em que tinham de nascer. Não havia incubadoras para os fora de tempo nem cesariana para os que passam do tempo. A natureza sabia, em tempo, quando era tempo. Hoje, o homem já obedece ao relógio, mesmo antes de nascer. Os médicos estão apressados e sem tempo para perder". O relógio só ouvia, prosseguindo no seu tic-tac sem tempo de se defender e com medo de se atrasar. "Noutros tempos" - disse o tempo - "o homem crescia sem pressa, com tempo de envelhecer. Comia sem ter horário, dormia quando tinha sono. Fazia amor ao relento, como flores que se beijam, como aves que se aninham. Envelhecia de vagar, como um calmo entardecer. Depois, dormia o sono profundo e, no outro despertar, abraçava-me com carinho, no infinito...no infinito...". O tempo enxugou uma lágrima, talvez de orvalho. A voz que estava embargada, tomou uma conotação de revolta: "Hoje, vai logo para a escola e traz para casa um horário. Quando aprende a ler as horas ganha do pai um relógio e, assim, ensinam-lhe bem cedo a maneira mais correcta de nunca ter tempo na vida".
Continuou a sofismar com voz mais branda:"Come apressado, sem tempo. Dorme ainda sem ter sono, pois, de manhã bem cedinho, começas a gritar arrancando-o da cama, quando ainda queria dormir". "Amor? Nem sei se ainda faz... há gente que nem tem tempo.
Quando vê, já envelheceu, sem ver o tempo passar". "Na hora do sono profundo, enterram-no apressados, para a vida continuar. E no outro despertar, chega tão atrapalhado que não me consegue achar".
O relógio, sem poder nunca parar, não conseguiu ripostar.
Além do sentimento de culpa que passou a carregar, a partir desse tempo, quando bate as doze badaladas no silêncio da meia-noite, o canto é tão melancólico que até parece chorar.
O XIQUE E O XOQUE
Alô, alô, alô. Ai que feliiiz que eu estou de novo com as minhas amiguinhas, que sei que têm andado numa verdadeira angústia por minha causa.
O Zezé Totó anda cabisbaixo. Já deram por isso? Com a experiência que tenho de homens (ai, queridas, o que vos podia contar...), o rapaz está mas é carente. O que ele anda a pedir é mimo feminino. Consolem-no, queriduchas, não deixem o Sindroma cair em sin-dramas, digam-lhe que é óptimo, que sentiram muito a falta dele, que as suas graçolas no blogue são o máximo, e rebéu-béu rebéu-béu...
(Os homens são tão elementares, queridas Watson-ladies).*
Agora o xoque: já vos aconteceu chegarem a um baile com um vestido lindérrimo, originalíssimo, e darem de carinha laroca com uma desclassificada que vem igual, igual, igual, igual? Pois bem. Na escolinha da Linda, parece ter sido o que sucedeu com as meninas das artes. Notaram que a Anoca Titinha e a Leni Mattos estavam superfulas uma com a outra, por descobrirem que vinham as duas de casaquinho igual-igual, igualmente cintadinho, a mesma lã, os mesmos quadrados...? Isso faz-se, Augustus?
Mas o choque não fica por aqui! Queriduchas, as meninas repararam como estava vaporosa a Su Monteyro? Aquele casaco 3/4 príncipe de gales fica-lhe a matar! Eu, simplesmente, ADOREI ver a menina de saia! Repita, se faz favor!
Fazendo juz ao dia (dos namorados, of course) e elegantérrima, estava hoje Ciel Casta, toda de vermelho, estimulante, apaixonada, coração dos pés à cabeça. Fui eu que vi mal ou até os óculos escuros tinham aro em forma de coração?!
Oh, que bem lhe fica a paixão! Já sinto uma arrebatadora vontade de comemorar este dia 14!
Até para a semana, meus queridos! Kiss Kiss Kiss
O Zezé Totó anda cabisbaixo. Já deram por isso? Com a experiência que tenho de homens (ai, queridas, o que vos podia contar...), o rapaz está mas é carente. O que ele anda a pedir é mimo feminino. Consolem-no, queriduchas, não deixem o Sindroma cair em sin-dramas, digam-lhe que é óptimo, que sentiram muito a falta dele, que as suas graçolas no blogue são o máximo, e rebéu-béu rebéu-béu...
(Os homens são tão elementares, queridas Watson-ladies).*
*Querido, deixe-me dizer-lhe off-record: o menino bandeou-se para o outro lado?
Rendeu-se à bombazina?! Todos sabemos que o veludo cotelé está in mas já reparou
que é o preferido pelas altas esferas da governação da escolinha da Linda?
Agora o xoque: já vos aconteceu chegarem a um baile com um vestido lindérrimo, originalíssimo, e darem de carinha laroca com uma desclassificada que vem igual, igual, igual, igual? Pois bem. Na escolinha da Linda, parece ter sido o que sucedeu com as meninas das artes. Notaram que a Anoca Titinha e a Leni Mattos estavam superfulas uma com a outra, por descobrirem que vinham as duas de casaquinho igual-igual, igualmente cintadinho, a mesma lã, os mesmos quadrados...? Isso faz-se, Augustus?
Mas o choque não fica por aqui! Queriduchas, as meninas repararam como estava vaporosa a Su Monteyro? Aquele casaco 3/4 príncipe de gales fica-lhe a matar! Eu, simplesmente, ADOREI ver a menina de saia! Repita, se faz favor!
Fazendo juz ao dia (dos namorados, of course) e elegantérrima, estava hoje Ciel Casta, toda de vermelho, estimulante, apaixonada, coração dos pés à cabeça. Fui eu que vi mal ou até os óculos escuros tinham aro em forma de coração?!
Oh, que bem lhe fica a paixão! Já sinto uma arrebatadora vontade de comemorar este dia 14!
Até para a semana, meus queridos! Kiss Kiss Kiss
13 fevereiro 2006
Dar de beber à alma
Então, o filme é bom ou não? Vá lá, reconheça que o pequenitates é genial! Ele é o argumento, ele é o cenário, ele é a banda sonora, ele é os personagens, ele é os actores... Surpreendentes, não é verdade? Não adivinhou o fim, pois não? A certa altura, de tão bem construída que está a personagem, você até a queria desculpar!
- "Não, não,... não descubram que é ele mesmo o assassino!"
Pois é, mas o nosso Woody, como sabe, não é só bom a realizar filmes. Ele é também actor e músico, veja bem! Diz que se diverte imenso, semanalmente, a tocar clarinete no seu clube de Jazz em Nova York, interpretando os fabulosos temas dos anos20, 30 e 40. Por saber disso, os melómanos lusitanos atrairam-no ao CCB e, diz quem o viu e ouviu, que foi espectacular. Não tive essa sorte! Não consegui bilhetes, mas da próxima não me escapa. É que, tal como um bom filme, um bom concerto também faz bem à alma. Por isso, aconselho-o a não perder o Brad Mehldau Trio e o seu virtuoso pianista, considerado actualmente um dos mais geniais pianistas de jazz do mundo. Mas olhe que o homem do contrabaixo não lhe fica atrás. O som daquele instrumento é de facto envolvente e com o baterista/percussionista a complementar e a responder aos improvisos, você até se sente músico. - "A sério que são muito bons."- diz quem percebe destas coisas. Mas o mais engraçado é que, aquilo tudo é muito improviso, muito modernaço, mas ouve-os com prazer e você descobre então, que afinal não está tão velho assim!...
DE BOCA EM BOA
O QUE PENSA DO ATELIER DE ESCRITA CRIATIVA DA ESLAV?
Becas Murro (conservador das línguas mortas no arquivo da escola, em estado de conserva)
-Eu cá acho que vocês deviam acabar com isso. Se querem escrever, escrevam em papel e eu copio em stencil e até distribuo, mas antes tem que passar tudo por um organismo de verificação, por causa dos erros. Ortográficos, claro.
Josefa Rusca (responsável chamuscada pelo churrasco da esplanada/buffet da escola)
–Já ouvi um sururu, parece que andam a pisar os calos de alguém. Quanto a isso, comprem o número acima.
Alberto Luchi (editor de conteúdos multimédia do departamento de publicações da eslav)
-Aprecio em particular o uso das tecnologias mas reconheço que não está acessível a todos, uma vez que a energia eléctrica não chega a todas as casas.
Olga Tinha (aluna que frequentou a escola na década de 80)
-Cada um deve fazer o que muito bem entende desde que não me metam ao barulho.
Ana Ninanão (criativa no atelier de alto corte e costura da eslav)
-Bló quê? O que é isso? Ah! Escrita Criativa! Acho muito bem, há que trazer a criatividade para fora das quatro paredes dos gabinetes dos professores. Isso de os professores escreverem só quando têm preenchem fichas, escrever actas e fazer relatórios tem que acabar.
Becas Murro (conservador das línguas mortas no arquivo da escola, em estado de conserva)
-Eu cá acho que vocês deviam acabar com isso. Se querem escrever, escrevam em papel e eu copio em stencil e até distribuo, mas antes tem que passar tudo por um organismo de verificação, por causa dos erros. Ortográficos, claro.
Josefa Rusca (responsável chamuscada pelo churrasco da esplanada/buffet da escola)
–Já ouvi um sururu, parece que andam a pisar os calos de alguém. Quanto a isso, comprem o número acima.
Alberto Luchi (editor de conteúdos multimédia do departamento de publicações da eslav)
-Aprecio em particular o uso das tecnologias mas reconheço que não está acessível a todos, uma vez que a energia eléctrica não chega a todas as casas.
Olga Tinha (aluna que frequentou a escola na década de 80)
-Cada um deve fazer o que muito bem entende desde que não me metam ao barulho.
Ana Ninanão (criativa no atelier de alto corte e costura da eslav)
-Bló quê? O que é isso? Ah! Escrita Criativa! Acho muito bem, há que trazer a criatividade para fora das quatro paredes dos gabinetes dos professores. Isso de os professores escreverem só quando têm preenchem fichas, escrever actas e fazer relatórios tem que acabar.
12 fevereiro 2006
OFENDIDOS, MOVAMOS GUERRA AO DESRESPEITO
DONA LURDES - Ó Primeiro! Por que razão não estamos hoje sentadinhos naquelas poltronas, tão confortáveis? É que também já não tenho idade para me agachar assim...
PRIMEIRO - Ora pergunte lá isso ao Freitas...
FREITAS - É simbólico. Pedi-vos que nos sentássemos hoje no chão, assim de cócoras, para que se entenda bem lá fora, principalmente nos Países Árabes, que a posição de Portugal é não-beligerante, é pacífica. Que se veja que não estamos aqui para ofender, nem ameaçar, nem cartunizar ninguém. Repudiamos tudo, todos os cartoons: eu próprio também nunca gostei que fizessem cartoons sobre mim, sempre com uma grande queixo e uma papada enorme...
DONA LURDES - Mas estar assim de cócoras simbólicas também se torna ofensivo. Pelo menos para os meus ossos...
PRIMEIRO - Bom. Deixe-se de queixas, ó Lurdes, que até já parece lá os seus professores, que nunca mais consegue fazer calar; passemos a coisas sérias. Esta reunião é, aliás, a seu pedido, não é? Ora diga, diga lá.
DONA LURDES - Bom. É o seguinte. A história dos cartoons do Profeta tem-se repetido, a seu modo, em pequena escala, numa pequena escola do nosso país.
TODOS - Ai sim?
DONA LURDES - Sim. Na eslav, há uma caterva de fulanos, todos eles com a mania que são muito engraçados, que criaram um blogue, e o blogue insiste, insiste, insiste. Nem as duas horas acrescentadas aos horários os demove, não sei onde é que vão buscar tempo. Em rigor, não deviam ter tempo para mais nada. Nem para corrigir testes. E no entanto...! Ai, e o que eles têm malhado em mim!
FREITAS - Incrível!
DONA LURDES - Só não tomei uma atitude drástica, porque já sei que me caíam logo em cima o Carmo e a Trindade, a berrar ó da guarda ó da guarda, que eu queria restringir as liberdades dos professores e tal. Aí é que os sindicatos vinham logo com a sua obsessão das greves. Só que, agora, os bloguistas exageraram. Tomaram-lhe o gosto. Aquilo é veneno. Vão por aí fora. Têm satirizado os próprios colegas. Alguns destes já pedem a cabeça deles...
FREITAS - É aproveitar, é aproveitar.
DONA LURDES - Os tais do blogue vão realmente longe de mais, têm-se tornado ofensivos. Enquanto gozavam lá com a pochete e com os casacos de bombazina, ainda era como o outro. Agora,a entrar assim no campo da pura fantasia, imaginando escolas cheias de bruxas, fantasmas, monstros e mauzões...! Só eu é que posso dizer mal das escolas e dos professores, não são os próprios professores. É uma questão de hierarquia. Assim já não brinco, não é? Nada é sagrado. Até aparecem uns artigos a gozar com o Benfica!
TODOS - Nããão!
DONA LURDES - Sim!
PRIMEIRO - Isso é comos cuspir na bandeira. É como entornar coca-cola no casaco do Presidente da República. É como...
FREITAS - Não tenho palavras.
DONA LURDES - Ah, mas olhe que eu precisava, precisamente, de umas quantas palavras suas. Precisava de um documento de repúdio. Do género daquele que escreveu contra os caroons dinamarqueses.
PRIMEIRO - Pois é. Ó homem, tem de fazer um esforço Isto não pode passar em branco, é grave!
TODOS - É muito grave!
Eis, portanto, o documento que, na sequência desta reunião, chegou à nossa escola, onde foi lido, pelo próprio autor, a um grupo de professores:
«Portugal é um país com uma antiga e bela tradição de liberdade. Algumas liberdades afirmam-se, até, apesar de estarem proibidas. Senão, vejamos: é proibido fumar em lugares públicos, sim, contudo, os únicos lugares públicos em que se não fuma são aqueles onde tenha acabado de entrar a dona Escura Anunciação. Todos sabemos que é proibido escapar ao fisco, mas que, no entanto, só os mais pobrezinhos não escapam. E alguém se lembraria de impedir um jovem de expor a sua opinião, ainda que fosse através de um murro livremente expresso sobre o olho de um passante de quem ele não gostara? São somente alguns exemplos. É, pois, evidente que vivemos em liberdade. Mas...
Toda a liberdade deverá ter um travão, um limite, uma fronteira, uma alfândega. Se não, já não é liberdade: é libertinagem, rebaldaria, licensiosidade.
Venho, pois, lamentar o sucedido e pedir desculpas às vítimas do blogue, o qual, em nome de uma liberdade sem escrúpulos, ultrapassou todas as medidas da etiqueta e do bom gosto. A quantos foram achincalhados nas mãos de uns quantos libertinos, uns rebaldões, uns licensiosos, peço perdão, reperdão, re-reperdão. O sentido de humor não pode ir além dos Malucos do Riso e do Menino Tonecas. Querer ter graça é, a mais das vezes, cair na irreverência e no desrespeito. Uma vez mais, mil perdões. Mil e um. Mil e dois, até, uma vez que pedir perdão não custa nada. Não tornará a acontecer. Obrigado pela compreensão. Mantenham a calma toda.»
ABELHA MAIA - O que foi aquilo? Que é que ele disse? O que é que ele queria? Quem era ele? Para onde foi? Quem sou eu? Onde estou? Para onde vou? É um puzzle? É outro puzzle, não? Alguém me explica alguma coisa...?
PRIMEIRO - Ora pergunte lá isso ao Freitas...
FREITAS - É simbólico. Pedi-vos que nos sentássemos hoje no chão, assim de cócoras, para que se entenda bem lá fora, principalmente nos Países Árabes, que a posição de Portugal é não-beligerante, é pacífica. Que se veja que não estamos aqui para ofender, nem ameaçar, nem cartunizar ninguém. Repudiamos tudo, todos os cartoons: eu próprio também nunca gostei que fizessem cartoons sobre mim, sempre com uma grande queixo e uma papada enorme...
DONA LURDES - Mas estar assim de cócoras simbólicas também se torna ofensivo. Pelo menos para os meus ossos...
PRIMEIRO - Bom. Deixe-se de queixas, ó Lurdes, que até já parece lá os seus professores, que nunca mais consegue fazer calar; passemos a coisas sérias. Esta reunião é, aliás, a seu pedido, não é? Ora diga, diga lá.
DONA LURDES - Bom. É o seguinte. A história dos cartoons do Profeta tem-se repetido, a seu modo, em pequena escala, numa pequena escola do nosso país.
TODOS - Ai sim?
DONA LURDES - Sim. Na eslav, há uma caterva de fulanos, todos eles com a mania que são muito engraçados, que criaram um blogue, e o blogue insiste, insiste, insiste. Nem as duas horas acrescentadas aos horários os demove, não sei onde é que vão buscar tempo. Em rigor, não deviam ter tempo para mais nada. Nem para corrigir testes. E no entanto...! Ai, e o que eles têm malhado em mim!
FREITAS - Incrível!
DONA LURDES - Só não tomei uma atitude drástica, porque já sei que me caíam logo em cima o Carmo e a Trindade, a berrar ó da guarda ó da guarda, que eu queria restringir as liberdades dos professores e tal. Aí é que os sindicatos vinham logo com a sua obsessão das greves. Só que, agora, os bloguistas exageraram. Tomaram-lhe o gosto. Aquilo é veneno. Vão por aí fora. Têm satirizado os próprios colegas. Alguns destes já pedem a cabeça deles...
FREITAS - É aproveitar, é aproveitar.
DONA LURDES - Os tais do blogue vão realmente longe de mais, têm-se tornado ofensivos. Enquanto gozavam lá com a pochete e com os casacos de bombazina, ainda era como o outro. Agora,a entrar assim no campo da pura fantasia, imaginando escolas cheias de bruxas, fantasmas, monstros e mauzões...! Só eu é que posso dizer mal das escolas e dos professores, não são os próprios professores. É uma questão de hierarquia. Assim já não brinco, não é? Nada é sagrado. Até aparecem uns artigos a gozar com o Benfica!
TODOS - Nããão!
DONA LURDES - Sim!
PRIMEIRO - Isso é comos cuspir na bandeira. É como entornar coca-cola no casaco do Presidente da República. É como...
FREITAS - Não tenho palavras.
DONA LURDES - Ah, mas olhe que eu precisava, precisamente, de umas quantas palavras suas. Precisava de um documento de repúdio. Do género daquele que escreveu contra os caroons dinamarqueses.
PRIMEIRO - Pois é. Ó homem, tem de fazer um esforço Isto não pode passar em branco, é grave!
TODOS - É muito grave!
Eis, portanto, o documento que, na sequência desta reunião, chegou à nossa escola, onde foi lido, pelo próprio autor, a um grupo de professores:
«Portugal é um país com uma antiga e bela tradição de liberdade. Algumas liberdades afirmam-se, até, apesar de estarem proibidas. Senão, vejamos: é proibido fumar em lugares públicos, sim, contudo, os únicos lugares públicos em que se não fuma são aqueles onde tenha acabado de entrar a dona Escura Anunciação. Todos sabemos que é proibido escapar ao fisco, mas que, no entanto, só os mais pobrezinhos não escapam. E alguém se lembraria de impedir um jovem de expor a sua opinião, ainda que fosse através de um murro livremente expresso sobre o olho de um passante de quem ele não gostara? São somente alguns exemplos. É, pois, evidente que vivemos em liberdade. Mas...
Toda a liberdade deverá ter um travão, um limite, uma fronteira, uma alfândega. Se não, já não é liberdade: é libertinagem, rebaldaria, licensiosidade.
Venho, pois, lamentar o sucedido e pedir desculpas às vítimas do blogue, o qual, em nome de uma liberdade sem escrúpulos, ultrapassou todas as medidas da etiqueta e do bom gosto. A quantos foram achincalhados nas mãos de uns quantos libertinos, uns rebaldões, uns licensiosos, peço perdão, reperdão, re-reperdão. O sentido de humor não pode ir além dos Malucos do Riso e do Menino Tonecas. Querer ter graça é, a mais das vezes, cair na irreverência e no desrespeito. Uma vez mais, mil perdões. Mil e um. Mil e dois, até, uma vez que pedir perdão não custa nada. Não tornará a acontecer. Obrigado pela compreensão. Mantenham a calma toda.»
ABELHA MAIA - O que foi aquilo? Que é que ele disse? O que é que ele queria? Quem era ele? Para onde foi? Quem sou eu? Onde estou? Para onde vou? É um puzzle? É outro puzzle, não? Alguém me explica alguma coisa...?
11 fevereiro 2006
SIGNOS
Carneiro – devido à influência de Mercúrio sobre Cromo e à predominância de Saturno que, por seu turno, está na posição demissionário, esta semana não lhe será favorável: depois da sexta virá logo a segunda-feira porque o fim de semana é só para os signos sem chifres.
Touro – não vá descalço para a casa de banho, sobretudo se estiver de chinelos; lave os dentes com a mão esquerda e não use escova. Evite tomar o pequeno-almoço em jejum.
Gémeos – evite o álcool e não abuse da água oxigenada. No que respeita ao amor, antes pelo contrário. Suba as escadas dois degraus de cada vez e, quando chegar ao 3º andar, verifique que está nas lonas. Aproveite para fazer campismo.
Caranguejo – influências benéficas do Estreito de Gibraltar sobre Sírius e de Vénus sobre o Nilo. Ria-se muito, cante com a boca cheia e coma carne da vazia. Para a azia, bicarbonato; para a Ásia, uma viagem de avião a jacto.
Leão – possibilidades de receber uma carta, atravessar uma rua, almoçar, comprar um jornal ou dizer bom dia. Influência negativa de Plutão e da Corporação de Sapadores Bombeiros. Evite as zebras – não seja peão.
Virgem – é natural que fique com fome se não almoçar e esfomeada se também não jantar. Pelo contrário, se almoçar duas vezes, ficará empanturrada. Evite beber dois copos de água simultaneamente, sobretudo se forem diferentes.
Balança – os astros estão-se nas tintas para os nativos deste signo. Tudo o que lhe acontecer estava previsto, embora seja imprevisível. Cuidado: veja bem onde põe os pés... nunca no lugar das mãos.
Escorpião – péssimo dia para usar fardo e gravata, saia e cossaco ou calças de canga. Atenção à influência de Alfa do Centauro sobre a Praça dos Restauradores: não dobre esquinas nem endireite travessas. Siga em frente, mas sempre de costas.
Capricórnio – vai encontrar um anel de bijuteria. Assim que isso acontecer, apanhe um táxi, saia na papelaria mais próxima, compre um envelope, enderece-o a si próprio e coloque o anel lá dentro. Depois, compre um selo, cole-o no envelope e enfie-o num marco de correio. Não fazemos ideia do que vai acontecer a seguir.
Sagitário – óptimo dia para contrair matrimónio, mas apenas uma vez e sempre antes do almoço. Contraia também outras coisas: doenças insecto-contagiosas, esfíncteres e tudo o que seja suficientemente. Gargareje que isso passa.
Aquário – quando regressar a casa, depois do emprego, pinte-a de verde, incluindo os móveis. Sobretudo, cante. Sempre nu. Assoe-se de costas e a propósito.
Peixes – se viajar num transporte público de pé, não vale a pena segurar-se bem, cairá na mesma. Se encontrar alguém com cara de poucos amigos, dê-lhe a sua morada e vá viver para outro sítio.
Touro – não vá descalço para a casa de banho, sobretudo se estiver de chinelos; lave os dentes com a mão esquerda e não use escova. Evite tomar o pequeno-almoço em jejum.
Gémeos – evite o álcool e não abuse da água oxigenada. No que respeita ao amor, antes pelo contrário. Suba as escadas dois degraus de cada vez e, quando chegar ao 3º andar, verifique que está nas lonas. Aproveite para fazer campismo.
Caranguejo – influências benéficas do Estreito de Gibraltar sobre Sírius e de Vénus sobre o Nilo. Ria-se muito, cante com a boca cheia e coma carne da vazia. Para a azia, bicarbonato; para a Ásia, uma viagem de avião a jacto.
Leão – possibilidades de receber uma carta, atravessar uma rua, almoçar, comprar um jornal ou dizer bom dia. Influência negativa de Plutão e da Corporação de Sapadores Bombeiros. Evite as zebras – não seja peão.
Virgem – é natural que fique com fome se não almoçar e esfomeada se também não jantar. Pelo contrário, se almoçar duas vezes, ficará empanturrada. Evite beber dois copos de água simultaneamente, sobretudo se forem diferentes.
Balança – os astros estão-se nas tintas para os nativos deste signo. Tudo o que lhe acontecer estava previsto, embora seja imprevisível. Cuidado: veja bem onde põe os pés... nunca no lugar das mãos.
Escorpião – péssimo dia para usar fardo e gravata, saia e cossaco ou calças de canga. Atenção à influência de Alfa do Centauro sobre a Praça dos Restauradores: não dobre esquinas nem endireite travessas. Siga em frente, mas sempre de costas.
Capricórnio – vai encontrar um anel de bijuteria. Assim que isso acontecer, apanhe um táxi, saia na papelaria mais próxima, compre um envelope, enderece-o a si próprio e coloque o anel lá dentro. Depois, compre um selo, cole-o no envelope e enfie-o num marco de correio. Não fazemos ideia do que vai acontecer a seguir.
Sagitário – óptimo dia para contrair matrimónio, mas apenas uma vez e sempre antes do almoço. Contraia também outras coisas: doenças insecto-contagiosas, esfíncteres e tudo o que seja suficientemente. Gargareje que isso passa.
Aquário – quando regressar a casa, depois do emprego, pinte-a de verde, incluindo os móveis. Sobretudo, cante. Sempre nu. Assoe-se de costas e a propósito.
Peixes – se viajar num transporte público de pé, não vale a pena segurar-se bem, cairá na mesma. Se encontrar alguém com cara de poucos amigos, dê-lhe a sua morada e vá viver para outro sítio.
10 fevereiro 2006
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA - 19º EPISÓDIO
Esticado no seu confortável posto, Nené Correcto contempla o calendário e rasga a folha do mês de Janeiro, com um atraso de 10 dias. O dia 14 aproxima-se e pensa numa actividade dedicada ao amor, de preferência associada à economia...
-Vou apresentar uma OPA, agora que está na berra. Oferta Pública Amorosa, parece-me bem.
Esconde-se por minutos atrás do biombo e aparece vestido de cupido. Saca uma das suas inúmeras setas e começa a disparar em várias direcções, conforme lhe tinha explicado Lara Croft. Extenuado, voltou a sentar-se e descansou, aguardando o efeito.
Ferida por uma seta e ainda a sangrar, Madame pede socorro.
-É que não me dá jeito nenhum, não tenho tempo para isso. Tu não estás a ver os montes de legislação que tenho para analisar! Tira-me isto!!!
Viola veio em seu socorro com jeitinho e um cigarrito no canto da boca, tirou a seta, e tratou a ferida que teimava em não fechar.
O tom a conversa baixou ao verem aproximar-se o temível TripleX. Desde Outubro, que toda a escola temia estes três, principalmente quando estavam juntos. Alguns tremiam outros escondiam-se nas casas de banho mas a maior parte calava-se, temendo ver as suas conversas comentadas no blogue da escola. O respeito aumentava em todo o reino.
Porém, no castelo da Madame, e aproveitando a confusão provocada pelo Correcto, uma patrulha de professores decide investigar por conta própria. Procuravam qualquer coisa que revelasse o segredo de tanta sapiência.
O ambiente provocava alergias a algumas pessoas. Quem espirrava mais era Kiki Fininha, muito dada a alergias e Sky Snake começava a apresentar alguns sinais de urticária.
-Vamos embora deste lugar sinistro. Só vejo papéis com cruzinhas e pilhas de fotocópias. Não há nem uma lareira ou um sofázinho onde se possa passar pelas brasas com um livrinho na mão...
-Já tenho saudades da nossa távola redonda.- suspira Lailai Abade.- Vamos voltar para a escola, qualquer casebre é melhor que esta masmorra. Além do mais tenho que procurar um sapato onde me caiba o pezinho e isto não se parece nada com o palácio da Cinderela.
-Não é o palácio da Cinderela e muito menos da Manuela e vocês estão a pedir uma açoitadela. Tenho o direito de protejer todos estes documentos! Todas a girar daqui pra fora!
O Cavaleiro Negro empunhava a sua espada de luz verde tipo Darth Vader que tinha comprado no carnaval passado.
-E o TripleX que venha contrariar-me...!
(CONTINUA)
-Vou apresentar uma OPA, agora que está na berra. Oferta Pública Amorosa, parece-me bem.
Esconde-se por minutos atrás do biombo e aparece vestido de cupido. Saca uma das suas inúmeras setas e começa a disparar em várias direcções, conforme lhe tinha explicado Lara Croft. Extenuado, voltou a sentar-se e descansou, aguardando o efeito.
Ferida por uma seta e ainda a sangrar, Madame pede socorro.
-É que não me dá jeito nenhum, não tenho tempo para isso. Tu não estás a ver os montes de legislação que tenho para analisar! Tira-me isto!!!
Viola veio em seu socorro com jeitinho e um cigarrito no canto da boca, tirou a seta, e tratou a ferida que teimava em não fechar.
O tom a conversa baixou ao verem aproximar-se o temível TripleX. Desde Outubro, que toda a escola temia estes três, principalmente quando estavam juntos. Alguns tremiam outros escondiam-se nas casas de banho mas a maior parte calava-se, temendo ver as suas conversas comentadas no blogue da escola. O respeito aumentava em todo o reino.
Porém, no castelo da Madame, e aproveitando a confusão provocada pelo Correcto, uma patrulha de professores decide investigar por conta própria. Procuravam qualquer coisa que revelasse o segredo de tanta sapiência.
O ambiente provocava alergias a algumas pessoas. Quem espirrava mais era Kiki Fininha, muito dada a alergias e Sky Snake começava a apresentar alguns sinais de urticária.
-Vamos embora deste lugar sinistro. Só vejo papéis com cruzinhas e pilhas de fotocópias. Não há nem uma lareira ou um sofázinho onde se possa passar pelas brasas com um livrinho na mão...
-Já tenho saudades da nossa távola redonda.- suspira Lailai Abade.- Vamos voltar para a escola, qualquer casebre é melhor que esta masmorra. Além do mais tenho que procurar um sapato onde me caiba o pezinho e isto não se parece nada com o palácio da Cinderela.
-Não é o palácio da Cinderela e muito menos da Manuela e vocês estão a pedir uma açoitadela. Tenho o direito de protejer todos estes documentos! Todas a girar daqui pra fora!
O Cavaleiro Negro empunhava a sua espada de luz verde tipo Darth Vader que tinha comprado no carnaval passado.
-E o TripleX que venha contrariar-me...!
(CONTINUA)
Professor da ESLAV (3)
Então, já se decidiu? Ainda não? Não faz mal porque a saga tem mais desenvolvimentos! Hoje é que não prometo ajudá-lo. Apetece-me mais falar de coisas interessantes.
Porque não irmos ao cinema?!
É isso mesmo. Vá ver o "Match Point" daquele senhor pequenino, magrinho, envelhecido, com ar apatetado, o..., você sabe, o Woody. Pois é, vá que não se arrependerá. É simplesmente fabuloso!
E porquê simplesmente?
Sabe porquê? Porque ele é mesmo inteligente, é culto, sensível, tem bom gosto, sabe despertar em nós emoções, sentimentos e sensações que nos fazem querer melhorar e contribuir para um mundo mais justo, mais equilibrado, ou seja, um mundo mais o oposto do "mundo de Madame". Até me parece que ele (o Woody) e a sua obra teriam constituído óptimos objectos de estudo daquele outro senhor dinamarquês, o Kierk...ah! O Kierkegaard. (Concordas, Sindroma? Esta foi boa! Foi de intelecto!...).
09 fevereiro 2006
FIXADO NAS GORDAS
Manuela Moura Guedes abre a BOCA - e não entrou mosca!
Sobre Rodrigo Guedes de Carvalho, diz que é muito inteligente, embora tenha o problema de não parecer. Sobre José Alberto Carvalho, opina que, pelo contrário, apesar de parecer muito inteligente, não tem uma única ideia.
Bem compreendemos o combate de Manuela Moura Guedes pela coerência. Com ela, nunca houve dúvidas: sempre se esforçou por parecer tão vazia como efectivamente é.
8 por cento das mulheres portuguesas, garante o Correio da Manhã, fingem orgasmo.
Na verdade, o inquérito revela-se incompleto: cerca de 92 por cento das portuguesas ainda não foram entrevistadas
Mas inquérito entretanto promovido por blogue indica resultados surpreendentes: homens portugueses demasiado burros para conseguirem «fingir» um orgasmo.
Estátuas de Nossa Senhora escondem coca. Os traficantes, detidos na Alfândega, mostram-se revoltados: «Não sei onde vamos parar com esta intolerância religiosa. Primeiro, a história dos cartunes de Maomé. Agora, esta raiva toda contra as estatuetas de Nossa Senhora...»
Deputado Nuno Melo esclarece: «Se formos rigorosos, o Código Civil permite que os homossexuais se casem, desde que seja com uma pessoa de sexo diferente.»
Se levarmos o rigor a um tal extremo, somos obrigados a reconhecer, por absurdo que nos soe, que o Código Civil também permite a existência de deputados que não sejam idiotas!
Sobre Rodrigo Guedes de Carvalho, diz que é muito inteligente, embora tenha o problema de não parecer. Sobre José Alberto Carvalho, opina que, pelo contrário, apesar de parecer muito inteligente, não tem uma única ideia.
Bem compreendemos o combate de Manuela Moura Guedes pela coerência. Com ela, nunca houve dúvidas: sempre se esforçou por parecer tão vazia como efectivamente é.
8 por cento das mulheres portuguesas, garante o Correio da Manhã, fingem orgasmo.
Na verdade, o inquérito revela-se incompleto: cerca de 92 por cento das portuguesas ainda não foram entrevistadas
Mas inquérito entretanto promovido por blogue indica resultados surpreendentes: homens portugueses demasiado burros para conseguirem «fingir» um orgasmo.
Estátuas de Nossa Senhora escondem coca. Os traficantes, detidos na Alfândega, mostram-se revoltados: «Não sei onde vamos parar com esta intolerância religiosa. Primeiro, a história dos cartunes de Maomé. Agora, esta raiva toda contra as estatuetas de Nossa Senhora...»
Deputado Nuno Melo esclarece: «Se formos rigorosos, o Código Civil permite que os homossexuais se casem, desde que seja com uma pessoa de sexo diferente.»
Se levarmos o rigor a um tal extremo, somos obrigados a reconhecer, por absurdo que nos soe, que o Código Civil também permite a existência de deputados que não sejam idiotas!
CONCURSO DA LÍNGUA PORTUGUESA. APRESENTADO POR: BÁRBARA CAMARÕES
Para participar neste fabuloso concurso, deverá principiar por responder a estas questões que hoje o blogue fornece. Futuramente, surgirão outras questões, de acrescida dificuldade.
I - ACENTUAÇÃO:
Qual dos enunciados está correcto?
1. O cagado está na casa de banho
2. O cágado está na casa de banho
II- PONTUAÇÃO:
Qual dos enunciados respeita as regras de pontuação de forma a fazer sentido?
1a. A ministra diz: O professor é um ser com dificuldades de aprendizagem
2a. A ministra, diz o professor, é um ser com dificuldades de aprendizagem
1b. Não há só loiras. Burras as que pensam isso: nunca repararam que a apresentadora deste concurso é morena?
2b. Não há só loiras buras. As que pensam isso, nunca repararm que a apresentadora deste programa é morena.
Pronto, amiguinhos. Enviem depressa as vossas respostas, para saberem se estão aptos a passar à fase seguinte, siiiim?
I - ACENTUAÇÃO:
Qual dos enunciados está correcto?
1. O cagado está na casa de banho
2. O cágado está na casa de banho
II- PONTUAÇÃO:
Qual dos enunciados respeita as regras de pontuação de forma a fazer sentido?
1a. A ministra diz: O professor é um ser com dificuldades de aprendizagem
2a. A ministra, diz o professor, é um ser com dificuldades de aprendizagem
1b. Não há só loiras. Burras as que pensam isso: nunca repararam que a apresentadora deste concurso é morena?
2b. Não há só loiras buras. As que pensam isso, nunca repararm que a apresentadora deste programa é morena.
Pronto, amiguinhos. Enviem depressa as vossas respostas, para saberem se estão aptos a passar à fase seguinte, siiiim?
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 18º EPISÓDIO
Permito-me sugerir às colegas que se esforcem um poucochito mais. Que diabo! Nada se consegue sem algum esforço (a não ser, eventualmente, um murro no olho: isso pode suceder quando menos se espera, e sem que nos tenhamos esforçado minimamente para o obter).
Não se pode pôr tudo a nu, não tinha graça. Quem seria a professora Viola? Ora adeus! Esforcem-se.
A Juju, por outro lado, sabemos quem é: basta reler episódios antigos.
Finally, há quem pense: «Mas não se percebe nada! Afinal esta gente está no palácio de Madame, ou na escola, ou quê?» Não, isso não é um problema resultante da história estar a ser feita a quatro mãos. É que essas pessoas começam, realmente, a desvendar uma ponta do puzzle. O palácio de Madame É a escola. Por outras palavras, Madame fez da escola o seu palácio, em cuja cave apodrecem Cara Danjo e Das Dores, muito amarrados.
Entretanto, o da melena olhou para o cartão que lhe era apresentado por dona Cooperativa Borba, e exclamou:
- Mas esta a fotografia de Black Knight!
Atrás, ouviu-se uma voz:
- Alguém me chamou???
Era Black Knight em pessoa.
- O «Noite Negra»? - perguntou João Paulo, com a sua habitual dificuldade em tradução.
- «Knight» - esclareceu o Presidente Cavaco, versado em língua inglesa, que ainda por ali andava, sem saber muito bem o que fazer ou para onde se dirigir - «Knight», não «Night». Não é a Noite Negra mas...
- O CAVALEIRO NEGRO!!! - exclamou, em coro, um grupo já grande, formado pelos apoiantes de Cavaco, o da melena e a sua apaixonada, o apito de ouro, Escura Anunciação, dona Borba, João Paulo, Fatinha, Paulinha Varela, a octopeia, que saíra da sala de professores para se inteirar do que por ali acontecia.
Diante de todos eles, vestido de negro dos pés ao pescoço - não até à cabeça, essa, sexymente grisalha - encontrava-se Kiko Moraes, com um escudo onde reluziam as palavras «A CRÍTICA» e uma espada fulgurante.
- És tu que nos vais libertar, Cavaleiro Negro? - perguntou o apito.
- Não - respondeu alguém, secamente. - Sou eu. Eu é que vou libertar Portugal da depressão, da miséria, da corrupção, da desatenção, da crise, das crostas, das cordas, das costureiras, dos palhaços, dos aldrabões, das abelhas, dos blogues, das páscoas, dos natais, dos carnavais, das férias, dos feriados, dos mosquitos, dos lutos, dos lotos, das letras...
Era Cavaco...
(CONTINUA)
Não se pode pôr tudo a nu, não tinha graça. Quem seria a professora Viola? Ora adeus! Esforcem-se.
A Juju, por outro lado, sabemos quem é: basta reler episódios antigos.
Finally, há quem pense: «Mas não se percebe nada! Afinal esta gente está no palácio de Madame, ou na escola, ou quê?» Não, isso não é um problema resultante da história estar a ser feita a quatro mãos. É que essas pessoas começam, realmente, a desvendar uma ponta do puzzle. O palácio de Madame É a escola. Por outras palavras, Madame fez da escola o seu palácio, em cuja cave apodrecem Cara Danjo e Das Dores, muito amarrados.
Entretanto, o da melena olhou para o cartão que lhe era apresentado por dona Cooperativa Borba, e exclamou:
- Mas esta a fotografia de Black Knight!
Atrás, ouviu-se uma voz:
- Alguém me chamou???
Era Black Knight em pessoa.
- O «Noite Negra»? - perguntou João Paulo, com a sua habitual dificuldade em tradução.
- «Knight» - esclareceu o Presidente Cavaco, versado em língua inglesa, que ainda por ali andava, sem saber muito bem o que fazer ou para onde se dirigir - «Knight», não «Night». Não é a Noite Negra mas...
- O CAVALEIRO NEGRO!!! - exclamou, em coro, um grupo já grande, formado pelos apoiantes de Cavaco, o da melena e a sua apaixonada, o apito de ouro, Escura Anunciação, dona Borba, João Paulo, Fatinha, Paulinha Varela, a octopeia, que saíra da sala de professores para se inteirar do que por ali acontecia.
Diante de todos eles, vestido de negro dos pés ao pescoço - não até à cabeça, essa, sexymente grisalha - encontrava-se Kiko Moraes, com um escudo onde reluziam as palavras «A CRÍTICA» e uma espada fulgurante.
- És tu que nos vais libertar, Cavaleiro Negro? - perguntou o apito.
- Não - respondeu alguém, secamente. - Sou eu. Eu é que vou libertar Portugal da depressão, da miséria, da corrupção, da desatenção, da crise, das crostas, das cordas, das costureiras, dos palhaços, dos aldrabões, das abelhas, dos blogues, das páscoas, dos natais, dos carnavais, das férias, dos feriados, dos mosquitos, dos lutos, dos lotos, das letras...
Era Cavaco...
(CONTINUA)
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 17º EPISÓDIO
-Mil e um, mil e dois, mil e três...
Quem assim contava, de cócoras, era Escura Anunciação, num esforço desesperado por reciclar. Mas não só: lá no fundo ansiava por detectar uma imagem residual no espelho reconstruído.
Queria ser ela a anunciar a descoberta - quem estava projectado no espelho! Ansiava por poder publicar na revista Crítica e era chegado o momento. Agora, que estava para saír o último número! Tinha que se despachar...
Das Dores enrolando a corda que a atara ao Cara Danjo, resmungava: - Nunca gostei de me sentir presa, hás-de pagar-mas!
Já não era a primeira vez que prometia pagá-las, só que desta vez o alvo era Madame.
Atarefada, Cooperativa de Borba procura ansiosamente o cartão da escola e dirige-se ao bar.
Neninenineni!
O ecrã estava vermelho, de raiva porque era um desassossego e porque o cartão acabado de passar não correspondia à pessoa que estava à usá-lo. Sim, o sistema tornara-se superinteligente depois da visita de Bill Gates a Portugal.
E com esa é ninguém contava! Muito menos ela, que só queria tomar um cafezinho e a máquina não dava açucar.
Desesperada por um café, cumprimenta Mimika que jogava pingpong no polivalente com o professor da melena, alvo da sua cobiça.
-Priiiiiiiiiiiiii!
-Oh, não, o que é que foi agora?
-A sua identidade por favor.
-Porquê? Toda a gente sabe quem eu sou! E tu és meu colega, não podes duvidar de mim!
-Já tive menos dúvidas! Esse cartão não é seu. Onde o arranjou?
-Bem... Emprestaram-mo para tomar um cafézito... Estava mesmo a precisar...
-Pela fotografia parece ser.... Oh, não!
(CONTINUA)
Quem assim contava, de cócoras, era Escura Anunciação, num esforço desesperado por reciclar. Mas não só: lá no fundo ansiava por detectar uma imagem residual no espelho reconstruído.
Queria ser ela a anunciar a descoberta - quem estava projectado no espelho! Ansiava por poder publicar na revista Crítica e era chegado o momento. Agora, que estava para saír o último número! Tinha que se despachar...
Das Dores enrolando a corda que a atara ao Cara Danjo, resmungava: - Nunca gostei de me sentir presa, hás-de pagar-mas!
Já não era a primeira vez que prometia pagá-las, só que desta vez o alvo era Madame.
Atarefada, Cooperativa de Borba procura ansiosamente o cartão da escola e dirige-se ao bar.
Neninenineni!
O ecrã estava vermelho, de raiva porque era um desassossego e porque o cartão acabado de passar não correspondia à pessoa que estava à usá-lo. Sim, o sistema tornara-se superinteligente depois da visita de Bill Gates a Portugal.
E com esa é ninguém contava! Muito menos ela, que só queria tomar um cafezinho e a máquina não dava açucar.
Desesperada por um café, cumprimenta Mimika que jogava pingpong no polivalente com o professor da melena, alvo da sua cobiça.
-Priiiiiiiiiiiiii!
-Oh, não, o que é que foi agora?
-A sua identidade por favor.
-Porquê? Toda a gente sabe quem eu sou! E tu és meu colega, não podes duvidar de mim!
-Já tive menos dúvidas! Esse cartão não é seu. Onde o arranjou?
-Bem... Emprestaram-mo para tomar um cafézito... Estava mesmo a precisar...
-Pela fotografia parece ser.... Oh, não!
(CONTINUA)
O XIQUE E O XOQUE
As mulheres da escola estão mais bonitas. Não é porque a Sofia as elogiou que começaram a dar nas vistas. (Bem-vinda, queriducha, às nossas produções criativas!)
Refiro-me aos artefactos de elevado nível artístico que muitas ostentam nas lapelas, nos decotes, nos dedos e nas orelhas!
De facto, desde que a querida Lailai Macieira se dedicou à alta joalharia, as professoras passaram a estar chiquérrimas.
É só reparar na elegantíssima Juju Lieta que há pouco tempo se mostrava indecisa entre uma e outra peça; minha querida, qual delas a mais bonita! Qualquer coisa que a menina escolha lhe fica bem! Qualquer coisa é, digamos, muito valorizada no seu corpo alto e magrérrimo, que inveja, que inveeeja!
Este trabalho apurado não fica por aqui. Um brinquinho by Lailai, uma pregadeira by Lailai (não estavam à espera que eu usasse outra palavra, não?), o que quer que lhe venha das mãos mais-que-perfeitas é um must de arrojo, dinâmica, elegância, sofisticação, leveza, graciosidade. (Será que, continuando nisto, depois tenho direito a uma percentagem? Está muito na moda, é chique).
Não ficamos indiferentes à colaboração que mestre Abel, o nosso Belito, tem demonstrado na pesquisa incansável de materiais e técnicas de execução. As finas pratas que Lailai usa são disso um bom exemplo.
Chique chique chique estava também Tininha Nunes que, trajada a rigor, se dedica semanalmente à aprendizagem dessa arte manual que em tanto contribui para aliviar o stress! Tenho para mim que ser professor é uma profissão desgastante, o querido Daniel Azarado concorda comigo, ele mesmo m'o confessou na elegante apresentação do livro da Bebé Pincesa, inspirado pela terras de além e aquém Mondego. Como sabem, eu não sou muito de leituras, penso que há coisas mais chiques para fazer na vida. Mas afianço-vos que o livro vale a pena: tem uma capa lindérrima e fica bem numas mãos recheadas de jóias-Lailai. Passemos ao lado masculino da escola. Xiquinho continua a dar nas vistas, trajado a rigor, representando da melhor maneira aquele ditado antigo: "com este fatinho preto, eu nunca me comprometo". (Embora o meu alvo seja outro. Quem? Ah, lindas, nem pensar, frio, frio, frio. Enfin, é o meu segredo. A minha gargalhada secreta para eu recordar em casa).
Bebé Moreia fazia hoje levantar as pedras da calçada! Com o chiquíssimo modelito que ostentava! concordo consigo, querida, há que proteger as ideias com um abafo quentinho! Há que não deixar voar as ideias, queriducha, nada de desperdícios!
Mas quem realmente nos inspirou como ninguém foi a perfeita Conchão Baptista: a um primeiro olhar, mais distraído, houve quem pensasse que um candeeiro de pé alto ganhara vida e se deslocava por ali, com o seu elegante abat-jour de riscas, como num filme de fantasmas. Não, queridas. Era mesmo a Conchão, com um chapéu im-per-dível (sim, aquele dificilmente se perderá...). E se parecia um candeeiro, era porque toda ela era luz derramada sobre a cinzenta sala de professores.
E por hoje vos abandono. Mais um pouquinho só. Não carpam, que eu voltarei. Beijinho-beijinho!
Refiro-me aos artefactos de elevado nível artístico que muitas ostentam nas lapelas, nos decotes, nos dedos e nas orelhas!
De facto, desde que a querida Lailai Macieira se dedicou à alta joalharia, as professoras passaram a estar chiquérrimas.
É só reparar na elegantíssima Juju Lieta que há pouco tempo se mostrava indecisa entre uma e outra peça; minha querida, qual delas a mais bonita! Qualquer coisa que a menina escolha lhe fica bem! Qualquer coisa é, digamos, muito valorizada no seu corpo alto e magrérrimo, que inveja, que inveeeja!
Este trabalho apurado não fica por aqui. Um brinquinho by Lailai, uma pregadeira by Lailai (não estavam à espera que eu usasse outra palavra, não?), o que quer que lhe venha das mãos mais-que-perfeitas é um must de arrojo, dinâmica, elegância, sofisticação, leveza, graciosidade. (Será que, continuando nisto, depois tenho direito a uma percentagem? Está muito na moda, é chique).
Não ficamos indiferentes à colaboração que mestre Abel, o nosso Belito, tem demonstrado na pesquisa incansável de materiais e técnicas de execução. As finas pratas que Lailai usa são disso um bom exemplo.
Chique chique chique estava também Tininha Nunes que, trajada a rigor, se dedica semanalmente à aprendizagem dessa arte manual que em tanto contribui para aliviar o stress! Tenho para mim que ser professor é uma profissão desgastante, o querido Daniel Azarado concorda comigo, ele mesmo m'o confessou na elegante apresentação do livro da Bebé Pincesa, inspirado pela terras de além e aquém Mondego. Como sabem, eu não sou muito de leituras, penso que há coisas mais chiques para fazer na vida. Mas afianço-vos que o livro vale a pena: tem uma capa lindérrima e fica bem numas mãos recheadas de jóias-Lailai. Passemos ao lado masculino da escola. Xiquinho continua a dar nas vistas, trajado a rigor, representando da melhor maneira aquele ditado antigo: "com este fatinho preto, eu nunca me comprometo". (Embora o meu alvo seja outro. Quem? Ah, lindas, nem pensar, frio, frio, frio. Enfin, é o meu segredo. A minha gargalhada secreta para eu recordar em casa).
Bebé Moreia fazia hoje levantar as pedras da calçada! Com o chiquíssimo modelito que ostentava! concordo consigo, querida, há que proteger as ideias com um abafo quentinho! Há que não deixar voar as ideias, queriducha, nada de desperdícios!
Mas quem realmente nos inspirou como ninguém foi a perfeita Conchão Baptista: a um primeiro olhar, mais distraído, houve quem pensasse que um candeeiro de pé alto ganhara vida e se deslocava por ali, com o seu elegante abat-jour de riscas, como num filme de fantasmas. Não, queridas. Era mesmo a Conchão, com um chapéu im-per-dível (sim, aquele dificilmente se perderá...). E se parecia um candeeiro, era porque toda ela era luz derramada sobre a cinzenta sala de professores.
E por hoje vos abandono. Mais um pouquinho só. Não carpam, que eu voltarei. Beijinho-beijinho!
08 fevereiro 2006
SIMPLESMENTE BELÍSSIMA: 16º EPISÓDIO
Duas correntes se lançavam, simultaneamente, em sentidos opostos: por um lado, Fatinha, muito zangada, ia-se dali embora - levando na sua peugada um grupo enorme, se bem se lembram: o recém-eleito Presidente da República, que se encantara da sua sabedoria, e inúmeros apoiantes, ainda com as bandeiras desfraldadas ao vento. Consideravam-na o novo ídolo, a mulher mais sábia do mundo, um novo Sócrates. Interpretavam cada uma das suas palavras como tendo uma mensagem profunda:
- Deixem-me todos em paz! - gritava ela para a multidão, que a não largava. - Vão para a cama, que já é tarde...
E um:
- Fala da necessidade de paz no mundo. E diz que já vai sendo tarde para se fazer alguma coisa...
E outro:
- Mas falou de cama. Que quereria dizer com isso?
- Que não nos podemos deitar a dormir, enquanto o mundo se afunda?
- Que tem sono?
- Estúpido! Básico! Que raio de interpretação é essa?
A outra corrente, era formada por um grupo que se dirigia, precisamente, ao palácio de Madame: capitaneados pela professora Viola (vêem como agora me resguardo? quem terá já adivinhado que professora se esconde sob este nome, sob este anagrama, eh, eh, eh!?), Juju, o rapaz da melena de oiro e o apito inteligente, chegavam e batiam violentamente à porta.
- Com que então - atirou Viola à cara de Madame, que lhe viera abrir - parece que tu é que és a má?
- Não tenhas dúvidas - respondeu-lhe.
- Uma ova! Eu sou muito pior. Nem imaginas...
- Pior do que eu? Que fervi um professor numa panela de água a escaldar?
- Aposto que nunca ferveste um cão, que é muito pior do que ferver um professor...
Mediam-se, uma muito alta e magra, a outra mais baixa e roliça, ambas de cigarro nos lábios, neste estranho e pavoroso duelo.
- Eu mandei pôr o chefe num lar de professores em stress.
- Isso não foi um mal, foi um bem. Pois olha, eu mandei surrar o Sindroma.
- E isso foi um mal? Só se perderam as que cairam no chão...
Cara Danjo e Dolor, amarrados, seguiam, atentos, este viperino duelo de maldade. Juju não perdia uma palavra.
No silêncio, ouviu-se:
- Hã?
- Cala-te - pediu o apito ao jovem da melena.
- Temos de resolver isto de outro modo - sugeriu Madame. - Anda comigo. Vamos perguntar ao espelho mágico qual das duas é pior.
- Vamos lá.
- Está na casa de banho. Anda daí.
Com a retirada destas duas figuras, soltou-se, na sala, um suspiro colectivo.
- nunca perssebi - comentou Cara Danjo - purke diaxo as mulhéres teien de ir çempre juntas à casadebanho...
Nesse momento, lá do fundo, onde se situava a casa de banho, ouviu-se um crrrrrrrrac!, com o qual o espelho mágico, incapaz de suportar as duas mulheres que lhe gritavam aos ouvidos, se estilhaçava em centenas de milhar de fragmentos...
(CONTINUA)
- Deixem-me todos em paz! - gritava ela para a multidão, que a não largava. - Vão para a cama, que já é tarde...
E um:
- Fala da necessidade de paz no mundo. E diz que já vai sendo tarde para se fazer alguma coisa...
E outro:
- Mas falou de cama. Que quereria dizer com isso?
- Que não nos podemos deitar a dormir, enquanto o mundo se afunda?
- Que tem sono?
- Estúpido! Básico! Que raio de interpretação é essa?
A outra corrente, era formada por um grupo que se dirigia, precisamente, ao palácio de Madame: capitaneados pela professora Viola (vêem como agora me resguardo? quem terá já adivinhado que professora se esconde sob este nome, sob este anagrama, eh, eh, eh!?), Juju, o rapaz da melena de oiro e o apito inteligente, chegavam e batiam violentamente à porta.
- Com que então - atirou Viola à cara de Madame, que lhe viera abrir - parece que tu é que és a má?
- Não tenhas dúvidas - respondeu-lhe.
- Uma ova! Eu sou muito pior. Nem imaginas...
- Pior do que eu? Que fervi um professor numa panela de água a escaldar?
- Aposto que nunca ferveste um cão, que é muito pior do que ferver um professor...
Mediam-se, uma muito alta e magra, a outra mais baixa e roliça, ambas de cigarro nos lábios, neste estranho e pavoroso duelo.
- Eu mandei pôr o chefe num lar de professores em stress.
- Isso não foi um mal, foi um bem. Pois olha, eu mandei surrar o Sindroma.
- E isso foi um mal? Só se perderam as que cairam no chão...
Cara Danjo e Dolor, amarrados, seguiam, atentos, este viperino duelo de maldade. Juju não perdia uma palavra.
No silêncio, ouviu-se:
- Hã?
- Cala-te - pediu o apito ao jovem da melena.
- Temos de resolver isto de outro modo - sugeriu Madame. - Anda comigo. Vamos perguntar ao espelho mágico qual das duas é pior.
- Vamos lá.
- Está na casa de banho. Anda daí.
Com a retirada destas duas figuras, soltou-se, na sala, um suspiro colectivo.
- nunca perssebi - comentou Cara Danjo - purke diaxo as mulhéres teien de ir çempre juntas à casadebanho...
Nesse momento, lá do fundo, onde se situava a casa de banho, ouviu-se um crrrrrrrrac!, com o qual o espelho mágico, incapaz de suportar as duas mulheres que lhe gritavam aos ouvidos, se estilhaçava em centenas de milhar de fragmentos...
(CONTINUA)
Subscrever:
Mensagens (Atom)